Sacrifícios humanos na Bíblia

Sacrifícios humanos na Bíblia

Os crentes costumam apresentar uma descrição detalhada das coisas horríveis que os cananeus faziam às próprias crianças. Alegam que isto dava aos judeus o direito de exterminá-los e tomar-lhes as terras.

A verdade é que os judeus não eram melhores que os vizinhos. A Bíblia mostra que faziam sacrifícios humanos com frequência, inclusive por ordem de Javé, em alguns casos.

Nos outros, não fica claro se a ira de Javé se devia aos sacrifícios em si ou ao fato de serem oferecidos a outros deuses.

Sacrifícios por ordem de Javé ou oferecidos a ele:

Êxodo 22
28. Não atrase em oferecer de sua abundância e de sua fartura. Entregue a mim o seu filho primogênito;
29. faça o mesmo com seus bois e ovelhas: a cria ficará com sua mãe durante sete dias e, no oitavo, você a entregará para mim.
30. Vocês estão consagrados a mim: não comam carne de animal que tenha sido dilacerado no campo; joguem para os cães.


Pode-se alegar que o trecho não fala em sacrificar, mas ele junta bois, ovelhas e filho primogênito no mesmo pacote. E o que seria "entregar a Javé" numa cultura onde Abraão nem piscou quando Deus lhe pediu o sacrifício do filho único?

Todavia, nenhuma coisa consagrada, que alguém consagrar ao SENHOR de tudo o que tem, de homem, ou de animal, ou do campo da sua possessão, se venderá nem resgatará; toda a coisa consagrada será santíssima ao SENHOR.

Toda a coisa consagrada que for consagrada do homem, não será resgatada; certamente morrerá.

Levítico 27:28-29
28 Todavia, nenhuma coisa consagrada, que alguém consagrar ao SENHOR de tudo o que tem, de homem, ou de animal, ou do campo da sua possessão, se venderá nem resgatará; toda a coisa consagrada será santíssima ao SENHOR.
29 Toda a coisa consagrada que for consagrada do homem, não será resgatada; certamente morrerá.


Trecho bem claro: "homem ou animal" e "certamente morrerá".

Outras traduções são ainda mais explícitas:

"Nenhuma pessoa que dentre os homens for devotada será resgatada; certamente será morta."

ou

"Nenhuma pessoa devotada, que dentre a humanidade seja devotada à destruição, pode ser remida. Sem falta deve ser morta."
Todavia, nenhuma coisa consagrada, que alguém consagrar ao SENHOR de tudo o que tem, de homem, ou de animal, ou do campo da sua possessão, se venderá nem resgatará; toda a coisa consagrada será santíssima ao SENHOR.

Toda a coisa consagrada que for consagrada do homem, não será resgatada; certamente morrerá.

Ezequiel 20
24. porque não praticaram as minhas normas e desprezaram os meus estatutos, profanaram os meus sábados e se tornaram admiradores dos ídolos de seus antepassados.
25. dei a eles estatutos que não eram bons e normas que não lhes dariam vida
26. os contaminei com as ofertas que faziam, quando imolavam seus filhos mais velhos. Eu os amedrontei, para que reconhecessem que eu sou Javé.


Aqui, Javé permite que os judeus continuem com os sacrifícios, embora os condene, e lhes dá leis más, o que é difícil de compreender quando se trata de um deus de infinita bondade.

Juízes 11
30. E Jefté fez uma promessa a Javé: "Se entregares os amonitas em meu poder,
31. então, quando eu voltar vitorioso da guerra contra eles, a primeira pessoa que sair para me receber na porta de casa, pertencerá a Javé, e eu a oferecerei em holocausto".
32. Jefté partiu para guerrear contra os amonitas, e Javé os entregou em seu poder.
33. Jefté os derrotou desde Aroer até Menit, tomando vinte cidades, e foi até Abel-Carmim. Foi uma grande derrota, e os amonitas foram dominados pelos israelitas.
34. Jefté voltou para a sua casa em Masfa. E foi justamente sua filha quem saiu para recebê-lo, dançando ao som de tamborins. Era sua filha única, pois Jefté não tinha outros filhos ou filhas.
35. Logo que viu a filha, Jefté rasgou as vestes, e gritou: "Ai, minha filha, como sou infeliz! Você é a minha desgraça, porque eu fiz uma promessa a Javé e não posso voltar atrás".
36. Ela respondeu: "Pai, se você fez promessa a Javé, cumpra o que prometeu, porque Javé concedeu a você vingar-se dos inimigos".
37. E pediu ao pai: "Conceda-me apenas isto: deixe-me andar dois meses pelos montes, chorando com minhas amigas, porque vou morrer virgem".
38. Jefté lhe disse: "Vá". E deixou-a andar por dois meses. Ela foi pelos montes com suas amigas, chorando porque ia morrer virgem.
39. Dois meses depois, ela voltou para casa, e seu pai cumpriu a promessa que tinha feito. A moça era virgem. Daí começou um costume em Israel:
40. todos os anos as moças israelitas saem por quatro dias para chorar a filha de Jefté, o galaadita.


Neste caso, não há uma ordem de Javé, mas o trecho deixa claro que era uma coisa natural oferecer sacrifícios humanos. Ninguém se espanta, nem mesmo a vítima.
Os crentes alegam que Jefté, na verdade, consagrou a filha ao serviço do templo e que, devido a isto, ela deveria permanecer virgem até morrer, mas este não era o costume deles. Só os levitas (e homens) serviam no templo e ela, no máximo, poderia prestar serviços externos e ocasionais, sem ficar presa ao templo.
Além disto, "holocausto" é uma palavra grega que significa "queimar por inteiro".

Números 31
40. dezesseis mil pessoas, das quais foi feito para Javé o tributo de trinta e duas pessoas.
41. Moisés entregou o tributo de Javé ao sacerdote Eleazar, conforme Javé lhe havia ordenado.
47. Dessa metade que pertencia aos filhos de Israel, Moisés tomou um tributo de dois por cento de pessoas e animais e o entregou aos levitas, que tinham funções no santuário de Javé, conforme Javé havia ordenado a Moisés.


Este trecho é menos claro, mas é de se perguntar que função os inimigos capturados teriam no templo, onde só entravam os levitas. É bem possível que eles e os animais fossem sacrificados no tal "tributo a Javé".

Josué 6
26. Nesse tempo, Josué fez um juramento: "Seja maldito por Javé quem reconstruir esta cidade: os alicerces lhe custarão o primogênito e as portas lhe custarão o caçula".
27. Javé estava com Josué, e sua fama correu por toda a terra.


O trecho acima, sobre Jericó, explica o trecho a seguir:

1 Reis 16
34. Em seus dias Hiel, o betelita, edificou a Jericó; em Abirão, seu primogênito, a fundou, e em Segube, seu filho menor, pôs as suas portas; conforme a palavra do SENHOR, que falara pelo ministério de Josué, filho de Num.

Embora a linguagem usada tente disfarçar, se a maldição de Josué ainda estava valendo (e o trecho de 1 Reis a menciona), foi necessário sacrificar o primogênito e o mais novo, um nas fundações e outro nos portões.

2 Samuel 21
1. Durante o reinado de Davi houve um período de fome que durou três anos consecutivos. Então Davi buscou o conselho de Yahweh, que lhe disse: “A fome veio por causa da atitude de Saul e de sua família sanguinária, por terem assassinado os gibeonitas!”
[...]
6. Que nos sejam entregues sete dos seus descendentes, e nós os executemos perante Yahweh, na cidade de Gibeá de Saul, no alto no monte de Yahweh!”
[...]
9. E entregou-os nas mãos dos gibeonitas, e estes os enforcaram no alto do monte, diante de Yahweh. Os sete foram mortos ao mesmo tempo, nos primeiros dias da colheita da cevada.
[...]
14. E depois disso Deus se compadeceu do povo e respondeu as orações em favor da terra de Israel.


Trechos em que os sacrifícios são feitos a outros deuses, mas condenados:

2 Reis 16
3. Imitou o comportamento dos reis de Israel e chegou até a sacrificar seu filho no fogo, conforme os costumes abomináveis das nações que Javé tinha expulsado diante dos israelitas.

2 Reis 17
17. Sacrificaram no fogo seus filhos e filhas, praticaram a adivinhação e a magia, e se venderam para praticar o mal diante de Javé, provocando a ira dele.

2 Reis 21
6. sacrificou seu filho no fogo; praticou adivinhação e magia, estabelecendo necromantes e adivinhos. E multiplicando as ações que Javé reprova, ele provocou a sua ira.

2 Reis 23
10. Josias profanou o Tofet que existia no vale de Ben-Enom, para que ninguém sacrificasse no fogo seu filho ou filha em honra do deus Moloc.

Ezequiel 20
30. Por isso, diga à casa de Israel: Assim diz o Senhor Javé: Vocês se contaminam como seus antepassados, e se prostituem com suas abominações,
31. trazem suas ofertas, oferecem seus filhos, queimando-os no fogo, e continuam até o dia de hoje a se contaminar com seus ídolos. E eu iria ainda atender vocês, casa de Israel? Juro por minha vida - oráculo do Senhor Javé - que eu, de maneira nenhuma, atenderei vocês!


2 Crônicas 33
6. Sacrificou no fogo seus próprios filhos no vale dos filhos de Enom. Praticou adivinhação e magia, estabelecendo necromantes e adivinhos. Ele provocou a ira de Javé, multiplicando as ações que Javé reprova.

Levítico 20
1. Javé falou a Moisés:
2. "Diga aos filhos de Israel: Todo filho de Israel ou imigrante residente em Israel, que entregar um de seus filhos a Moloc, será réu de morte. O povo da terra o apedrejará,
3. e eu me voltarei contra esse homem e o eliminarei do seu povo, pois, entregando um de seus filhos a Moloc, contaminou o meu santuário e profanou o meu santo nome.


Jeremias 7:31
31. Depois construíram os lugares altos de Tofet, no vale de Ben-Enom, para queimar no fogo filhos e filhas, coisa que não mandei e que jamais passou pela minha mente.

Jeremias 19
4. Porque eles me abandonaram e profanaram este lugar, queimando incenso a outros deuses, que vocês não conheciam, nem seus antepassados, nem os reis de Judá. Encheram este lugar com sangue de inocentes,
5. e construíram lugares altos para Baal, para queimar seus filhos no fogo em holocausto a Baal. Uma coisa dessas eu nunca mandei fazer, nem falei, nem me passou pelo pensamento.


Jeremias 32
35. construíram lugares altos a Baal no vale de Ben-Enom, para aí queimar seus filhos e filhas em honra de Moloc: coisa que eu nunca mandei, nem jamais passou pelo meu pensamento. Eles fizeram abominações semelhantes, ensinando Judá a pecar.

Ezequiel 16
20. Você pegou até seus próprios filhos e filhas, que você havia gerado para mim, e os sacrificou, para que essas estátuas os devorassem. Como se as suas prostituições não fossem o bastante,
21. você ainda matou meus filhos, e os entregou para serem queimados em honra dessas estátuas.


Salmos 106
37. Sacrificaram aos demônios seus filhos e suas filhas.
38. Derramaram o sangue inocente, e profanaram a terra com sangue.


https://fernandosilvamultiply.blogspot.com/2009/07/sacrificios-humanos-na-biblia.html

Comentários

  • Misericordia quero e não holocaustos
  • Desculpe, mas alguns desses trechos aí são ambíguos, além disso parece que não há registro arqueológico de que os hebreus praticassem sacrifícios humanos.
  • editado April 2021
    Volpiceli escreveu: »
    Desculpe, mas alguns desses trechos aí são ambíguos, além disso parece que não há registro arqueológico de que os hebreus praticassem sacrifícios humanos.
    Alguns trechos podem ser ambíguos, mas outros são claros.

    Não importa, nesta discussão, se há registros arqueológicos e sim o que o livro "sagrado" de judeus e cristãos afirma.
    Afinal, para eles, a Bíblia é a tal de "palavra de Deus" e é verdade de uma ponta à outra.

    Quanto a registros arqueológicos, não há praticamente nenhum vestígio do passado dos hebreus, embora o Oriente Médio esteja coalhado de restos das outras civilizações. Há um Museu da Bíblia em Jerusalém e quase nenhum dos artefatos é especificamente judeu. Praticamente tudo é cananeu, babilônico, assírio etc.
    Do livro "The Good Book" ("O Livro Bom"), escrito por David Plotz, um judeu americano não-praticante.

    A linha divisória entre mito e fato parece ser David. Antes de David, nada. Nenhum registro arqueológico. Depois de David, começam as evidências, ainda que escassas. Sobre o próprio David, há muitas dúvidas. Os poucos objetos com inscrições que parecem mencioná-lo datam de pelo menos 1 século depois dele. O mesmo acontece com seu suposto templo, próximo a Jerusalém. Suas torres foram construídas uns 600 anos antes de David.

    Não há nem mesmo evidências sobre Judá e Israel terem formado um reino único sob seu comando. O mais provável é que essa lenda tenha sido inventada em Judá depois que Israel foi derrotada pelos assírios e suas 10 tribos desapareceram, tornando-se as "tribos perdidas".

    A maioria dos artefatos no Museu da Bíblia, em Jerusalém, é composta de objetos produzidos por outros povos. Quase nada é israelita. Isto indica que o relato bíblico sobre uma nação poderosa que derrotou o faraó, matou 185 mil assírios em uma única noite e exterminou todos os não-judeus na Terra Prometida é apenas exagero e invenção de um povo pequeno e fraco que durou alguns poucos séculos tentando sobreviver a duras penas entre nações grandes e poderosas.
    https://religiaoeveneno.com.br/index.php?p=/discussion/700/a-biblia-e-mesmo-o-livro-bom/p1
  • Volpiceli escreveu: »
    Desculpe, mas alguns desses trechos aí são ambíguos, além disso parece que não há registro arqueológico de que os hebreus praticassem sacrifícios humanos.

    Para um religioso, são necessários registros arqueologicos para que ele passe a acreditar na biblia?
  • Volpiceli escreveu: »
    Desculpe, mas alguns desses trechos aí são ambíguos, além disso parece que não há registro arqueológico de que os hebreus praticassem sacrifícios humanos.

    É aceito na tradição judaica que o Deus de Israel não aceita sacrifícios humanos.
    Abraão, bem... Deus o impediu, a imoralidade do teste é ponto, mas o moleque não morreu.
  • ENCOSTO escreveu: »
    Para um religioso, são necessários registros arqueologicos para que ele passe a acreditar na biblia?
    Na religião judaica existe a tradição escrita - a Torah, e a tradição oral, o Talmud.
    Só que a tradição oral também é escrita.
    Hierarquicamente a Torah está acima do Talmud, mas o segundo é guia para interpretar o primeiro.
    Não entram em cena registros arqueológicos, mas é um critério mais sofisticado que a sola scriptura.
  • É admirável a influência de um livro - muito mais um romance épico/religioso - o qual relata antigas tradições do povo de Israel, na formação religiosa do Ocidente.


  • patolino escreveu: »
    É admirável a influência de um livro - muito mais um romance épico/religioso - o qual relata antigas tradições do povo de Israel, na formação religiosa do Ocidente.

    Que livro?

  • Senhor escreveu: »
    patolino escreveu: »
    É admirável a influência de um livro - muito mais um romance épico/religioso - o qual relata antigas tradições do povo de Israel, na formação religiosa do Ocidente.

    Que livro?
    A Bíblia. Na verdade, os livros do Antigo Testamento

  • patolino escreveu: »
    Senhor escreveu: »
    patolino escreveu: »
    É admirável a influência de um livro - muito mais um romance épico/religioso - o qual relata antigas tradições do povo de Israel, na formação religiosa do Ocidente.

    Que livro?
    A Bíblia. Na verdade, os livros do Antigo Testamento
    aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhh bão.... Os livros.

  • patolino escreveu: »
    É admirável a influência de um livro - muito mais um romance épico/religioso - o qual relata antigas tradições do povo de Israel, na formação religiosa do Ocidente.
    É admirável a influência de um livro - muito mais um romance épico/religioso - o qual relata antigas tradições do povo de <nome do povo aqui>, na formação religiosa do <nome da região aqui>.

    - Corão
    - Zend Avesta
    - Vedas
    - Livro dos Mortos
  • Fernando_Silva escreveu: »
    patolino escreveu: »
    É admirável a influência de um livro - muito mais um romance épico/religioso - o qual relata antigas tradições do povo de Israel, na formação religiosa do Ocidente.
    É admirável a influência de um livro - muito mais um romance épico/religioso - o qual relata antigas tradições do povo de <nome do povo aqui>, na formação religiosa do <nome da região aqui>.

    - Corão
    - Zend Avesta
    - Vedas
    - Livro dos Mortos

    Universo Em Desencanto
  • COMO FOI FEITO O MUNDO
    E assim, existe lá em cima uma grande planície, onde vivem os Racionais; muito maior do que este mundo, e assim vivem com o seu progresso de pureza. Sim, puros, limpos, perfeitos, sem defeitos, diferentes dessa bicharada. E nesta planície, tinha uma parte que não estava pronta para entrar em progresso. Então, uns tantos Racionais entraram por esta parte a dentro várias vezes, onde foram chamados a atenção e numa das vezes, não quiseram atender o chamado de atenção e começaram a progredir por conta própria. E esta parte, ainda não estava pronta para entrar em progresso. Resultou daí, começarem a deformar-se. O princípio e a origem desse mundo assim foi. Começando a progredir por conta própria na parte que ainda não estava pronta, em vez de irem para a frente, começaram a ir para trás; em vez de irem para melhor, foram para pior, por esta parte não estar pronta. Então, esta parte começou a vir se deslocando da planície. Conforme iam progredindo, veio descendo, e veio descendo sempre até chegarem a essa conclusão que aí está: dentro de um buraco olhando cá para cima e não sabendo de onde tudo isso surgiu. Conforme iam progredindo, a parte ia descendo mais, e assim foi aos pouquinhos, e eles também, se acostumando e achando que iam muito bem. Então, com um certo tempo, conforme iam se deformando, ia a planície abaixando cada vez mais, e eles perdendo as virtudes. Como qualquer coisa que se transforma em outra, as virtudes perdidas começaram a se reunir e, depois de todas reunidas, geraram aí, com o tempo, a formação de uma luz fosca prateada. E quanto mais eles progrediam, mais essa parte ia descendo, mais se deformando. E quanto mais se deformavam, mais perdiam as virtudes e mais este foco aumentava e, com o tempo, este foco começou a esquentar. Está aí a origem do sol. Começou a esquentar aos pouquinhos, e eles cada vez mais perdendo as virtudes e, conforme perdiam as virtudes, os corpos iam diminuindo e este foco cada vez maior, porque nele iam se reunindo as virtudes que eles iam perdendo. Depois então de um certo tempo, este foco cada vez mais quente, e quanto mais quente ficava, mais ajudava a deformá-los. E assim, este foco cada vez mais quente, começou a esquentar o pedaço desta planície em que eles vinham progredindo, cada vez aumentando mais o seu calor e tudo se deformando cada vez mais. E saindo desta parte uma resina que, com o calor, começou primeiramente a empolar, depois de toda empolada, começou a ficar queimada, depois de queimada, torrada, depois de torrada virou cinzas; não sendo nessa ocasião, toda por igual e sim, em diversos lugares. E a outra parte da planície, com o calor, começou a se derreter, ficando mole. De mole, gomosa, tornando-se um líquido grosso, com o tempo mais fino, virando água. Está aí, como foi feita a água. Então, esses corpos que já estavam por vir se deformando, aproximavam-se da sua extinção, e a luz esquentando cada vez mais, e conforme esquentava, tudo ia se deformando até que com o tempo, extinguiram-se todos os corpos Racionais; perderam todas as virtudes, vindo assim a transformação desses corpos para outros corpos. Os que ficaram em cima da parte gomosa e ali se extinguiram, que ali ficaram, formaram, com o tempo, os corpos masculinos, e os corpos que ficaram em cima da resina já deformada em cinza, geraram aí outros corpos, surgindo o sexo feminino. Aí, os corpos ainda eram diferentes desses, como são. O foco de luz esquentava cada vez mais, a parte gomosa virando água numa grande extensão e esta água penetrando nesta cinza da resina, com o tempo a fez apodrecer, começando a gerar os micróbios. Nesta altura é que começou a geração dos corpos. A água penetrou na cinza, apodrecendo-a. E apodrecendo também, diversas partes da goma, formando aí, pela própria natureza, os corpos completamente diferentes desses. Para a formação desses corpos durou muito, e depois desses corpos feitos, começaram a procurar se entender da melhor forma possível. E com o tempo, conforme vinham se deformando, iam se desenvolvendo cada vez mais. E por serem viventes, tinham forçosamente que chegar a um entendimento. Com o tempo, já bem desenvolvidos em tudo, começaram a se entender por meios de acenos e, mais tarde, por meio de urros. Não se alimentavam nesse tempo, eram alimentados pela própria natureza. Tudo vinha se deformando cada vez mais, devido à luz, o foco, ir esquentando cada vez mais, até deformar-se em um verdadeiro brasão que é o sol. E assim, esses corpos sendo, ou passando por diversas modificações. Por a natureza vir se deformando, começaram a transformar-se, nascendo nos próprios corpos dos viventes, aquilo que não existia: olhos, boca, começando os corpos a entrarem mais ou menos em outra forma. Neste tempo não tinham cabelos nem unhas, eram deformados, mas, muito piores do que nessa deformação em que vivem. E conforme ia se deformando tudo, os corpos iam se modificando, passando por uma certa eternidade que parecia se resumir naquilo mesmo. Como agora, estão aí nesse mundo, tendo já passado por uma eternidade, compreendem-se mais ou menos, e pensam que nunca mais o mundo passará disso. Pensam que a vida é essa mesma e que não passará dessa condição. Na primeira fase da transformação para o princípio dessa deformação, os corpos eram completamente diferentes. E o foco de luz cada vez esquentava mais; as outras partes da planície, por derreterem, ficaram derretidas de uma vez, e os corpos, em modificações sempre até chegarem a um certo ponto já mais ou menos formados; já enxergavam, mas, eram surdos e mudos. Passaram assim, uma grande eternidade. Sim, que hoje julgam-se adiantados e não nascem falando nem entendendo coisa alguma e só mais tarde, tendo quem os ensine, que fará naquele tempo. Passaram uma grande eternidade assim: surdos, mudos; só enxergavam, depois, com o tempo, é que passaram a ouvir. Levaram outra grande eternidade assim. Mais tarde, começou a nascer a voz; urravam e guinchavam. Em todas essas eternidades eram eternos, e só o que imperava era a luz, mas não tão quente como agora, depois da deformação completa. Então se entendiam por meio de acenos; depois dos acenos, por meios de urros e guinchos, e em cada fase destas, pensavam que iam sempre perdurar naquilo. Como agora, pensam que o mundo é toda a vida assim. A luz ia aumentando sempre o seu calor, fazendo a deformação completa da resina e da goma, pois que, apesar de goma por cima, era água por baixo, e tudo se derreteu de uma vez. Conforme o calor ia aumentando, ia derretendo, descendo mais e descendo até chegarem no ponto em que estão, dentro de um buraco olhando lá para cima.Na eternidade em que se entendiam por meio de urros e guinchos, já estavam mais adiantados e, com o tempo, começaram a gaguejar, levando uma eternidade muito grande com a gagueira; não compreendiam nada porque não sabiam falar. Um gago não sabendo falar, fica só gaguejando, e eles não tinham quem os ensinasse. Com o tempo, começaram a ficar mais desembaraçados; gagos mais adiantados. A voz começou a se abrir e eles soltando-a cada vez mais um pouco. E, enquanto isso se passava, tudo vinha descendo lentamente, porque o sol aumentava o seu calor, e esquentando, aumentando esse calor, a parte de baixo ia se deformando, e conforme se deformava, virava cinza, ia baixando, descendo. Com o tempo, passaram a gagos mais adiantados, começando a quererem falar, mas sem noção do que diziam. Cada fase dessas levava uma eternidade muito grande, parecia que não acabava mais. Até aí eram eternos, porque a natureza não estava de toda deformada, não eram de todo bichos, não dormiam. É a mesma coisa: Uma árvore quando nasce não mostra o que vai ser, depois de grande, depois é que ela começa a criar galhos. Galhos para aqui, galhos para acolá. Depois de formada, é que vai dar o seu fruto. E assim, eram os corpos, não ficavam logo formados como são. A deformação continuava, e mais tarde passaram a gagos mais adiantados, começando a grungunar: gum, gum, gum, uns com os outros, e começaram a soltar a voz, lapidando-a cada vez mais. Cada fase destas levava uma grande eternidade, parecia que não saiam mais daquilo. Nesse tempo, não existiam vegetais de espécie alguma porque a cinza da resina não tinha apodrecido totalmente, em virtude do calor não ter sido suficiente para penetrar na profundidade, onde foi indo aos poucos. Os gagos depois do gum, gum, gum — era assim que se entendiam — começaram a soltar a voz muito pouco e diziam qualquer coisa; mas não sabiam o que diziam. Depois começaram a prestar atenção e a marcar as coisas que diziam. O que um dizia, o outro procurava dizer também com muita dificuldade, e assim, com o tempo, começaram a marcar tudo o que diziam. Por hipótese: Um dizia "pá", todos ficavam dizendo "pá"; um dizia "dão", ficavam toda a vida dizendo aquilo, esperando que outro dissesse outra palavra, até que formassem uma frase que se entendesse; mas, muito vago. E assim, foram melhorando sempre, cada vez mais o modo de se entenderem, e depois de um certo tempo, já se entendiam uns com os outros, gaguejando. Conforme soltaram a voz, foram ressecando a garganta, começando a usar a água, mais muito pouquinho; iniciando por uma gota na boca, na primitiva; foram tomando gosto e fazendo uso de maior porção. A água começou dilatando aos poucos o organismo. Nessa passagem é que começou a nascer a vegetação mas, era muito diferente dessa. Diferente por quê? Porque nesse tempo não chovia, era só o foco de luz. Aí, já se entendiam gaguejando e o modo de se entenderem era muito insignificante. Até esta altura ainda eram eternos. A luz cada vez aumentando mais, penetrava profundamente o seu calor nas partes mais baixas, que estavam cobertas pelas cinzas e estas, apodrecidas pela água, geravam micróbios pela podridão da cinza e da resina, dando origem a germens de todas as espécies, diferentes desses. E assim, começaram a se entender vagarosamente, gaguejando, compreendiam-se regularmente, mas, longe de terem noções das coisas; sim, como bichos, sem saberem explicar coisa alguma da origem deles mesmos, que é a vossa origem. A vegetação cada vez mais florida, o foco de luz mais quente e tudo cada vez mais se distanciando dele. O uso da água passou a ser feito cada vez em maior proporção devido os esforços que faziam para falar gaguejando, vindo daí a dilatação dos órgãos, e com a dilatação dos órgãos, mais tarde aparecendo a vontade de comer. Comer isto, comer aquilo. Mais tarde, começaram a comer vegetais que lhes apeteciam. Até aí eram eternos.
    Então, com o uso dos vegetais em pequena porção como alimento, iam cada vez se deformando mais. E cada fase dessas era uma eternidade muito longa. Com o tempo, muito mais deformados ainda. Eram eternos, novas produções, já estando aí num progresso de gagos bem adiantados, que foi quando começou a entrar a formação da lua. A formação da lua é das virtudes deformadas da resina e da água, vindo mais tarde a formação das estrelas, originadas também das virtudes deformadas da água e da resina, que juntaram-se e deformaram-se nesses seres. Por isso a lua mexe com tudo na terra. Mas a formação desses focos começou a aparecer sem influência da lua. Conforme o foco esquentava, as vegetações iam-se modificando e tudo cada vez ia descendo mais. Depois de tudo quase deformado, a água penetrando por baixo da cinza amoleceu certas partes, e estas vieram a desaparecer e submergir, porque sumiram e viraram água. Vieram então aí essas divisões das terras, dos países. As partes mais sólidas ficaram, que são os países que aí estão, e as partes que não eram sólidas, sumiram, mergulharam, e ficaram esses povos separados uns dos outros pela água. A água fez a divisão das terras com o tempo é que puseram o nome de terra. Esses povos se deformavam cada vez mais, ainda gaguejavam, não falavam, desembaraçando-se com o tempo e arranjando um meio melhor para se entenderem. Nasceram aí as divergências dos idiomas e as vegetações se modificando, aparecendo muitas venenosas, começando então a existirem os casos de morte. Alimentavam-se pouquíssimo, e esse pouquíssimo foi se dilatando, os viventes iam aumentando o alimento, e não tendo noção do que podia fazer bem ou mal, alimentavam-se muitas vezes das ervas venenosas, daquelas que matavam. E foi assim que foram morrendo todos os primitivos, de pouco em pouco, envenenados e as novas gerações tomando precauções notificando o que podia fazer bem e o que podia fazer mal; enfim, o que podiam comer. Desta forma foram sumindo todos os primitivos e também as novas gerações. Aí, já eram gagos que se entendiam mais ou menos. E nesse período, já estavam aí embaixo, bem embaixo, e então, já aparecia o foco da lua muito claro e as estrelas também já saíam. Eram gagos adiantados, mas não tinham ainda noções das coisas. Nesta fase, já a deformação estava quase toda feita, começando então a aparecer a noite e o dia, que foi justamente quando começaram a morrer os primitivos e essa deformação chegava quase integralmente ao princípio do que são; mas gagos eram, viviam como bichos, não tinham entendimento das coisas, entendimento muito vago. Quando começou a existir dia e noite não chovia, e só começou a chover muito mais tarde, conforme as modificações dos vegetais e dos animais. Depois do foco de luz esquentar muito, e a resina estar profundamente deformada, é que da planície começou a sair o vapor da quentura da terra — como conhecem — como puseram esse nome. E este vapor subindo, se acumulando a uma certa altura, deu mais tarde origem à chuva. Nesse tempo, gagos eram. A chuva começou então a aparecer, mas eram uns chuviscos à toa, e aí, a vegetação já era outra, e os viventes começaram a arranjar agasalhos para se resguardarem do tempo. A lua não tinha os quartos neste tempo, era aquele foco prateado, e só mais tarde, com o adiantamento da deformação, é que a lua começou a fazer a sua trajetória, começou a fazer o seu primeiro quarto, depois o segundo, o terceiro e depois muito mais tarde, o quarto. Enquanto isso os habitantes, nascendo e morrendo devido a vegetação venenosa que comiam, porque não conheciam todos os vegetais venenosos. Conclusão: muito mais tarde, já tudo deformado, começaram a nascer os entendimentos mais claros, e assim, cada vez mais, que se for continuar, tenho que explicar muito para chegar na atual vida em que vivem.
  • ENCOSTO escreveu: »
    COMO FOI FEITO O MUNDO
    E assim, existe lá em cima uma grande planície, onde vivem os Racionais; muito maior do que este mundo, e assim vivem com o seu progresso de pureza. Sim, puros, limpos, perfeitos, sem defeitos, diferentes dessa bicharada.
    [...]
    A lua não tinha os quartos neste tempo, era aquele foco prateado, e só mais tarde, com o adiantamento da deformação, é que a lua começou a fazer a sua trajetória, começou a fazer o seu primeiro quarto, depois o segundo, o terceiro e depois muito mais tarde, o quarto. Enquanto isso os habitantes, nascendo e morrendo devido a vegetação venenosa que comiam, porque não conheciam todos os vegetais venenosos. Conclusão: muito mais tarde, já tudo deformado, começaram a nascer os entendimentos mais claros, e assim, cada vez mais, que se for continuar, tenho que explicar muito para chegar na atual vida em que vivem.
    Não entendi nada, mas deve ser tudo verdade.
  • Um dia, o grande deus Bumba se sentiu mal e vomitou o Sol. Depois vomitou a Terra e todo o resto (mito da criação da tribo dos Bushongos).
    http://claudio-zeiger.blogspot.com/2011/11/bumba-deus-da-criacao-do-povo-bashongo.html
  • Fernando_Silva escreveu: »
    ENCOSTO escreveu: »
    COMO FOI FEITO O MUNDO
    E assim, existe lá em cima uma grande planície, onde vivem os Racionais; muito maior do que este mundo, e assim vivem com o seu progresso de pureza. Sim, puros, limpos, perfeitos, sem defeitos, diferentes dessa bicharada.
    [...]
    A lua não tinha os quartos neste tempo, era aquele foco prateado, e só mais tarde, com o adiantamento da deformação, é que a lua começou a fazer a sua trajetória, começou a fazer o seu primeiro quarto, depois o segundo, o terceiro e depois muito mais tarde, o quarto. Enquanto isso os habitantes, nascendo e morrendo devido a vegetação venenosa que comiam, porque não conheciam todos os vegetais venenosos. Conclusão: muito mais tarde, já tudo deformado, começaram a nascer os entendimentos mais claros, e assim, cada vez mais, que se for continuar, tenho que explicar muito para chegar na atual vida em que vivem.
    Não entendi nada, mas deve ser tudo verdade.
    Mas é original. É do BRASIL! Acho que o negão dessa seita não copiou alguma coisa do egito ou asia.
  • Fernando_Silva escreveu: »
    ENCOSTO escreveu: »
    COMO FOI FEITO O MUNDO
    E assim, existe lá em cima uma grande planície, onde vivem os Racionais; muito maior do que este mundo, e assim vivem com o seu progresso de pureza. Sim, puros, limpos, perfeitos, sem defeitos, diferentes dessa bicharada.
    [...]
    A lua não tinha os quartos neste tempo, era aquele foco prateado, e só mais tarde, com o adiantamento da deformação, é que a lua começou a fazer a sua trajetória, começou a fazer o seu primeiro quarto, depois o segundo, o terceiro e depois muito mais tarde, o quarto. Enquanto isso os habitantes, nascendo e morrendo devido a vegetação venenosa que comiam, porque não conheciam todos os vegetais venenosos. Conclusão: muito mais tarde, já tudo deformado, começaram a nascer os entendimentos mais claros, e assim, cada vez mais, que se for continuar, tenho que explicar muito para chegar na atual vida em que vivem.
    Não entendi nada, mas deve ser tudo verdade.

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK.... INTERESSANTE QUE É SEMPRE A MESMA HISTORIA ANJOS CAIDOS, NA BIBLIA, KARDECISMO E AGORA INVOLUÍMOS PARA OS "IRRACIONAIS MC´S"
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