Cientistas descobrem a avó do Wolverine
A WolveVelha
A mutação em questão, apresentada no artigo com título anti-clickbait Microdeletion in a FAAH pseudogene identified in a patient with high anandamide concentrations and pain insensitivity, é uma senhora de 66 anos que foi ao médico pois estava com dificuldades de andar.
Apavorado o médico descobriu que ela estava com profunda degeneração na articulação do quadril, causada por osteoartrite. Depois da cirurgia ela foi medicada basicamente com Tylenol, apresentando dor 0 em uma escala de 10, e mesmo assim ela só tomou o analgélico por ordem médica, não sentia necessidade.
Um ano depois ela reclamou de dificuldade em mover o polegar. Ela estava com artrite bilateral pantrapezial e precisava de uma cirurgia para reconstruir ligamentos e reposicionar tendões, chamada Trapeziectomia ou algo assim. Envolve fazer buracos no osso no polegar, atravessar tendões cruzados por ele e... bote no Google. É sinistro.
A cirurgia foi feita com anestesia geral, e os analgésicos padrões foram administrados pós-cirurgia mas depois dessa fase a paciente simplesmente não queria tomar nada pra dor, que não existia. Ela não reclamava nem na hora de manipularem a cânula intravenosa, algo que todo mundo reclama.
Isso chamou a atenção dos médicos, que começaram a investigar.
O histórico da coroa era fascinante. Ela ia ao dentista sem anestesia, tinha um histórico de ferimentos sem dor, inclusive um pulso quebrado. Também não tinha muito sensibilidade ao calor, várias vezes só foi alertada pelo cheiro de carne queimada.
Ela também comia pimentas Scotch bonnet, que chegam a 400000 na Escala Scoville, e só reportava um "calor agradável" na boca.
Os médicos acharam algumas cicatrizes, mas em sua maioria os ferimentos da paciente cicatrizavam muito mais rápido do que os de uma pessoa normal, e quase sempre não deixavam cicatriz.
Nem a mãe nem o pai da paciente tinham poderes semelhantes, o marido também não apresenta resistência acima do normal a dor, mas o filho herdou a mutação, em uma escala mais fraca.
Análise genética determinou uma microalteração no pseudogene FAAH (Pseudogenes são genes que por excesso de mutações se tornam inertes e teoricamente não tem mais função). O filho apresenta a mutação também, a irmã, não.
A mutação está sendo tratada como uma nova desordem genética, apontando pra um caminho que ironicamente já havia sido tentado, cientistas sabem que o FAAH tem relação com o processamento de sinais de dor, mas experimentos de criar anestésicos atuando com esse mecanismo não deram certo.
Talvez com as informações do DNA da velhinha, seja possível criar toda uma classe de medicamentos que ajude pacientes com dores crônicas, sem os efeitos colaterais indesejáveis de morfina e opióides.
Mas eu ainda quero experimentar Vicodin.
https://meiobit.com/399769/cientistas-descobrem-a-avo-do-wolverine/
A mutação em questão, apresentada no artigo com título anti-clickbait Microdeletion in a FAAH pseudogene identified in a patient with high anandamide concentrations and pain insensitivity, é uma senhora de 66 anos que foi ao médico pois estava com dificuldades de andar.
Apavorado o médico descobriu que ela estava com profunda degeneração na articulação do quadril, causada por osteoartrite. Depois da cirurgia ela foi medicada basicamente com Tylenol, apresentando dor 0 em uma escala de 10, e mesmo assim ela só tomou o analgélico por ordem médica, não sentia necessidade.
Um ano depois ela reclamou de dificuldade em mover o polegar. Ela estava com artrite bilateral pantrapezial e precisava de uma cirurgia para reconstruir ligamentos e reposicionar tendões, chamada Trapeziectomia ou algo assim. Envolve fazer buracos no osso no polegar, atravessar tendões cruzados por ele e... bote no Google. É sinistro.
A cirurgia foi feita com anestesia geral, e os analgésicos padrões foram administrados pós-cirurgia mas depois dessa fase a paciente simplesmente não queria tomar nada pra dor, que não existia. Ela não reclamava nem na hora de manipularem a cânula intravenosa, algo que todo mundo reclama.
Isso chamou a atenção dos médicos, que começaram a investigar.
O histórico da coroa era fascinante. Ela ia ao dentista sem anestesia, tinha um histórico de ferimentos sem dor, inclusive um pulso quebrado. Também não tinha muito sensibilidade ao calor, várias vezes só foi alertada pelo cheiro de carne queimada.
Ela também comia pimentas Scotch bonnet, que chegam a 400000 na Escala Scoville, e só reportava um "calor agradável" na boca.
Os médicos acharam algumas cicatrizes, mas em sua maioria os ferimentos da paciente cicatrizavam muito mais rápido do que os de uma pessoa normal, e quase sempre não deixavam cicatriz.
Nem a mãe nem o pai da paciente tinham poderes semelhantes, o marido também não apresenta resistência acima do normal a dor, mas o filho herdou a mutação, em uma escala mais fraca.
Análise genética determinou uma microalteração no pseudogene FAAH (Pseudogenes são genes que por excesso de mutações se tornam inertes e teoricamente não tem mais função). O filho apresenta a mutação também, a irmã, não.
A mutação está sendo tratada como uma nova desordem genética, apontando pra um caminho que ironicamente já havia sido tentado, cientistas sabem que o FAAH tem relação com o processamento de sinais de dor, mas experimentos de criar anestésicos atuando com esse mecanismo não deram certo.
Talvez com as informações do DNA da velhinha, seja possível criar toda uma classe de medicamentos que ajude pacientes com dores crônicas, sem os efeitos colaterais indesejáveis de morfina e opióides.
Mas eu ainda quero experimentar Vicodin.
https://meiobit.com/399769/cientistas-descobrem-a-avo-do-wolverine/
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