Como consta nos livros de História, a década de 1980 foi a década perdida principalmente por causa de questões econômicas. O Brasil entrou numa crise da dívida externa e em processo inflacionário terrível e longo que culminou numa hiperinflação. De qualquer forma, ouvi dizer que, naquela época, o domínio da música brega nas rádios não era tão grande como agora. A arte musical respirava, segundo dizem.
Foi uma década complicada por causa da inflação e dos seguidos planos econômicos que não resolviam nada, mas não diria que foi perdida. A empresa onde eu trabalhava continuou funcionando, minha vida seguiu em frente etc. etc.
Claro que é confuso viver com preços que aumentam todo dia, pagando 1 milhão de cruzeiros para encher o tanque do carro, tendo que fechar contratos com clientes que previam trocentas possibilidades de reajuste dos pagamentos (havia até raiz trigésima nas fórmulas), mas a gente se acostuma e os problemas acabam sendo os de saúde, de relacionamento pessoal, de atraso na produção, o contrato perdido para o concorrente etc., ou seja, os mesmos que a gente teria num país normal.
Hoje, a gente olha para trás e percebe as oportunidades que o país perdeu e o que poderia ter sido feito para melhorar, mas na época não dava para se ter uma visão tão completa.
Fernando_Silva disse: Hoje, a gente olha para trás e percebe as oportunidades que o país perdeu e o que poderia ter sido feito para melhorar, mas na época não dava para se ter uma visão tão completa.
Basta comparar o que foi a década de 80 para o Brasil e para os Tigres Asiáticos.
A maioria das oportunidades aproveitadas pela Coréia do Sul estavam disponíveis para o Brasil, só que um pegou e o outro largou.
E não foi a década perdida só por conta da economia, foram os anos nos quais a educação pública começou a rolar ladeira abaixo, a reserva de mercado para informática enriqueceu meia dúzia de industriais ladrões de patentes, enquanto atrasava a tecnologia nacional em vinte anos.
E na política surgiu o Partido dos Trabalhadores...
Acauan disse:
E não foi a década perdida só por conta da economia, foram os anos nos quais a educação pública começou a rolar ladeira abaixo, a reserva de mercado para informática enriqueceu meia dúzia de industriais ladrões de patentes, enquanto atrasava a tecnologia nacional em vinte anos.
Lembro de que Cora Rónai, que escrevia sobre informática em "O Globo", disse que deveria haver, no aeroporto, uma estátua ao "contrabandista desconhecido". Foi graças a eles que muita gente conseguiu comprar um computador ou, no caso das indústrias, componentes para sua produção. Havia trocentas empresinhas informais fornecendo computadores 386 ou 486 montados a partir de partes trazidas de Miami por baixo dos panos.
Os contrabandistas eram uma espécie de " heróis da resistência".
Huxley disse: De qualquer forma, ouvi dizer que, naquela época, o domínio da música brega nas rádios não era tão grande como agora. A arte musical respirava, segundo dizem.
Se a memória não me falha...
Entre 80 e 82 morei no sul do Pará. Tocava muito sertanejo e brega, ambos "de raiz": Amado Batista, Tonico e Tinoco, Sérgio Reis...
Entre 83 e 87 em Belém, tocavam hits nac/inter (em especial músicas de novelas), muito brega, carimbó e Roberto Carlos. Roberto toca até hoje na programação matinal de algumas rádios.
Entre 88 e 89 no DF tocava muito pop nac/inter, rock nacional e sertanejo no estilo de Chitãozinho & Xororó, Leandro e Leonardo....
a reserva de mercado para informática enriqueceu meia dúzia de industriais ladrões de patentes, enquanto atrasava a tecnologia nacional em vinte anos.
Nessa época tinha uma marca de computador chamada Itaútec, eu tinha um professor de informática que a chamava de "Itaútrec" de tão ruim que era.
Emblemáticos foram os computadores COBRA - Computadores Brasileiros S/A.
Inacreditavelmente ruins, mas a vanguarda do atraso os defendia como símbolos da soberania nacional.
a reserva de mercado para informática enriqueceu meia dúzia de industriais ladrões de patentes, enquanto atrasava a tecnologia nacional em vinte anos.
Nessa época tinha uma marca de computador chamada Itaútec, eu tinha um professor de informática que a chamava de "Itaútrec" de tão ruim que era.
Emblemáticos foram os computadores COBRA - Computadores Brasileiros S/A.
Inacreditavelmente ruins, mas a vanguarda do atraso os defendia como símbolos da soberania nacional.
Neste tópico dos anos 80, a Reserva de Mercado da Informática é melhor exemplo das escolhas ruins que fizeram o Brasil perder a década.
Naqueles anos a Microsoft já despontava como gigante da microinformática, decretando a supremacia do software sobre o hardware na revolução digital, enquanto o Brasil apostava suas fichas em fábricas de mainframes obsoletos, produzidos com tecnologia pirateada, pessimamente montados e vendidos como orgulho da nação.
Não se sabia na época, mas a poderosa IBM preparava-se para dar seus últimos suspiros, enquanto o Brasil sonhava em criar uma versão Jeca da moribunda.
Dos anos 80, me lembro da dificuldade de encontrar tratamento para a minha asma, do custo absurdo que era um nebulizador (acho que uns R$10.000,00 convertidos para hoje).
Voce encontra nas farmacias por uns 300 reais atualmente...
Comentários
Claro que é confuso viver com preços que aumentam todo dia, pagando 1 milhão de cruzeiros para encher o tanque do carro, tendo que fechar contratos com clientes que previam trocentas possibilidades de reajuste dos pagamentos (havia até raiz trigésima nas fórmulas), mas a gente se acostuma e os problemas acabam sendo os de saúde, de relacionamento pessoal, de atraso na produção, o contrato perdido para o concorrente etc., ou seja, os mesmos que a gente teria num país normal.
Hoje, a gente olha para trás e percebe as oportunidades que o país perdeu e o que poderia ter sido feito para melhorar, mas na época não dava para se ter uma visão tão completa.
Basta comparar o que foi a década de 80 para o Brasil e para os Tigres Asiáticos.
A maioria das oportunidades aproveitadas pela Coréia do Sul estavam disponíveis para o Brasil, só que um pegou e o outro largou.
E não foi a década perdida só por conta da economia, foram os anos nos quais a educação pública começou a rolar ladeira abaixo, a reserva de mercado para informática enriqueceu meia dúzia de industriais ladrões de patentes, enquanto atrasava a tecnologia nacional em vinte anos.
E na política surgiu o Partido dos Trabalhadores...
Os contrabandistas eram uma espécie de " heróis da resistência".
Se a memória não me falha...
Entre 80 e 82 morei no sul do Pará. Tocava muito sertanejo e brega, ambos "de raiz": Amado Batista, Tonico e Tinoco, Sérgio Reis...
Entre 83 e 87 em Belém, tocavam hits nac/inter (em especial músicas de novelas), muito brega, carimbó e Roberto Carlos. Roberto toca até hoje na programação matinal de algumas rádios.
Entre 88 e 89 no DF tocava muito pop nac/inter, rock nacional e sertanejo no estilo de Chitãozinho & Xororó, Leandro e Leonardo....
E para piorar, em 86 a Argentina foi bicampeã...
Com Maradona dando show...
Que vergonha !
Nessa época tinha uma marca de computador chamada Itaútec, eu tinha um professor de informática que a chamava de "Itaútrec" de tão ruim que era.
Emblemáticos foram os computadores COBRA - Computadores Brasileiros S/A.
Inacreditavelmente ruins, mas a vanguarda do atraso os defendia como símbolos da soberania nacional.
Neste tópico dos anos 80, a Reserva de Mercado da Informática é melhor exemplo das escolhas ruins que fizeram o Brasil perder a década.
Naqueles anos a Microsoft já despontava como gigante da microinformática, decretando a supremacia do software sobre o hardware na revolução digital, enquanto o Brasil apostava suas fichas em fábricas de mainframes obsoletos, produzidos com tecnologia pirateada, pessimamente montados e vendidos como orgulho da nação.
Não se sabia na época, mas a poderosa IBM preparava-se para dar seus últimos suspiros, enquanto o Brasil sonhava em criar uma versão Jeca da moribunda.
Voce encontra nas farmacias por uns 300 reais atualmente...