QUEM CONTA UM CONTO...

editado January 2021 em Religião é veneno
Certo que alguns de nós já, ousadamente, se arriscou nos caminhos da literatura leiga. Quero dizer, uma pequena poesia para a namorada, um artigo para o jornalzinho da escola, alguns rabiscos aqui e acolá;

Por que não os trazemos para a apreciação ou, as sábias críticas de outros aventureiros como nós, já que de poeta e de louco cada um tem um pouco...?

Dou o primeiro passo, mas por favor sejam tolerantes rs rs

Aconteceu

Havia chovido e o asfalto quente fumegava com o vapor d'água,
Naquele dia o movimento era intenso e os motoristas pareciam mais apressados que de costume.
Talvez, com a proximidade das festas natalinas e por isso a quantidade de caminhões tornava a via muito perigosa
Eu me encontrava no acostamento para trocar um pneu e pude presenciar aquele acontecimento em todos os detalhes.
Um jovem numa bicicleta que transitava pelo outro lado da estrada, no acostamento, sofrera uma queda, provavelmente devido a lama fina que se formara, e por alguma razão tinha dificuldade em se levantar.
Corria grande perigo pois a visão dos motoristas, já no final do dia, estava comprometida pela chuva fina e pela ausência da luz natural.
Tive o impulso de correr e atravessar a rodovia para ajudá-lo mas o trânsito intenso e veloz impedia cada tentativa.
O que eu mais temia estava prestes a acontecer: um imenso caminhão se aproximava pelo acostamento como se tivesse sofrido uma pane. Sua lanterna sinalizava indicando a manobra e ele se aproximava do local onde o rapaz tentava ainda se levantar.
Na verdade, o motorista tendo compreendido a dramática situação e minha tentativa vã para auxliar, colocara seu veículo como um escudo contra os demais. Desceu da cabine, e enquanto isto o rapaz se levantara. Também, num instante, compreendeu o gesto amigo do caminhoneiro. Pareceu vacilar um instante, e se encaminhou na direção do homem. O motorista estendeu a mão, adivinhando, pois imaginara que pelo menos um aperto formal de mãos como agradecimento seria a intenção do moço que se aproximava.
A esta altura eu já havia conseguido atravessar as duas pistas e pude ver toda a cena.
O jovem não estendeu a mão, mas deu um forte abraço naquele homem de aparência rude, mas de coração amigo e prestativo. Disse algumas palavras, que à distância não pude compreender e voltava para tomar seu pequeno veículo.
O Homem permanecera imóvel observando o jovem que se afastava.
Me aproximei e quis dizer a ele o quanto admirara seu gesto, mas me comovi ao extremo. O homem tinha lágrimas nos olhos.
Aquele acontecimento se prenunciara desastroso mas que terminara de modo feliz, pareceu criar um laço de intimidade entre nós, que jamais havíamos nos visto até então.
E ele me disse: - sou sozinho,... Época de natal, sabe como é... Jamais recebi um abraço de alguém, e era tudo de que eu mais precisava.
Então lhe estendi os braços e choramos juntos.

Comentários

  • Lamento, mas não gosto de histórias comoventes com mensagens bonitas.
    Dá a impressão de manipulação emocional.
  • editado January 2021
    São pelo menos duas as coisas que eu não quereria sendo eu protagonista da cena. Na figura do motorista não desceria da cabine senão precisasse prestar socorro imprescindível, muito menos apertar a mão de alguém quanto mais propondo eu antes esse gesto, ainda mais improvavelmente quereria abraçar ninguém. Na figura do ciclista, a não ser em ultimo caso quereria a aproximação de alguém de forma não solicitada, antes, daria um joinha pro cara ainda dentro da cabine para tranquilizá-lo com talvez no máximo um "valeu" como agradecimento. Acho que mesmo pessoas mais afetivas do que eu ficariam tambem nesses termos.
  • editado January 2021
    Mas isso me fez lembrar um episódio que aconteceu comigo faz uns anos que que certamente foi uma lição para mim. Numa tardinha de sexta feira, estava eu a lanchar quando quebrei um dente da mastigação o qual a obturação rachara ao meio, e com isso começou a doer cada vez mais. Como era final da tarde de sexta não poderia dar um pulo no posto de saúde do bairro evitando assim pagar uns cem conto ao ir num particular.

    Resolvi tomar uma dipirona e a dor amainou até o dia seguinte, quando tomei outra dipirona. Mas tão logo passou o efeito o dente comecou a doer de novo e ainda mais fortemente.

    Fiquei naquela de suportar a dor até domingo de tarde quando lembrei que podia ir na emergência odontológica do Odilon Behrens, um hospital público municipal aqui da cidade.

    Cheguei no hospital e fiz os tramites e tal, e consegui atendimento. Já no ambulatório uma dentista me atendeu, e quando ela ia me aplicar a anestesia tive um repentino ataque de pânico, aquela agulhinha realmente pequena e indolor de experiências de tratamentos anteriores me havia desestabilizado, achei que a mulher ia enfiar aquela agulha com tudo nos nervos vivos do meu dente e entrei em parafuso pedindo a mulher que esperasse um pouco por favor. A dentista olhou para mim e eu olhei de volta pa ela e era como se o olhar dela fosse como o de um anjo e então eu imediatamente me acalmei, meu coração que até então estava sobressaltado se acalmou. Ela docemente e ternamente sorriu para e mim e eu sorri de volta para ela e então comecei a chorar de emoção no que ela tambem chorou, então tive o ímpeto de abraçá-la como se pudesse acessar uma dimensão divina daquele momento no qual ela assentiu solícita me retribuindo com o regaço de seus braços e então ficamos alí os dois por longos minutos como se o tempo tivesse se extinguido. Só que não. A mulher falou que tinha mais gente pra atender e que se não pudesse prosseguir era pra eu voltar depois. Nesse iterim eu me recompus e tomei tento e deixei ela aplicar a anestesia.
  • Mariana, Poeira e Lama
    - Um Conto de Assombração

    Nossa história começa assim:
    O flagelo, chegou num repente
    E o Rio Doce não teve piedade
    levou toda a família do Joaquim
    seu amado pai, João Clemente
    seu filho Serafim,
    e o irmão, Zé Trindade

    Joaquim era um homem bom e puro
    Via seus trespassados em todo lugar
    Por isso tinha horror ao escuro
    E estava sempre a rezar

    Naquela tarde de breu,
    Joaquim andava cismado,
    Depois de cuidar da horta
    Do porquinho Zebedeu
    Correu pra casa, assustado,
    Chegou a trombar na porta

    com os olhos arregalados,
    as botas sujas de lama
    Mal se benzeu,
    do banho foi pra cama

    Saldou-me com poucas palavras,
    Nem mesmo olhou para mim
    Foi aí que ouvi um estalo
    e um grito do Joaquim

    Um raio caiu ali perto
    desligando a nossa luz
    A escuridão assombrou o lugar
    E então ouvi, baixinho,
    a voz do nosso Joaquim
    E vi que estava a rezar

    E ele dizia assim:
    “Sinhô do Céu, amado Jesus”
    “me iscuta, se faz o favor”
    “Aqui quem fala é o Joaquim”
    “Ajueiado na iscuridão”
    “Pedindo duas coisa prá mim”
    “Qui é, força pra carregá essa dor”
    “E luz pro meu barracão”

    “Assinados: - eu Joaquim”
    “meu pai, meu filho e meu irmão”


    (Acho que estavam todos ao lado dele)
  • Senhor escreveu: »
    Ela docemente e ternamente sorriu para e mim e eu sorri de volta para ela e então comecei a chorar de emoção no que ela tambem chorou, então tive o ímpeto de abraçá-la como se pudesse acessar uma dimensão divina daquele momento no qual ela assentiu solícita me retribuindo com o regaço de seus braços e então ficamos alí os dois por longos minutos como se o tempo tivesse se extinguido. Só que não. A mulher falou que tinha mais gente pra atender e que se não pudesse prosseguir era pra eu voltar depois. Nesse interim eu me recompus e tomei tento e deixei ela aplicar a anestesia.
    Afinal, você não voltou a vê-la?


  • editado January 2021
    patolino escreveu: »
    Senhor escreveu: »
    Ela docemente e ternamente sorriu para e mim e eu sorri de volta para ela e então comecei a chorar de emoção no que ela tambem chorou, então tive o ímpeto de abraçá-la como se pudesse acessar uma dimensão divina daquele momento no qual ela assentiu solícita me retribuindo com o regaço de seus braços e então ficamos alí os dois por longos minutos como se o tempo tivesse se extinguido. Só que não. A mulher falou que tinha mais gente pra atender e que se não pudesse prosseguir era pra eu voltar depois. Nesse interim eu me recompus e tomei tento e deixei ela aplicar a anestesia.
    Afinal, você não voltou a vê-la?

    Nunca mais tive dor de dente, e o posto de saúde com atendimento odontológico do bairro é no quarteirão adjacente ao meu. Teria o destino que reconstruir momento tão sublime. Ou então precisaria futucar o dente com um alicate com alguma fé.

  • Senhor escreveu: »
    patolino escreveu: »
    Senhor escreveu: »
    Ela docemente e ternamente sorriu para e mim e eu sorri de volta para ela e então comecei a chorar de emoção no que ela tambem chorou, então tive o ímpeto de abraçá-la como se pudesse acessar uma dimensão divina daquele momento no qual ela assentiu solícita me retribuindo com o regaço de seus braços e então ficamos alí os dois por longos minutos como se o tempo tivesse se extinguido. Só que não. A mulher falou que tinha mais gente pra atender e que se não pudesse prosseguir era pra eu voltar depois. Nesse interim eu me recompus e tomei tento e deixei ela aplicar a anestesia.
    Afinal, você não voltou a vê-la?

    Nunca mais tive dor de dente, e o posto de saúde com atendimento odontológico do bairro é no quarteirão adjacente ao meu. Teria o destino que reconstruir momento tão sublime. Ou então precisaria futucar o dente com um alicate com alguma fé.
    Falta de imaginação, meu caro. Eu apareceria no consultório dela com uma flor ou uma caixa de bonbons, e diria que apenas estava retribuindo a atenção e o carinho com que fui tratado num momento tão doloroso. Daí em diante, quem sabe?

  • patolino escreveu: »
    Senhor escreveu: »
    patolino escreveu: »
    Senhor escreveu: »
    Ela docemente e ternamente sorriu para e mim e eu sorri de volta para ela e então comecei a chorar de emoção no que ela tambem chorou, então tive o ímpeto de abraçá-la como se pudesse acessar uma dimensão divina daquele momento no qual ela assentiu solícita me retribuindo com o regaço de seus braços e então ficamos alí os dois por longos minutos como se o tempo tivesse se extinguido. Só que não. A mulher falou que tinha mais gente pra atender e que se não pudesse prosseguir era pra eu voltar depois. Nesse interim eu me recompus e tomei tento e deixei ela aplicar a anestesia.
    Afinal, você não voltou a vê-la?

    Nunca mais tive dor de dente, e o posto de saúde com atendimento odontológico do bairro é no quarteirão adjacente ao meu. Teria o destino que reconstruir momento tão sublime. Ou então precisaria futucar o dente com um alicate com alguma fé.
    Falta de imaginação, meu caro. Eu apareceria no consultório dela com uma flor ou uma caixa de bonbons, e diria que apenas estava retribuindo a atenção e o carinho com que fui tratado num momento tão doloroso. Daí em diante, quem sabe?
    Acho que não. Não sou essa espécie de pessoa.

  • Sr. Senhor escreveu: »
    Não sou essa espécie de pessoa.
    PELO RELATO concluo que o Sr. não seja casado ou amorosamente comprometido...
    EM ASSIM SENDO o colega patolino tem razão!
    Procure "encontrar" ela "casualmente"🙄


  • Gorducho escreveu: »
    Sr. Senhor escreveu: »
    Não sou essa espécie de pessoa.
    PELO RELATO concluo que o Sr. não seja casado ou amorosamente comprometido...
    EM ASSIM SENDO o colega patolino tem razão!
    Procure "encontrar" ela "casualmente"🙄

    Acho que não... Acho que não...

  • editado January 2021
    Mas parem. Assim vocês me assustam!
  • editado January 2021
    UM PEDAÇO DA HISTÓRIA DO BRASIL
    Se à raça negra eram impostas as mais dolorosas torturas, nos primórdios da organização do Brasil, não menores sacrifícios se exigiam dos indígenas, acostumados à amplitude da terra, propriedade deles.

    As "entradas" pelo sertão, com o fito de escravizar os selvagens indefesos, se realizavam, naquele tempo, em todos os recantos.
    Tabas prósperas eram incendiadas de surpresa, no silêncio da noite.
    São famosas e comovedoras as descrições que desses fatos guardam os documentos antigos.

    Somente de uma vez, uma caravana de portugueses capturou mais de sete mil homens válidos, mulheres, velhos e crianças. E quando os mamelucos guiadores não convenciam os naturais de que deviam acompanhá-los às cidades mais próximas, as cenas de selvajaria nodoavam a floresta virgem, enchendo de pavor os caminhos atapetados de cadáveres e de sangue coagulado.

    Como represália a tantas crueldades, os Tamoios nunca se harmonizaram com os portugueses.
    Desde o princípio da ação destes, foram seus declarados inimigos.

    No seio dessas lutas devastadoras, em que as criminosas astúcias dos colonizadores venciam, a maior parte das vezes, eram os padres piedosos os que mais sofriam, experimentando a angústia de se verem desprezados pelos seus próprios companheiros da raça branca, nos sertões ínvios e hostis.
    A alma simples dos naturais se mostrava maleável aos seus ensinamentos.
    Aos seus apelos, aproximavam-se dos núcleos de civilização.
    Aldeavam-se para uma vida ordeira que os colonizadores destruíam com as suas taras infames e seculares.



  • editado January 2021
    Não esquecendo que os indígenas brasileiros viviam em guerra uns com os outros.
    Ninguém chegava a chefe de tribo sem ter mostrado seu valor em muitos ataques a tribos vizinhas.
    A guerra não era algo que acontecia às vezes, era parte de seu modo de vida.
    Só que aí chegou um inimigo mais poderoso e mais bem armado.
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