10 erros científicos que Hollywood insiste em perpetuar
Não é que eles odeiam ciência como o Brasil, apenas a relação é conturbada, erros científicos são comuns nas produções de Hollywood pois o entretenimento vem sempre em primeiro lugar. Em alguns casos são erros feios, como a inexplicável queda do Clooney em Gravity, mas na maioria das vezes são coisas que acontecem tantas vezes que já viraram padrão, mesmo estando erradas.
Vamos ver então 10 desses erros científicos e entender onde Hollywood pisou na bola:
Erro 1: lasers são rápidos
Qualquer um que já brincou com uma ponteira-laser sabe que lasers não fazem pew-pew-pew. Em escala cósmica a luz não é tão rápida, mas em escala humana é decepcionantemente instantânea. Imagine uma arma que você apontou, acertou, sem espera, sem atraso, sem tempo pro inimigo desviar. Lasers seriam muito sem graça na vida real.
Erro 2: buracos negros são magicamente poderosos
Um dos erros científicos mais comuns em Hollywood é tratar buracos negros como monstros devoradores de planetas, mas eles não são mais poderosos do que a soma da matéria que os compõe. Se um Sol magicamente virar um buraco negro, a órbita da Terra não se alterará um centímetro, só sentiremos bastante frio (ou não, se você mora em Curitiba).
Qualquer corpo gravitacional tem uma velocidade de escape, que se reduz com o quadrado da distância. A única coisa peculiar de um buraco negro é que ele tem tanta massa em um ponto muito pequeno, que a uma certa distância essa velocidade de escape se torna maior do que a da luz, mas nada impede que você orbite normalmente um buraco negro, mesmo além desse limite.
Erro 3: o gato de Schrödinger está definitivamente vivo. Ou morto.
A história do Gato de Schrödinger é uma das mais conhecidas e divulgadas pela ciência pop: um exemplo do conceito de superposição quântica: Um gato, dentro de uma caixa fechada, com um átomo radioativo, uma cápsula de veneno e um detector. Caso o átomo decaia, o detector é acionado e libera o veneno. Enquanto a caixa estiver fechada, o evento pode ou não ter ocorrido. O gato existe em um estado de superposição quântica, está vivo e morto ao mesmo tempo.
O Gato de Schrödinger foi originalmente proposto por Einstein, que queria explodir o gato. É um "experimento mental" usado para demonstrar o fenômeno da superposição quântica, aplicado a partículas. O uso do gato é um absurdo proposital e ninguém defendia que o gato estava em algum estado de superposição.
Schrödinger tentou com o experimento exemplificar quando superposições saem do mundo quântico e afetam o mundo macroscópico, e Einstein escreveu "ninguém duvida que a presença ou ausência do gato independe de um observador". Ou seja: não abrir a caixa não impede o átomo de decair (ou não) e matar o gato.
Erro 4: cair no Sol não é fácil
Isso já foi discutido antes em outros artigos: órbitas demandam energia. Quanto mais próximo do Sol, mais rápido um planeta precisa se mover. Só que não adianta você acelerar, se aumentar sua velocidade orbital você aumenta o tamanho da órbita, diminuindo sua velocidade total.
Para cair no Sol você precisa... desacelerar. Com isso a periapse (o ponto da órbita mais próximo do Sol) se aproximará do Sol, aumentando sua velocidade. Por isso a cena da Frota Colonial voando em direção ao Sol Em Battlestar Galactica é linda, mas um dos muitos erros científicos de Hollywood.
Simplesmente apontar algo para o Sol e acionar os motores não funciona, não com os motores que tempos hoje em dia. Neste artigo sobre a Parker Solar Probe explico tudo em detalhes.
Erro 5: dardo tranquilizante não existe
Quer dizer, tecnicamente existe, assim como gás do sono, mas seu uso nem de longe é simples e difundido como nos filmes. Pense bem: anestesia é uma técnica que oscila entre a ciência e a arte, manter um sujeito desacordado sem que ele morra é complicado num ambiente controlado como uma sala de cirurgia. Imagine liberar granadas de gás tranquilizante em um local fechado, sem que crianças e idosos recebam doses mortais, e adultos cheios de adrenalina recebam apenas doses inofensivas.
Imaginou? Já aconteceu, em 2002, quando um grupo de terroristas chechenos invadiu um teatro em Moscou, fez mais de mil reféns e os russos resolveram que seria uma ótima ideia bombear gás anestésico antes de invadir o local. No final foram 700 feridos, 204 reféns mortos, 202 pereceram por causa do gás. Foram 40 terroristas mortos, a maioria por tiros mesmo, pois estavam com máscaras. A Rússia classificou a operação como "sucesso".
Dardos tranquilizantes sofrem do mesmo problema. Você precisa saber o peso exato do animal, um dardo capaz de adormecer um tigre mataria na hora um Pinscher, não que eu me importe com aquele cachorro desgraçado.
Vamos ver então 10 desses erros científicos e entender onde Hollywood pisou na bola:
Erro 1: lasers são rápidos
Qualquer um que já brincou com uma ponteira-laser sabe que lasers não fazem pew-pew-pew. Em escala cósmica a luz não é tão rápida, mas em escala humana é decepcionantemente instantânea. Imagine uma arma que você apontou, acertou, sem espera, sem atraso, sem tempo pro inimigo desviar. Lasers seriam muito sem graça na vida real.
Erro 2: buracos negros são magicamente poderosos
Um dos erros científicos mais comuns em Hollywood é tratar buracos negros como monstros devoradores de planetas, mas eles não são mais poderosos do que a soma da matéria que os compõe. Se um Sol magicamente virar um buraco negro, a órbita da Terra não se alterará um centímetro, só sentiremos bastante frio (ou não, se você mora em Curitiba).
Qualquer corpo gravitacional tem uma velocidade de escape, que se reduz com o quadrado da distância. A única coisa peculiar de um buraco negro é que ele tem tanta massa em um ponto muito pequeno, que a uma certa distância essa velocidade de escape se torna maior do que a da luz, mas nada impede que você orbite normalmente um buraco negro, mesmo além desse limite.
Erro 3: o gato de Schrödinger está definitivamente vivo. Ou morto.
A história do Gato de Schrödinger é uma das mais conhecidas e divulgadas pela ciência pop: um exemplo do conceito de superposição quântica: Um gato, dentro de uma caixa fechada, com um átomo radioativo, uma cápsula de veneno e um detector. Caso o átomo decaia, o detector é acionado e libera o veneno. Enquanto a caixa estiver fechada, o evento pode ou não ter ocorrido. O gato existe em um estado de superposição quântica, está vivo e morto ao mesmo tempo.
O Gato de Schrödinger foi originalmente proposto por Einstein, que queria explodir o gato. É um "experimento mental" usado para demonstrar o fenômeno da superposição quântica, aplicado a partículas. O uso do gato é um absurdo proposital e ninguém defendia que o gato estava em algum estado de superposição.
Schrödinger tentou com o experimento exemplificar quando superposições saem do mundo quântico e afetam o mundo macroscópico, e Einstein escreveu "ninguém duvida que a presença ou ausência do gato independe de um observador". Ou seja: não abrir a caixa não impede o átomo de decair (ou não) e matar o gato.
Erro 4: cair no Sol não é fácil
Isso já foi discutido antes em outros artigos: órbitas demandam energia. Quanto mais próximo do Sol, mais rápido um planeta precisa se mover. Só que não adianta você acelerar, se aumentar sua velocidade orbital você aumenta o tamanho da órbita, diminuindo sua velocidade total.
Para cair no Sol você precisa... desacelerar. Com isso a periapse (o ponto da órbita mais próximo do Sol) se aproximará do Sol, aumentando sua velocidade. Por isso a cena da Frota Colonial voando em direção ao Sol Em Battlestar Galactica é linda, mas um dos muitos erros científicos de Hollywood.
Simplesmente apontar algo para o Sol e acionar os motores não funciona, não com os motores que tempos hoje em dia. Neste artigo sobre a Parker Solar Probe explico tudo em detalhes.
Erro 5: dardo tranquilizante não existe
Quer dizer, tecnicamente existe, assim como gás do sono, mas seu uso nem de longe é simples e difundido como nos filmes. Pense bem: anestesia é uma técnica que oscila entre a ciência e a arte, manter um sujeito desacordado sem que ele morra é complicado num ambiente controlado como uma sala de cirurgia. Imagine liberar granadas de gás tranquilizante em um local fechado, sem que crianças e idosos recebam doses mortais, e adultos cheios de adrenalina recebam apenas doses inofensivas.
Imaginou? Já aconteceu, em 2002, quando um grupo de terroristas chechenos invadiu um teatro em Moscou, fez mais de mil reféns e os russos resolveram que seria uma ótima ideia bombear gás anestésico antes de invadir o local. No final foram 700 feridos, 204 reféns mortos, 202 pereceram por causa do gás. Foram 40 terroristas mortos, a maioria por tiros mesmo, pois estavam com máscaras. A Rússia classificou a operação como "sucesso".
Dardos tranquilizantes sofrem do mesmo problema. Você precisa saber o peso exato do animal, um dardo capaz de adormecer um tigre mataria na hora um Pinscher, não que eu me importe com aquele cachorro desgraçado.
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Comentários
Quase todo filme de ficção científica adora usar "velocidade da luz" como algo rápido, mas são obrigados a ignorá-la em nome do entretenimento. Mesmo o elogiado Perdido em Marte, via edição inteligente omite as imensas pausas entre a transmissão e o recebimento de mensagens no circuito Terra-Marte.
Mesmo viajando à velocidade da luz, tudo é longe. Plutão fica a 5,5 horas-luz de distância. Mesmo em séries que se vendem como cientificamente corretas como The Expanse, apelaram para stargates para (dsclp) expandir a história, ou ficariam restritos ao Sistema Solar.
Alfa-Centauro, a estrela mais próxima da Terra fica a 4,2 anos-luz de distância. A ficção precisa ser muito, muito mais rápida para chegar no próximo Sistema Solar antes da hora do episódio da próxima semana e mesmo assim, é pouco. Em Star Trek a USS Voyager é a nave mais rápida da Federação, com velocidade warp 9,975. Isso equivale a 6.667 vezes a velocidade da luz.
A Via Láctea tem 105.700 anos/luz de diâmetro. Atravessar a galáxia de ponta a ponta levaria 10,5 anos.
Erro 7: velocidade do som é mais lenta ainda
Esse é um dos erros científicos mais clássicos, a ponto de se for corrigido a plateia reclama. A velocidade do som é bem lenta, uns 300 metros por segundo, como aprendemos a contar entre o relâmpago e o trovão para calcular a distância do raio. Só que em filmes, não importa aonde a explosão ocorra, vemos a explosão e o som simultaneamente. Todos os técnicos de som sabem disso, todos os diretores sabem disso, mas quem manda é o público.
Erro 8: submarinos não fazem ping
E batata: pode ser o filme mais moderno, se há uma cena em um submarino no fundo vão colocar o "ping..." do sonar. Isso era mais realidade na Segunda Guerra, mas mesmo naquela época já evitavam usar o sonar ativo (ui!). Hoje, embora todo submarino seja equipado com excelentes emissores acústicos, a doutrina é que devem ser passivos (ui 2!) o máximo possível.
O motivo é bem simples de explicar: imagine que você está numa floresta procurando alguém à noite. Sua lanterna permite que você veja dezenas de metros adiante. Já alguém escondido no mato poder ver sua lanterna a quilômetros de distância.
Ah sim, a maioria dos sistemas de sonar hoje em dia são ultrassônicos, então o "ping" é inaudível.
Erro 9: espaço não chupa, assopra
Um dos erros científicos que todo filme espacial, especialmente os de terror adora usar é a famosa descompressão explosiva. Às vezes o buraco no casco faz a vítima da vez ser sugada de forma terrível e despedaçada através de um furo do tamanho de uma moeda.
Não que isso seja ficção. Nenhum cenário de filme de terror é tão desgraçado quanto o acidente de Byford Dolphin, quando uma câmara de descompressão pressurizada a nove atmosferas sofreu uma falha catastrófica e quatro mergulhadores foram pastadedenteficados. Já no espaço, bem, a maior pressão que você consegue é de uma atmosfera.
Uma lata de desodorante é pressurizada entre duas e três atmosferas. Quando infla um balão soprando você faz pressão próxima a uma atmosfera. Um furo do tamanho de uma moeda em uma nave espacial? É ruim, mas pode ser tampado com a palma da mão enquanto alguém sai e aplica uma FlexTape™.
Mais ainda: ninguém é sugado, o espaço tem pressão zero, quando você tem uma zona de baixa pressão em comunicação com uma de alta, você é cuspido, não sugado. Só que isso não ficaria tão bem em Star Trek.
Erro 10: mísseis não são máquinas mágicas que voam por horas
OK, tecnicamente mísseis de cruzeiro podem voar por horas, mas não mísseis antiaéreos, mísseis terra-ar, ICBMs... mísseis usados em combate aéreo têm alcance limitado. Um AIM-120 AMRAAM no modelo AIM-120D tem alcance de 160 km, mas uma velocidade de 4.900 km/h, ou seja, ele percorreria isso em 1 minuto e 57 segundos.
Um AIM-9 Sidewinder, míssil infravermelho de curto alcance voa a 3.100 km/h por 35 km, ou seja: tempo de voo máximo de 40 segundos. E isso tudo no limite do envelope dos mísseis.
Na vida real mísseis não têm combustível nem capacidade de manobra para ficar procurando o alvo, e se você saiu do cone do sensor do míssil, já era pra ele. Por isso a cena do ataque de mísseis em Behind Enemy Lines é pura comédia.
Hollywood é especialista em cometer erros científicos, mas nem sempre faz por mal e quando a história não é afetada, ou até se beneficia, não há do que reclamar. Afinal de contas se formos cobrar precisão científica de todo filme, que diabos de botânico é o Matt Damon que viaja até Marte e não leva um pacote de sementes pra tentar plantar comida por lá?
https://meiobit.com/416638/10-erros-cientificos-que-hollywood-insiste-em-perpetuar/
Por meio dele, a comunicação é instantânea não importando a distância.
Há uma vaga possibilidade de que isto se torne verdade um dia. Na série Star Trek: Voyager, a nave foi parar do outro lado da galáxia e eles calcularam que levariam 70 anos para voltar. Se bem que não tinham como manter a velocidade máxima o tempo todo.