Como o antissemitismo de Lutero pode ter influenciado o nazismo
O ANTISSEMITISMO DE MARTINHO LUTERO E A PERSEGUIÇÃO CONTRA JUDEUS
Em Sobre os judeus e suas mentiras, líder da Igreja Protestante vocifera ideologia que foi disseminada por nazistas durante a Segunda Guerra
No início de sua carreira, Martinho Lutero era, aparentemente, solidário em relação à resistência judaica à Igreja Católica. No entanto, o religioso esperava que os judeus se convertessem ao movimento protestante. Como eles não fizeram, o monge agostiniano se voltou violentamente contra o povo.
A raiva e desgosto de uma das figuras centrais da Reforma Protestante foi registrada no livro Sobre os judeus e suas mentiras, tratado escrito pelo teólogo em janeiro de 1543. Na escrita, Martinho defende a perseguição de judeus; a queima de sinagogas e escolas judaicas; a destruição de bens religiosos; a proibição de rabinos pregarem e o confisco de dinheiro.
"Esses vermes envenenados e venenosos devem ser recrutados para trabalhos forçados ou expulsos de uma vez por todas”. O religioso também parece incitar o assassinato dos judeus aos escrever: “temos culpa em não matá-los”.
No tratado, Lutero diz que aqueles que aderem ao judaísmo “devem ser considerados como sujos” e que eles são “cheios de fezes do diabo... que chafurdam como um porco”. O protestante também afirma que a sinagoga é um “prostíbulo incorrigível”.
“Queime suas sinagogas. Negue a eles o que disse anteriormente. Force-os a trabalhar e trate-os com toda sorte de severidade … são inúteis, devemos tratá-los como cachorros loucos, para não sermos parceiros em suas blasfêmias e vícios, e para que não recebamos a ira de Deus sobre nós. Eu estou fazendo a minha parte”, diz um trecho da obra.
“Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus”, vocifera em outra passagem.
O tratado de Lutero ainda gera inúmeras controversas, principalmente pelas influências antissemitas que Lutero, de certa forma, exerceu na doutrina racista do regime nazista de Adolf Hitler.
Durante a Segunda Guerra Mundial, cópias do livro foram exibidas pelos alemães em comícios e reuniões em Nuremberg, e o consenso acadêmico predominante é que o livro teve um impacto significativo no Holocausto. Julius Streicher, editor do jornal nazista Der Stürmer, descreve a obra como o tratado mais radicalmente antissemita já publicado.
“Embora [Lutero] se rebelasse contra a autoridade religiosa, poderia ser extremamente intolerante com quem dele discordasse em assuntos religiosos. Possivelmente foi devido em parte à sua intolerância o fato de as guerras religiosas terem sido mais ferozes e sangrentas na Alemanha do que, digamos, na Inglaterra. Além disso Lutero era feroz antissemita, tendo talvez, a extraordinária virulência de seus escritos sobre os judeus preparado o caminho para o advento de Hitler na Alemanha do século 20”, explica o historiador Michael H. Hart.
Lutero foi considero por Hitler, em seu Mein Kampf, como uma das três principais figuras da Alemanha — ao lado de Frederico, o Grande, e Richard Wagner. “Os escritos posteriores de Lutero, atacando os judeus, eram tão virulentos que os nazistas os citavam frequentemente”, explicam Dennis Prager e Joseph Telushkin no livro Why the Jews? (Por Que os Judeus?, em tradução livre).
Em contraponto a essa visão, o teólogo Johannes Wallmann escreve que o tratado não teve continuidade de influência na Alemanha e foi de fato amplamente ignorado durante os séculos 18 e 19. Já Hans Hillerbrand corrobora ao argumentar que focar no papel de Lutero no desenvolvimento do antissemitismo alemão é subestimar “a mais grande peculiaridade da história alemã”.
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-antissemitismo-de-martinho-lutero-e-a-perseguicao-contra-judeus.phtml
Em Sobre os judeus e suas mentiras, líder da Igreja Protestante vocifera ideologia que foi disseminada por nazistas durante a Segunda Guerra
No início de sua carreira, Martinho Lutero era, aparentemente, solidário em relação à resistência judaica à Igreja Católica. No entanto, o religioso esperava que os judeus se convertessem ao movimento protestante. Como eles não fizeram, o monge agostiniano se voltou violentamente contra o povo.
A raiva e desgosto de uma das figuras centrais da Reforma Protestante foi registrada no livro Sobre os judeus e suas mentiras, tratado escrito pelo teólogo em janeiro de 1543. Na escrita, Martinho defende a perseguição de judeus; a queima de sinagogas e escolas judaicas; a destruição de bens religiosos; a proibição de rabinos pregarem e o confisco de dinheiro.
"Esses vermes envenenados e venenosos devem ser recrutados para trabalhos forçados ou expulsos de uma vez por todas”. O religioso também parece incitar o assassinato dos judeus aos escrever: “temos culpa em não matá-los”.
No tratado, Lutero diz que aqueles que aderem ao judaísmo “devem ser considerados como sujos” e que eles são “cheios de fezes do diabo... que chafurdam como um porco”. O protestante também afirma que a sinagoga é um “prostíbulo incorrigível”.
“Queime suas sinagogas. Negue a eles o que disse anteriormente. Force-os a trabalhar e trate-os com toda sorte de severidade … são inúteis, devemos tratá-los como cachorros loucos, para não sermos parceiros em suas blasfêmias e vícios, e para que não recebamos a ira de Deus sobre nós. Eu estou fazendo a minha parte”, diz um trecho da obra.
“Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus”, vocifera em outra passagem.
O tratado de Lutero ainda gera inúmeras controversas, principalmente pelas influências antissemitas que Lutero, de certa forma, exerceu na doutrina racista do regime nazista de Adolf Hitler.
Durante a Segunda Guerra Mundial, cópias do livro foram exibidas pelos alemães em comícios e reuniões em Nuremberg, e o consenso acadêmico predominante é que o livro teve um impacto significativo no Holocausto. Julius Streicher, editor do jornal nazista Der Stürmer, descreve a obra como o tratado mais radicalmente antissemita já publicado.
“Embora [Lutero] se rebelasse contra a autoridade religiosa, poderia ser extremamente intolerante com quem dele discordasse em assuntos religiosos. Possivelmente foi devido em parte à sua intolerância o fato de as guerras religiosas terem sido mais ferozes e sangrentas na Alemanha do que, digamos, na Inglaterra. Além disso Lutero era feroz antissemita, tendo talvez, a extraordinária virulência de seus escritos sobre os judeus preparado o caminho para o advento de Hitler na Alemanha do século 20”, explica o historiador Michael H. Hart.
Lutero foi considero por Hitler, em seu Mein Kampf, como uma das três principais figuras da Alemanha — ao lado de Frederico, o Grande, e Richard Wagner. “Os escritos posteriores de Lutero, atacando os judeus, eram tão virulentos que os nazistas os citavam frequentemente”, explicam Dennis Prager e Joseph Telushkin no livro Why the Jews? (Por Que os Judeus?, em tradução livre).
Em contraponto a essa visão, o teólogo Johannes Wallmann escreve que o tratado não teve continuidade de influência na Alemanha e foi de fato amplamente ignorado durante os séculos 18 e 19. Já Hans Hillerbrand corrobora ao argumentar que focar no papel de Lutero no desenvolvimento do antissemitismo alemão é subestimar “a mais grande peculiaridade da história alemã”.
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-antissemitismo-de-martinho-lutero-e-a-perseguicao-contra-judeus.phtml
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Comentários
Na verdade o nazismo surgiu em meio a um momento da história onde imperava na West Civilization um forte pendor ao eugenismo aético. Mas fundamentalmente o nazismo ocorre desde a derrota da Alemanha com subsequentes e recorrentes humilhações e cobranças de exorbitantes somas a ela impostas pelos vencedores da guerra.
Os judeus entraram nessa equação por serem tidos como senhores do sistema financeiro mundial. Um estereótipo que dura até os tempos atuais, diga-se de passagem.
Há também um outro fator que você está esquecendo: as tentativas de golpes comunistas em 1919, 1921, 1923 e depois disso diversas atuações estilo "quanto pior melhor" dos sindicalistas e também grupos comunistas de jagunços-matões que os comunistas também tinham e não só as SS e SA pré-governo nazista e sobretudo a teoria comunista do social-fascismo (demonizando aos social-democratas e por tabela aos social-liberais) que foi na prática uma aliança comunista-nazista contra a democracia.
Choveu pouco? Culpa dos judeus.
Inundou, veio a praga ou a epidemia? Culpa dos judeus.
A história da Europa é uma sequência de períodos de convivência pacífica seguidos de perseguições.
Lutero apenas explicitou o sentimento geral.
Até por volta de 1960, a liturgia da Igreja Católica falava nos "pérfidos judeus". Este trecho só foi eliminado pelo papa João XXIII.
Escorregadio associar "consenso acadêmico predominante" a algo tão vago como "impacto significativo"... Principalmente quando logo em seguida cita Streicher, que foi muito relevante durante a ascenção do Nazismo, mas que perdeu a disputa de poder com Goebbels, que assumiu a liderança da propaganda antissemita durante o Holocausto.
Não consta que Goebbels e Himmler fossem lá muito interessados em Lutero.
Quanto a Hitler, é bem mais consenso que seu antissemitismo foi influenciado mais pelo esoterismo de certas sociedades secretas, como a infame Sociedade Thule, do que por qualquer influência cristã, de Lutero ou outro.
E não é só ilação leviana consiserar o homem susceptivel a certas tendências primitivas incompatíveis com a civilidade esperada dos tempos atuais, que o diga o "Efeito Lucifer"(Experimento de Stanford):