Questões ESPIRITAS

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Comentários

  • As narrativas e o cenário descrito quando da evocação dos espírito - Paris, século XIX - torna o ambiente imersivo, como se estivéssemos ali presentes.
    Também, a informalidade respeitosa, mas objetivando sempre o que se busca em relação ao espírito evocado, torna agradável a leitura e cada vez mais interessante. Os fatos são curiosíssimos.

  • Gorducho escreveu: »
    NADA a ver com Psicologia Anomalística ou qualquer outro ramo de Psicologia👎
    Os experimentos serão — claro: espero que saiam alguns...— pra testar O ESPIRITISMO, NÃO Psicologia ou Parapsicologia❗
    Colega patolino & eu "somos" Engenheiros — ao menos tenho entendido ser esta a profissão dele...— não Psicólogos. E estudiosos de... Espiritismo.
    No meu entender, para se questionar o espiritismo, umbanda e similares de forma sistemática, é preciso construir uma base, ou seja, estudar os alegados fenômenos parapsicológicos, ainda que sem, a princípio, lhes atribuir causas espirituais.
  • editado June 2023
    O Sr. não está errado. Só que esses experimentos são + básicos. Seria testar as alegações dos espíritas fenomenologicamente, sem teorizar acerca de "causa". Ou melhor, admitindo a priori a causa postulada pelo espiritismo: espíritos inteligentes se manifestando no mundo material via "médiuns".
    Então é testar fenomenologicamente:
    • psicografia/psicofonia (dá o mesmo) da forma acima explicada — o (admitido a priori) espírito relata pro(a) médium o que viu há instantes no local oculto à visão das pessoas no local;
    • materializações — via filmagens IR por vários ângulos, claro;
    • Tk — idem;
    • mesas girantes — o teste + difícil em termos técnicos; tem que bolar arcabouço (sensores &c.) experimental pra registrar que é a mesa que impulsiona os dedos, e não os dedos a mesa, claro.
    é preciso construir uma base, ou seja, estudar os alegados fenômenos parapsicológicos
    Mas é isso❗ Só que Espiritismo é + simples que Parapsicologia porque não é estatístico:
    • info — texto ou imagem simples ou n° — é relatada pelo(a) médium ou não;
    • objeto se mexe ou não;
    • forma se materializa (aparece em todas imagens @ real time) ou não;
    • mesa impulsiona os dedos dos sentantes ou não.
    Sem estatísticas.
  • Vamos imaginar que um engenheiro tenha, ainda na fase da alvenaria - paredes, divisórias, muros, etc - prenunciado a forma e o padrão de uma bela residência. A essa altura alguém se aproxima para admirar e perceba que um dos tijolos está trincado. Isto, antes da argamassa de revestimento e então, por seu despreparo ante o assunto, saia dizendo que a construção certamente vai ruir porque sua estrutura está comprometida desde as paredes!

    Quem não viu a obra fará péssimo juízo do engenheiro ou da construção, e talvez até propague o mal entendido.

    O acusador não o está fazendo por maldade, mas por sua ignorância sobre o assunto.
    Todos os marcantes avanços da humanidade, em dado momento apresentaram um tijolo trincado.
  • editado June 2023
    patolino escreveu: »
    Vamos imaginar que um engenheiro tenha, ainda na fase da alvenaria - paredes, divisórias, muros, etc - prenunciado a forma e o padrão de uma bela residência. A essa altura alguém se aproxima para admirar e perceba que um dos tijolos está trincado. Isto, antes da argamassa de revestimento e então, por seu despreparo ante o assunto, saia dizendo que a construção certamente vai ruir porque sua estrutura está comprometida desde as paredes!

    Quem não viu a obra fará péssimo juízo do engenheiro ou da construção, e talvez até propague o mal entendido.

    O acusador não o está fazendo por maldade, mas por sua ignorância sobre o assunto.
    Todos os marcantes avanços da humanidade, em dado momento apresentaram um tijolo trincado.
    Quando os fatos mostram que a Ciência errou, ela corrige suas teorias e vai em frente.
    Com destaque para "fatos".
    Fatos testáveis por quem se disponha a verificar e não afirmações nebulosas e fenômenos sem comprovação.

    Sendo que as teorias da Ciência, em muitos casos, levam a avanços tecnológicos ainda que estejam incorretas.
    Ou seja, uma tecnologia funciona ainda que a explicação para seu funcionamento esteja errada.
  • editado June 2023
    Sendo que as teorias da Ciência, em muitos casos, levam a avanços tecnológicos ainda que estejam incorretas.
    Ou seja, uma tecnologia funciona ainda que a explicação para seu funcionamento esteja errada.
    👍 por isso expliquei que os experimentos propostos têm caráter "+ básico". Es decir: se o(a) "médium" – quotes pra indicar que pra fins científicos é suposição a priori ou rótulo, como se queira considerar...– relatar corretamente o que está mostrado no ambiente reservado, então temos que a alegação Espírita "funciona" (nos termos acima).
    Fica pra 2° momento aqueles que queiram elaborar suas respectivas teorias explicativas.
    Obs: note que telepatia fica excluída pelo próprio desenho dos experimentos, eis que ninguém sabe o que é apresentado aleatoriamente.


  • editado June 2023
    Eu fazia um juízo equivocado sobre a Revista Espírita e raramente a consultei;
    Agora, torna-se a parte agradável de meus estudos; leio diariamente.
    👏👏👏
    Recomendo na de abril/73 secção Dissertações Espíritas
    pg. 73 17/12/72 médium Céphas — não diz qual espírito ditou...
    Da Fotografia dos Espíritos
    Irá notar como o pessoal pós Kardec, incluindo no caso também espíritos, claro, percebia a necessidade de melhor fundamentação empírica pro Espiritismo.

  • Por favor Sr. @Gorducho, me passe o link para download, daqueles anos. Só possuo o link da FEB que traz todos os números desde o anos de 1858 a 1869.
  • editado July 2023
    Googlar...
    No IAPSOP > Espiritualismo Francês > Revista Espírita (abaixo na página, depois da imagem da revista)
    tem algumas 1880 ➜ 1920.
    Mas não toda série. Ou se teve períodos onde não veio a lume... isso não sei🤔
  • Na obra de Chico Xavier, "Entre Irmãos de Outras Terras", o Espírito Gabriel Delanne não acredita que a Europa (especialmente a França) retomará a direção do movimento espírita no futuro, pois o Velho Continente assemelha-se, atualmente, a vasto campo de guerra ideológica, que está muito longe de terminar. Para o Benfeitor a divulgação espírita terá de efetuar-se de pessoa a pessoa, de consciência a consciência.
    A verdade a ninguém atinge por imposição. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Ninguém consegue aprender para o outro.

    Talvez esse processo de propaganda espírita seja moroso demais para a Humanidade, mas, segundo Delanne, uma obra-prima de arte exige, por vezes, existências e existências para o artista que persegue a condição do gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do espírito imortal se faça tão-só por afirmações labiais de alguns dias?

    Seja no Brasil, seja noutros países, cremos que a pujança da Doutrina dos Espíritos não advirá por meio de um “Espiritismo Oficial”, hierarquizado, elitista, exorbitantemente místico e mercantilista, porém na propagação paulatina da Terceira Revelação de pessoa a pessoa, de consciência a consciência, de ombro a ombro, sem as grilhetas burocráticas dos institutos oficiais de “unificação”.
  • editado July 2023
    A verdade a ninguém atinge por imposição. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Ninguém consegue aprender para o outro.
    👍
    Da psicografia:
    Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do espírito imortal se faça tão-só por afirmações labiais de alguns dias?
    De alguns dias ou de 166 anos - 3 meses...
    Por isso o Espiritismo postulava 1 diferencial que seria “comprovação empírica”. Fracassado esse intento, permanecem as afirmações labiais de cada respectiva corrente religiosa, incluídas, claro as
    • Kardecista;
    • Kardecista “tropicalizada” pra cá.
    Da psicografia:
    — Creio que a mediunidade de efeitos físicos serve à convicção mas não adianta ao serviço indispensável da renovação espiritual. Os Espíritos Superiores agem acertadamente em lhe podando os surtos e as motivações, para que os homens, nossos irmãos, despertem à luz da Doutrina Espírita, entregando a consciência ao esforço do aprimoramento moral.
    Mas não esqueça que justo o GD dava muita importância à comprovação experimental. Tanto que foi c/o Richet na villa Carmen.
    cremos que a pujança da Doutrina dos Espíritos não advirá por meio de um “Espiritismo Oficial”
    Obs. (plural): não fica claro pra mim se é afirmação sua ou citação🤔
    Perceba a (sua?) contradição intrínseca: pra ser Doutrina tem que ser “Oficial”
    mrgreen.png
    exorbitantemente místico
    👍
    e mercantilista
    Aí discordo. Se tem coisa que o Espiritismo não é é mercantilista👎
    sem as grilhetas burocráticas dos institutos oficiais de “unificação”.
    👍 aliás a INTERNET tornou institutos oficiais para "unificação" irrelevantes.

  • Gorducho escreveu: »
    A verdade a ninguém atinge por imposição. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Ninguém consegue aprender para o outro.
    👍
    Da psicografia:
    Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do espírito imortal se faça tão-só por afirmações labiais de alguns dias?
    De alguns dias ou de 166 anos - 3 meses...
    Por isso o Espiritismo postulava 1 diferencial que seria “comprovação empírica”. Fracassado esse intento, permanecem as afirmações labiais de cada respectiva corrente religiosa, incluídas, claro as
    • Kardecista;
    • Kardecista “tropicalizada” pra cá.
    Da psicografia:
    — Creio que a mediunidade de efeitos físicos serve à convicção mas não adianta ao serviço indispensável da renovação espiritual. Os Espíritos Superiores agem acertadamente em lhe podando os surtos e as motivações, para que os homens, nossos irmãos, despertem à luz da Doutrina Espírita, entregando a consciência ao esforço do aprimoramento moral.
    Mas não esqueça que justo o GD dava muita importância à comprovação experimental. Tanto que foi c/o Richet na villa Carmen.
    cremos que a pujança da Doutrina dos Espíritos não advirá por meio de um “Espiritismo Oficial”
    Obs. (plural): não fica claro pra mim se é afirmação sua ou citação🤔
    Perceba a (sua?) contradição intrínseca: pra ser Doutrina tem que ser “Oficial”
    mrgreen.png
    exorbitantemente místico
    👍
    e mercantilista
    Aí discordo. Se tem coisa que o Espiritismo não é é mercantilista👎
    sem as grilhetas burocráticas dos institutos oficiais de “unificação”.
    👍 aliás a INTERNET tornou institutos oficiais para "unificação" irrelevantes.
    Você está certo, todo este texto é de uma entrevista que André Luiz fez com Gabriel Delanne, no Plano Espiritual, após desencarnados, claro. Pode ser lido na obra "Irmãos de Outras Terras" de Chico Xavier e Waldo Vieira.





  • patolino escreveu: »
    Gorducho escreveu: »
    A verdade a ninguém atinge por imposição. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Ninguém consegue aprender para o outro.
    👍
    Da psicografia:
    Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do espírito imortal se faça tão-só por afirmações labiais de alguns dias?
    De alguns dias ou de 166 anos - 3 meses...
    Por isso o Espiritismo postulava 1 diferencial que seria “comprovação empírica”. Fracassado esse intento, permanecem as afirmações labiais de cada respectiva corrente religiosa, incluídas, claro as
    • Kardecista;
    • Kardecista “tropicalizada” pra cá.
    Da psicografia:
    — Creio que a mediunidade de efeitos físicos serve à convicção mas não adianta ao serviço indispensável da renovação espiritual. Os Espíritos Superiores agem acertadamente em lhe podando os surtos e as motivações, para que os homens, nossos irmãos, despertem à luz da Doutrina Espírita, entregando a consciência ao esforço do aprimoramento moral.
    Mas não esqueça que justo o GD dava muita importância à comprovação experimental. Tanto que foi c/o Richet na villa Carmen.
    cremos que a pujança da Doutrina dos Espíritos não advirá por meio de um “Espiritismo Oficial”
    Obs. (plural): não fica claro pra mim se é afirmação sua ou citação🤔
    Perceba a (sua?) contradição intrínseca: pra ser Doutrina tem que ser “Oficial”
    mrgreen.png
    exorbitantemente místico
    👍
    e mercantilista
    Aí discordo. Se tem coisa que o Espiritismo não é é mercantilista👎
    sem as grilhetas burocráticas dos institutos oficiais de “unificação”.
    👍 aliás a INTERNET tornou institutos oficiais para "unificação" irrelevantes.
    Você está certo, todo este texto é de uma entrevista que André Luiz fez com Gabriel Delanne, no Plano Espiritual, após desencarnados, claro. Pode ser lido na obra "Irmãos de Outras Terras" de Chico Xavier e Waldo Vieira.
    A propósito, caso lhe interesse, todos os livros de Chico Xavier podem ser lidos e baixados neste link:
    http://bibliadocaminho.com/ocaminho/TXavieriano/TXIndexLivros.htm





  • editado July 2023
    Alguns dos questionamentos do Sr. @Gorducho e do Sr. @Fernando-Silva serão abordados no texto abaixo, que em grande parte foi retirado do blog de Jorge Hessen.

    Após a morte de Allan Kardec, o Movimento Espírita francês passou por um declínio gradual ao longo dos séculos XIX e XX quando vários eventos contribuíram para esse declínio.

    Inicialmente, destaca-se a figura de Ermance Dufaux, que conheceu Kardec em 1857 por ocasião da publicação de O Livro dos Espíritos, quando psicografou uma mensagem de São Luiz, este que se tornou o diretor espiritual nos trabalhos experimentais do Codificador na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
    Sob sua influência, em 1858 Kardec lançou a Revue Spirite, o periódico espírita que por sua intensa e surpreendente circulação, se tornou a matriz da propaganda da Terceira Revelação e do Movimento Espírita Mundial.

    1. Leymarie e a Revista Espírita
    Um dos fatores que contribuíram para o declínio do Movimento Espírita foi a questão da sucessão de Kardec. Após sua morte, Amélie Gabrielle Boudet, sua esposa, confiou todo o legado de Kardec às mãos de Pierre-Gaëtan Leymarie. No entanto, Leymarie não conseguiu administrar adequadamente os recursos financeiros destinados à divulgação da causa Espirita.
    Leymarie, influenciado por sua ligação com a Teosofia de Blavatsky e defensor das alucinações catolicistas de Roustaing, acabou desviando o Movimento Espírita do caminho traçado por Kardec.
    Sua gestão na Revue Spirite foi marcada por publicações descuidadas e pela reprodução de fotografias fraudulentas, o que gerou o infame "Processo dos Espíritas".
    Esse episódio, pela grande repercussão, teve consequências graves e minou ainda mais a já combalida reputação do Movimento Espírita francês.

    2. As guerras e a perda dos líderes do movimento
    Além disso, o Movimento Espírita em França, em menos de um século enfrentou as dificuldades de três grandes guerras e aqueles que supõem serem os conflitos uma razão para fortalecimento de uma tendência religiosa através da consolação, se enganam. A mente humana, em certo nível de desesperação, se perde em pensamentos de vingança e predomina o ódio em vez da serenidade e do perdão. Há, certamente, alguma busca pelo conforto que a religião oferece, mas em menor proporção.

    La Revue Spirite reunia, nesse tempo, as mais destacadas personalidades do Espiritismo: Gabriel Delanne, Leon Denis, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano, Marcel Laurent, Dr. Gustave Geley, cujo falecimento implicava num movimento espírita acéfalo e sem grandes perspectivas.

    Ademais, com a mudança para o regime republicano em 1871, a divulgação espírita enfrentou grandes desafios.
    As ideias laicas provenientes da Revolução Francesa também afetaram a relação entre o Estado e a Religião, o que, de certo modo inibia a divulgação da Doutrina Espírita.

    A ocupação da França pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial também teve um impacto significativo na disseminação da Espiritismo, visto que seus livros e documentos foram destruídos ou confiscados pelas truculentas forças de ocupação.

    3. Experimentação Científica
    Acresce notar que houve um enfoque excessivo nas pesquisas científicas em torno dos fenômenos mediúnicos, negligenciando o aspecto moral, filosófico e espiritual da doutrina.
    Gabriel Delanne, um dos principais pesquisadores/experimentadores no período, em certo momento chegou a admitir que essa abordagem científica não foi a melhor opção para revitalizar o Movimento Espírita.

    No livro “Entre Irmãos de Outras Terras” de Chico Xavier, há uma entrevista de André Luiz com Gabriel Delanne, desencarnados, naturalmente, em que lhe foi feita a seguinte pergunta:
    - Muitos amigos na Terra são de parecer que os Mensageiros da Espiritualidade Superior deveriam patrocinar mais amplas manifestações da mediunidade de efeitos físicos para benefício dos homens, como sejam materializações e vozes diretas. Que pensa a respeito?
    — Creio que a mediunidade de efeitos físicos serve à convicção, mas não adianta ao serviço indispensável da renovação espiritual. Os Espíritos Superiores agem acertadamente em lhe podando os surtos e as motivações, para que os homens, nossos irmãos, despertem à luz da Doutrina Espírita, entregando a consciência ao esforço do aprimoramento moral.
  • editado July 2023
    Leymarie, influenciado por sua ligação com a Teosofia de Blavatsky e defensor das alucinações catolicistas de Roustaing, acabou desviando o Movimento Espírita do caminho traçado por Kardec.
    Ainda que de fato o Leymarie tenha dado alguma abertura pra Teosofia e o Roustaingnismo, certamente não teve expressiva influência na derrocada do Espiritismo em França. Aliás quanto à Teosofia ele nunca se convenceu, havendo o rompimento em 84.
    Remeto o Colega aos capítulos correspondentes do Espíritos sob Investigação de Carlos Seth Bastos.
    e pela reprodução de fotografias fraudulentas, o que gerou o infame "Processo dos Espíritas".
    Esse episódio, pela grande repercussão, teve consequências graves e minou ainda mais a já combalida reputação do Movimento Espírita francês.
    Sim, isso teve consequências catastróficas pro Espiritismo mesmo.
    Gabriel Delanne, Leon Denis, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano, Marcel Laurent, Dr. Gustave Geley, cujo falecimento implicava num movimento espírita acéfalo e sem grandes perspectivas.
    • GD vai no verão de 1905 junto c/o Richet fazer os experimentos na villa Carmen. As Aparições Materializadas de Vivos e de Mortos - II foi escrito em 1910 (veio a lume fevereiro 1911 portanto...).
    • Léon Denis faleceu em 1927.
    • CF faleceu em 1925.
    • Ernesto Bozzano faleceu em 1943. Que eu saiba todas obras de destaque dele são do século XX. E.g. A Crise da Morte é de 1930.
    • Dr. Geley era o Diretor do IMI até o acidente em julho 1924.
    • De Marcel Laurent não estou me lembrando agora.
    Então a cronologia é a que eu lhe disse. A decadência se dá nos 1920s, não em fins do XIX.
    A ocupação da França pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial também teve um impacto significativo na disseminação da Espiritismo, visto que seus livros e documentos foram destruídos ou confiscados pelas truculentas forças de ocupação.
    1940, não fins do XIX.
    Acresce notar que houve um enfoque excessivo nas pesquisas científicas em torno dos fenômenos mediúnicos, negligenciando o aspecto moral, filosófico e espiritual da doutrina.
    Porque houve a necessidade. Os tempos tinham mudado desde os 1860s, e tinha ficado claro que era necessário apresentar as comprovações. O tempo do enfoque dogmático característico do Kardec tava superado.
    Gabriel Delanne, um dos principais pesquisadores/experimentadores no período, em certo momento chegou a admitir que essa abordagem científica não foi a melhor opção para revitalizar o Movimento Espírita.
    Favor explicitar.
  • No início deste texto está dito que - Após a morte de Allan Kardec, o Movimento Espírita francês passou por um declínio gradual ao longo dos séculos XIX e XX quando vários eventos contribuíram para esse declínio.
    Quanto a Delanne, na obra citada ele se retrata e já em vida reconhece que a experimentação não ajudou no fortalecimento da DE.
    Os fatos falaram por si... Até hoje a França espiritista ainda não ocupa a posição que prometia, no alvorecer da DE.
    Aliás, o próprio Dellane joga uma pá de cal quando diz que os fenômenos ajudam na convicção, mas não no objetivo, que é a renovação espiritual.
    Veja, meu caro colega @Gorducho, quantos milhões de espíritas existem no mundo atualmente, e quantos chegaram a presenciar qualquer fenômeno. Ou seja, se para nos tornarmos adeptos precisássemos presenciar qualquer fenômeno, a DE não contaria o número expressivo de simpatizantes como tem, hoje.
    O que atrai, não exclusivamente, mas principalmente, é o poder da consolação, do esclarecimento e da esperança, em níveis de lógica e razão; o que o pensamento religioso atual nem de longe oferece.
    Para essas pessoas basta a crença na verdade do que lhes é relatado nos livros espíritas, e ação caridosa de seus participantes e suas instituições.

    No entanto, entendo que a vontade de crer no Espiritismo, por parte de muitos companheiros cultos e inteligentes, é sincera, mas não lhes basta a vontade, precisam de provas concretas e não apenas evidências de razoável credibilidade.
    A que se deve isto? Não é fácil explicar.




  • editado July 2023
    Colega patolino escreveu:
    No início deste texto está dito que - Após a morte de Allan Kardec, o Movimento Espírita francês passou por um declínio gradual ao longo dos séculos XIX e XX
    E o Colega disse [*]
    Alguém saberia dizer o porquê de o Espiritismo ter crescido de forma lenta e contínua em todo o mundo, enquanto na França, berço do Kardecismo, ia definhando já desde o final do século XIX até meados do século XX.
    E eu lhe respondi que a meu ver o declínio foi mesmo só nos 1920s. Houve, claro, aquele grande percalço das fotos, mas de certa forma se recuperou. O início do XX foi pujante. Até, infelizmente claro, por consequência da terrível tragédia WWI.
    Quanto a Delanne, na obra citada ele se retrata
    Não entendi, ¿qual obra?
    reconhece que a experimentação não ajudou no fortalecimento da DE.
    Claro que não ajudou porque fracassou em comprovar conclusivamente as alegações espíritas.
    De qualquer maneira, como gosto de estudar Espiritismo: ¿onde ele disse?
    • Na Revista Científica e Moral?
    • N'algum Congresso?
    • Carta?
    No entanto, entendo que a vontade de crer no Espiritismo, por parte de muitos companheiros cultos e inteligentes, é sincera, mas não lhes basta a vontade, precisam de provas concretas e não apenas evidências de razoável credibilidade.
    🤔 entendo que quem tem Vontade, Quer Crer, Crê.
    Havendo provas concretas já não entra "vontade": os fatos se impõem.
    Note que se o Espiritismo tivesse tido sucesso em se "auto" so to speak comprovar empiricamente, não "ser" espírita seria como ser terraplanista.
    Não é o caso. Cada pessoa em lugares (felizmente!) livres tendo Vontade de Crer n'alguma Religião escolhe a que preferir.

    [*] Sr. @NadaSei : como se faz pra apontar direto pro comentário (sem inserir em quote) tipo <a href ❓
  • editado July 2023
    Caro Sr. @Gorducho; a obra citada está no post anterior: "Entre Irmãos de Outras Terras" em que A. Luiz entrevista Gabriel Delanne sobre a experimentação de que participava quando em vida.
    Esta questão recorrente de se pedir provas dos fenômenos, no meu entender, é como uma desvio, por questões pessoais, para não encarar a razão e a clareza do ensinamento dos espíritos, evidentemente comparando com os dogmas das demais religiões. Também, não quero dizer que a razão e clareza por si sós sejam suficientes para o convencimento, afinal, trata-se de um tema, digamos, religioso.
    Esta é uma questão delicada pois que, você, estudioso, ocasionalmente consulta a Revue, e ali Kardec, relata inúmeros casos relacionados aos fenômenos mediúnicos na SPEE, em presença de nomes respeitados e pessoas sérias, comprometidas com a análise e pesquisa dos fatos espíritas.
    São inúmeros e os mais diversificados que se possa imaginar.

    Provas? Darei uma que certamente você conhece e não deu importância: a obra, Joana D'arc, ditada por ela mesma, psicografada por Ermance Dufaux quando esta tinha apenas 14 anos de idade e na presença de Kardec que a viu em ação.
    Ver sobre isso na Revue, janeiro 1858. Vale apena a consulta pois os detalhes sobre este episódio que Kardec aborda são deveras interessantes.
    Ela também psicografou fatos desconhecidos sobre os entreveros políticos de Luiz XI, de França.

    Citei dois, entre centenas, o que nos leva a perguntar: será que todos aqueles senhores se deixavam, enganar, em grupo?
    Como eu disse alguns dias atrás, as evocações e o inusitado das provas apresentadas na SPEE são bastante convincentes, quando vistas em conjunto.
    Também na Revue Kardec conta episódios sobre o médium de efeitos físicos D.D. Home, fala de sua personalidade cativante e tímida... vale a pena e, interessante, Kardec presenciou várias de suas apresentações e notou que conforme a assistência seus resultados podiam não ser tão bons.
  • Sr. @Gorducho disse:
    "entendo que quem tem Vontade, Quer Crer, Crê.
    Havendo provas concretas já não entra "vontade": os fatos se impõem.
    Note que se o Espiritismo tivesse tido sucesso em se "auto" so to speak comprovar empiricamente, não "ser" espírita seria como ser terraplanista.
    Não é o caso. Cada pessoa em lugares (felizmente!) livres tendo Vontade de Crer n'alguma Religião escolhe a que preferir."

    Desculpe, meu caro. Por "vontade" eu quis dizer atitude; considerando que nenhum cético negaria os imensos benefícios psicológicos que uma crença religiosa, longe do fanatismo, positivamente oferece.

  • editado July 2023
    a obra citada está no post anterior: "Entre Irmãos de Outras Terras" em que A. Luiz entrevista Gabriel Delanne sobre a experimentação de que participava quando em vida.
    Ok, mas Entre Irmãos de Outras Terras tem entrevista do Espírito A. Luiz c/o Espírito Gabriel Delanne, certo❓
    Eu perguntei onde o GD falou isso (❓)
    Esta questão recorrente de se pedir provas dos fenômenos, no meu entender, é como uma desvio, por questões pessoais, para não encarar a razão e a clareza do ensinamento dos espíritos, evidentemente comparando com os dogmas das demais religiões.
    Mas é isso mesmo! Sem as provas conclusivas o Espiritismo se igualou às outras Religiões. It all boils down to comparações de dogmas/postulados, como se queira chamar, que resultem em preferência pessoal de cada potencial adepto — imaginado alguém à procura d'alguma Religião sem saber a priori qual, no caso. Certamente não era o que o Kardec tinha em mente.
    afinal, trata-se de um tema, digamos, religioso.
    👍 só que o Kardec tentou incluir Ciência aí.
    a obra, Joana D'arc, ditada por ela mesma, psicografada por Ermance Dufaux quando esta tinha apenas 14 anos de idade e na presença de Kardec que a viu em ação.
    Sua redação dá a entender que o Kardec presenciou psicografia de partes do Joana d'Arc. Claro, houve séances públicas da psicografia em Fontainebleau, mas o Kardec veio a conhecer ela lá por 1857. Quando ela tinha 18 anos.
    Ela também psicografou fatos desconhecidos sobre os entreveros políticos de Luiz XI, de França.
    Vou tentar me informar sobre fatos desconhecidos que ela psicografou na obra.

  • patolino escreveu: »
    Desculpe, meu caro. Por "vontade" eu quis dizer atitude; considerando que nenhum cético negaria os imensos benefícios psicológicos que uma crença religiosa, longe do fanatismo, positivamente oferece.
    É assim que as ditaduras manipulam o povo.
    Povo conformado com sua sorte não se revolta.
  • editado July 2023
    considerando que nenhum cético negaria os imensos benefícios psicológicos que uma crença religiosa, longe do fanatismo, positivamente oferece.
    Eu sou cético e nego pra mim qualquer "benefício psicológico" advindo de religiosidade.
    Então não generalize SEUS sentimentos pra "nenhum" TODAS pessoas.

  • editado July 2023
    É assim que as ditaduras manipulam o povo.
    Povo conformado com sua sorte não se revolta.
    Aliás o Kardec gostava de obediência & resignação. Ele transcreve esse ditado do Espírito Lázaro (Paris, 1863):
    ESE - IX escreveu:
    8. A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, [...] pois prestarão dócil ouvido aos ensinos.
  • Gorducho escreveu: »
    considerando que nenhum cético negaria os imensos benefícios psicológicos que uma crença religiosa, longe do fanatismo, positivamente oferece.
    Eu sou cético e nego pra mim qualquer "benefício psicológico" advindo de religiosidade.
    Então não generalize SEUS sentimentos pra "nenhum" TODAS pessoas.

    Embora haja aqui um posicionamento pessoal de sua parte, presenciamos no mundo de hoje (talvez sempre tenha sido assim), uma espécie de angústia íntima do ser, que extravasa em excentricidades, da parte dos ricos e bem sucedidos; em violência inaudita dos fracassados, um receio, da parte do homem do povo ante às incertezas do sei futuro, por exemplo em relação às guerras, tragédias ambientais, cataclismos, crimes e doenças incapacitantes, e, para alguns mais sensíveis, a possibilidade de se ver projetado num vazio ignoto, ou ainda, as penas eternas pelas faltas mais graves que possa ter cometido.

    O Espiritismo além de explicar que o acaso não existe, ensina em sua vasta literatura, que tudo isso está nos desígnios do Altíssimo mediante sua justiça, perdão e misericórdia.

    Mesmo assim sempre existirão os céticos, ateus e gozadores. São eles, vítimas de um passado infeliz, no orgulho, na recalcitrância ou na indiferença, ante os chamados do Eterno Pai que sempre lhes foram dirigidos, mas até então ignorados ou repudiados.

    É importante notar que a pessoa de bom coração mesmo ignorando toda e qualquer crença religiosa, já está fazendo sua parte na ordem social e merece toda a complacência Divina.


  • É assim que as ditaduras manipulam o povo.
    Povo conformado com sua sorte não se revolta.
    Parece palavra de ordem de movimentos reacionários. kkkkk
    Desde o século passado as ditaduras surgem por imprevidência do próprio povo que idolatra políticos sem sequer conhecê-los ou suas intenções.
    Michel De'Montaigne, em seus "Ensaios" detalha, como uma visão do futuro, os mecanismos sociais que estabelecem e mantêm uma ditadura.

  • editado July 2023
    presenciamos no mundo de hoje (talvez sempre tenha sido assim), uma espécie de angústia íntima do ser, que extravasa em excentricidades, da parte dos ricos e bem sucedidos; em violência inaudita dos fracassados, um receio, da parte do homem do povo ante às incertezas do sei futuro, por exemplo em relação às guerras, tragédias ambientais, cataclismos, crimes e doenças incapacitantes, e, para alguns mais sensíveis, a possibilidade de se ver projetado num vazio ignoto
    Claro que sempre foi assim❗ Ou acha que "antigamente" não tinha isso na crosta terrícola❓
    O Espiritismo além de explicar especular que o acaso não existe, ensina fantasia em sua vasta literatura, que tudo isso está nos desígnios do Altíssimo mediante sua justiça, perdão e misericórdia.
  • Gorducho escreveu: »
    presenciamos no mundo de hoje (talvez sempre tenha sido assim), uma espécie de angústia íntima do ser, que extravasa em excentricidades, da parte dos ricos e bem sucedidos; em violência inaudita dos fracassados, um receio, da parte do homem do povo ante às incertezas do sei futuro, por exemplo em relação às guerras, tragédias ambientais, cataclismos, crimes e doenças incapacitantes, e, para alguns mais sensíveis, a possibilidade de se ver projetado num vazio ignoto
    Claro que sempre foi assim❗ Ou acha que "antigamente" não tinha isso na crosta terrícola❓
    O Espiritismo além de explicar especular que o acaso não existe, ensina fantasia em sua vasta literatura, que tudo isso está nos desígnios do Altíssimo mediante sua justiça, perdão e misericórdia.
    Que aquelas coisas aconteciam é óbvio que sim. Mas não nos níveis de hoje e não configuravam essa demência cruel dos agentes do terror urbano.
    Os horrores do passado ocorriam em circunstâncias e locais que se adivinhavam propícios. Hoje, vc está em seu lar, no trabalho ou numa igreja e está exposto a qualquer tipo de infortúnio.
    Quanto à especulação e fantasias, dependem dos olhos de quem vê.

    A propósito, o questionamento que você fez em relação a Delanne, veja:

    Nesse caótico quadro de declínio doutrinário há quem assinale outro aspecto especial. Trata-se da questão das excessivas pesquisas científicas em torno dos fenômenos mediúnicos. Havia prioridades nas experimentações laboratoriais com os médiuns. O próprio Gabriel Delanne seguiu esse caminho de pesquisa. Não obstante, tenha se declarado “arrependido”, numa entrevista concedida ao brasileiro Canuto Abreu, afirmando que a experiência científica não teria sido a sua melhor opção para o revigoramento do Movimento Espírita.
    https://www.espiritualidades.com.br/Artigos/H_autores/HESSEN_Jorge_tit_Movimento_espirita_Pos_Kardec_-_episodios_e_declinio_doutrinario_na_Franca.htm




  • patolino escreveu: »
    O Espiritismo além de explicar que o acaso não existe, ensina em sua vasta literatura, que tudo isso está nos desígnios do Altíssimo mediante sua justiça, perdão e misericórdia.
    O espiritismo não explica nada, apenas criou uma hipótese.
    Acreditar nela pode funcionar como ansiolítico para alguns.
  • Dos meus guardados:
    Reencarnação: Um Exame Crítico

    Barry L. Beyerstein, do Brain Behavior Laboratory, Departamento de
    Psicologia da Universidade Simon Frasier, EUA.

    Este texto é uma resenha do livro "Reincarnation: A Critical Examination",
    de Paul Edwards.

    Poucos de nós gostamos de ter reveladas as fraquezas das nossas mais
    confortantes crenças, e quando as hipóteses sob escrutínio dizem respeito a
    itens cruciais tais como a possibilidade de vida após a morte ou os
    fundamentos sobrenaturais dos nossos preceitos morais, uma atitude de
    questionamento é quase garantia de carrear grande impopularidade ao
    apresentador. Paul Edwards arriscou esse vaticínio de novo, desta vez ao
    examinar criticamente certas doutrinas, antes confinadas em grande parte a
    crentes Hinduístas e Budistas, mas que recentemente ganharam popularidade
    entre os discípulos ecléticos da espiritualidade Nova Era. E, o que é
    interessante, atraíram um bom número de adeptos Cristãos que animadamente
    não tomam conhecimento do fato de que a doutrina da reencarnação contradiz
    outros princípios essenciais da sua fé.

    Ignoradas até hoje pelos grandes filósofos ocidentais, as doutrinas da
    reencarnação e do Karma, tradicionalmente associadas (mas logicamente
    independentes) são inteiramente examinadas no delicioso e enciclopédico
    tratado de Paul Edwards. Edwards prossegue com sua habitual precisão a
    expor as hipóteses obscuras, as falhas empíricas, e as implicações
    freqüentemente impalatáveis desses ensinamentos que, na superfície, podem
    parecer muito atraentes. É sempre um prazer observar o pensador incisivo
    cortar direto ao âmago de uma questão e então prosseguir para expor suas
    conseqüências lógicas em prosa clara e concisa. É um prazer duplo se essa
    exposição for levada a cabo com humor e talento, como é este o caso. Só
    muito raramente se ganha o bônus de rir em meio à análise irrefutável de um
    eminente filósofo. Veja este exemplo da piscada de olho do sábio que
    aparece na página 18: "Parece ridículo que algo tão importante como a
    criação de uma alma que irá existir para sempre possa estar ligada a tais
    acidentes como a falha de um dispositivo anticoncepcional."

    A crença de que uma essência de nós mesmos sobrevive à morte do corpo é
    talvez a mais confortante de todas as inclinações espirituais. Ela tem
    proporcionado reconfôrto aos seres humanos provavelmente desde o momento em
    que nossos ancestrais desenvolveram cérebros de suficiente complexidade que
    lhes permitiram antecipar o futuro e contemplar sua própria mortalidade. O
    consolo proporcionado por algum tipo de expectativa de vida após a morte
    deve provavelmente ter sido suficiente para assegurar por si mesma que sua
    popularidade não diminuísse, mas, como Edwards ressalta, a versão de
    imortalidade pregada pela maioria dos reencarnacionistas oferece ainda uma
    outra atração. A crença na reencarnação alimenta não só a esperança em vida
    além da sepultura, mas conjugada à sua freqüente companheira de viagem, a
    "lei" do Karma, ela também fornece suporte aparente a um outro desejo
    humano universal, a vontade de acreditar que habitamos um universo justo.

    O brilho cálido que esta solução oferece aos crentes desvia sua atenção das
    muitas dificuldades conceituais e práticas inerentes que Edwards põe a nu
    neste livro. Por exemplo, a maior dificuldade para os reencarnacionistas é
    o que ele chama de problema de "modus operandi." Para os pensadores
    mágicos, basta imaginar alguma coisa para que ela aconteça. Mas para o
    resto de nós, há a incoveniente necessidade de uma cadeia plausível de
    mecanismos causais antes que se possa admitir a probabilidade de um dado
    fenômeno. Com os múltiplos avanços no conhecimento científico desde os dias
    em que se formulou a história da reencarnação, vem ficando cada vez mais
    difícil conceber um mecanismo razoável através do qual um atributo corpóreo
    (tal como um sinal de nascença ou deformidade, que recebem muita atenção
    nos círculos reencarnacionistas) ou uma propriedade mental tal como
    conhecimento, ou um traço da personalidade, ou uma inclinação, possam ser
    empacotados ao fim da vida de uma pessoa, mantidos em suspenso em forma
    não-física entre encarnações (o "problema do interregnum") e finalmente
    implantados num feto no ventre de sua mãe em preparação para outra
    revolução do eterno carroussel. Igualmente forçamos a credulidade ao
    aceitar a hipótese de que listas detalhadas de cada boa ou má ação
    praticada por todas as pessoas que já viveram possa ser mantida em algum
    lugar e avaliada, sem falar em atrelá-la a mecanismos retributivos
    transgeracionais tão diversos quanto terremotos, bactérias, touros
    enfurecidos, raios atmosféricos, ou um freqüentador de bar grandalhão e
    mal-humorado chamado Bob.

    O psicólogo canadense Melvin Lerner e seus colegas estudaram várias
    necessidades psicológicas que fazem perenemente atraente a idéia de
    aplicadores de justiça transcendentais tais como a lei do Karma. Lerner
    descreve várias vantagens em acreditar naquilo que ele chama de "hipótese
    do mundo justo," isto é, a noção confortadora de que, na vida, as pessoas
    geralmente obtêm aquilo que elas merecem e merecem aquilo que elas obtêm.
    Muitos de nós nos rebelamos emocionalmente ao percebermos - facilmente
    induzidos por uma rápida olhada nas manchetes diárias - que as benesses e
    os espinhos da vida parecem ser de algum modo repartidos ao acaso,
    moralmente falando. Aparentemente, é muito ameaçador para a maioria do povo
    admitir que, não importa quanto tempo se gasta e o empenho com que se tenta
    fazer a coisa certa, o motorista daquele ônibus que se aproxima ainda
    poderia estar cochilando ao volante. É esta motivação de crença salvadora
    numa mão oculta que impõe recompensas e punições merecidas numa escala
    cósmica que explica a revoltante mas freqüente tendência a depreciar
    vítimas aparentemente inocentes. Por exemplo, "Ela devia estar vestida ou
    ter se comportado de modo provocante ou então não teria sido estuprada, não
    é mesmo?"

    Com adultos vítimas de infortúnio, basta apenas distorcer a nossa percepção
    do merecimento do indivíduo para preservar nossa crença num mundo justo,
    mas o que dizer de bebês afligidos por doenças que martirizam e deformam,
    ou crianças tornadas órfãs e torturadas pelos perpetradores de "limpeza
    étnica"? Como poderiam elas de algum modo ter acumulado suficientes
    deméritos em suas vidas curtas para ter merecido um destino tão cruel? Uma
    resposta rápida, se você pode aceitá-la, é dada por aqueles dois alvos do
    bisturi dissector de Edwards, reencarnação e Karma. Aparentemente, aceite
    se quiser -- capital moral acumulado, de qualquer forma -- é isso aí. Nisto
    temos a tão procurada desculpa para o panorama de mal gratuito e sorte
    inesperada que encontramos diariamente. Essas crianças mereceram isso é
    certo, mas não pelo que elas fizeram nesta existência curta e brutal.
    Quiçá, elas estão expiando maus atos praticados em uma ou mais de uma série
    infinita de vidas prévias. E, a propósito, aquele corretor de ações de alto
    risco em Wall Street merece sim seu Rolex, BMW e iate, afinal de contas -
    ele foi obviamente um personagem um tanto mais meritório numa encarnação
    prévia.

    Genial, hein? Bem, sim, uma espécie de Edwards imparcial admite que este
    relato faz mais sentido que a tradicional explicação cristã de que bebês
    mortos por bombas de napalm, são por razões além do nosso curto alcance, um
    infeliz subproduto da predileção de Adão e Eva por maçãs. Mas espere!
    Aprofundando mais sua análise Edwards revela que as doutrinas de Karma e
    reencarnação, tão pertinentes à primeira vista, carregam consigo algumas
    implicações deveras revoltantes que seus devotos parecem raramente ter
    notado. Por exemplo, resulta dessas concepções que eu não devo doar
    dinheiro para campanhas contra a fome na África porque aqueles miseráveis
    famintos devem merecer esse destino por terem "aprontado" por aí na última
    vez (ou vezes). Ajudar os aflitos frustra seu Karma, veja você.

    Uma outra pedra no caminho suscitada por Edwards é a população mundial que
    vem crescendo sem parar. Se as almas de todos os terráqueos atuais
    habitaram necessariamente um corpo numa geração anterior, e -- também de
    acordo com a doutrina -- nenhuma alma nova está sendo criada, e havia menos
    corpos no planeta do que há nos tempos atuais, parece que deveríamos estar
    às voltas com um sério déficit de almas. Alguns reencarnacionistas tem
    tentado evitar este impedimento com tediosas girações arquitetadas
    especificamente para este caso (promoção de almas animais a humanas,
    recrutamento de almas de outros planetas ou dimensões, compartilhamento de
    uma mesma alma, etc.), mas os extremos a que estes apologistas têm ido
    somente ressalta, como observa Edwards, quão fantasioso é na realidade o
    empreendimento reencarnacionista em seu todo.

    Então chegamos à talvez mais forte, e para mim (como estudante de longa
    data da função cerebral) a mais atrativa objeção à reencarnação levantada
    por Edwards. A ligação evidente de todos os atributos psicológicos a
    estruturas e funções altamente específicas em cérebros individuais é uma
    razão convincente para duvidar que um pacote de traços da personalidade e
    habilidades possam saltar de uma pessoa moribunda para o limbo, e dali para
    um embrião recém-concebido. Ainda que a moderna neurociência não possa
    conclusivamente excluir a possibilidade de existir consciência
    extracorpórea, há um assombroso acúmulo de evidência sugerindo que o
    pensamento, a memória e as emoções requerem um cérebro intacto funcionando
    perfeitamente, servindo para firmar a ligação cérebro-mente como um dos
    postulados científicos mais bem substanciados. Eu apresentei uma revisão
    dessa evidência e suas implicações em várias crenças ocultas, numa edição
    anterior do Skeptical Inquirer (SI, Winter 1988).

    Embora Edwards não advogue, como eu fiz naquela ocasião, a versão mais
    extrema da posição materialista a respeito do "problema mente-corpo" - a
    hipótese de identidade psiconeural, que afirma que as funções mentais são
    idênticas a estados do cérebro - ele argumenta que a dependência manifesta
    de todas as funções mentais de funções cerebrais específicas faz com que a
    possibilidade de que traços pessoais, conhecimento, ou autoconsciência
    possam pular de uma encarnação para a seguinte seja extremamente remota. De
    qualquer forma, como eu mencionei no artigo supracitado, se esta espécie de
    transmigração de traços e conhecimento for possível, então todo o meu campo
    de neurociência comportamental que eu escolhi é essencialmente uma
    caminhada inútil. Felizmente, após ler este livro, o apostador prudente irá
    provavelmente concluir que as chances de que o conceito de reencarnação
    seja fatalmente invalidado, são substancialmente maiores do que a
    probabilidade de que o princípio fundamental da neurociência (isto é, a
    ligação cérebro-mente, que, se verdadeira, torna a reencarnação tão
    improvável) corra um perigo substancial.

    A evidência, como tal, é exaustivamente examinada por Edwards. Muito dela
    provém de testemunhas aparentemente dignas de crédito que alegam ter visto
    os "corpos astrais" projetados de outras pessoas no momento da sua morte,
    ou de crianças que parecem notavelmente precoces, ou que "se recordam" de
    pessoas, lugares ou eventos que lhes parecem improváveis ter conhecido a
    não ser que os tivessem realmente vivenciado numa vida anterior. Edwards
    mostra que a evidência empírica, na forma de argumentos de apoio expressos
    por exploradores de vidas passadas tais como Elizabeth Kübler-Ross,
    Stanislav Grof, Raymond Moody, e Ian Stevenson são bem menos convincentes
    do que as manchetes da imprensa sensacionalista fariam você acreditar. A
    exemplo da maior parte da evidência anedótica deste gênero, o exame revela
    que histórias recontadas pelos crentes acham um jeito de ir ficando mais
    bem arrumadas e mais convincentes à medida que passam de boca em boca.

    Conforme Leonard Angel mostrou nestas páginas algum tempo atrás (SI, Fall
    1994), a leitura cuidadosa dos "melhores casos" reconhecidos de
    reencarnação, como por exemplo, vários do parapsicólogo Ian Stevenson,
    revela inconsistências internas significativas nos relatos que os colocam
    em dúvida, antes mesmo da própria evidência ser examinada. Edwards menciona
    problemas similares na base evidencial e deu-se ao trabalho de rastrear
    muitos outros "melhores" casos retrocedendo às suas fontes tanto quanto
    possível. Ao longo do caminho nós somos servidos com alguns exemplos
    hilários de credulidade entre aqueles possuídos pela vontade de acreditar.

    Ao atacar o famoso caso de "Bridey Murphy", supostamente um dos mais fortes
    do arsenal reencarnacionista, Edwards presta aos céticos o serviço
    adicional de mostrar que algumas das refutações que os céticos gostam de
    apregoar (eu mesmo entre eles, até que li este capítulo) eram elas mesmas
    produtos do excesso jornalístico e portanto não confiáveis. Edwards acha
    muito mais, contudo, ao desacreditar a evidência da vida prévia de Virginia
    Tighe como Bridey Murphy. No processo, ele reúne críticas cortantes ao uso
    da hipnose e técnicas correlatas para "revelar" memórias de vidas passadas.
    Basta dizer que, no geral, o caso empírico da reencarnação não se sai
    melhor que o conceitual, lógico e moral.

    Os céticos que seguirem minha recomendação e lerem Reencarnação: Um Exame
    Crítico [de Paul Edwards] vão obter muita munição para debater não somente
    com reencarnacionistas mas também com aficionados de "experiências de morte
    eminente" e entusiastas de outros tipos de "vida após a morte" também. No
    processo eles serão servidos com uma boa leitura - os ensaios de H. L.
    Mencken saltam imediatamente à mente neste contexto. Reencarnação é um útil
    suplemento a uma obra anterior de Edwards, Imortalidade, e a outro trabalho
    que nós ambos admiramos, o livro de Susan Blackmore Morrendo para Viver. Os
    céticos familiares com estas obras estão bem preparados para entrar em
    debates. Eles devem ser advertidos, todavia, que se a evidência lógica
    contida aqui fosse o determinante final da crença, noções vagas mas
    confortantes como reencarnação e Karma nunca teriam ganho seu substancial
    status cultural em primeiro lugar.
  • Existe um dado de relevante significação e que é propositalmente ignorado por quem tem a ciência como seu Deus. A vida nunca foi um arranjo maravilhoso de moléculas, substâncias, átomos e radiações.
    Desde que ela surge, um princípio inteligente, integrador da evolução, esteve presente.
    Não existe qualquer raciocínio, sem essa ideia básica, que não seja tendencioso ou discriminativo.
Esta discussão está fechada.