COMO SE FORMA UMA OPINIÃO
1-Conceito de opinião
Todos sabem que opinião é um juízo que se formula sobre determinado assunto, e que pode ser ou não verdadeiro. Tanto emitimos um juízo quando dizemos, o azul é uma “cor”, como quando dizemos “o azul é a mais bela das cores”. Mas esses conceitos diferem, porque o primeiro exprime uma verdade aceita por todos, enquanto o segundo exprime uma opinião, que pode até ser correta, mas que seguramente não é reconhecida por todos.
Então, a opinião consiste em admitir como verdadeiro um juízo, mas sem excluir a alternativa de se estar em erro. Um juízo pessoal pode ser compartilhado por muita gente, até pela quase unanimidade das pessoas, mas se houver indivíduos que o contestem, desde que seja objeto de controvérsia, por muito que o consideremos verdadeiro ele reflete apenas uma opinião. Ainda que o adotemos com a mais profunda das convicções, se não tem acolhida universal não pode ser reputado infalível e consequentemente, não passa mesmo de simples opinião.
Por isto é interessante analisar como se chega a adotar um ponto de vista especifico sobre determinado assunto.
Como se forma uma opinião?
Segundo o eminente jurista patrício DARCY AZAMBUJA, a imensa maioria das nossas ideias, atitudes, afirmações e negativas, quase todas elas, não são o resultado do raciocínio, e sim do nosso temperamento, do nosso caráter, da nossa educação, das nossas crenças. Essas forças mais ou menos subconscientes modelam o que aprendemos, vemos e ouvimos, e quase sempre, o que consideramos resultado do nosso pensamento não passa de manifestações dos nossos sentimentos, tendências, desejos e aspirações.
Além disso, recebemos e aceitamos opiniões que nos venham do meio social, dos livros que lemos, das pessoas do círculo em que vivemos, e aderimos a essas ideias feitas como se as tivéssemos concebido. Nem poderia ser de outro modo, por que não podemos absolutamente, por falta de tempo e de conhecimentos adequados, raciocinar e concluir sobre todos os assuntos que nos interessam.
Assim, fora do setor limitadíssimo da especialidade em que cada um se aperfeiçoou, (campo profissional) aceitamos as opiniões dos outros, procuramos e fazemos a nossa, e com razão, a opinião das pessoas competentes. Um médico, um engenheiro, um advogado, um comerciante, pode ter opiniões próprias, pessoais, sobre os assuntos da sua profissão; em tudo o mais aceita a opinião dos outros especialistas.
“Não é pelos meus conhecimentos, ou pela minha experiência, que me vacino contra tifo e a varíola, é porque aceito como verdadeiras as opiniões dos médicos.
”Não é pelo estudo de Teologia e História das Religiões que os católicos são católicos e os protestantes são protestantes - é por tradição, educação, inclinação.
(“Teoria Geral do Estado”, 5ª., Ed., pgs. 285/287).
Segundo Lamarck, “tirante os fatos, tudo o mais não passa de opinião, para o homem, somente serão verdades positivas os fatos que ele puder observar”
(SÉRGIO VALE, em “Silva Mello e os Seus Mistérios” 2ª. ed., pg. 193).
Os fatos são fatos, são evidentes por si mesmos. Um fato não evidente deixa de ser um fato para assumir a feição de uma teoria, ou de uma hipótese. E estas, enquanto não comprovadas, em última análise não passam também de simples opiniões.
Muitos receiam externar uma opinião que colida com as dos outros, principalmente quando se trata de uma ideia pouco conhecida e que, por isso mesmo e por contrariar a opinião geral, pode ser objeto de motejos.
Não é raro que, ainda quando convencidos do acerto de seus pontos de vista, alguns simulem acompanhar a opinião geral, ante o receio de passar por inexperientes ou tolos.
Por outro lado, quem tem uma opinião que lhe parece a correta, ou porque seja a dominante no meio social, ou por satisfazer seus íntimos anseios, naturalmente não acolhe de bom grado uma concepção diferente que possa perturbar a estrutura de suas convicções. Por isso reage instintivamente a qualquer ideia nova que lhe possa perturbar o equilíbrio interior. Isso é natural, pois é preciso muita coragem para repudiar velhos conceitos, o que implica em confessar que até então se laborava em erro.
Poucos se lembram de que errar é próprio da natureza humana e que os nossos conceitos passam por sucessivas modificações decorrentes do entrechoque de opiniões, dos fatos e da própria vida.
O certo é que novas verdades vão sendo assimiladas à medida que os homens se emancipam dos seus erros e preconceitos.
E o que são preconceitos?
Evidentemente são ideias formadas na mente (a priori), com exclusão de quaisquer argumentos em contrário. Por comodidade, adota-se o conceito como opinião firmada, sem qualquer interesse em conhecer melhor o assunto. Todos têm preconceitos e são estes que geram prevenção contra quaisquer ideias que contrariem o nosso modo de pensar, ou, de algum modo possam quebrar a rotina da vida mental a que estamos habituados.
Se os próprios conceitos religiosos em última análise não passam de opiniões, a própria definição da palavra mostra o quanto devemos ser tolerantes em relação às opiniões alheias. E é de tolerância, sobre tudo, que se mostram carentes todos quantos se encastelam nos seus próprios juízos, não admitindo possam ter alguma razão os que interpretam os fatos de maneira diversa. O que revela essa atitude? Limitação espiritual, falta de maturidade psicológica, escassa iluminação interior.
Ser tolerante é aprender a respeitar as ideias, crenças e o sentimento das outras pessoas, sem que se esteja obrigado a delas compartilhar.
Teoria Geral do Estado - Darcy P. Azambuja
Todos sabem que opinião é um juízo que se formula sobre determinado assunto, e que pode ser ou não verdadeiro. Tanto emitimos um juízo quando dizemos, o azul é uma “cor”, como quando dizemos “o azul é a mais bela das cores”. Mas esses conceitos diferem, porque o primeiro exprime uma verdade aceita por todos, enquanto o segundo exprime uma opinião, que pode até ser correta, mas que seguramente não é reconhecida por todos.
Então, a opinião consiste em admitir como verdadeiro um juízo, mas sem excluir a alternativa de se estar em erro. Um juízo pessoal pode ser compartilhado por muita gente, até pela quase unanimidade das pessoas, mas se houver indivíduos que o contestem, desde que seja objeto de controvérsia, por muito que o consideremos verdadeiro ele reflete apenas uma opinião. Ainda que o adotemos com a mais profunda das convicções, se não tem acolhida universal não pode ser reputado infalível e consequentemente, não passa mesmo de simples opinião.
Por isto é interessante analisar como se chega a adotar um ponto de vista especifico sobre determinado assunto.
Como se forma uma opinião?
Segundo o eminente jurista patrício DARCY AZAMBUJA, a imensa maioria das nossas ideias, atitudes, afirmações e negativas, quase todas elas, não são o resultado do raciocínio, e sim do nosso temperamento, do nosso caráter, da nossa educação, das nossas crenças. Essas forças mais ou menos subconscientes modelam o que aprendemos, vemos e ouvimos, e quase sempre, o que consideramos resultado do nosso pensamento não passa de manifestações dos nossos sentimentos, tendências, desejos e aspirações.
Além disso, recebemos e aceitamos opiniões que nos venham do meio social, dos livros que lemos, das pessoas do círculo em que vivemos, e aderimos a essas ideias feitas como se as tivéssemos concebido. Nem poderia ser de outro modo, por que não podemos absolutamente, por falta de tempo e de conhecimentos adequados, raciocinar e concluir sobre todos os assuntos que nos interessam.
Assim, fora do setor limitadíssimo da especialidade em que cada um se aperfeiçoou, (campo profissional) aceitamos as opiniões dos outros, procuramos e fazemos a nossa, e com razão, a opinião das pessoas competentes. Um médico, um engenheiro, um advogado, um comerciante, pode ter opiniões próprias, pessoais, sobre os assuntos da sua profissão; em tudo o mais aceita a opinião dos outros especialistas.
“Não é pelos meus conhecimentos, ou pela minha experiência, que me vacino contra tifo e a varíola, é porque aceito como verdadeiras as opiniões dos médicos.
”Não é pelo estudo de Teologia e História das Religiões que os católicos são católicos e os protestantes são protestantes - é por tradição, educação, inclinação.
(“Teoria Geral do Estado”, 5ª., Ed., pgs. 285/287).
Segundo Lamarck, “tirante os fatos, tudo o mais não passa de opinião, para o homem, somente serão verdades positivas os fatos que ele puder observar”
(SÉRGIO VALE, em “Silva Mello e os Seus Mistérios” 2ª. ed., pg. 193).
Os fatos são fatos, são evidentes por si mesmos. Um fato não evidente deixa de ser um fato para assumir a feição de uma teoria, ou de uma hipótese. E estas, enquanto não comprovadas, em última análise não passam também de simples opiniões.
Muitos receiam externar uma opinião que colida com as dos outros, principalmente quando se trata de uma ideia pouco conhecida e que, por isso mesmo e por contrariar a opinião geral, pode ser objeto de motejos.
Não é raro que, ainda quando convencidos do acerto de seus pontos de vista, alguns simulem acompanhar a opinião geral, ante o receio de passar por inexperientes ou tolos.
Por outro lado, quem tem uma opinião que lhe parece a correta, ou porque seja a dominante no meio social, ou por satisfazer seus íntimos anseios, naturalmente não acolhe de bom grado uma concepção diferente que possa perturbar a estrutura de suas convicções. Por isso reage instintivamente a qualquer ideia nova que lhe possa perturbar o equilíbrio interior. Isso é natural, pois é preciso muita coragem para repudiar velhos conceitos, o que implica em confessar que até então se laborava em erro.
Poucos se lembram de que errar é próprio da natureza humana e que os nossos conceitos passam por sucessivas modificações decorrentes do entrechoque de opiniões, dos fatos e da própria vida.
O certo é que novas verdades vão sendo assimiladas à medida que os homens se emancipam dos seus erros e preconceitos.
E o que são preconceitos?
Evidentemente são ideias formadas na mente (a priori), com exclusão de quaisquer argumentos em contrário. Por comodidade, adota-se o conceito como opinião firmada, sem qualquer interesse em conhecer melhor o assunto. Todos têm preconceitos e são estes que geram prevenção contra quaisquer ideias que contrariem o nosso modo de pensar, ou, de algum modo possam quebrar a rotina da vida mental a que estamos habituados.
Se os próprios conceitos religiosos em última análise não passam de opiniões, a própria definição da palavra mostra o quanto devemos ser tolerantes em relação às opiniões alheias. E é de tolerância, sobre tudo, que se mostram carentes todos quantos se encastelam nos seus próprios juízos, não admitindo possam ter alguma razão os que interpretam os fatos de maneira diversa. O que revela essa atitude? Limitação espiritual, falta de maturidade psicológica, escassa iluminação interior.
Ser tolerante é aprender a respeitar as ideias, crenças e o sentimento das outras pessoas, sem que se esteja obrigado a delas compartilhar.
Teoria Geral do Estado - Darcy P. Azambuja
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Comentários
Lembrei do Aurelho sobrinho da tia gorda que inventava mil bogus mas eram sempre ele cuspido e escarrado.
Confusão com o que é objetivo e subjetivo. Pouca coisa coerente nesse texto.
Existem ideias boas e ruins, respeitar ideias só pode ser feito quando essas tem valor para tal.
Patolino, as pessoas tem dificuldade em diferenciar...
> Juízo de valor: neste cabe o tal senso comum. Juízo de valor é o julgamento feito a partir de percepções individuais. Ele pode se basear em ideologias, preconceitos, costumes, valores de natureza moral, tradições culturais, tendências de personalidade etc.
> Já o Juízo de fato: este desconsidera os pontos de vistas pessoais, as crenças, os valores morais e etc.
Seu texto colocou ambos como a base na premissa (presunção) de opinião:
Sim... Pois toda a opinião começa a partir da observação de algo.
Vc citou:
" Então, a opinião consiste em admitir como verdadeiro um juízo, mas sem excluir a alternativa de se estar em erro"
Está certinho... É um juízo de valor. Mesmo que venha a ser derivado do juízo de fato...
Vamos ver...
Essa citação nunca fez tanto juízo de valor e fato em nosso País.
[Fraternos]
Muitos atribuem opinião de ditadura ao regime militar... Ou seja, no atual momento político estamos vivendo em uma democracia plena.
Pena que só tenho observado democracia vinda do executivo federal.
Mas, minha opinião fica somente como juízo de valor (pessoal).
Até que os fatos que provem o contrário, se manifestem em forma de abuso de autoridade em outras instâncias, e muitos (grande parcela da populção) cidadãos passem a concordar comigo...rs
[Fraternos]
Pedro Ereis (in memoriun)
Morreu?
Ué... Esse Sr. Pedro Reis tentou falar comigo sobre Cabala... Lá no CC.
E depois do que falou agora. Desconfio que ele era mesmo um unicórnio, o pobre...rs
[Fraternos]
Não é tão simples...rs
Em ética:
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/5754/Etica-conduta-ideal-e-conduta-real
[Fraterno]
Boomer.
Aquele texto foi um dos mais brilhantes, sobre o tema, que me chegou às mãos.
Primeiro porque, lúcido, não ataca nenhum ponto de vista em especial, exceto quanto ao preconceito dos "senhores da verdade", tipos raríssimos entre nós, claro.
O problema é que para se tirar proveito é preciso, primeiramente identificar seu valor e oportunidade (fatos x interpretação), depois, ler com atenção e interesse.
Eu estou certo e quem discorda de mim está errado.
Isto é óbvio.
Vejamos: você emite um juízo a partir de um fato, - o azul "é uma cor", e todos estão de acordo. Em seguida emite uma opinião a partir do juízo: é a cor "mais bonita". Muitos estarão de acordo com vc, mas nem todos. Isto caracteriza uma opinião.
Onde? Traz p'ra nós.
O que que acontece? "Juízo de fato" diz respeito a juízo no sentido de processo cognitivo, racionalização, enquanto "juízo de valor" se trata de julgar, opinar.
https://religiaoeveneno.com.br/index.php?p=/discussion/34/senso-de-vida
Já havia postado uma vez e você disse que descordava.
Podemos dizer que azul é vermelho?
Me lembrou aquele viral da cor do vestido:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150227_vestido_azul_gch_lab#:~:text=O cérebro tenta descontar o,Elas veem branco e dourado.
Como este texto sobre o Senso de Vida traz afirmativas valiosas e corretas minha discordância se resumiu apenas quanto ao rótulo; tudo o que é descrito por Rand é notável e está certo, mas não rotularia todos aqueles fenômenos como Senso de Vida. O que ele descreve é o modo como os fatos e as nossas relações com a vida moldam nossas opiniões e nossa personalidade.
Resumindo, Senso de Vida é a soma da nossas opiniões derivadas de nossa personalidade.
Mas isto de modo algum invalida a importância do texto que vc trouxe, pois que aumenta nosso discernimento para analisar fatos, opiniões, e sobretudo é um instrumento para o auto-conhecimento.