Sem alarde, mas seu cérebro está encolhendo
Com o tempo livre que ganhamos ao não precisar procurar comida o tempo todo, nossos cérebros começaram a inventar ferramentas, modificar nosso ambiente.
O crescimento do cérebro nesses últimos milhões de anos foi quase exponencial, o ganho de inteligência compensou características que em outras espécies garantiriam a extinção: o longo e complicado trabalho de parto e o mais longo ainda período em que o infante é absolutamente inútil e indefeso, que na nossa espécie vai do nascimento até uns quatro anos depois do pimpolho terminar a faculdade.
Agora a parte confusa: o auge do tamanho do cérebro humano não veio com o Homo Sapiens Sapiens, mas com os... neandertais. A média do volume cerebral deles era de 1,6 cm3, contra 1,273 cm3 para humanos modernos.
Nos últimos 40 mil anos nossos cérebros vêm diminuindo. e mesmo os genes de neandertais que a maioria dos humanos carregam não reverteram essa tendência, que já reduziu o danado em 10%.
Aí você pergunta... mas Cardoso, se a relação volume cerebral/peso corporal é quase a mesma entre humanos e neandertais, isso não quer dizer que eles eram mais inteligentes que a gente? Como pudemos exterminá-los?
E eu respondo:
Inteligência é algo muito superestimado.
Claro que é útil você saber caçar, construir armas e repassar esse conhecimento para outros da tribo, mas biologicamente falando não é essa Coca-Cola toda ser extremamente inteligente, qualquer animal sobrevive bem melhor na floresta do que um humano, nossa inteligência ajuda quando tudo vai muito bem, quando rola qualquer crise maior, qualquer guerra mais séria, volta a valer a Lei do Mais Adaptado, antiga Lei do Mais Forte.
Isso por si só contribuiu para manter o nosso cérebro num tamanho razoável, instintivamente as fêmeas da espécie preferem o Jason Momoa ao Stephen Hawking, e como a Tina Fey bem falou, ela é coberta de elogios, mas na hora H os homens preferem a Jessica Simpson.
Uma hipótese adicional foi apresentada por Brian Hare, do Departamento de Antropologia evolucionária e Centro de Neurociência Cognitiva da Universidade Duke, no paper Survival of the Friendliest: Homo sapiens Evolved via Selection for Prosociality.
Ele defende que assim como gatos, humanos passaram por um processo de auto domesticação. Quando nos tornamos criaturas (mais) sociais, muito do que nos ajudou a sobreviver no mato deixou de ser vantajoso. Macacos grandes e raivosos não funcionam bem em bandos.
Humanos mais calmos e gentis eram bem-vistos e acabavam deixando mais descendentes, criamos o Homo Nice Gayus, somos todos descentes do Nick Ellis.
Essa predileção acabou favorecendo humanos menores, menos agressivos, com uma balança hormonal diferente, e isso afeta um monte de coisa, inclusive desenvolvimento cerebral. Acabamos trocando uma inteligência um pouco maior pela capacidade de viver em sociedade.
Um grupo de Homo Sapiens altamente comunicativos operando de forma cooperativa consegue vencer um grupo de Neandertais mais inteligentes, mas mais individualistas.
O que pode ser preocupante é se a tendência se mantiver. É o tipo de coisa complicada de se medir em poucas décadas, e não se sabe se essa redução, se ainda existir, chegará a um ponto de estabilidade. O universo não parece ter muito uso pra inteligência, mas ao mesmo tempo ela alterou completamente a seleção natural. Hoje gente que morreria sem nem pensar duas vezes, 200 anos atrás levam vidas normais, estamos vivendo mais e melhor.
Ou seja: Estamos num paradoxo onde tecnicamente nossos cérebros vêm ficando menores a cada ano, mas nosso sucesso como espécie só aumenta. Isso talvez justifique as utopias de ficção científica onde todas as sociedades perfeitas, sem crime, fome ou doenças, parecem meio lentinhas e ingênuas para o pessoal de fora.
Fonte: Discovery Magazine
O crescimento do cérebro nesses últimos milhões de anos foi quase exponencial, o ganho de inteligência compensou características que em outras espécies garantiriam a extinção: o longo e complicado trabalho de parto e o mais longo ainda período em que o infante é absolutamente inútil e indefeso, que na nossa espécie vai do nascimento até uns quatro anos depois do pimpolho terminar a faculdade.
Agora a parte confusa: o auge do tamanho do cérebro humano não veio com o Homo Sapiens Sapiens, mas com os... neandertais. A média do volume cerebral deles era de 1,6 cm3, contra 1,273 cm3 para humanos modernos.
Nos últimos 40 mil anos nossos cérebros vêm diminuindo. e mesmo os genes de neandertais que a maioria dos humanos carregam não reverteram essa tendência, que já reduziu o danado em 10%.
Aí você pergunta... mas Cardoso, se a relação volume cerebral/peso corporal é quase a mesma entre humanos e neandertais, isso não quer dizer que eles eram mais inteligentes que a gente? Como pudemos exterminá-los?
E eu respondo:
Inteligência é algo muito superestimado.
Claro que é útil você saber caçar, construir armas e repassar esse conhecimento para outros da tribo, mas biologicamente falando não é essa Coca-Cola toda ser extremamente inteligente, qualquer animal sobrevive bem melhor na floresta do que um humano, nossa inteligência ajuda quando tudo vai muito bem, quando rola qualquer crise maior, qualquer guerra mais séria, volta a valer a Lei do Mais Adaptado, antiga Lei do Mais Forte.
Isso por si só contribuiu para manter o nosso cérebro num tamanho razoável, instintivamente as fêmeas da espécie preferem o Jason Momoa ao Stephen Hawking, e como a Tina Fey bem falou, ela é coberta de elogios, mas na hora H os homens preferem a Jessica Simpson.
Uma hipótese adicional foi apresentada por Brian Hare, do Departamento de Antropologia evolucionária e Centro de Neurociência Cognitiva da Universidade Duke, no paper Survival of the Friendliest: Homo sapiens Evolved via Selection for Prosociality.
Ele defende que assim como gatos, humanos passaram por um processo de auto domesticação. Quando nos tornamos criaturas (mais) sociais, muito do que nos ajudou a sobreviver no mato deixou de ser vantajoso. Macacos grandes e raivosos não funcionam bem em bandos.
Humanos mais calmos e gentis eram bem-vistos e acabavam deixando mais descendentes, criamos o Homo Nice Gayus, somos todos descentes do Nick Ellis.
Essa predileção acabou favorecendo humanos menores, menos agressivos, com uma balança hormonal diferente, e isso afeta um monte de coisa, inclusive desenvolvimento cerebral. Acabamos trocando uma inteligência um pouco maior pela capacidade de viver em sociedade.
Um grupo de Homo Sapiens altamente comunicativos operando de forma cooperativa consegue vencer um grupo de Neandertais mais inteligentes, mas mais individualistas.
O que pode ser preocupante é se a tendência se mantiver. É o tipo de coisa complicada de se medir em poucas décadas, e não se sabe se essa redução, se ainda existir, chegará a um ponto de estabilidade. O universo não parece ter muito uso pra inteligência, mas ao mesmo tempo ela alterou completamente a seleção natural. Hoje gente que morreria sem nem pensar duas vezes, 200 anos atrás levam vidas normais, estamos vivendo mais e melhor.
Ou seja: Estamos num paradoxo onde tecnicamente nossos cérebros vêm ficando menores a cada ano, mas nosso sucesso como espécie só aumenta. Isso talvez justifique as utopias de ficção científica onde todas as sociedades perfeitas, sem crime, fome ou doenças, parecem meio lentinhas e ingênuas para o pessoal de fora.
Fonte: Discovery Magazine
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Comentários
Sociedade aberta e evolucionismo são temas diferentes.
...
Na Europa estamos a atingir o máximo da estupidez.
A direita europeia está a apresentar políticas sociais, a curto prazo, espero, o rumo vai mudar. Claro, posso estar enganado.
Esquerda está completamente a alienada da realidade.
Direita dita populista está a ter políticas sociais outrora de esquerda. Embora haja tradição de cuidado social na comunidade católica ( na Europa, direita).
Profetizou. Agora me passa os números da mega sena.
Observável, nada de novo.
Vindo de você é o mesmo chavão de sempre, não me admira.