Abaixo-assinado pede derrubada de estátua de Borba Gato em São Paulo
A discussão sobre a manutenção de monumentos públicos que retratam personagens históricos controversos tem provocado debate nos EUA e no Reino Unido -- e agora também no Brasil. A estátua do bandeirante Manoel Borba Gato em São Paulo é um dos monumentos que causam polêmica no país por representar figuras escravocratas da história brasileira. Em 2016, a estátua foi depredada. Nesta semana, começou a circular um abaixo-assinado pedindo que seja derrubada.
O escritor Laurentino Gomes, autor de obras sobre a escravização no país, defendeu no Twitter que as obras sejam mantidas.
“Vejo nas redes sociais um movimento pela derrubada da estátua do bandeirantes Borba Gato situada no bairro de Santo Amaro, em SP. Sou contra. Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão”, escreveu.
Nas últimas semanas, a discussão ganhou mais força após os protestos antirracistas que se espalharam pelo mundo a partir da cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, onde George Floyd, um homem negro, foi morto asfixiado por um policial branco. Depois dos protestos, começou a onde de ataques a monumentos do Reino Unido como parte do repúdio ao racismo.
As cenas na cidade britânica de Bristol rodaram o mundo no último domingo: manifestantes derrubaram e lançaram no rio Avon uma estátua de Edward Colston, sob gritos de comemoração. O empresário fez fortuna no passado transportando mais de 100 mil pessoas negras escravizadas do oeste da África para antigas potências coloniais europeias no Caribe e nas Américas entre 1670 e 1680. O monumento havia sido erguido no século XIX.
Nos Estados Unidos, duas estátuas de Cristóvão Colombo foram alvo de depredação na noite da última terça-feira (9). Parte dos protestos dos últimos dias tem tido como alvo monumentos que simbolizam o passado imperialista do país, considerado ofensivo para minorias étnicas, além daqueles que representam figuras ligadas à escravidão e à Guerra Civil.
Em Richmond, no estado da Virgínia, um grupo derrubou a estátua de Colombo que ficava no parque Byrd. As pessoas enrolaram o monumento em uma bandeira, à qual atearam fogo, e o jogaram dentro de um lago.
Cristóvão Colombo, apresentado em livros escolares como "o descobridor da América", é considerado por muitos como um dos responsáveis pelo genocídio dos povos indígenas, e denunciado também por ter defendido a escravidão.
Guilherme Dias, guia e pesquisador da Caminhada “São Paulo Negra”, que reúne grupos com visitas pela cidade com objetivo de resgatar a memória do povo negro na capital paulista, diz acreditar que a reflexão sobre as estátuas é importante e deveria gerar mais interesse das pessoas pela história.
“A população negra é 54% da população brasileira. Então, conhecer a história dessa população é, na verdade, conhecer a história do Brasil. A gente precisa ter outras narrativas contadas. Isso foi sistematicamente apagado. Na escola, a gente aprende pouco, na geografia das cidades isso não é ensinado. Isso é parte do todo para que o racismo seja vencido”, afirma.
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2020/06/11/abaixo-assinado-pede-derrubada-de-estatua-de-borba-gato-em-sao-paulo
O escritor Laurentino Gomes, autor de obras sobre a escravização no país, defendeu no Twitter que as obras sejam mantidas.
“Vejo nas redes sociais um movimento pela derrubada da estátua do bandeirantes Borba Gato situada no bairro de Santo Amaro, em SP. Sou contra. Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão”, escreveu.
Nas últimas semanas, a discussão ganhou mais força após os protestos antirracistas que se espalharam pelo mundo a partir da cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, onde George Floyd, um homem negro, foi morto asfixiado por um policial branco. Depois dos protestos, começou a onde de ataques a monumentos do Reino Unido como parte do repúdio ao racismo.
As cenas na cidade britânica de Bristol rodaram o mundo no último domingo: manifestantes derrubaram e lançaram no rio Avon uma estátua de Edward Colston, sob gritos de comemoração. O empresário fez fortuna no passado transportando mais de 100 mil pessoas negras escravizadas do oeste da África para antigas potências coloniais europeias no Caribe e nas Américas entre 1670 e 1680. O monumento havia sido erguido no século XIX.
Nos Estados Unidos, duas estátuas de Cristóvão Colombo foram alvo de depredação na noite da última terça-feira (9). Parte dos protestos dos últimos dias tem tido como alvo monumentos que simbolizam o passado imperialista do país, considerado ofensivo para minorias étnicas, além daqueles que representam figuras ligadas à escravidão e à Guerra Civil.
Em Richmond, no estado da Virgínia, um grupo derrubou a estátua de Colombo que ficava no parque Byrd. As pessoas enrolaram o monumento em uma bandeira, à qual atearam fogo, e o jogaram dentro de um lago.
Cristóvão Colombo, apresentado em livros escolares como "o descobridor da América", é considerado por muitos como um dos responsáveis pelo genocídio dos povos indígenas, e denunciado também por ter defendido a escravidão.
Guilherme Dias, guia e pesquisador da Caminhada “São Paulo Negra”, que reúne grupos com visitas pela cidade com objetivo de resgatar a memória do povo negro na capital paulista, diz acreditar que a reflexão sobre as estátuas é importante e deveria gerar mais interesse das pessoas pela história.
“A população negra é 54% da população brasileira. Então, conhecer a história dessa população é, na verdade, conhecer a história do Brasil. A gente precisa ter outras narrativas contadas. Isso foi sistematicamente apagado. Na escola, a gente aprende pouco, na geografia das cidades isso não é ensinado. Isso é parte do todo para que o racismo seja vencido”, afirma.
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2020/06/11/abaixo-assinado-pede-derrubada-de-estatua-de-borba-gato-em-sao-paulo
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Comentários
A Globo e demais sacos de lixo traduzem o que a CNN, MSNBC etc têm a dizer e fingem que a Fox News não existe.
Mas faz parte do cenário paulistano e deve ficar exatamente onde está.
Ou ser substituída por
estátua melhor do Borba Gato melhor ou de algum outro bandeirante, por escala de revezamento no pedestal.
Apenas um fenômeno que antes parecia osmosalmente passsivo nesses tempos de instantaneidade escatológica evoca um quê de mimicosidade renderizada.
Bom fim de semana
E peguei a notícia pela metade, mas parece que tem americano pedindo a cabeça histórica de Franklin D. Roosevelt...
Parece que é do Theodore Roosevelt: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/06/22/museu-de-ny-anuncia-retirada-de-estatua-de-theodore-roosevelt.ghtml
"É melhor ser escravo no Brasil e salvar a alma que ser livre na África e perdê-la"
Quanto a Roosevelt, há uma estátua dele a cavalo, todo poderoso, ladeado por um negro e um nativo em posição de inferioridade.
O pior é que ninguém cita ou vai contra as tribos africanas que caçavam os negros e vendiam para os brancos... ou esse pessoal acredita que eram os brancos que caçavam os negros na Africa (interrogação) estou sem o acento de interrogação.
Eram os negros que caçavam e vendiam os seus irmãos negros, mas parece que se esquecem disso. A culpa de tudo são dos brancos que compravam! Faz lembrar o combate à vende ilegal de produtos nos trens... se você não comprar, os vendedores vão sumir... ou seja, se os brancos não comprassem negros, o comercio de escravos iria acabar... hipocrisia pura.
Sempre achei o culto ao Ted Roosevelt produto do marketing pessoal, uma das coisas que ele era realmente bom e com a qual se passava por bom em coisas nas quais, definitivamente, não era...
O temeroso é que não estão atacando a estátua do Borba ou a pessoa do Gato, que deve sim ter feito das dele.
Estão atacando a instituição dos Bandeirantes Paulistas, a instituição que define o Povo de São Paulo como tal.
E olhem que quem tá falando é o Índio Velho aqui.
Se conseguirem tirar o tenebroso da av. Santo Amaro, não vão parar por aí, os próximos alvos serão as rodovias Bandeirantes, Anhanguera, Raposo Tavares, Fernão Dias e mais incontáveis logradouros e pontos de referência paulistas.
E, claro, a cereja do Sundae, o Palácio dos Bandeirantes.
Vão destruir um legado histórico valioso em nome da justiça social.
A sociedade tribal como o povo africano vivia e ainda vive até certo ponto ninguém leva em conta.
Platão e Aristóteles a defendem como coisa natural.
No Velho Testamento a escravidão é praticamente sacralizada nos Dez Mandamentos (Não cobiçarás a mulher do Próximo, nem seus escravos...).
Jesus de Nazaré não toca no assunto.
Paulo faz aquela recomendação infeliz para que os escravos sejam submissos aos seus amos.
E o Corão autoriza muçulmanos a terem escravos, incluindo escravos muçulmanos, com alguma concessão para estes últimos e algumas ordenanças para libertar um ou outro cativo como penitência em situações específicas.
Chega a ser muito estranho que nunca tenha ocorrido a nenhuma destas lideranças morais a ideia óbvia que escravidão era do mal.
Ou a coragem de denunciar isto.
Mas...
Nada disto justifica a condenação seletiva e exclusiva da Civilização Ocidental pelas mazelas do escravagismo.
O Ocidente não inventou a escravatura, mas inventou a abolição.
Foi o primeiro modelo de sociedade que tomou a decisão de libertar escravos por vontade própria.
Não apaga os erros do passado, mas só prá comparar a Mauritânia só aboliu a escravidão em 1981 e em áreas do Sudão ela é praticada legalmente até hoje.
Só que ninguém faz Chacrinha no portão da embaixada destes países.
E diria ainda que, quando chegar a Era Mad Max, é possível que ela volte, plenamente justificada pela moral adaptada aos novos tempos.
No Líbano, as leis trabalhistas não cobrem os direitos das empregadas domésticas. O sistema tradicional é o da "kafalah", em que elas viram, na prática, escravas dos patrões. Têm que trabalhar sem hora certa para descansar e sem dia de folga. Muitas nem são pagas. Agora, com a pandemia, estão sendo jogadas fora na rua, literalmente, sem dinheiro e sem passaporte. São mais de 250 mil domésticas e muitas estão tentando voltar a seus países (da Ásia ou África, principalmente Etiópia).
Vídeos das reportagens:
https://information.tv5monde.com/video/au-liban-la-detresse-des-domestiques-etrangeres
https://information.tv5monde.com/video/coronavirus-au-liban-l-ethiopie-rapatrie-ses-ressortissants-licencies-par-leur-employeur
Sério?
Você fala em denotativa e conotativa, mas a retórica e improcedência tá na condenação moral da escravidão?
Esta é uma questão aberta e desafiadora.
Nada impedia que o Capitalismo fomentasse a utilização de operários industriais escravos, afinal mão de obra gratuíta é a mão de obra mais lucrativa possível.
O Capitalismo é amoral (e não imoral), assim toda vez que o sistema não evoluiu para busca do lucro a qualquer preço é porque uma moralidade que lhe é externa, mas influente, lhe serviu de freios.
Tem muita contestação hoje prá doutrina do Weber sobre a moral protestante (ou cristã) do Capitalismo, mas a Alemanha Nazista e a Rússia Stalinista não viram problema nenhum em conciliar escravidão em massa e tecnologias industriais de produção, não porque fossem anticapitalistas, mas porque eram impermeáveis a uma moralidade que o capitalismo ocidental assimilou com o tempo.
A revolução industrial capitalista e a revolução científica da Idade Contemporânea são fatores que tiveram o início condicionado por um acontecimento histórico institucional: Revolução Gloriosa de 1688. Na relação política-economia, fatores econômicos parecem ser muito mais fatores condicionados do que fatores condicionantes.
Epicuro era uma espécie de materialista filosófico precoce, mas não me lembro desta referência.
Depois tivemos um efeito em cascata.
Parece que a mão de obra escrava foi simplesmente superada em termos de produtividade.
E os primeiros trabalhadores assalariados eram mais baratos. Quantos anos levava para se amortizar o custo de um escravo? Talvez uma década