O maior erro científico sobre a sexualidade feminina

O maior erro científico sobre a sexualidade feminina
Publicado em 24.09.2014

sexualidade-feminina-838x608.jpgEm 1948, um geneticista inglês chamado Angus Bateman publicou um dos artigos científicos mais influentes já escritos sobre a evolução do comportamento sexual.Depois de estudar padrões de herança entre filhotes da mosca comum da fruta, Drosophila melanogaster, Bateman concluiu que a divisão entre homens “ardentes” (que procuram várias parceiras) e fêmeas “tímidas” (que procuram apenas um parceiro) era “um atributo quase universal de reprodução sexual” em todo o reino animal.Bateman argumentou que, porque as fêmeas produzem significativamente menos óvulos do que os homens produzem esperma, e porque os ovos são fisiologicamente mais “caros”, o sucesso reprodutivo feminino não aumentaria se a fêmea acasalasse com mais de um macho. Em vez disso, as fêmeas deveriam se concentrar em escolher o “melhor” macho que podiam e, em seguida, direcionar sua energia para manutenção da prole. Por outro lado, machos que acasalavam com várias fêmeas aumentavam grandemente o seu próprio sucesso reprodutivo.Qualquer semelhança com o pensamento ocidental de como homens e mulheres da espécie humana devem se comportar no sexo não é mera coincidência.Durante décadas, a maioria dos biólogos evolutivos basearam sua compreensão da escolha de acasalamento do sexo feminino nesse artigo. Problema: ele estava totalmente incorreto. Diversas outras pesquisas e evidências que vieram depois dele descobriram que as fêmeas nem sempre escolhem o “melhor macho” em vez de escolher a promiscuidade, e que a promiscuidade pode ser uma opção melhor para elas em termos reprodutivos, em determinados cenários.Em geral, hoje sabemos que, se a sociedade quiser dizer que é melhor para as mulheres ter um só parceiro, não pode usar a ciência como argumento a favor disso. Na verdade, a ciência está do lado de quem quiser procurar quantos parceiros estiver a fim.Porque Bateman estava erradoEm junho de 2012, a bióloga Patricia Gowaty da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA) e seus colegas replicaram o estudo de Bateman e descobriram que ele tirou conclusões erradas porque sua metodologia era severamente falha.Sem análise genética moderna à sua disposição, Bateman conduziu seus estudos com machos e fêmeas de linhagens mutantes conhecidas cujos descendentes podiam ser facilmente identificados. No entanto, ele contou apenas descendentes que tinham duas mutações – uma do pai e uma da mãe – a fim de ter certeza do sucesso reprodutivo de uma determinada mosca.Esta abordagem resultou em uma amostra tendenciosa, porque moscas com algumas mutações tinham menos probabilidade de sobreviver do que com outras. No final, o estudo que havia sido citado por mais de 2.000 outros artigos continha um erro grotesco facilmente identificável, que só foi descoberto depois de 64 anos.Mas por que demorou tanto?“Nossas visões de mundo restringem nossa imaginação”, disse Gowaty. “Para algumas pessoas, o resultado de Bateman era tão reconfortante que não valia a pena desafiá-lo. Acho que as pessoas apenas o aceitaram. A implicação desconfortável é que o paradigma de Bateman foi tão amplamente citado porque estava de acordo com suposições sobre como a sexualidade feminina deveria ser. Essas premissas foram construídas sobre uma longa história e havia se infiltrado na cultura ocidental de forma tão completa a ponto de ser quase invisível”.Sim, para elas variedade também pode ser melhorA primatologista Sarah Hrdy estudou fêmeas do langur-cinzento-das-planícies-do-norte, uma espécie de macaco do oeste da Índia, no final de 1970.Desde que Darwin fez a suposição entre os biólogos evolutivos de que as fêmeas eram tímidas e exigentes em seu comportamento sexual, enquanto os homens eram ardentes – a ideia de que elas procuram apenas um bom parceiro e eles várias parceiras –, ninguém sequer se propôs a examinar se o comportamento era mesmo verdadeiro na natureza.Quando Sarah observou langures fêmeas perseguindo ativamente machos de grupos que nem sequer eram os seus – elas apresentaram esses avanços sexuais em qualquer fase de seu ciclo estral, mesmo quando já estavam grávidas -, a comunidade científica ficou escandalizada.Os benefícios genéticos que vieram da busca de acasalamentos com múltiplos parceiros para essas fêmeas levaram por água abaixo a antiga teoria de que elas “tinham” que ser tímidas. Mais de 30 anos de pesquisa subsequente confirmaram as descobertas de Hrdy e revelaram que as fêmeas de muitas outras espécies de primatas, incluindo seres humanos, envolvem-se em uma diversidade de estratégias sexuais para melhorar seu sucesso reprodutivo global.Por exemplo, saguis solicitam sexo a vários machos que vão, todos, ajudar a cuidar de sua prole; lêmures acasalam com até sete machos durante uma única noite; macacos-prego procuram oportunidades de acasalamento nos primeiros estágios da gravidez, provavelmente para confundir os machos sobre a paternidade; bonobos fazem sexo com todo mundo e qualquer um etc.Cultura x ciênciaA ideia de que a mulher ou fêmea deve ter um só parceiro é totalmente cultural e nada científica.Em 1633, o missionário francês Paul Le Jeune escreveu do nordeste do Canadá à sua ordem jesuíta na Europa sobre as grandes dificuldades que estava tendo em converter os indígenas ao cristianismo. “A inconstância dos casamentos e a facilidade com que se divorciam uns dos outros são um grande obstáculo para a fé de Jesus Cristo”, queixou-se.Le Jeune considerava abominável a tendência de mulheres e homens casados de ter amantes, muitos dos quais criavam abertamente juntos os filhos. O missionário tentou dizer que não era honroso para uma mulher amar qualquer outra pessoa exceto seu marido, e que era péssimo para um pai nem saber se aquele era mesmo seu filho. A resposta que a tribo deu? “Vocês franceses amam somente seus próprios filhos; mas todos nós amamos todos os filhos de nossa tribo”.A literatura antropológica tem uma rica tradição de homens brancos privilegiados expressando choque e indignação com o comportamento sexual de outras culturas. No entanto, mesmo desde o início dos tempos, a monogamia de estilo ocidental nunca foi a norma. Pelo contrário – só se tornou a norma nos cantos do mundo os quais eles “conquistaram” a ferro e fogo.O etnógrafo americano Lewis Henry Morgan, por exemplo, escreveu em seu 1877 no seu livro “Sociedade Antiga” que um sistema de casamento flexível era comum em sociedades “primitivas” e que a “promiscuidade [era] reconhecida dentro de limites definidos”. O trabalho de Morgan era tão influente na época que Darwin foi forçado a admitir em “A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo” que “parece certo que o hábito de casamento foi gradualmente desenvolvido, e que a relação quase promíscua já foi extremamente comum em todo o mundo”.E o que a ciência tem a dizer sobre esse comportamento?Que a promiscuidade pode valer a pena para as mulheres.Um caso de sucesso é o estudado pela antropóloga Brooke Scelza. Nas aldeias na bacia Omuhonga do noroeste da Namíbia, mulheres casadas dos Himba, seminômades que vivem quase que exclusivamente da pecuária, casam-se cedo em uniões arranjadas, mas cometem adultério com frequência – uma atitude que não é condenada.Das 110 mulheres entrevistadas pela pesquisadora, um terço disse que procurou casos extraconjugais que resultaram no nascimento de pelo menos um filho. Como não há nenhum estigma social associado a estas gestações na sociedade Himba, de acordo com a análise de Scelza, “as mulheres que tiveram pelo menos um nascimento fora do casamento tiveram sucesso reprodutivo significativamente maior do que as mulheres com nenhum”.Essa não foi a primeira vez que o adultério foi ligado ao sucesso reprodutivo feminino. Estudos anteriores relataram evidências de infidelidade feminina nas sociedades de pequena escala, como os Kung da África do Sul, os Ekiti da Nigéria, os Vanatinai da Nova Guiné, os Tiwi do Norte da Austrália, os Tsimane da Bolívia e os Yanomami do Brasil. Além disso, existem sociedades na América do Sul em que “paternidades divididas” são comuns, e as crianças com mais de um pai morrem menos e são mais bem nutridas. Isso talvez não seja tão diferente da situação comum de crianças ocidentais que recebem apoio tanto seu pai biológico quanto de um padrasto atual. Essas crianças podem muito bem se beneficiar de ter dois pais.Enquanto uma grande diversidade de normas sexuais existe em todo o mundo, que vão desde a monogamia rigorosamente aplicada ao poliamor, de acordo com os estudos de Scelza, há dois contextos ambientais em que as mulheres geralmente escolhem parceiros múltiplos e isso é melhor para elas.A primeira é quando as mulheres têm mais apoio material de seus parentes ou mais independência econômica. Isso pode explicar por que a poligamia é mais comum entre sociedades de pequena escala matrilocais (em que as mulheres permanecem em sua aldeia natal após o casamento), e também pode explicar por que a infidelidade feminina tem aumentado nas sociedades ocidentais conforme as mulheres ganham maior independência política e econômica.Sob este cenário, as mulheres escolhem parceiros múltiplos porque têm mais opções disponíveis, podem contar com uma rede de apoio durante períodos de transição, e têm maior autonomia pessoal.O segundo contexto ambiental identificado é quando há uma escassez de homens ou um alto nível de desemprego masculino (indicando uma escassez de homens que podem fornecer apoio). Nesses ambientes, as mulheres tendem a ter maiores taxas de gravidez na adolescência, bem como nascimentos ilegítimos. A poligamia pode ser uma maneira de “cobrir as suas apostas” em um ambiente instável. Ao perseguir uma estratégia sexual ardente, as mulheres são capazes de escolher os melhores parceiros potenciais, bem como obter o apoio de que necessitam para maximizar seu sucesso reprodutivo. url=http://io9.com/the-most-common-darwinian-misconception-about-female-se-1637846804]io9[/url], [url=http://www.slate.com/articles/health_and_science/science/2013/12/female_promiscuity_in_primates_when_do_women_have_multiple_partners.2.html]Slate[/url

http://hypescience.com/o-maior-erro-cientifico-sobre-sexualidade-feminina/
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Comentários

  • Eu tenho uma teoria de que sociedades massivas são um acidente cultural, relativo à figura do pudor, mais ou menos dentro de um contexto como o do texto acima.
  • Minha experiência com animais:
    - Periquitos formam casais monogâmicos e estáveis.
    - Cadelas dão para a rua toda quando estão no cio.
     
  • editado November 2016
    Estudos como o descrito no texto acima sempre tem alguma parcialidade relativa ao que se presume num contexto cultural do que seja qualidade numa evolução de uma espécie, logo, são um gangorrão, não seria nada surpreendente daqui uns tempos darem de novo razão ao Bateman.
  • Se o desejo sexual feminino fosse tão intenso quanto o masculino , haveriam casais trepando em cada esquina .
  • editado November 2016
    Emmedrado disse: Se o desejo sexual feminino fosse tão intenso quanto o masculino , haveriam casais trepando em cada esquina .

    Bom, em termos de testosterona, que é o que causa o "desejo" feminino em relação a um  homem, que tecnicamente se chama receptividade, uma maior quantidade de testosterona inviabilizaria um coito entre um homem e uma mulher,  nesse caso a mulher iria desejar outra mulher!
  • editado December 2016
    Bom se este cara estiver certo um monte de coisas que li sobre Evolução e sexualidade humane estão erradas 

  • editado December 2016
    É homens ou ricos ou sem muitas opções femininas :


  • Essa é com vc caro Huxley ...
  • Ei amigos o Huxley  não se inreressou, queria opiniões com referências , valeu .
  • editado December 2016
    A escola de psicologia evolutiva de Santa Barbara (Tooby, Cosmides, Pinker e outros) gerou um paradigma mal conduzido baseado em muitas alegações cujas evidências são escassas ou inexistentes :

    Buller, David J. Quatro equívocos da psicologia evolutiva popular. Scientific American Brasil. Ano 7 , Nº 81, p. 62-69, 2009.

    Eu sugiro que leiam esse artigo antes de sair lendo sobre meras especulações do atual paradigma dominante (?) em psicologia evolutiva. Até Pinker já reverteu sua opinião sobre uma dessas especulações, que era a proposição "O homem contemporâneo tem uma mente da Idade da Pedra" (ver pós-fácio de Como a Mente Funciona). A psicologia evolutiva que existia anteriormente ao atual paradigma dominante era melhor conduzida e bem menos especulativa.
  • editado December 2016
    O ‘estado da arte’ da psicologia evolucionária – parte 1 (introdução)Publicado em junho 28, 2013

    Para qualquer um que se interesse por psicologia evolucionária, e que busca ser um “leigo informado” (= não especialista) nesse assunto, pode ser desanimador constatar que é muito difícil encontrar material suficientemente imparcial sobre o assunto. Isso porque o próprio status científico dessa disciplina é contestado por muitos, e ocorre uma polarização entre aqueles “pró” e “contra” a psicologia evolucionária.De um lado, temos figuras como Steven Pinker, um campeão da psicologia evolucionária: “A quarta ponte da biologia para a cultura é a psicologia evolucionista, o estudo da história filogenética e das funções adaptativas da mente. Essa área oferece a esperança de compreendermos o projeto ou propósito da mente – não em algum sentido místico ou teleológico, mas no sentido do simulacro de engenharia que impregna o mundo natural. (…) A seleção natural é o único processo físico que conhecemos capaz de simular engenharia, pois é o único processo no qual o grau em que algo funciona bem pode ter um papel causal no modo como esse algo veio a existir” (PINKER, p. 81-82).De outro, temos pessoas como David J. Buller, que são críticos do status científico dessa disciplina e denominam a maior parte do trabalho em andamento nela como “psicologia evolutiva pop”: “E embora alguns estudos da psicologia evolutiva sustentem alegações despretensiosas com uma cuidadosa pesquisa empírica, uma variante dominante, a psicologia evolutiva pop, ou PE Pop, oferece ao consumo popular alegações completas e abrangentes sobre a natureza humana.” (BULLER, p. 43)Levando em conta esse contexto, seria interessante trazer aos leitores do blog algum material mais imparcial sobre o assunto, e que trouxesse, não tanto a discussão sobre seu status científico, mas sim o que de fato essa disciplina tem desenvolvido de modo mais promissor.Só não pensei que encontraria semelhante material como referência no blog de um dos que, até então, era considerado um dos mais fortes críticos da psicologia evolucionária: Jerry Coyne, biólogo renomado e autor do livro “Why Evolution is True”, que escreve no blog de mesmo nome.Na postagem “Is evolutionary psychology worthless?”, Coyne pondera que, apesar de já ter feito críticas de teorias infundadas/distorções populares/excessos especulativos nessa seara, nunca chegou ao ponto de considerar que essa disciplina fosse de nenhuma utilidade, ao contrário, há coisas boas nela e cada vez mais está ficando melhor.Coyne demonstra aceitar o status científico da psicologia evolucionária, pois comenta que a disciplina tem amadurecido no sentido de uma concentração crescente em evidências e testabilidade, ao invés de “contar histórias”.  Uma boa psicologia evolucionária é aquela que cumpre os parâmetros de evidência de papers sobre o significado evolucionário do comportamento em outros animais, sendo capaz de fazer inclusive predições e retrodições (= hipóteses que conferem sentido para dados previamente intrigantes ou inexplicáveis), ao invés de tentar explicar algo de uma forma que não possa ser testada ou ficar satisfeito em contar uma história sem encontrar maneiras de testá-la.Daí que Coyne cita Steven Pinker e Frans de Wall como cientistas que fizeram um ótimo trabalho de apresentação da psicologia evolucionária em obras populares, e, em âmbito acadêmico, menciona um paper, que é o material que eu tanto procurava: “Evolutionary Psychology: Controversies, Questions, Prospects, and Limitations”, escrito por Confer, Easton, Fleischman, Goetz, Lewis, Perilloux e Buss em 2010.Coyne afirma que esta é uma exposição imparcial sobre o estado da psicologia evolucionária moderna, como funciona, que tipos de parâmetros ela usa, respostas a algumas críticas comuns, e, para os críticos, exemplos de hipóteses dessa disciplina que foram falsificadas. Assim, Coyne conclui que, se você tiver lido esse paper e ainda assim descartar a disciplina inteira como inútil ou como mera tentativa de justificar os preconceitos sociais dos cientistas, então suas opiniões possivelmente são baseadas mais em ideologia do que em investigação científica criteriosa.E ele elenca, a partir do paper, alguns domínios em que a psicologia evolucionária é muito promissora: o “evitar” do incesto e os mecanismos psicológicos para evitá-lo; medo humano inato de criaturas ou características que podem causar dano, como aranhas e altura, acompanhada de ausência de medo inato aos perigos mais modernos; a “seletividade” diferencial de homens e mulheres quando escolhem parceiros sexuais/afetivos; a evolução da ovulação oculta em humanos como contraposta à dos outros primatas; a causa do dimorfismo sexual; a causa das diferenças físicas e fisiológicas entre os grupos étnicos humanos; a coevolução gene-cultura, como na evolução da tolerância à lactose; evolução da moralidade usando estudos comparativos com outros primatas; evolução da linguagem; conflito entre pais e filhos, e casos em que parentes são favorecidos sobre não parentes; o porquê de gostarmos de comida que faz mal para nós, e o porquê de não gostarmos de certas comidas ou odores; a variância no número de filhos entre os sexos em várias sociedades (“offspring number between males and females in various societies”); e o uso de odores e de ajustes no sistema imunológico em relação à escolha/procura de parceiros (“as cues for mates”).Após ter descoberto esse paper, e de tê-lo lido (há uns meses atrás), devo dizer que Coyne está muito correto em apreciar esse material, ele apresenta o “estado da arte” da psicologia evolucionária e é uma leitura indispensável para todo interessado no assunto (ainda que, por ser de 2010, talvez apresente certa defasagem em alguns aspectos).Nos demais posts dessa série, estarei apresentando o que esse paper esclarece acerca da psicologia evolucionária, as controvérsias que a envolvem, as questões que enfrenta, as perspectivas com as quais se depara e os limites de sua abordagem.

    ReferênciasINKER, Steven.Tábula Rasa: a negação contemporânea da natureza humana. Tradução: Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.BULLER, David J. Equívocos da Psicologia Evolutiva Popular. In: Scientific American Brasil, edição especial – Antropologia 1, edição 52, p. 42-49.COYNE, Jerry. Is evolutionary psychology worthless? 10/12/2012 –> http://whyevolutionistrue.wordpress.com/2012/12/10/is-evolutionary-psychology-worthless/CONFER, Jaime C; EASTON, Judith A.; FLEISCHMAN, Diana S.; GOETZ, Cari D.; LEWIS, David M. G.; PERILLOUX, Carin; BUSS, David M. Evolutionary Psychology: Controversies, Questions, Prospects, and Limitations. In: American Psychological Association, Vol. 65, No. 2, 2010, p.110 –126 –> http://homepage.psy.utexas.edu/homepage/group/busslab/pdffiles/evolutionary_psychology_AP_2010.pdfSobre estes anúncios
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    https://libertarianismoedarwinismo.wordpress.com/2013/06/28/o-estado-da-arte-da-psicologia-evolucionaria-parte-1-introducao/

    .Daqui do blog: “O ‘estado da arte’ da psicologia evolucionária – parte 3 (falseabilidade/testabilidade)“, 20/09/2013.Daqui do blog: “O ‘estado da arte’ da psicologia evolucionária – parte 4 (modularidade da mente)“, 24/04/2014.
     
  • o “evitar” do incesto e os mecanismos psicológicos para evitá-lo; medo humano inato de criaturas ou características que podem causar dano, como aranhas e altura, acompanhada de ausência de medo inato aos perigos mais modernos; a “seletividade” diferencial de homens e mulheres quando escolhem parceiros sexuais/afetivos; a evolução da ovulação oculta em humanos como contraposta à dos outros primatas; a causa do dimorfismo sexual; a causa das diferenças físicas e fisiológicas entre os grupos étnicos humanos; a coevolução gene-cultura, como na evolução da tolerância à lactose; evolução da moralidade usando estudos comparativos com outros primatas; evolução da linguagem; conflito entre pais e filhos, e casos em que parentes são favorecidos sobre não parentes; o porquê de gostarmos de comida que faz mal para nós, e o porquê de não gostarmos de certas comidas ou odores; a variância no número de filhos entre os sexos em várias sociedades (“offspring number between males and females in various societies”); e o uso de odores e de ajustes no sistema imunológico em relação à escolha/procura de parceiros (“as cues for mates”)

    A maioria, senão todas, dessas inferências citadas se referem a traços que são homólogos aos nossos parentes animais mais próximos ou características grandemente não-universais na população humana. Para esses casos, a evidência empírica sobre a existência e/ou a explicação da origem da adaptação é suficiente. A crítica de David Buller vai justamente para a inferência nos outros casos, e lendo o artigo dele na Scientific American será possível entender o porquê.
  • editado December 2016
    Um tópico em que emiti opiniões sobre o assunto:

    http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=26889.0
  • editado December 2016
    "Os homens prefererem a beleza, enquanto as mulheres preferem o status social". Os experimentos de psicologia dizem outra coisa: http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=28172.msg864791#msg864791

    O que as pessoas dizem é uma coisa, o que elas fazem é outra. O que os experimentos que testam o comportamento mostram é que a aparência física é o traço mais desejado para ambos os sexos. Isso foi demonstrado num estudo de Elaine Hatfield na Universidade de Minnesotta em 1966 - nesse estudo, a aparência física foi o único fator preditivo importante sobre a decisão de sair pela segunda vez com uma pessoa. E foi confirmado mais uma vez por experimentos de speed dating por Eli Finkel e Paul Eastwick em 2008. Ver Psicologia Social, 10ª edição de David Myers (Editora Artmed).
  • editado December 2016
    Pesquisas 
    http://ahduvido.com.br/5-constatacoes-cientificas-que-sugere-que-mulher-gosta-e-de-dinheiro
    ...
    "4. Gorducho Granudo…. pode ser, desde que seja rico!o-gordo-rico.Jpeg?1303159798

    Você é um nerd gordo granudo que não tem muita experiência com mulheres? Em seus contatos não existe muitas opções de escolhas, exceto aquela menina que  hora ou outra acompanha o seu amigo durante a reunião semanal para jogar RPG? Calma, tudo isso tem solução…. e o melhor, você nem precisa entrar em uma academia e fazer uma dieta radical. Você pode ser gordinho, nerd e degustar de um bom bacon e ainda assim ter muitas mulheres aos seus pés, implorando pelo seu amor, basta VOCÊ FICAR RICO!Um estudo realizado pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, verificou que as mulheres não se importam que os homens engordem desde que, ao mesmo tempo, aumentem sua conta bancária. A informação foi noticiada pelo site Daily Mail em 2010.O economista Pierre-Andre Chiappori revelou que para cada 10% a mais no índice de massa corporal, os homens devem aumentar seu salário em 2%. Já as mulheres podem compensar o ganho de peso, tornando-se mais educada.Apesar de trabalhar para encontrar uma fórmula para a quantidade de dinheiro extra um homem tem que ganhar, ou quanto mais educadas as mulheres devem ser, Chiappori disse que há uma solução mais fácil: “e mais fácil mudar o seu IMC do que mudar o seu salário ou o nível de educação.” 

     

    2. Não adianta ser ator pornô …. O prazer vem do dinheiro!O que pode parecer um absurdo, um acicate às mulheres (e muito pior para os homens), tem fundamento científico agora, pois um grupo de pesquisadores britânicos da Universidade de Newcastle determinou que homens considerados ricos por suas parceiras proporcionam mais prazer às mulheres durante relações sexuais. Você queria um bom motivo pra jogar na Mega-Sena? Taí.De acordo com a BBC Brasil, a pesquisa revelou que a percepção da mulher do nível de riqueza do parceiro influencia sua capacidade de chegar ao orgasmo, e o prazer seria maior em relações mantidas com homens de maior renda. Em suma, quanto mais rico for o sujeito, maior a tendência a ter um orgasmo múltiplo. Não sei se isso é verdade, mas que mulher adora um presente caro, jóias e perfumes (a expressão delas quando ganham um “presentinho” desses é bem semelhante a um orgasmo), isso é incontestável. As feministas devem falar que não, que elas estão mais preocupadas com o caráter … cof cof, parece que a Ciência não concorda, não é mesmo?!Agora, isso tem uma certa explicação: Isso é culpa de Darwin (como sempre). Aliás, boa parte dos defeitos de carater humano são atribuídos à tal evolução – que não foi tão perfeita assim já que graças à ela somos cheios de defeitos, cof cof.Os autores da pesquisa acreditam que esse resultado seja condicionado por uma “adaptação evolucionária” que faria com que as mulheres instintivamente selecionassem seus parceiros de acordo com a sua percepção de qualidade. Isso significa dizer que elas escolhem aquele que, em síntese, teria condições de prover sustento melhor aos filhos (se bem que os diamantes sempre foram considerados os melhores amigos das mulheres, e pra amigo devemos o melhor tratamento).Thomas Pollet e Daniel Nettles usaram informações de uma pesquisa chinesa que contém a maior base de dados já coletada sobre estilo de vida, saúde e família e o motivo vocês devem imaginar qual é. Segundo tal pesquisa, as informações pessoais e detalhes sobre a vida sexual de mais de 5 mil pessoas em várias partes da China, baseadas em entrevistas e questionários ilustram a proposição.Dentre as 1.534 mulheres com maridos ou namorados que responderam à pesquisa, 121 delas disseram sempre ter orgasmos durante suas relações sexuais, 408 disseram ter orgasmos com freqüência, 762 tinham orgasmos “às vezes” e 243 raramente tinham orgasmos. Esses resultados seguiriam um padrão semelhante ao verificado em países ocidentais, segundo os autores do estudo.Entre os fatores identificados como influências na freqüência dos orgasmos relatada pelas mulheres, a riqueza do parceiro foi o mais determinante, segundo os pesquisadores.“O resultado da pesquisa parece consistente com a idéia de que o orgasmo feminino evoluiu a partir de uma função evolutiva”, afirma o psicólogo Thomas Pollet, um dos autores do estudo, publicado na revista especializada Evolution and Human Behaviour (resumo AQUI).“O orgasmo serve para selecionar entre os machos com base em sua qualidade. Assim, deve ser mais freqüente nas fêmeas unidas a machos de alta qualidade. Parceiros mais desejáveis levam as mulheres a ter mais orgasmos”, afirma Pollet. Segundo Pollet, a influência do nível de renda sobre a freqüência de orgasmos parece ser ainda maior que outros fatores, como simetria corporal ou atratividade, apontados em estudos anteriores, isto é, você pode ter cara torta, feio, chato, falar besteiras, rude etc. Mas, se tiver um American Express Black Centurion, o mundo está em suas mãos. Você pode ser o famoso Japa 10 cm e mesmo assim, pode dar mais prazer à uma mulher do que o “Zé Kid Bengala”.

    1. Ser Maria-Gasolina é um instinto primitivo …. embora na pré-história não houvesse carro ou carroça!  
    Esse vídeo Huxley 




     
  • editado December 2016
    Pesquisa de opinião é bullshit. Como eu já disse, o que as pessoas dizem é uma coisa, o que elas fazem é outra. São os experimentos que testam o comportamento.

    E mostrar prova correlacional somente está distante de provar causalidade. A usual presença de bombeiros durante incêndios não prova que bombeiros causam incêndios. Estudos somente observacionais não tem o controle e cuidado que os experimentos têm.
  • Huxley disse: Pesquisa de opinião é bullshit. Como eu já disse, o que as pessoas dizem é uma coisa, o que elas fazem é outra. São os experimentos que testam o comportamento.

    E mostrar prova correlacional somente está distante de provar causalidade. A usual presença de bombeiros durante incêndios não prova que bombeiros causam incêndios. Estudos somente observacionais não tem o controle e cuidado que os experimentos têm.

    Neste caso não sei porque as mulheres mentiriam e tem muitas pesquisas mais é só pesquisar .
    Acho que não deu para a ciência bater o martelo ainda não .

    https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl#q=Mulheres+pesquisa+homens+ricos

    Essa feita na China 
    http://ceticismo.net/2009/01/19/cientistas-afirmam-que-mulheres-gostam-de-homens-ricos/Cientistas afirmam que mulheres gostam de homens ricossegunda-feira, 19 de janeiro de 2009   BibliografiasBiologiaCeticismoCiênciaEcologiaEconomiaEvoluçãoGenéticaHistóriaIdiocraciaLiteraturaMedicinaMídiaMitos DesmascaradosPsicologiaTecnologia   52 Comentários 
    Escrito por: André
    O fim da era Bush
    Parcerias, Trolls e outros chatos da Internet
    mulher_dinheiro.jpg– Quem gosta de homem são gays, mulheres gostam mesmo é de dinheiro!Esta frase é dita por uma amiga minha (eu traduzi em outros termos, porque ela é um pouco mais… cahan… eloquente).O que pode parecer um absurdo, um acicate às mulheres (e muito pior para os homens), tem fundamento científico agora, pois um grupo de pesquisadores britânicos da Universidade de Newcastle determinou que homens considerados ricos por suas parceiras proporcionam mais prazer às mulheres durante relações sexuais. Você queria um bom motivo pra jogar na Mega-Sena? Taí.A mulherada já acabou de reclamar, e me xingar? Posso continuar a notícia? Obrigado, Jesus também lhes ama (mas ele era pobre segundo dizem, lembrem-se).De acordo com a BBC Brasil, a pesquisa revelou que a percepção da mulher do nível de riqueza do parceiro influencia sua capacidade de chegar ao orgasmo, e o prazer seria maior em relações mantidas com homens de maior renda. Em suma, quanto mais rico for o sujeito, maior a tendência a ter um orgasmo múltiplo. Não sei se isso é verdade, mas que mulher adora um presente caro, jóias e perfumes (a expressão delas quando ganham um “presentinho” desses é bem semelhante a um orgasmo), isso é incontestável. As feministas devem falar que não, que elas estão mais preocupadas com o caráter do cara. É tudo uma questão de fé.Agora, isso tem uma certa explicação: Isso é culpa de Darwin (como sempre).Os autores da pesquisa acreditam que esse resultado seja condicionado por uma “adaptação evolucionária” que faria com que as mulheres instintivamente selecionassem seus parceiros de acordo com a sua percepção de qualidade. Isso significa dizer que elas escolhem aquele que, em síntese, teria condições de prover sustento melhor aos filhos (se bem que os diamantes sempre foram considerados os melhores amigos das mulheres, e pra amigo devemos o melhor tratamento).Thomas Pollet e Daniel Nettles usaram informações de uma pesquisa chinesa (não riam, por favor) que contém a maior base de dados já coletada sobre estilo de vida, saúde e família e o motivo vocês devem imaginar qual é. Segundo tal pesquisa, as informações pessoais e detalhes sobre a vida sexual de mais de 5 mil pessoas em várias partes da China, baseadas em entrevistas e questionários ilustram a proposição, mas eu fico imaginando o quanto deve-se levar em conta, considerando um país com quase doi BILHÕES de pessoas.Dentre as 1.534 mulheres com maridos ou namorados que responderam à pesquisa, 121 delas disseram sempre ter orgasmos durante suas relações sexuais, 408 disseram ter orgasmos com freqüência, 762 tinham orgasmos “às vezes” e 243 raramente tinham orgasmos. Esses resultados seguiriam um padrão semelhante ao verificado em países ocidentais, segundo os autores do estudo.Entre os fatores identificados como influências na freqüência dos orgasmos relatada pelas mulheres, a riqueza do parceiro foi o mais determinante, segundo os pesquisadores.“O resultado da pesquisa parece consistente com a idéia de que o orgasmo feminino evoluiu a partir de uma função evolutiva”, afirma o psicólogo Thomas Pollet, um dos autores do estudo, publicado na revista especializada Evolution and Human Behaviour (resumo AQUI).“O orgasmo serve para selecionar entre os machos com base em sua qualidade. Assim, deve ser mais freqüente nas fêmeas unidas a machos de alta qualidade. Parceiros mais desejáveis levam as mulheres a ter mais orgasmos”, afirma Pollet. Segundo Pollet, a influência do nível de renda sobre a freqüência de orgasmos parece ser ainda maior que outros fatores, como simetria corporal ou atratividade, apontados em estudos anteriores, isto é, você pode ter cara torta, feio, chato, falar besteiras, rude etc. Mas, se tiver um American Express, o mundo está em suas mãos. 1f609.svgHora de me esconder da chuva de pedras. 1f62f.svghttp://ceticismo.net/2009/01/19/cientistas-afirmam-que-mulheres-gostam-de-homens-ricos/

     
  • editado December 2016
    Neste caso não sei porque as mulheres mentiriam e tem muitas pesquisas mais é só pesquisar .

    Não é preciso mentir para responder pesquisas de forma incompatível com a ação. As pessoas também se autoenganam e/ou não conseguem prever o próprio comportamento. Imagine o absurdo que seria substituir uma medição de peso das pessoas no começo e no final de 2017 por uma pesquisa de opinião usando a pergunta: "Você agirá para perder peso em 2017?"
  • Huxley  depois vou ler de novo o tópico as postagens e links e respondo algumas coisas .
    Estou meio confuso .
  • Saudações Edson e Huxley


    Interessante algumas conclusões...  

    A questão é que as respostas irão variar conforme o grupo étnico, variabilidade social...

    É necessário um maior cruzamento desses dados conforme a filogenética e os costumes de alguns grupos. Falo sobre a questão da dúvida na pesquisa chinesa. Centrado na mesma etnia... 


    [fraternos]
  • editado December 2016
    Huxley disse: Um tópico em que emiti opiniões sobre o assunto:

    http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=26889.0

    Não estou conseguindo acessar os ceticuzinhos por esse link .

    Vi lá este aqui http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=28809.0
     
  • Consegui acessar :logo.pngupshrink.png   
    Páginas: b]1[/b   Ir para o Fundonormal_post.gifAutor Tópico: Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?  (Lida 1146 vezes)0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.useroff.gif João da Ega
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    xx.gifQual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Online: 19 de Setembro de 2012, 13:48:35 »
    Como a comunidade científica recebe as teses de Steven Pinker, principalmente as propostas em Tábula Rasa?

    Administradores: se já existir tópico sobre o assunto (não encontrei), podem trancar este sem problema, basta indicar o link.
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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #1 Online: 19 de Setembro de 2012, 15:09:59 »
    Qual ideia, a pergunta está muito genérica. No livro é discutido de tudo, é um condensado de diversos estudos. Não bem uma ideia dele.
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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #2 Online: 19 de Setembro de 2012, 17:23:36 »
    Não li o livro. Custa R$ 77,50 na cultura, então, abri o tópico por isso, pra saber se é uma teoria bem fundamentada, etc. antes de comprá-lo.
    foi um amigo recomendou o livro. "sensacional", pontificou. e que mudou sua maneira de entender o comportamento humano, etc.

    As ideias que ele me repassou eram mais ou menos essas:
    1- Mecanismos mentais universais fundamentam variações superficiais entre culturas;
    2 - Que todo e qualquer comportamento tem um fundamento biológico, evolutivo.

    questionei que alguns comportamentos são aparentemente contrários ao instinto. por exemplo: o celibato. Outro exemplo: o cara deixa de pegar uma gostosa porque não tá com preservativo, e tem medo de pegar uma DST, ou engravidar a moça, etc. Eu disse que isso iria contra o instindo de transar com a jovem. Segundo esse meu amigo, Pinker diz que mesmo esse comportamento tem uma base biológica -  a pessoa se preocupa em não morrer, no caso da DST; ou em não se ferrar, no caso da gravidez. Seriam os instintos subjacentes da sobrevivência e de bem-estar. Eu duvidei um pouco de que comportamentos muito racionalizados e aparentemente contrários ao instinto tenham origens biológicas evolutivas.

    Então, _tiago, tentando tornar mais específico: 
    1 - essa (em vermelho e itálico, acima) é uma das ideias do autor no livro?
    2 - Essa ideia é aceita pelos demais especialistas - os tais pares?
    « Última modificação: 19 de Setembro de 2012, 17:27:13 por João da Ega »
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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #3 Online: 19 de Setembro de 2012, 19:17:37 »
    Citação de: João da Ega
    Outro exemplo: o cara deixa de pegar uma gostosa porque não tá com preservativo, e tem medo de pegar uma DST, ou engravidar a moça, etc. Eu disse que isso iria contra o instindo de transar com a jovem. Segundo esse meu amigo, Pinker diz que mesmo esse comportamento tem uma base biológica -  a pessoa se preocupa em não morrer, no caso da DST; ou em não se ferrar, no caso da gravidez. Seriam os instintos subjacentes da sobrevivência e de bem-estar.

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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #4 Online: 20 de Setembro de 2012, 00:49:56 »
    Citação de: João da Ega em 19 de Setembro de 2012, 17:23:36
    Não li o livro. Custa R$ 77,50 na cultura, então, abri o tópico por isso, pra saber se é uma teoria bem fundamentada, etc. antes de comprá-lo.
    foi um amigo recomendou o livro. "sensacional", pontificou. e que mudou sua maneira de entender o comportamento humano, etc. 

    Pessoalmente, eu não recomendo o Tábula Rasa de Steven Pinker. Se eu fosse professor de psicologia e estivesse fazendo recomendações sobre obras de psicologia evolutiva, os livros dos autores da chamada escola de psicologia evolutiva de Santa Barbara estariam na minha lista negra. A exceção seria se o leitor em potencial de tais autores lesse esse artigo primeiramente:

    Buller, David J. Quatro equívocos da psicologia evolutiva popular. Scientific American Brasil. Ano 7 , Nº 81, p. 62-69, 2009.

    Existe outra ressalva. Apesar do uso da genética comportamental ter apoiado alegações com pesquisas empíricas cuidadosas em animais, infelizmente o mesmo nível de testabilidade não foi alcançado em humanos. Os humanos, por questões éticas, não podem ser deliberadamente cruzados ou criados em ambientes diferentes, ou serem alterados experimentalmente. Esse detalhe explica as limitações da genética comportamental humana, sobretudo o alcance informativo dos estudos de hereditariedade. Isso é explicado detalhadamente no livro de Douglas Futuyma que já te indiquei há algum tempo atrás. 


    Citação de: João da Ega em 19 de Setembro de 2012, 17:23:36
    questionei que alguns comportamentos são aparentemente contrários ao instinto. por exemplo: o celibato. Outro exemplo: o cara deixa de pegar uma gostosa porque não tá com preservativo, e tem medo de pegar uma DST, ou engravidar a moça, etc. Eu disse que isso iria contra o instindo de transar com a jovem. Segundo esse meu amigo, Pinker diz que mesmo esse comportamento tem uma base biológica -  a pessoa se preocupa em não morrer, no caso da DST; ou em não se ferrar, no caso da gravidez. Seriam os instintos subjacentes da sobrevivência e de bem-estar. Eu duvidei um pouco de que comportamentos muito racionalizados e aparentemente contrários ao instinto tenham origens biológicas evolutivas.

    Trata-se de um questionamento complexo demais para ser respondido completamente num único post de fórum, e talvez num único livro. Mas vou adiantando algumas coisas que quase todos os psicólogos concordam. Não existe "comportamento altamente reflexivo desprovido de origem evolutiva", já que a aprendizagem complexa seria impossível de ocorrer sem a evolução adaptativa e sem o programa de afeto escrito no DNA. Ademais, no que diz respeito à questão inato x adquirido, o geneticista Massimo Pigluicci falou:

    “Os biólogos se deram conta de que, se você modifica ou os genes ou o meio ambiente, o comportamento resultante pode mudar drasticamente. O truque, então, não está em dividir as causas entre o que é inato e o que é adquirido, e sim avaliar [a maneira] como os genes e o ambiente dialogam para gerar o aspecto e o comportamento de um indivíduo.”

    SHENK, David. O gênio em todos nós. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2011. 

    Para entender a influência do inato na psicologia humana, é preciso entender os conceitos de "programa de afeto" e os seus tipos: "programa de afeto aberto" e "programa de afeto fechado". Ademais, é preciso entender os conceitos de "tema evolutivo" de comportamento e "variação de tema evolutivo" de comportamento. A Linguagem das Emoções de Paul Ekman foi o livro pelo qual aprendi plenamente esses conceitos.

    Para entender a influência do adquirido na psicologia humana, é preciso entender os conceitos de aprendizagem, o que inclui as suas três formas: condicionamento clássico, condicionamento operante e aprendizagem complexa por observação. O capítulo sobre aprendizagem do livro Psicologia (9ª edição) de David Myers explica bem esses conceitos. 

    Sobre essa questão inato x adquirido, eu já criei um tópico sobre esse assunto, mas nem pense que ele vá chegar perto de fornecer uma explicação completa para o que você procura:

    http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=24930.0 

    Citação de: João da Ega em 19 de Setembro de 2012, 17:23:36
    Então, _tiago, tentando tornar mais específico: 
    1 - essa (em vermelho e itálico, acima) é uma das ideias do autor no livro?
    2 - Essa ideia é aceita pelos demais especialistas - os tais pares?

    1- Exclua o "e aparentemente contrários ao instinto", e assim eu diria que, não só o Pinker, mas quase todos os psicólogos concordariam com o que está em vermelho e itálico. É dificílimo até imaginar o que seria um "raciocínio humano totalmente desprovido de origem evolutiva". 

    2- Existe diferença entre a psicologia evolutiva aceita pelos psicológos darwinistas mais entusiasmados e a psicologia evolutiva daqueles que veem a psicologia evolutiva de Pinker e companhia como um “paradigma panglossiano” ou uma “psicologia evolutiva popular”, ou ainda, uma  “ciência soft”. Como diria um biólogo evolutivo: 

    “É certamente verdade que nosso comportamento é geneticamente determinado, no sentido de que nossas capacidades residem na organização de nosso sistema nervoso, e que seria muito diferente se tivéssemos o cérebro de um chimpanzé ou 15 cm de altura ou não tivéssemos polegares opostos. De maior interesse é a questão se possuímos genes para comportamentos particulares ou mecanismos neuropsicológicos que geram respostas específicas a certos estímulos ou circunstâncias ambientais.”

    “Psicólogos evolutivos acreditam que a mente inclui muitos de tais módulos especializados para diferentes tipos de tarefas cognitivas, tal como os vários órgãos do corpo servem a diferentes funções adaptativas. Assim como os sociobiologistas, eles esperam que o raciocínio adaptacionista, junto com suposições oriundas dos problemas adaptativos enfrentados pelos ancestrais no Pleistoceno, gerem previsões sobre os mecanismos psicológicos adaptativos.

    (...)

    Os oponentes da psicologia evolutiva e da sociobiologia, em contraste, vêem a mente como um mecanismo relativamente livre de conteúdo que pode ser empregado para resolver qualquer um de uma vasta variedade de problemas, em semelhança com um computador de uso geral que pode ser suprido com uma variedade ilimitada de algoritmos.”

    FUTUYMA, Douglas J. Biologia evolutiva. 3. ed. São Paulo: Editora Funpec, 2009.
    « Última modificação: 20 de Setembro de 2012, 02:18:46 por -Huxley- »
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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #5 Online: 20 de Setembro de 2012, 09:00:16 »
    Porra Huxley, valeu mesmo!
    Excelente post. Vou lê-lo com mais atenção, porque agora to no trabalho  shy.gif
    Embora de início possa parecer ridículo postar um tópico sobre uma obra que não li, o objetivo era não gastar tempo e dinheiro com uma obra de valor, digamos, discutível. 


    Citar
    Trata-se de um questionamento complexo demais para ser respondido completamente num único post de fórum, e talvez num único livro.

    1. Já imaginava que o lance era complexo, mas parece que é mais do que eu pensava. O que eu procurava era um livro de divulgação científica sobre o tema voltado para o público leigo no assunto - como parece que é o objetivo do Tábula Rasa; algo como "Cosmos", que li com prazer há muitos e muitos milênios atrás. Vou ler também o outro tópico que você indicou. 

    2. Tava esperando o momento certo de comprar um e-reader pra comprar o "Evolução" ou o "Biologia Evolutiva" no formato e-book. Depois das preciosas dicas do Derfel, decidi que será em outubro a compra http://clubecetico.org/forum/index.php?PHPSESSID=038b6832302a59c0deb0213844611835&topic=20821.msg703010#new
    Temas como as diferenças comportamentais de machos e femeas da nossa espécie talvez são também discutidos nesses livros, né? Vou dar uma olhada depois naquele tópico que você resenha esses dois livros.

    Citação de: DDV em 19 de Setembro de 2012, 19:17:37
    Citação de: João da Ega
    Outro exemplo: o cara deixa de pegar uma gostosa porque não tá com preservativo, e tem medo de pegar uma DST, ou engravidar a moça, etc. Eu disse que isso iria contra o instindo de transar com a jovem. Segundo esse meu amigo, Pinker diz que mesmo esse comportamento tem uma base biológica -  a pessoa se preocupa em não morrer, no caso da DST; ou em não se ferrar, no caso da gravidez. Seriam os instintos subjacentes da sobrevivência e de bem-estar.

    Recusar algo bom para evitar um mal maior não me parece estranho em absolutamente nada. 

    Também não me parece estranho, de modo algum. Me parecia um pouco estranho é que esse comportamento - deixar de comer a loiraça - seja derivado de um instinto de "bem-estar" futuro.  Mas, segundo o que o Huxley expôs,
    Citar
    Não existe "comportamento altamente reflexivo desprovido de origem evolutiva"

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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #6 Online: 20 de Setembro de 2012, 11:55:09 »
    Citação de: João da Ega em 20 de Setembro de 2012, 09:00:16
    Também não me parece estranho, de modo algum. Me parecia um pouco estranho é que esse comportamento - deixar de comer a loiraça - seja derivado de um instinto de "bem-estar" futuro. 

    "Instinto = favorecimento de hedonismo imediatista" é uma asserção que é o supra-sumo do absurdo. Se um animal fosse programado geneticamente para nunca adiar a gratificação ao ter um impulso de favorecer um hedonismo imediatista, ele seria facilmente eliminado por seleção natural. Afinal, a natureza é cheia de dilemas hedonistas.

    Teóricos da aprendizagem descobriram que animais e pessoas são preparados pela seleção natural para aprender prontamente sobre alguns relacionamentos (tais como fobias e aversão a certos sabores) e completamente despreparados para aprender sobre outros (como gravuras de flores acompanhadas de um choque elétrico). Ao longo do tempo, deparamo-nos com diversos eventos que aprendemos associar ao medo, à raiva, à aversão, à surpresa ou à satisfação. Eles são adicionados aos eventos universais antecedentes expandindo aqueles que os auto-avaliadores estão alertas e podem se assemelhar aos eventos originais armazenados. Por exemplo, numa cultura da Idade da Pedra, as pessoas têm medo de animais não-humanos ferozes e na sociedade ocidental, as pessoas têm medo de assaltante. Os dois casos representam uma ameaça de dano. O primeiro é um tema (que é universal) e o segundo é uma variação desse tema. Quanto menos a avaliação estiver afastada do tema, mais tempo pode levar até que alcancemos o momento da atividade reflexiva.
    « Última modificação: 20 de Setembro de 2012, 12:49:53 por -Huxley- »
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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #7 Online: 20 de Setembro de 2012, 13:21:56 »
    Citação de: -Huxley- em 20 de Setembro de 2012, 11:55:09
    Citação de: João da Ega em 20 de Setembro de 2012, 09:00:16
    Também não me parece estranho, de modo algum. Me parecia um pouco estranho é que esse comportamento - deixar de comer a loiraça - seja derivado de um instinto de "bem-estar" futuro. 

    "Instinto = favorecimento de hedonismo imediatista" é uma asserção que é o supra-sumo do absurdo. Se um animal fosse programado geneticamente para nuncaadiar a gratificação ao ter um impulso de favorecer um hedonismo imediatista, ele seria facilmente eliminado por seleção natural. Afinal, a natureza é cheia de dilemas hedonistas.

    Não falei de não ser possível um animal adiar uma gratificação por um benefício futuro. A questão é que deixar de ter sexo pensando no risco  - futuro, inceto e a longo prazo - de sofrimento advindo de uma doença venérea é um comportamento muito racionalizado, ou como você citou, um comportamento altamente reflexivo. eu acreditava que esses comportamentos altamente reflexivos não eram necessariamente fundamentados no instinto. 
    Pelo que você postou, vi que os especialistas - em sua maioria - defendem que mesmo esses comportamentos muito racionalizados tem base instintiva/evolutiva:
    Citação de: -Huxley- em 20 de Setembro de 2012, 00:49:56
    Citação de: João da Ega em 19 de Setembro de 2012, 17:23:36
    Trata-se de um questionamento complexo demais para ser respondido completamente num único post de fórum, e talvez num único livro. Mas vou adiantando algumas coisas que quase todos os psicólogos concordam. Não existe "comportamento altamente reflexivo desprovido de origem evolutiva", 

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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #8 Online: 20 de Setembro de 2012, 16:29:35 »
    Citação de: João da Ega em 20 de Setembro de 2012, 13:21:56
    Não falei de não ser possível um animal adiar uma gratificação por um benefício futuro. A questão é que deixar de ter sexo pensando no risco  - futuro, inceto e a longo prazo - de sofrimento advindo de uma doença venérea é um comportamento muito racionalizado, ou como você citou, um comportamento altamente reflexivo.

    Ok, entendi.

    Citação de: João da Ega em 20 de Setembro de 2012, 13:21:56
    eu acreditava que esses comportamentos altamente reflexivos não eram necessariamente fundamentados no instinto. 

    Pelo que você postou, vi que os especialistas - em sua maioria - defendem que mesmo esses comportamentos muito racionalizados tem base instintiva/evolutiva:

    Sim, mas não se deixe enganar pelas semelhanças entre os dois extremos de tipo de pensamento acerca da psicologia evolutiva; as diferenças entre eles são muito mais importantes para se aprender. 

    Se a escola de psicologia evolutiva de Santa Barbara estiver certa, existiriam em nossas mentes algo como um dispositivo de aquisição de esquemas (de raciocínio pragmático). Esses esquemas são princípios ou regras de organização geral relacionados a tipos específicos de metas, como permissões, obrigações ou causações; eles teriam origem na evolução adaptativa e supostamente serviram para tarefas específicas que teriam sido as mais úteis no passado distante (Pleistoceno). Os críticos dessa psicologia evolutiva afirmam que não há evidência científica suficiente que corrobore todas essas proposições. 

    Apesar de tudo, existe o consenso que já descrevi. Certos comportamentos podem ser melhor explicados com referência à história evolutiva da criatura, enquanto que outros comportamentos podem ser melhor explicados com referência à história de reforço da criatura. Os comportamentos precisam de ambas as histórias para uma explicação completa. Porém, essa conclusão despretensiosa não autoriza alguém dizer que a seleção natural nos dotou de módulos especializados para diferentes tipos de tarefas cognitivas ("órgãos mentais"). É dessa observação que surge a controvérsia principal entre os psicólogos. Uma citação muito instrutiva reflete isso:

    "Por exemplo, Leda Cosmides e John Tooby propuseram que nas trocas sociais entre indivíduos não-aparentados (“altruísmo recíproco”), a trapaça é uma ameaça sempre presente, de modo que deveria ter havido seleção para detectar trapaceiros e retirar deles alimentos e outros pertences. Eles propuseram que mecanismos mentais para raciocínio sobre trocas sociais deveriam ter projetado características que não são ativadas em contextos não sociais. Eles apresentaram a estudantes universitários problemas que tinham a mesma forma lógica, mas conteúdo diferente e verificavam que os estudantes resolviam os problemas mais frequentemente se eles descreviam trapaças do que se não. Porém, não podemos excluir a hipótese plausível de que os americanos aprendem, desde a tenra idade, a ser especialmente sensíveis a possibilidade de trapaça, ao invés de ter uma sensibilidade programada geneticamente."

    FUTUYMA, Douglas J. Biologia evolutiva. 3. ed. São Paulo: Editora Funpec, 2009.
    « Última modificação: 20 de Setembro de 2012, 21:09:54 por -Huxley- »
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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #9 Online: 20 de Setembro de 2012, 18:04:22 »
     Muito bem fundamentadas suas postagens, Huxley.
    icon13.gif

    Já baixei a edição da revista S. A. B. que você indicou. Se eu achar outro material de divulgação para leigos sobre o assunto, vou ler.

    « Última modificação: 20 de Setembro de 2012, 18:13:32 por João da Ega »
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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #10 Online: 20 de Setembro de 2012, 18:19:53 »
    off topic: _tiago, o que é essa discussão desses cavalheiros? "Yes, it is." -"no..."
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    xx.gifRe:Qual a aceitação de 'tábula rasa', de Steven Pinker, pela comunidade científica?« Resposta #11 Online: 20 de Setembro de 2012, 20:20:26 »
    Tem cara de ser do Monty Python...
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  • Tópico: O genial que existe em nós  (Lida 1762 vezes)0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.useroff.gif -Huxley-
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    xx.gifO genial que existe em nós« Online: 31 de Maio de 2011, 22:28:33 »
    Acredito que muitas pessoas já devem ter ouvido informações sobre a relação entre genialidade, genes e QI. Muitos jornalistas e leigos parecem não entender a mudança paradigmática que sofreu a chamada “ciência do alto desempenho” ao longo do século XX e início do século XXI devido às descobertas científicas mais recentes. Isso é constatado porque é possível apontar muitas citações de mitos sobre genialidade disseminados por grandes periódicos não-científicos e filmes. É isso o que diz David Shenk, escritor americano e colaborador dos periódicos National Geographic, Gourmet, Harper’s, Slate e The New Yorker. No seu livro O Gênio em Todos Nós (Editora Jorge Zahar, 2010), ele combate o determinismo genético e traz algumas notícias e esclarecimentos valiosos para aqueles que querem ter sucesso – absoluto ou relativo – em qualquer área. Algumas conclusões interessantes de sua obra:
         
    •   Ninguém é geneticamente destinado à grandeza, quem dirá à genialidade. 
    •   Poucos são biologicamente incapazes de alcançar a grandeza.
    •   Há evidências da existência de um grande potencial irrealizado na maioria das pessoas. 
    •   O talento parece ser mais disseminado do que filmes, leigos e muitos jornalistas supõe.
    •   O ambiente e a sorte têm, conjuntamente, mais controle sobre os indivíduos do que as pessoas geralmente reconhecem.

    Eu extrai algumas informações e ideias que considero fundamentais no livro:

    •   Não há justificativa biológica para afirmar que os fatores genéticos e os ambientais agem de forma aditiva. Muitos jornalistas e leigos têm a ideia errada de que os genes criam o molde e a influência ambiental – treino, nutrição, cultura, emoções, etc. – apenas adiciona um fator de desempenho complementar a ele. Na verdade, o ambiente, os genes e as proteínas se afetam mutuamente ANTES que uma característica esteja consolidada. Portanto, a relação gene-ambiente é interativa, não aditiva. Certas expressões genéticas só acontecem com certos estímulos ambientais. Além disso, a neurociência diz que a experiência influi não só nas conexões interneurais, mas também na criação de novos neurônios e transformação de regiões cerebrais como lóbulos frontais, amígdala e hipocampo, todos eles relacionados com os mais diversos tipos de inteligência. 

    •   Experimentos de Cooper-Zubek em 1958 com grupos genéticos de ratos com desempenho testado em labirintos ao longo de gerações mostraram como seus descendentes se saíram ao serem criados em diferentes ambientes. Antes que se testasse o número de erros que cometeriam ao caminhar nos labirintos, ratos descendentes dos grupos genéticos bons e maus – com diferença média de 40% em termos de erros entre os dois grupos – foram submetidos a esses ambientes: 

    Enriquecido – Casinha com paredes pintadas com cores fortes e vivas. Havia rampas, balanços, escorregos, espelhos e sinos.

    Normal – Casinha com parede sem cores vivas. Poucos exercícios e brinquedos para estimular os sentidos.

    Limitado – Basicamente um “barraco de rato”.

    E o resultado chocante... A única circunstância em que os ratos tiveram desempenho significamente discrepante foi no caso em que foram criados em ambientes normais. Ratos ruins de labirinto tiveram um número de erros apenas 10% superior aos bons de labirinto na comparação da criação em ambientes enriquecidos. Por fim, ratos bons e maus de labirintos tiveram desempenho idêntico quando criados em ambientes limitados (eles foram igualmente burros!).  

    •   Pesquisadores da ciência do alto desempenho conseguiram medir o tempo necessário de treino para alguém se destacar internacionalmente em alguma área: 10 mil horas. A regra das 10 mil horas não diz que você será gênio se passar esse tempo praticando, mas que, baseado na observação das atividades das mais diversas áreas, alega-se que existe um pré-requisito de horas mínimas para se tornar um grande talento de renome internacional. Beethoven e Mozart são apenas alguns dos exemplos históricos que se encaixam nessa regra.
     
    •   Cientistas também alegam que treinar duro não é suficiente para alcançar um patamar de extraordinária habilidade. Eis o que diz a regra do estilo da prática, que juntamente com a regra das 10 mil horas, formam as duas regras universais do alto desempenho. É necessário aperfeiçoar aspectos específicos e refinar mecanismos mediadores, assim como exercer um aperfeiçoamento sucessivo com feedback constante. Em outras palavras, isso se refere ao autodesenvolvimento que está relacionado ao fracasso constante e a resolução de novos problemas.

    •   A inteligência é um processo, não algo em si mesmo. Como já disse Alfred Binet, a inteligência medida pelo QI não é geneticamente predeterminada, pode ser aumentada ao longo do tempo e algumas pessoas não chegam sequer perto de seu verdadeiro potencial intelectual. Essa última informação é importante porque os dados sobre as diferenças de inteligência efetiva só mostram a variação detectável, logo nada dizem a respeito das diferenças de potencial. 

    •   O efeito Flynn é notável. O QI mundial aumenta rapidamente a cada geração, sem que haja explicações suficientes de evoluções darwinianas. E se verificássemos o QI das pessoas de 1900, utilizando a média de 100 para os testados no fim do século XX, teríamos que chegar a conclusão absurda de que as pessoas de 1900 eram retardadas, uma vez que o escore daquela época equivale a 60. Em vez disso, Flynn considera que o raciocínio abstrato evoluiu graças à “transição [cultural] de um pensamento operacional pré-científico para um pós-científico”. 

    •   Muitos leigos entendem mal quando leem que uma pesquisa indica que 60% da inteligência é hereditária ao achar que “a inteligência humana é determinada, em 60%, pelos genes e, em 30%, pelas condições ambientais”. Para entender melhor porque isso é absurdo, basta entender que quando se diz que 90% da altura de uma população é hereditária, isso não quer dizer que 90% dos centímetros venham dos genes e o restante do ambiente. Significa que 90% da variação detectável da altura entre indivíduos numa amostragem específica  é atribuída em 90% aos genes e 10% as influências ambientais. Não existe o conceito de herdabilidade para a altura individual, logo o que é válido para um grupo não é válido para prever o que ocorrerá com um indivíduo. 

    •   Alguns estudos apontam mais do que os 60% da pesquisa citada anteriormente, outros menos. Além disso, um estudo do psicólogo Eric Turkheimer, utilizando apenas famílias pobres, mostra que a variação causada pela hereditariedade não é de 40% ou 20%, mas de praticamente 0%. Isso demonstra definitivamente que não existe porcentagem fixa para a influência genética. Não é correto aplicar uma estimativa da herdabilidade a partir de uma dada população para toda a espécie. Estimativa de hereditariedade aplica-se apenas a uma população e ambiente particulares.

    •   Lewis Terman, defensor do conceito de “inteligência inata”, selecionou um grupo de 1500 crianças californianas classificadas como excepcionalmente dotadas. Acontece que à medida que o tempo foi passando, ficou constatado que poucas delas havia se tornados adultos geniais ou insuperáveis. Na verdade, não apareceu nenhum prêmio Nobel – duas crianças que foram excluídas desse grupo conseguiram tal feito quando adultos. Ademais, não apareceu nenhum músico de renome internacional – outras duas pessoas que realizaram o feito foram excluídas desse grupo. Na realidade, o teste de Terman virou para ele o “teste da decepção”.

    •   Um experimento de Anders Ericsson selecionou uma cobaia cujos testes demonstravam que esta tinha uma memória de curto prazo comum. Um treinamento intensivo foi capaz de fazer com que sua memória de curto prazo passasse do armazenamento de um número de sete dígitos para um número com mais de oitenta dígitos.

    •   Taxistas de Londres enfrentam uma das arquiteturas rodoviárias mais complexas e caóticas do mundo. Uma investigação pôs em destaque que as regiões cerebrais responsáveis pela orientação especial dos taxistas se viam claramente fortalecidas nos primeiros meses de condução pelas ruas de Londres. Esse estudo mostrou que uma parte do hipocampo é maior nos taxistas que no público em geral, e que os motoristas mais experientes tinham um hipocampo mais volumoso.

    •   Observações feitas por cientistas mostraram que empacotadores de encomendas (com pouca instrução) fazem cálculos de encaixamento de encomendas em caixas numa velocidade que não é possível para seus superiores (executivos) mais bem instruídos. Mais uma evidência do efeito da experiência e do treino acumulados.

    •   Os estudos com gêmeos univitelinos tendem a exagerar a evidência disponível para a contribuição da hereditariedade para as diferenças de aptidão. Eles frequentemente omitem informações sobre as diferenças e parecem omitir o impacto que tem as semelhanças ambientais e culturais sobre os quais os gêmeos são submetidos (idade, sexo, criação, educação, localização). Segundo pesquisas, semelhanças surpreendentes nos traços psicológicos são encontradas em pares de pessoas que compartilham esses mesmos aspectos de pares de gêmeos tipicamente pesquisados.

    •   Estudos de laboratório com grupos genéticos de ratos em ambientes separados e rigorosamente semelhante mostraram que existem diferenças surpreendentes não explicadas pelo genoma e pelo ambiente. Se isso é verificável em ratos, quem dirá em seres humanos, cuja interação gene-ambiente é muito mais complexa. Isso mostra que os efeitos dos genes no fenótipo são probabilísticos e não determinísticos.

    •   Um experimento muito famoso mostra a importância do autocontrole (autodisciplina e capacidade de adiar a satisfação) para o sucesso. Pegando o trecho de outro texto para resumir a informação dada por Shenk: “O teste do marshmallow, feito na Universidade Stanford na década de 1960, é o melhor exemplo que se tem sobre a ocorrência de autocontrole. Psicólogos ofereciam a crianças um grande marshmallow e davam a elas a opção de comê-lo imediatamente ou esperar um tempinho enquanto os psicólogos saíssem da sala. Se as crianças esperassem, ganhariam de recompensa um segundo marshmallow. Apenas um terço das crianças aguentava esperar, o resto comia o doce afoitamente. Depois, os pesquisadores acompanharam o desempenho dessas crianças nas décadas seguintes. Aquelas que haviam esperado pelo segundo doce tinham tirado notas mais altas no vestibular e tinham mais amigos. Depois de anos estudando esse grupo de voluntários, concluiu-se que a capacidade de manter o autocontrole previa com muito mais precisão a ocorrência de sucesso e ajustamento - era mais eficiente do que QI ou condição social, por exemplo.”: http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml 

    •   A observação de garotos-prodígio mostra que crianças extraordinárias não necessariamente se transformam em adultos extraordinários. Por outro lado, sabe-se que o talento de certos ícones da genialidade não apareceu tão precocemente. 

    •   A genialidade frequentemente é bem específica. Pessoas que decoram uma enorme seqüência de posições de xadrez não necessariamente têm memórias fantásticas para outros aspectos da vida cotidiana.

    •   A Síndrome de Savant, que surge em um a cada 10 autistas, ilustra bem o que um cérebro comum é capaz de fazer. Ela ocorre quando um dano no hemisfério esquerdo do cérebro convida o hemisfério direito (relacionados a habilidades da arte e da música) a realizar determinadas tarefas. Isso confere surpreendentes habilidades específicas aos seus portadores. A síndrome não cria a habilidade, mas gera a oportunidade para ela se concretizar, o que se alia a obsessão pelo padrão repetitivo dos autistas. Isso evidencia a plasticidade do cérebro e a capacidade do mesmo de recrutar áreas diferentes para realizar novas tarefas. Ao se retirar o significado e a compreensão é possível melhorar os detalhes na construção de certas obras. A desativação dos lobos frontotemporais de cobaias com impulsos magnéticos já produziram efeitos similares ao da síndrome de Savant. Desempenhos extraordinários também são possíveis com alterações na percepção e nas respostas encefalográficas. Em respostas ao efeito de anfetaminas, uma cobaia de pesquisa conseguiu construir quadros com precisão fotográfica. Assim, Darold Treffert, talvez o maior especialista do mundo em savants, já admitiu que “talvez exista um pequeno Rain Man em cada um de nós”.  

    •   Ao contrário do que as pessoas geralmente pensam, características adquiridas pelos pais podem ser transmitidas aos descendentes. As histonas são proteínas que não apenas protegem o DNA, mas são mediadoras da expressão genética, dizendo se os genes devem ser ativados ou desativados. Sabe-se há muito tempo que o ambiente pode provocar mudanças no epigenoma. Porém, a partir de 1999, descobriram-se vários casos em que as alterações no epigenoma foram passadas para os descendentes (ver o último capítulo). Um estudo publicado no Journal of Neuroscience é especialmente interessante. Ele relata que ambiente estimulante aprimorou memória de um grupo de camundongos que tinham um defeito genético que afetava a memorização, e essa mudança foi transmitida para as crias. Isso sugere que os efeitos do estilo de vida paterno bem antes da gestação podem influenciar o destino de seus descendentes.
     
    Baseado nas informações acima e no seu estudo sobre biografias, David Shenk montou seu próprio sistema de aconselhamento aos aspirantes ao sucesso em qualquer área: 

    Descubra a sua motivação: 

    Existe uma grande variação de motivações por trás dos mais diversos tipos de alto desempenho. De qualquer forma, ela tem que fazer você se comprometer a ponto de nunca desistir, mesmo que isso implique por em jogo seu tempo, dinheiro, sono, amizades e até mesmo a reputação. Você não apenas deve destemer o fracasso, mas também deve desejá-lo porque ele gera aprendizado e feedback. 

    Um estudo mostra que a motivação pode estar associada a um arrependimento futuro. Estudo com pessoas idosas mostram que grande parte diz que se arrependeu pelo que não fez e que imaginam que deviam ter trabalho mais e se arriscado mais ao longo da vida.

    Auto-crítica severa

    Avaliar seus próprios atos, considerando principalmente os erros que eventualmente tenha cometido e suas perspectivas de correção e aprimoramento está por trás do sucesso de várias das grandes obras de arte. O extraordionário muitas vezes se inicia de um péssimo rascunho que foi criticado repetidas vezes pelo próprio autor.

    Cuidado com a amargura e a culpa

    Quando o fracasso aparece, tanto a amargura, quanto a culpa podem afetar drasticamente e negativamente a tarefa de recuperação. O que há de notável na mente de muitos gênios é que eles são capazes de transformar os fracassos em oportunidades.

    Portanto, se você acha que não é possível usar algum desses dois sentimentos para se motivar, você faz melhor em criar uma estratégia para superá-los imediatamente, porque certamente qualquer um deles atrapalhará a tarefa de se concentrar em melhorar constantemente seu desempenho.

    Identifique suas limitações e passe a ignorá-las

    Muitas vezes, ver o abismo que separa o seu estado atual e a meta distante pode obrigar uma pessoa a adotar um nível de fé que transcende os limites da lógica e da razão. Por isso, a tarefa de usar mais determinação e mais tempo de treino que os demais é o que garante o alívio necessário para continuar lutando. É nessas horas que a pessoa entende perfeitamente o significado do raciocínio “se fosse minimamente fácil, muitos já teriam conseguido”. 

    Os melhores escritores quando jovens frequentemente não o são quando mais velhos, e são justamente os de mais idade que tem as obras mais fantásticas. Isso evidencia que o tempo é um grande combustível da excelência.

    Adie a satisfação e não se satisfaça com pouco

    Como nós somos condicionados a uma cultura imediatista (“compre agora”, “clique agora”, etc.), é difícil ignorar a tentação da satisfação rápida. Para ter sucesso, é preciso não ficar pensando na tentação e focar naquilo que é realmente importante no momento. Isso é especialmente válido se o que você espera conseguir é grandioso. Pequenos passos que geram melhorias trazem motivação mais que suficiente para seguir avançando. 

    Tenha heróis

    Ter heróis significa ver todas as histórias inspiradoras de pessoas que entraram em caminhos inexplorados e as ideias estranhas que mais tarde se revelariam geniais. Usar essa estratégia é ver com seus próprios olhos como muitas das grandes obras conseguiram surgir de sucessivos esforços contínuos, incluindo aquelas que literalmente passaram do nada ao algo.

    Tenha mentores

    Ter um ou mais mentores significa ter alguém para se inspirar, despertar interesse, criticar, aconselhar e ver tudo o que geralmente não é visto quando você parece desinteressado executando sozinho uma atividade.


    « Última modificação: 01 de Junho de 2011, 10:46:09 por -Huxley- »
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #1 Online: 31 de Maio de 2011, 22:50:25 »
    Assunto interessante, apesar de que pelo começo do texto eu o achei meio que com um ar de auto-ajuda.
    Postarei minha opinião depois de analisa-lo melhor, pois o texto é meio grande e eu estou um pouco atarefado.
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #2 Online: 31 de Maio de 2011, 23:07:51 »
    Citação de: -Huxley- em 31 de Maio de 2011, 22:28:33
    •   O ambiente e a sorte têm, conjuntamente, mais controle sobre os indivíduos do que as pessoas geralmente reconhecem.
    Permita-me acrescentar: muito mais controle que as pessoas imaginam. Eu já fiz inúmeros experimentos sobre isso em mim mesmo. Esse fato é realmente lamentável.
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #3 Online: 01 de Junho de 2011, 01:59:33 »
    Citação de: parcus em 31 de Maio de 2011, 23:07:51
    Citação de: -Huxley- em 31 de Maio de 2011, 22:28:33
    •   O ambiente e a sorte têm, conjuntamente, mais controle sobre os indivíduos do que as pessoas geralmente reconhecem.
    Permita-me acrescentar: muito mais controle que as pessoas imaginam. Eu já fiz inúmeros experimentos sobre isso em mim mesmo. Esse fato é realmente lamentável.
    Poderia nos relatar tais experimentos, por favor?

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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #4 Online: 01 de Junho de 2011, 19:21:04 »
    São muito ligadas à experiências acadêmicas, e não tem muito rigor "científico", por isso, não vale a pena detalhar. São coisas do tipo: estudar muito e ir mal, somente anotar as aulas e se dar bem nas provas, etc.
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #5 Online: 17 de Julho de 2011, 16:20:33 »
    Sempre que se fala em sucesso é bom lembrar seu significado. Sucesso é o êxito em alcançar os resultados esperados em qualquer uma dessas áreas: profissional, artística e pessoal. Com exceção do último caso, a renda recebida parece ser o melhor indicador objetivo para averiguar a elite de pessoas bem-sucedidas. E se pudéssemos saber o que essa elite pensa a respeito dos fatores-chave de seu sucesso? É isso o que fez Thomas Stanley, Ph.D. em Administração pela Universidade da Geórgia e que estuda há mais de 20 anos as características que levam as pessoas a alcançar a independência financeira. No seu livro A Mente Milionária (Sem Segredos), mostra-se que existe a análise das porcentagens dos fatores atribuídos como “importantes” nas respostas aos questionários respondidos por milionários:

    No caso de todas as profissões, itens considerados "muito importantes"

    1- Honestidade com todas as pessoas
    Ser bastante disciplinado
    3- Relacionar-se bem com as pessoas
    4- Contar com o apoio do(a) parceiro(a) (de relacionamento amoroso)
    5- Trabalhar mais que os demais
    6- Amar a carreira ou o negócio
    7- Ter habilidade para liderança
    8- Ter espírito competitivo/personalidade
    9- Ser organizado
    10- Ter habilidade para vender a própria ideia/produto
    Fazer bons investimentos

    No caso de todas as profissões, itens considerados "importantes + muito importantes"

    1- Ser bastante disciplinado
    2- Relacionar-se bem com as pessoas
    3- Ser honesto com todas as pessoas
    4- Trabalhar mais que a maioria das pessoas
    5- Amar a própria carreira/negócio
    6- Ser bastante organizado
    7- Ter habilidade para liderança
    8- Ter habilidade para vender a própria ideia/produto
    9- Contar com o apoio do(a) parceiro(a) (de relacionamento amoroso)
    10- Ter espírito competitivo/personalidade 

    No Brasil, os milionários  provavelmente não têm o perfil americano, já que há um excesso de profissionais liberais ricos (sobretudo advogados e médicos) no caso do país norte-americano. Eu suponho que em terras tupiniquins uma parcela maior dos que tem patrimônio milionário são empreendedores. Vamos aos fatores-chave de sucesso deles segundo a pesquisa:
      
    No caso dos donos de negócio, itens considerados "muito importantes"

    1- Honestidade com todas as pessoas: 62% (integridade/valores morais)
    2- Relacionar-se bem com as pessoas: 61% (habilidades sociais)
    3- Contar com o apoio do parceiro(a): 55% (integridade/valores morais)
    4- Ser bastante disciplinado: 54% (disciplina)
    5- Amar a própria carreira/negócio: 51% (inteligência criativa)
    6- Investir no próprio negócio: 50% (investimento no negócio próprio)
    7- Trabalhar mais que os demais: 49% (disciplina) 
    8- Ser o próprio patrão: 45% (investimento no negócio próprio)
    Ter habilidade para liderança: 45% (habilidades sociais)
    Ter habilidade para vender a própria ideia/produto: 45% (habilidades sociais)

    No caso dos donos de negócio, itens "importantes + muito importantes"

    1- Relacionar-se bem com as pessoas: 96% (habilidades sociais)
    2- Ser bastante disciplinado: 93% (disciplina)
    3- Honestidade com todas as pessoas: 92% (integridade/valores morais)
    3- Habilidade para vender a própria ideia/produto: 92% (habilidades sociais)
    5- Assumir riscos financeiros se o retorno esperado for bom: 91% (investir no próprio negócio)
    6- Encontrar um nicho lucrativo: 89% (inteligência criativa)
    Trabalhar mais do que a maioria das pessoas: 89% (disciplina)
    8- Ter habilidade de liderança: 88% (habilidades sociais)
    Amar a própria carreira/negócio: 88% (inteligência criativa)
    10- Investir no próprio negócio: 87% (investir no próprio negócio)

    Ranking geral por categoria segundo a minha interpretação de dados das opiniões dos milionários

    1- Habilidades sociais
    2- Disciplina 
    3- Investir no próprio negócio 
    4- Inteligência criativa
    5- Integridade/valores morais
    6- Enfrentamento das críticas
    7- Orientação intelectual

    Outra observação importante. A média escolar dos milionários pesquisado era de 7 (e na graduação superior de 7,5). Isso mostra a razão que explica porque os dotes relacionados ao QI não aparecem nas primeiras posições. Parece ser muito mais importantes as habilidades sociais. Isso corresponde o que Howard Gardner chama de “inteligência interpessoal” e uma parte do que Robert Sternberg chama de  “inteligência prática”. Também aparece muito bem posicionadas as características relacionadas à inteligência intrapessoal. Tudo isso parece corroborar a tese de que existe um patamar de QI (em torno de 115-120) além do qual a presença de outras inteligências além da lógico-matemática é que faz a diferença entre os mais bem-sucedidos. 
       
    Enquanto alguns milionários atribuíram o sucesso financeiro ao QI elevado, outros atribuem o sucesso financeiro, em parte, a não ter um QI excepcional (eles acham que não ser muito dotado impele o desenvolvimento de outras habilidades para compensar o QI próximo da média).

    Alguém pode criticar a pesquisa de Stanley alegando que senso comum (mesmo aquele entre os bem-sucedidos) não é ciência. Todavia, eu não conheço qualquer outro estudo que coloque em destaque a ordem de importância dos fatores-chaves do sucesso profissional ou artístico. Nem mesmo o livro Fora de Série de Malcolm Gladwell e nem o livro de David Shenk que citei no início do tópico vão nessa direção. Então, ter essa pesquisa em mãos melhora o esclarecimento. Alguém tem outra sugestão?
    « Última modificação: 17 de Julho de 2011, 16:39:13 por -Huxley- »
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #6 Online: 17 de Julho de 2011, 17:34:01 »
    Oba, minhas notas estão na média das dos milionários. icon_cheesygrin.gif

    Edit: Deveriam mostrado também a porcentagem de alunos milionários por nota na faculdade para que fosse mais fácil analisar os resultados (garanto que a porcentagem de pessoas com 7,5 é muito maior que as com 9).
    « Última modificação: 17 de Julho de 2011, 17:45:15 por parcus »
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #7 Online: 18 de Julho de 2011, 22:08:29 »
    Citação de: parcus em 17 de Julho de 2011, 17:34:01
    Oba, minhas notas estão na média das dos milionários. icon_cheesygrin.gif

    Edit: Deveriam mostrado também a porcentagem de alunos milionários por nota na faculdade para que fosse mais fácil analisar os resultados (garanto que a porcentagem de pessoas com 7,5 é muito maior que as com 9).

    Pessoalmente, acredito que os dados apresentados bastam. Não deixa de ser curioso essa obsessão com o desempenho acadêmico dos milionários, uma vez que uma grande inteligência analítica não aparenta ser a causa principal típica da construção de um grande patrimônio. Quem ainda insiste bater nessa tecla, sugiro que veja a história de Christopher Langan - um homem de QI de 195 - no livro Fora de Série de Malcolm Gladwell. Ou se quiser ver a sua história resumida, acesse a reportagem desse link:
    http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml   

    « Última modificação: 18 de Julho de 2011, 22:14:37 por -Huxley- »
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #8 Online: 18 de Julho de 2011, 22:55:18 »
    Citação de: -Huxley- em 18 de Julho de 2011, 22:08:29
    Pessoalmente, acredito que os dados apresentados bastam. Não deixa de ser curioso essa obsessão com o desempenho acadêmico dos milionários, uma vez que uma grande inteligência analítica não aparenta ser a causa principal típica da construção de um grande patrimônio. Quem ainda insiste bater nessa tecla, sugiro que veja a história de Christopher Langan - um homem de QI de 195 - no livro Fora de Série de Malcolm Gladwell. Ou se quiser ver a sua história resumida, acesse a reportagem desse link:
    http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml   

    Eu conheço pelo menos dois casos de pessoas com QIs medianos e que hoje são milionários na faixa das dezenas.
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #9 Online: 18 de Julho de 2011, 23:01:57 »
    Ok, mas o que eu gostaria mesmo é de ver os dados. icon_smile.gif
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #10 Online: 18 de Julho de 2011, 23:12:47 »
    Citação de: parcus em 18 de Julho de 2011, 23:01:57
    Ok, mas o que eu gostaria mesmo é de ver os dados. icon_smile.gif

    Como por exemplo?
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #11 Online: 18 de Julho de 2011, 23:54:58 »
    "Deveriam mostrado também a porcentagem de alunos milionários por nota na faculdade para que fosse mais fácil analisar os resultados (garanto que a porcentagem de pessoas com 7,5 é muito maior que as com 9)."- por mim.
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #12 Online: 19 de Julho de 2011, 10:49:06 »
    Citação de: Geotecton em 18 de Julho de 2011, 22:55:18
    Citação de: -Huxley- em 18 de Julho de 2011, 22:08:29
    Pessoalmente, acredito que os dados apresentados bastam. Não deixa de ser curioso essa obsessão com o desempenho acadêmico dos milionários, uma vez que uma grande inteligência analítica não aparenta ser a causa principal típica da construção de um grande patrimônio. Quem ainda insiste bater nessa tecla, sugiro que veja a história de Christopher Langan - um homem de QI de 195 - no livro Fora de Série de Malcolm Gladwell. Ou se quiser ver a sua história resumida, acesse a reportagem desse link:
    http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml   

    Eu conheço pelo menos dois casos de pessoas com QIs medianos e que hoje são milionários na faixa das dezenas.

    Se for procurar pelos casos mais extremos e raros, coisas bem mais surpreendentes que isso aparecem. No livro Investimento Inteligentes, Gustavo Cerbasi, considerado o consultor de finanças pessoais mais influente do Brasil, afirma que existem milionários no nosso país que sequer sabem assinar o nome.
    « Última modificação: 19 de Julho de 2011, 10:53:44 por -Huxley- »
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #13 Online: 22 de Julho de 2011, 22:10:17 »
    Citação de: -Huxley- em 19 de Julho de 2011, 10:49:06
    Citação de: Geotecton em 18 de Julho de 2011, 22:55:18
    Eu conheço pelo menos dois casos de pessoas com QIs medianos e que hoje são milionários na faixa das dezenas.
    Se for procurar pelos casos mais extremos e raros, coisas bem mais surpreendentes que isso aparecem. No livro Investimento Inteligentes, Gustavo Cerbasi, considerado o consultor de finanças pessoais mais influente do Brasil, afirma que existem milionários no nosso país que sequer sabem assinar o nome.

    Exatamente por isto é que eu tenho reservas quando leio clichês e afirmações sobre "genialidade" no setor das finanças, pois são frequentes os casos onde o "sucesso" foi feito às expensas do "sangue" e da vida financeira e familiar de muitas pessoas.
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #14 Online: 23 de Julho de 2011, 13:28:50 »
    Citação de: Geotecton em 22 de Julho de 2011, 22:10:17
    Citação de: -Huxley- em 19 de Julho de 2011, 10:49:06
    Citação de: Geotecton em 18 de Julho de 2011, 22:55:18
    Eu conheço pelo menos dois casos de pessoas com QIs medianos e que hoje são milionários na faixa das dezenas.
    Se for procurar pelos casos mais extremos e raros, coisas bem mais surpreendentes que isso aparecem. No livro Investimento Inteligentes, Gustavo Cerbasi, considerado o consultor de finanças pessoais mais influente do Brasil, afirma que existem milionários no nosso país que sequer sabem assinar o nome.

    Exatamente por isto é que eu tenho reservas quando leio clichês e afirmações sobre "genialidade" no setor das finanças, pois são frequentes os casos onde o "sucesso" foi feito às expensas do "sangue" e da vida financeira e familiar de muitas pessoas.

    Não acredito que seja tão frequente a ponto de invalidar a ideia da renda recebida como o melhor indicador objetivo de sucesso profissional (com provável exceção para o caso dos esportes e da política). Se não é a renda, qual indicador seria o melhor? 

    Embora existam estelionatários que se tornaram milionários legalmente, não acredito que isso seja tão fácil. Se assim fosse, a maioria dos desonestos virariam maquiavélicos financeiramente bem-sucedidos. Dada a união das pessoas contra a desonestidade e o grau típico de viralidade de uma denúncia na era da informação, até para ser um maquiavélico bem-sucedido precisa ter um talento notável. 

    Vale lembrar que a estratégia “vencer o jogo, em vez de jogá-lo” também é usada em competições e pode ocorrer sem desonestidade. Para entender isso, basta conhecer a biografia de Timothy Ferriss e descobrir como ele ganhou um campeonato de kickboxing na China...Sem qualquer genialidade e violação de regras e com muito menos experiência que seus adversários.

    « Última modificação: 23 de Julho de 2011, 16:13:02 por -Huxley- »
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    xx.gifRe: O genial que existe em nós« Resposta #15 Online: 23 de Julho de 2011, 17:36:11 »
    Resumo : cada caso é um caso. icon_cheesygrin.gif
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    xx.gifRe:O genial que existe em nós« Resposta #16 Online: 27 de Outubro de 2011, 00:22:55 »
    Pensando em outras abordagens para o tema bordado por David Shenk, li recentemente algo que me trouxe mais luz a essa pergunta intrigante:

    Na ausência de empecilhos genéticos e ambientais, a presença ou ausência do sucesso pode ser uma mera questão de mérito pessoal?

    Vejam um trecho da reportagem da Veja chamada Por Obra do Acaso, onde é feita a resenha do livro O Andar do Bêbado, de Leonard Mlodinow.

    “A ilusão de que temos o conhecimento necessário para controlar as variáveis mais doidas do mundo cotidiano - como os números de uma roleta - provoca equívocos nas mais diversas atividades. Em todos os esportes profissionais, o técnico de um time costuma ser responsabilizado quando amarga várias derrotas sucessivas. É comum que ele seja demitido e substituído por outro. Economistas já fizeram análises rigorosas dos resultados obtidos por equipes que mudaram de técnico e chegaram a uma conclusão que surpreende torcedores e cartolas: a mudança não faz diferença, porque, com perdão do trocadilho, há muitas outras coisas em jogo. Hollywood também nutre uma crença insensata nos poderes divinatórios de seus executivos para produzir estouros de bilheteria. Mlodinow lembra o caso de Sherry Lansing, que presidiu o estúdio Paramount ao tempo em que este lançou sucessos gigantescos como Titanic e Coração Valente - mas acabou demitida em 2004, depois de uns poucos anos de maus resultados. Os filmes que Sherry deixou no forno ao sair, como Guerra dos Mundos, voltaram a dar lucro. A preferência do espectador por este ou aquele filme (ou livro, ou novela, ou candidato político) está sujeita a tantos fatores arbitrários que ninguém sabe de fato prevê-la, argumenta Mlodinow. 

    [...]

    A recente crise evidenciou o que os economistas comportamentais já afirmavam: as tendências do passado no mercado não oferecem nenhuma base para fazer previsões sobre o futuro.[...] Os novos gurus são aqueles que consideram a força do acaso na economia, como o investidor Nassim Taleb, estudioso da probabilística.”

    http://veja.abril.com.br/120809/obra-acaso-p-148.shtml 

    Outra resenha ainda melhor é feita no blog Não Posso Evitar:
    http://www.naopossoevitar.com.br/2009/02/the-drunkards-walk-o-que-aconteceu-por-acaso.html

    É claro que sucessivas tentativas podem diminuir a chance de fracasso. Como Mlodinow diz no seu livro: “se quiser ser bem-sucedido, duplique a sua taxa de fracassos”. Todavia, aquela história de que existe uma “fórmula garantida do sucesso” parece ser otimista demais, mesmo no melhor dos mundos possíveis.

    De qualquer forma, eu fiquei interessado no livro do físico americano, uma obra cuja existência fiquei sabendo através de um tópico do CC.
    « Última modificação: 27 de Outubro de 2011, 00:46:24 por -Huxley- »
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    xx.gifRe:O genial que existe em nós« Resposta #17 Online: 27 de Outubro de 2011, 00:40:15 »
    Só discordo do "nenhuma base para fazer previsões". Claro que há uma quantidade imensurável de variáveis, mas isso não quer dizer que uma delas não possa ter uma influência notória em um determinado evento.
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    xx.gifRe:O genial que existe em nós« Resposta #18 Online: 27 de Outubro de 2011, 12:50:54 »
    Citação de: parcus em 27 de Outubro de 2011, 00:40:15
    Só discordo do "nenhuma base para fazer previsões". Claro que há uma quantidade imensurável de variáveis, mas isso não quer dizer que uma delas não possa ter uma influência notória em um determinado evento.

    Se na economia existem previsões, elas provavelmente não são previsões científicas, que são específicas e de risco (como a previsão que a Física faz acerca da posição futura de um planeta em órbita sem apelar a uma margem de erro enorme). Muitos economistas trabalham com o conceito de incerteza não-probabilística, não de risco (que é probabilístico). Os economistas que trabalham com o conceito rejeitam o princípio da ergodicidade que, por sua vez, está relacionado a sistemas nos quais a evolução futura pode ser prevista através de cálculos probabilísticos, desde que o evento possa ser repetido. 

    Concluir que “uma das variáveis pode ter uma influência notória em um determinado evento” não garante que: (1) você pode isolar influências  “estranhas” à frente do tempo para agentes econômicos; (2) você pode fazer uma previsão muito além do termo curto imediato; isso incluiria, por exemplo, prever com qualquer grau razoável de acerto quais serão, nos próximos cinco anos, as receita de uma empresa, as suas margens de lucro líquida, as taxas de juros representativa da economia, etc.

    Ademais, vale ressaltar que não considerei na análise acima o caso das retrodições (ou “predições para o passado”, como as que ocorrem na biologia evolutiva). Fiz isso porque estamos tratando aqui dos argumentos que tentam validar a ideia de que fracasso ou sucesso estão sujeitos a forças que nenhum sistema ou indivíduo pode controlar plenamente.
    « Última modificação: 27 de Outubro de 2011, 13:19:59 por -Huxley- »


    http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=26889.0
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    Huxlei, li ,li e li . O meu parecer é que a ciência ainda não bateu o martelo. Provavelmente virão ainda muitos estudos e pesquisas defendendo posições antagônicas .
    Acredito, repito , acredito ,que a ideia da mulher ser seletiva é muito influente em não possuir um desejo sexual tão forte como o do Homem .Nesta tenho que  ficar no meu espaço de observação .Neste espaço a mulher não é tão desejosa de sexo como o Homem . Se uma mulher não sendo muito feia sair a rua querendo sexo casual ela vai conseguir com muito mais facilidade que o homem . Também pesa que foi a evolução que criou o sexo , sendo essa uma maneira única de se passar genes a frente no "mundo sexuado" . Acredito que o desejo esteja afinado com essas  "regras" .

    Contudo como disse a Silvana :

    "A questão é que as respostas irão variar conforme o grupo étnico, variabilidade social...
    É necessário um maior cruzamento desses dados conforme a filogenética e os costumes de alguns grupos. Falo sobre a questão da dúvida na pesquisa chinesa. Centrado na mesma etnia... "
     
  • editado December 2016
    Edson,  a menor disponibilidade para sexo por parte da fêmea não altera nada o fato de que a aparência física é o único fator estatisticamente importante detectável de atração para ela (em experimentos). A teoria da seleção sexual do "modelo de bons genes" do biólogo R.A. Fisher também funciona quando a aparência física é a única coisa que importa. Hipergamia feminina (querer o melhor, invés de desejar grande variedade sexual) unicamente para aparência física não contradiz a teoria da evolução.

    E a ciência nunca bate o martelo sobre nada, pois verdade definitiva só existe em religião.
  •  
    Edson,  a menor disponibilidade para sexo por parte da fêmea não altera nada o fato de que a aparência física é o único fator estatisticamente importante detectável de atração para ela (em experimentos). A teoria da seleção sexual do "modelo de bons genes" do biólogo R.A. Fisher também funciona quando a aparência física é a única coisa que importa. Hipergamia feminina (querer o melhor, invés de desejar grande variedade sexual) unicamente para aparência física não contradiz a teoria da evolução.

    E a ciência nunca bate o martelo sobre nada, pois verdade definitiva só existe em religião.
     
    Bom  você defende que em ciência não há verdade , o que eu concordo .
    É sabido grau máximo de aproximação de uma ciência da digamos realidade é uma teoria . 
    Essa que você está defendendo é muito nova e pode ser daquelas que são só uma teoria que ainda não foi provada .
    Está longe de ser uma teoria já incorporada pela comunidade científica como a melhor.
    Acontece que teorias explicam fatos que são reais . 
    Alguém vai duvidar da gravidade como fato? 
    Alguém vai duvidar da terra ser geóide como fato ?
    Alguém vai duvidar que a terra gira em torno do sol como fato ? 
    Existem coisas que estão consolidadas meu Deus dos céus !!
    Você deixaria de tomar um remédio porque a ciência não atinge a Verdade definitiva ?
    É assim que você vive? ... Certamente não.
    Eu hoje mesmo ví dois vídeos no Youtube onde as mulheres dizem claramente preferir homens 
    com dinheiro em primeiro lugar . Depois coloco aqui vou dormir agora .

     
  • editado December 2016
    Eu hoje mesmo ví dois vídeos no Youtube onde as mulheres dizem claramente preferir homens 
    com dinheiro em primeiro lugar . Depois coloco aqui vou dormir agora .

    Edson, entre existir um fenômeno de forma dispersa e ele existir com significância estatística há uma diferença enorme. Nicole Kidman é mais alta do que Tom Cruise, mas isso não é muito informativo sobre a diferença entre a estatura feminina média e a estatura masculina média. E, para mim, o que vale são experimentos e ações, e não possíveis papos furados sobre o que as pessoas dizem que fazem (principalmente em amostras de tamanho ínfimo).
  • editado December 2016
    Edson, entre existir um fenômeno de forma dispersa e ele existir com significância estatística há uma diferença enorme. Nicole Kidman é mais alta do que Tom Cruise, mas isso não é muito informativo sobre a diferença entre a estatura feminina média e a estatura masculina média. E, para mim, o que vale são experimentos e ações, e não possíveis papos furados sobre o que as pessoas dizem que fazem (principalmente em amostras de tamanho ínfimo).

    Parece que vamos ficar na discórdia nesta questão caro Huxley . Eu quando vejo estudos, pesquisas ,estatisticas , etc... que vão contra o que  vejo e percebo na vida eu tenho o costume de desconfiar .
    Ainda mais quando existe outra teoria defendendo o que  vejo .
    Mulheres uma ovulação por mes , seletiva , homens bilhões de espermas por ejaculação, não tão seletivos , mulheres vão querer um provedor , mulher/mãe vai cuidar da prole e outras coisas mais é claro .
    Muito forte e convincente para mim .
  • Huxley disse: "Os homens prefererem a beleza, enquanto as mulheres preferem o status social". Os experimentos de psicologia dizem outra coisa: http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=28172.msg864791#msg864791

    O que as pessoas dizem é uma coisa, o que elas fazem é outra. O que os experimentos que testam o comportamento mostram é que a aparência física é o traço mais desejado para ambos os sexos. Isso foi demonstrado num estudo de Elaine Hatfield na Universidade de Minnesotta em 1966 - nesse estudo, a aparência física foi o único fator preditivo importante sobre a decisão de sair pela segunda vez com uma pessoa. E foi confirmado mais uma vez por experimentos de speed dating por Eli Finkel e Paul Eastwick em 2008. Ver Psicologia Social, 10ª edição de David Myers (Editora Artmed).

    E como fica a relatividade na percepção dá beleza?
    Eu entendo o que você diz e tendo a concordar, mas a nossa percepção dá beleza de alguém está condicionada a nossos valores e preconceitos.

    Meninas bonitas que dizem que "foi golpe" ou ficam postando "fora Temer" no Facebook, ficam progressivamente menos bonitas pra mim.

    No caso da riqueza e status isso é um fator análogo que costuma resultar em embelezamento. Especialmente na questão da moda e procedimentos estéticos, onde a riqueza costuma sim tornar as pessoas mais bonitas em seu modo de vestir e em correções por meio de maquiagem ou intervenção cirúrgica.

    Como a psicologia evolutiva leva isso em consideração?
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