Quando os europeus eram considerados atrasados pelo seu clima
Reinaldo José Lopes
Volta e meia alguém ressuscita a conversinha mole de que os habitantes de nações quentes (tipo esta aqui em que estamos) são mais pobres/atrasados/preguiçosos etc. do que os dos países temperados por causa do clima. Sabe como é, calor tropical dá uma leseira, né?
Ahã. Senta lá, Claudia.
Depois de ouvir algumas vezes esse papo, foi uma grata surpresa ver que, no século 11 da Era Cristã, um escritor muçulmano usou exatamente esse argumento do determinismo climático DE FORMA INVERSA. Afinal, no tempo dele, a frígida Europa, nas latitudes temperadas da Inglaterra, Alemanha etc. é que era social, cultural e tecnologicamente atrasada perto do mundo islâmico. Vejam só o que ele diz:
“As outras pessoas desse grupo [o dos bárbaros], que não cultivaram as ciências, são mais semelhantes a feras do que a homens. Pois para aqueles que vivem mais ao norte, entre o último dos sete climas e os limites do mundo habitado, a distância excessiva do sol em relação à linha do zênite faz com que o ar se torne frio, e o céu, nebuloso. Os temperamentos deles, portanto, são frígidos, seus humores, cruentos, seus ventres, fartos, sua cor, pálida, seus cabelos, longos e escorridos. Assim, falta-lhes agudeza de compreensão e clareza de inteligência, e são sobrepujados pela ignorância e apatia, falta de discernimento e estupidez.”
Aqui, os molengas são os que vivem no frio, e não os que vivem em lugares quentes. As palavras acima foram escritas por Said ibn Ahmada, em 1068, na cidade espanhola de Toledo.
O mundo não gira, gentil leitor — ele capota mesmo.
https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2020/12/14/quando-os-europeus-eram-considerados-atrasados-pelo-seu-clima/
Volta e meia alguém ressuscita a conversinha mole de que os habitantes de nações quentes (tipo esta aqui em que estamos) são mais pobres/atrasados/preguiçosos etc. do que os dos países temperados por causa do clima. Sabe como é, calor tropical dá uma leseira, né?
Ahã. Senta lá, Claudia.
Depois de ouvir algumas vezes esse papo, foi uma grata surpresa ver que, no século 11 da Era Cristã, um escritor muçulmano usou exatamente esse argumento do determinismo climático DE FORMA INVERSA. Afinal, no tempo dele, a frígida Europa, nas latitudes temperadas da Inglaterra, Alemanha etc. é que era social, cultural e tecnologicamente atrasada perto do mundo islâmico. Vejam só o que ele diz:
“As outras pessoas desse grupo [o dos bárbaros], que não cultivaram as ciências, são mais semelhantes a feras do que a homens. Pois para aqueles que vivem mais ao norte, entre o último dos sete climas e os limites do mundo habitado, a distância excessiva do sol em relação à linha do zênite faz com que o ar se torne frio, e o céu, nebuloso. Os temperamentos deles, portanto, são frígidos, seus humores, cruentos, seus ventres, fartos, sua cor, pálida, seus cabelos, longos e escorridos. Assim, falta-lhes agudeza de compreensão e clareza de inteligência, e são sobrepujados pela ignorância e apatia, falta de discernimento e estupidez.”
Aqui, os molengas são os que vivem no frio, e não os que vivem em lugares quentes. As palavras acima foram escritas por Said ibn Ahmada, em 1068, na cidade espanhola de Toledo.
O mundo não gira, gentil leitor — ele capota mesmo.
https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2020/12/14/quando-os-europeus-eram-considerados-atrasados-pelo-seu-clima/
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Comentários
Já os árabes recuaram do pouco que conseguiram avançar.
Sério que o argumento do cara se limita ao que um Zé Mané disse?
Os muçulmanos nunca tiveram esta supremacia científico-tecnológica que tanto se repete sobre os Europeus medievais.
Em alguns campos os árabes estavam na frente, em outros os europeus ganhavam, conforme infindáveis fontes dos dois lados relatam cada qual se surpreender com determinadas modernidades do outro, das quais não dispunham.
Obviamente, assim que este delta era identificado, aplicava-se o método fácil e rápido da cópia e a diferença diminuia rapidamente.
O Islã perde a corrida quando a Renascença inaugura uma era de criatividade propulsionada pela liberdade de pensamento que o centralismo Maometano não podia acompanhar.
Daqui a uns anos vai ser impossível ainda acreditar nisso.
Vejo a realidade actual com apreensão, pois tudo o que é europeu passou a ser odiado pelo discurso dominante.
No momento actual, sem aceitar a extrema direita, coloco-me mais á direita....
Portugal é mais importante e melhor do que qualquer sensibilidade estrangeira. O que fizemos foi belo e grandioso.
Se alguém não gostou, se nascido fora de Portugal a viver em Portugal que parta para donde veio.
Idem para todos os outros países europeus, envergonhados com a sua história. Estrangeiros ofendidos que partam. Se nasceram em solo europeu, mas não amam a cultura, partam.
Extremamente lastimável o fato de que, por vezes, esse acerto de contas ocorra por um viés terrorista, ou próximo disto.
Quem julga sua História é a própria História.
Maometanos eram bons em astronomia e matemática porque precisavam saber para onde virar a bunda durante as orações. Desenvolveram varios calculos e tal para virar a bunda com o cu mirando em meca.
Quando se fala em EUROPA, se fala em INGLATERRA, FRANÇA, ALEMANHA...
Não fosse o Tratado Anglo-Português de 1373, Portugal seria uma província espanhola ou um pedaço da Inglaterra no continente.
O mal do Português é se achar tão imponente quanto esses países citados, sendo que Portugal é o Brasil da Europa.
Longe disso. Não tem a pujança e o valor do Brasil.
Costumam dizer, sim, que a Itália é o Brasil da Europa.
Tentaram invadir a França, mas foram empurrados de volta.
E isto foi antes das cruzadas e do colonialismo europeu.
Itália ainda é melhor que Portugal, lá eles tem o Funetti.
Pesquisou o termo que citei anteriormente.
Sim eu sei porque minha família é portuguesa. Tente novamente, clone.
Portugal para os ingleses está como Espirito Santo para os mineiros.
Eu defendo que Portugal não é Europa, pois é maior. Mas para compreender isto é necessário ter conhecimento literário, que poucos no Brasil possuem.
Portugal para o PUG é tipo Cuba para os idiotas uteis de esquerda: o paraiso na terra.
Agora que amadureci, cada dia em solitude é uma bênção. Abençoado confinamento, que trouxe a paz na terra.
Mesmo assim,
Europa além dos pirinéus, aquela dos puritanos do "trabalho liberta" é oposta à vida dos povos do sul.
Muitas vezes os do além insultam os de cá, suscitando vergonha nos mais frágeis e ignorantes.
O que importa trabalhar até morrer, se nunca se viveu nem um dia?
A estupidez é crer padronizar.
A maioria é ovelha, deseja ser dirigida, e assim acontece.
Nisto, não há melhor nem pior caminho, só consequências. Se queremos ser x não podemos comportar como y.
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Só falo o óbvio, pena é as pessoas não serem livres, i.e., responsáveis para assumirem suas decisões.
Ui que rebelde.
O que podemos escolher é como equilibrar a vontade de viver com a necessidade de trabalhar, mas nem sempre dá certo.
Sem falar em que é preciso pensar no futuro. Deixar de desfrutar o dia de hoje para ter o que comer no futuro, para se safar no caso de uma emergência.
Sem falar em que, se chegarmos ao futuro, precisaremos de medicamentos, consultas médicas e hospitais (e já não teremos a mesma capacidade física para o trabalho - e nem o mesmo entusiasmo).
Nada contra. Cada pessoa deve avaliar o melhor para si.
Quanto é suficiente?
Pessoalmente, oponho-me que esta decisão fique nas mãos do Estado, num sentido ou noutro.
Nossa sociedade penaliza quem poupa o suficiente. É exigido enorme consumo, para obrigar a actividade forçada. Actualmente, poupar é deitar dinheiro fora, literalmente.
A pessoa é que não tem controle de si, não adianta botar bode expiatório
Quando finalmente se aposenta e começa a desfrutar do fruto de seu trabalho, é acusada de viver às custas dos outros, sem trabalhar. Se consegue bons investimentos, a chamam de "rentista".
Cada caso é preciso averiguar.
Eu decidi viver com segurança, tenho renda permanente. É suficiente para viver?sim.
Tendo esta segurança, permito me trabalhar com outra liberdade. Defendo que isto devia ser para todos.
Cada um escolhe como viver, sua vontade não é suprema.