O que é modo avião: isso faz mesmo alguma diferença?

O modo avião é aquele comando que impede um celular xing-ling de R$ 150 de derrubar um avião comercial de US$ 70 milhões, e todos estaríamos mortos se todo mundo não usasse esse recurso, correto? Não, nem de longe, mas vamos entender como o excesso de cautela (nunca uma coisa ruim) levou à criação desse recurso.

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O que é modo avião?
Celulares, como todo aparelho eletrônico, emitem ondas eletromagnéticas, no caso para se comunicar com as Estações-Bases. Em teoria os sistemas eletrônicos dos aviões são sujeitos à interferência eletromagnética. No começo da popularização dos telefones celulares surgiu o medo de que mais de cem aparelhos ligados em um espaço muito pequeno, pudessem gerar interferência o suficiente para afetar os sistemas de controle e navegação.

Temendo um banimento sumário se não fizessem nada, ou extrema insatisfação dos usuários, se tivessem que desligar completamente seus aparelhos, os fabricantes chegaram a um meio-termo: o chamado Modo Avião. Ele basicamente é um comando que desliga os seguintes subsistemas do celular:

Telefonia celular
WI-FI
Bluetooth
NFC
GPS
Desses, o principal é o sistema de telefonia, mas fora GPS, os outros também transmitem e recebem sinais continuamente. Sem eles muita funcionalidade fica desabilitada, mas o celular continua sendo capaz de tocar vídeos, músicas e servir como leitor de ebooks e videogame.

O modo avião funciona afinal?
Como toda tecnologia extremamente avançada com apenas uns 200 anos de idade, ondas de rádio ainda são um mistério para o cidadão comum, incluindo o cidadão comum com cargo público e arrogante demais para consultar cientistas, daí as irracionais leis proibindo uso de celulares em postos de gasolina, e por uso entenda ENCOSTAR NA ORELHA E FALAR, apesar do aparelho estar o tempo todo em comunicação com a torre, independentemente de estar em seu bolso.

A grande dificuldade de comprovar a eficácia do Modo Avião é comprovar uma negativa, pois não há nenhum caso registrado de celular derrubando avião, e os poucos casos de interferência envolvem situações completamente circunstanciais, sem nenhuma correlação direta entre o aparelho e a interferência.

UM caso específico de interferência, quando o horizonte artificial de um avião foi alterado por um equipamento, ocorreu em 1999, quando um Boeing 727 (que já era velho na época) foi afetado por um... DVD Player. Ou seja, um equipamento que sequer deveria emitir qualquer tipo de radiação eletromagnética significativa, escapou aos incrivelmente elevados controles de qualidade das fábricas chinesas, e causou uma confusão.

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Outros casos reportados nunca conseguiram ser replicados em laboratório, o máximo que conseguiram foi com geradores de interferência instalados diretamente no Cockpit, mesmo assim só afetando equipamentos da década de 80.

A realidade é que tudo (até você) emite radiação eletromagnética, e equipamentos usados em aviões, hospitais, aeronaves militares, etc são especialmente projetados para serem resistentes a qualquer tipo de interferência, dentro do razoável Dentro do razoável significa qualquer coisa menos voar muito próximo de um radar militar, transmitindo alguns Megawatts de energia, algo que se não derrubar seu avião, no mínimo fará com que você tenha filhos esquisitos.

Comentários

  • Afrouxada a correia

    Foram liberados aos poucos celulares em modo avião exceto no pouso e decolagem, hoje a maioria das empresas aéreas não liga mais nem pra isso. Fones Bluetooth também foram liberados, mas mouses Bluetooth não (vá entender). No final até WI-FI foi liberado, por causa de uma pequena tecnicalidade: dá pra ganhar dinheiro com isso.

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    Depois que ficou evidente que celular não derruba avião, até porque 30% dos passageiros simplesmente não desligam os celulares, as empresas começaram a correr atrás de como capitalizar isso, algumas optaram inclusive por instalar as picocélulas da Sitaonair, que por um preço extorsivo oferecem conectividade de celular e dados durante o voo. Ou seja, o celular que antes era um perigo terrível agora é bem-vindo a bordo, junto com o cartão de crédito do dono, claro.

    Então eu não devo usar o modo avião?
    Deve, o pior é que deve, por um motivo muito simples. Desativar o modo avião e deixar seu celular normal causa riscos a algo muito mais importante que seu avião com 178 almas a bordo: sua bateria. O telefone celular regula a potência de seu transmissor de acordo com a intensidade do sinal da torre. Se ele não consegue contato, aumenta a potência, se consegue um sinal de ótima qualidade, reduz a potência para economizar bateria.

    Quando seu aparelho está a 30 mil pés de altitude a 900 km/h ele não consegue receber sinais de terra, então fica o tempo todo "gritando" na potência máxima, tentando contato. Em modo avião ele não tenta nada disso e sua bateria agradece.

    Já Bluetooth e WI-FI, pode usar tranquilo, a não ser que a aeromoça reclame. Aí, não adianta discutir, bater boca, mostrar a Ciência por trás. Já teve uma que implicou até com meu Kindle. Nessas horas lembre-se da máxima do casamento: é melhor ter paz do que ter razão, diga "sim querida" e obedeça a moça.

    Então definitivo? Celular não derruba avião?
    Não, em modo avião ou não, seu celular não vai derrubar avião, ativar o modo é principalmente uma questão de educação e respeito por sua bateria, por isso você deve fazê-lo, mas se não foi o suficiente para te convencer, abaixo um vídeo com uma entrevista completa que fizemos com o Lito do canal Aviões e Músicas, encerrando de vez o assunto:



    https://meiobit.com/416874/o-que-e-modo-aviao-isso-faz-mesmo-alguma-diferenca/
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