Milhares saem às ruas para protestar contra o governo em Cuba

Milhares saem às ruas para protestar contra o governo em Cuba
Manifestantes demandam vacinas contra Covid e fim de apagões diários na ilha

Aos gritos de "liberdade" e "abaixo a ditadura", milhares de pessoas foram neste domingo (11) às ruas de diferentes cidades de Cuba, entre as quais Havana, para expressar frustração por meses de crise, restrições devido à Covid e o que acusam ser negligência do governo. Atos do tipo são raros na ilha.
Em um discurso exibido em rede nacional, o dirigente do país e primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba, Miguel Díaz-Canel, acusou os Estados Unidos de serem responsáveis pelos atos. "Estamos convocando todos os revolucionários do país, todos os comunistas, a irem às ruas onde existirem esforços para produzir essas provocações", disse Díaz-Canel.

No fim da tarde, jipes das forças especiais, equipados com metralhadoras, circularam por Havana. Milhares de pessoas se reuniram no centro da cidade e ao longo da estrada que beira o mar, e houve alguns episódios de tumulto, com prisões e brigas.

Um repórter da agência de notícias Reuters presenciou a polícia lançando spray de pimenta e batendo com cassetete em manifestantes, mas as forças de segurança não tentaram parar a multidão, que entoava gritos de "liberdade!" e abafava opositores que tentavam rebater gritando "Fidel!".

​As manifestações começaram no povoado de San Antonio de los Baños, um pequeno município rural da província de Artemisa, vizinha de Havana, com cerca de 50 mil habitantes, e se espalharam.
Um destacamento militar foi enviado à cidade, que também recebeu a visita de Díaz-Canel junto com militares do Partido Comunista Cubano. Vídeos nas redes sociais mostram centenas de moradores entoando slogans contra o governo e exigindo vacinas contra o coronavírus e o fim de apagões diários.

“Fui comprar comida na cidade e vi várias pessoas com cartazes, protestando. Elas estão protestando devido aos cortes de energia elétrica e porque não há remédios”, disse a moradora Claris Ramirez, por telefone, à Reuters.

Também ocorreram protestos no domingo em Palma Soriano, na província de Santiago de Cuba, onde um vídeo, confirmado por um morador, mostrava centenas de pessoas marchando pelas ruas.

Os atos aconteceram em um dia em que Cuba registrou um novo recorde diário de infecções e mortes pelo coronavírus, com 6.923 casos notificados de um total de 238.491, além de 47 mortes em 24 horas, somando, ao todo, desde o início da crise sanitária, 1.537 mortes.

A ilha caribenha passa por uma profunda crise econômica intensificada pela pandemia de coronavírus e pelo fortalecimento do embargo que os EUA mantêm ao país há 60 anos —ambos impactam o turismo, principal fonte de renda. No ano passado, durante a crise da Covid, cidades turísticas se esvaziaram.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/07/milhares-saem-as-ruas-para-protestar-contra-o-governo-em-cuba.shtml

Comentários

  • editado July 2021
    Ao que parece, Cuba lançando novos paradigmas para o conceito de "ditadura".
  • Essa manifestação é financiada pelo zamericanos e cubanos que vivem na Florida. Logo, não vale.
  • Agora os petistas e comunistas daqui vão dizer pra quem é de direita: _ Vá pra Cuba!
  • Só porque está faltando comida, eletricidade e a pandemia está matando geral?
    60 anos de "revolução" e eles ainda não se acostumaram com isso?
  • Interessante, estes protestos em Cuba. E a gente começa a pensar: "Por que tem mais gente fugindo DE Cuba para os Estados Unidos, do que DOS Estados Unidos para Cuba?"
    Por que a esquerda caviar gosta de passear nos EUA, França, Inglaterra etc. mas PASSA BEM LONGE da Coreia do Norte, Venezuela, Haiti, China?
  • editado July 2021
    Judas,
    Ben Shapiro é um ótimo analista político. Obrigado por compartilhar.
  • Judas,
    Ben Shapiro é um ótimo analista político. Obrigado por compartilhar.

    B)
  • editado July 2021
    EUA deviam surpreender e organizar o fim do bloqueio - enviar navios com bens para o povo de Cuba - uma enorme chapada num regime que já devia ter caído.
  • O que a Europa fez por Cuba?
  • editado July 2021
    PugII escreveu: »
    EUA deviam surpreender e organizar o fim do bloqueio - enviar navios com bens para o povo de Cuba - uma enorme chapada num regime que já devia ter caído.
    Muito melhor a recomendação do Shapiro, trocar 1 por 1 os manifestantes em Cuba por manifestantes esquerdistas nos EUA.

  • PugII escreveu: »
    EUA deviam surpreender e organizar o fim do bloqueio - enviar navios com bens para o povo de Cuba - uma enorme chapada num regime que já devia ter caído.
    Isto já foi feito, em outras ocasiões.
    Quando a mercadoria chega, o povo é impedido de recolhê-la. O que o governo faz é confiscar todo o alimento e remédio, distribuindo entre os apaniguados.

  • editado July 2021
    Cuba não pode culpar os Estados Unidos pela própria incompetência

    Por Editorial 13/07/2021

    Cai mais um mito sobre a ditadura cubana, que ainda encanta parcela expressiva da esquerda brasileira: a balela de que a população apoia em peso o regime castrista, responsável não apenas pela pobreza endêmica que assola a ilha há décadas, mas por uma gestão desastrada da pandemia. Milhares de cubanos foram às ruas protestar no domingo, na maior manifestação contra o governo desde o Maleconazo, a revolta de 1994 decorrente da crise econômica provocada pela desintegração da União Soviética.

    Aos gritos de “liberdade”, “abaixo a ditadura” e “Pátria e vida”, nome de canção crítica ao regime, os manifestantes foram vistos primeiro em San Antonio de los Baños, 33 km a sudoeste de Havana. Por quase uma hora, vídeos transmitiram o que acontecia nas ruas por uma rede social, até serem bloqueados. Em pouco tempo, protestos semelhantes irromperam noutras cidades. Em Havana, mesmo sob forte presença policial, também houve registro de aglomerações contra o governo. Seguindo a cartilha das ditaduras, as autoridades cubanas cortaram a internet e o telefone nas regiões mais agitadas.

    A situação atual desmente a narrativa daqueles que ainda consideram que Cuba tem lições a dar na área da saúde ou do combate à fome (o Chile, com seus próprios protestos, segue sendo o melhor exemplo da América Latina). Mesmo para um país com um longo histórico de problemas crônicos de abastecimento e com uma população acostumada a conviver com filas sem fim para obter alguma comida, a situação atual supera o padrão. Nem o pão se salva. Nas padarias estatais, o governo mandou economizar farinha de trigo, importada, fazendo uma mistura com farinhas de produtos locais. Quem consegue pão tem reclamado do sabor de milho empapado.

    O presidente Miguel Díaz-Canel, que assumiu o poder há três anos, foi rápido ao culpar o embargo americano pela situação do país. É uma acusação ridícula. É certo que, segundo a ONU, a economia cubana perdeu cerca de US$ 130 bilhões em seis décadas em virtude do embargo. Mas Díaz-Canel erra de forma deliberada ao culpar os americanos pela falta de alimentos. Desde 1992, comida é uma das exceções às sanções econômicas. Os Estados Unidos são os maiores exportadores de alimentos para Cuba, que importa 70% do que consome.

    Com a pandemia, o turismo na ilha, responsável por 10% do PIB e fonte de dólares, sofreu forte retração. O total de turistas caiu para um quarto do que era em 2019. Com a redução dos voos comerciais entre Miami e Cuba, outro efeito da pandemia, diminuiu também o envio de dólares de cubanos que vivem nos Estados Unidos. Para completar o quadro, os preços dos alimentos subiram no mercado internacional nos últimos tempos. Sem dólares, com uma economia sem capacidade de gerar riquezas, Cuba só tem a si mesma para culpar pela fome de seu povo.
    https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/cuba-nao-pode-culpar-os-estados-unidos-pela-propria-incompetencia.html
  • Como Cuba vê a prostituição e o turismo sexual?
    "Não diga que as universitárias se prostituem em Cuba. Pega mal, fale que até as prostitutas têm curso universitário em Cuba!"
    Pronto. Problema resolvido .
  • Como Cuba vê a prostituição e o turismo sexual?
    "Não diga que as universitárias se prostituem em Cuba. Pega mal, fale que até as prostitutas têm curso universitário em Cuba!"
    Pronto. Problema resolvido .

    Esse não é um bom exemplo, nos EUA, pornografia entre universitárias não é incomum - modo de pagar as elevadas propinas (não sei se no Brasil esta palavra existe neste sentido, custo anual de estudar na universidade).

  • Confundido um ambiente livre com um ditatorial. Quem faz porn no segundo é por necessidade.
  • PugII escreveu: »
    Como Cuba vê a prostituição e o turismo sexual?
    "Não diga que as universitárias se prostituem em Cuba. Pega mal, fale que até as prostitutas têm curso universitário em Cuba!"
    Pronto. Problema resolvido .

    Esse não é um bom exemplo, nos EUA, pornografia entre universitárias não é incomum - modo de pagar as elevadas propinas (não sei se no Brasil esta palavra existe neste sentido, custo anual de estudar na universidade).
    Aqui no Brasil, usamos o termo "mensalidade" ou "anuidade". Concordo com você que muitas mulheres se voltam para a pornografia ou a prostituição para se manter nas universidades americanas. Mas depois acho que elas param. Ver mulheres com diploma de curso superior se prostituindo (as famosas jineteras ) é muito triste. E comprova a FALÊNCIA do socialismo cubano - se houvessem empregos com salários decentes, então por que advogadas, professoras e etc. se voltariam para a prostituição em Cuba?
  • Cuba culpa o bloqueio dos Estados unidos pela sua situação econômica mas o fato é que para cada produto americano há similares de outros países, similares e as vezes até melhores, muitas vezes por menos da metade do preço.
  • Senhor escreveu: »
    Cuba culpa o bloqueio dos Estados unidos pela sua situação econômica mas o fato é que para cada produto americano há similares de outros países, similares e as vezes até melhores, muitas vezes por menos da metade do preço.
    Os EUA não impedem a venda de alimentos e medicamentos a Cuba. Inclusive são os maiores fornecedores.
    Quem causa a escassez é a ditadura, que, curiosamente, diante dos protestos, reduziu as tarifas de importação e liberou itens antes proibidos.
  • Embargo dos EUA? Sim, mas é parcial e não envolve comida nem medicamentos.
    Além disto, o resto do mundo não participa do embargo.
    Cuba não tem desculpa. É incompetência, mesmo.
    file.php?id=420&t=1
  • Cuba - Uma ilha sem canoas

    Por Eurípedes Alcântara 17/07/2021

    Vi em Cuba cenas só explicáveis pela existência de um governo opressor. A mais marcante foi não existirem pescadores artesanais nas cidades costeiras. Cuba é a única ilha do planeta em que construir uma canoa é uma atitude altamente suspeita. A pesca marítima é feita por empresas estatais comandadas pelos militares. “O velho e o mar”, o clássico de Ernest Hemingway, foi escrito em Cayo Blanco, na costa cubana, em 1951. Narra a luta vã de um velho pescador, Santiago, contra um marlim, que ele fisga e tenta rebocar de volta ao cais só para descobrir, abismado, que os tubarões devoraram toda a carne, deixando apenas o esqueleto imprestável do peixe. Um Santiago hoje preferiria atravessar o Estreito da Flórida e rumar com seu barco para os Estados Unidos. Cuba não tem canoas pela mesma razão que as prisões têm grades.
    https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/uma-ilha-sem-canoas.html
  • editado July 2021
    Pesquisem no youtube sobre a Carolina Cox, ativista comunista do Chile, foi para Cuba e não aguentou ficar no país, foi embora depois de 1 mês. Mais informações nesse vídeo: https://youtube.com/watch?v=CK16VZb7jbQ
  • Volpiceli escreveu: »
    Pesquisem no youtube sobre a Carolina Cox, ativista comunista do Chile, foi para Cuba e não aguentou ficar no país, foi embora depois de 1 mês. Mais informações nesse vídeo: https://youtube.com/watch?v=CK16VZb7jbQ

    =) =) =)
  • Impressões de uma viagem a Cuba
    Ditadura - Cuba seja aqui

    Por Eduardo Affonso 26/07/2021

    Você já foi a Cuba, companheiro? Não? Então, vá. Quem fez isso tem muita história para contar

    Fui ávido para mergulhar no Caribe e no comunismo. Encontrei-os em frente ao hotel. Um, aspergindo azul sobre o Malecón; o outro, na forma de um sujeito que veio oferecer charutos desviados das fábricas estatais. No, gracias. Será que eu não queria rum legítimo? Conhecer uma amiga dele? Um amigo, quem sabe? Essa cena se repetiu dezenas de vezes. Mas não era nos tempos de Fulgêncio Batista que o país se tornara o paraíso do contrabando e da prostituição? Cuba e seus paradoxos.

    Nas sacadas dos sobrados da Habana Vieja (impossível estar em Cuba e não pensar na Bahia), há lembranças de uma já dilapidada elegância. Numa dessas quase ruínas, a orgulhosa militante faz questão de contar que falta manteiga, mas todos têm pão; que ela não teve boneca, mas a filha é cientista. Quantos no mundo — pergunta, retoricamente — podem dizer isso? Não sei. Adiante, na calçada onde se trocam tampas sem panela por panelas sem tampa, outra mulher, com dólares amarrotados na mão, me pede para comprar, numa loja exclusiva para estrangeiros, açúcar, sabonete, um pedaço de frango. Onde se aceita peso, falta quase tudo.

    O analfabetismo foi praticamente erradicado. Mas educação, entendida como diálogo, reflexão, questionamento e construção ativa do conhecimento, isso não há. Há doutrinação — o oposto de preparar para o mundo, de proporcionar a experiência de saber o que existe mais além.

    Na teoria, em Cuba haveria livros a mancheias, edições baratas por causa do papel de baixa qualidade e do pouco- caso com direitos autorais. Na prática, bem fornidas só as prateleiras de marxismo. Mas tive experiências enriquecedoras em livrarias. Com um quê de filme de 007, elas tinham se tornado o lugar perfeito para câmbio ilegal. Trocavam-se olhares, acertava-se a taxa (dez vezes maior que a oficial) com gestos sutis. Pesos cubanos eram deixados entre as páginas ásperas de um volume sobre materialismo dialético, enquanto se encartava a cédula de dólar numa obra em papel-jornal sobre a concentração de capital. Depois, era só devolver os exemplares às estantes, disfarçar, e cada um folhear o livro alheio, recolhendo discretamente o que ali houvesse de valor.

    Ensaia-se agora, no verão de lá, uma “primavera de Havana”, com o povo — alegre e generoso como poucos — indo às ruas exigir liberdade, oportunidade, dignidade, comida. Quem derrubou há 62 anos uma tirania saberá como fazer uma nova revolução, trocando “Patria o muerte” por “Patria y vida”.

    Estive na Hungria de Kádár, na Tchecoslováquia de Husák, na Iugoslávia de Dizdarevic. No Mianmar de uma junta militar, na Cuba de Fidel. E, para variar, no Chile de Pinochet. Muita sorte teve, muita sorte terá quem andou por lá como viajante, sabendo que as restrições eram por poucos dias, não sem data para acabar.

    Na última noite em Havana, me apareceu no hotel a cubana para quem comprei comida e com quem comentei não ter encontrado os livros que queria. Trazia numa sacola todos os de Alejo Carpentier e Nicolás Guillén da sua estante.

    Por isso, Cuba seja aqui. Uma gente tão parecida com a nossa, que não quer saber de ditadura. Seja a de Castro, seja a de Ustra.
    https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/cuba-seja-aqui.html


  • Autoritarismo - Cuba condena duramente manifestantes de julho

    Por Pablo Ortellado 15/01/2022

    A Justiça cubana está julgando e condenando com penas severas os participantes dos protestos de julho de 2021. Em 11 de julho e nos dias que se seguiram, milhares de cubanos, muitos deles bem jovens, saíram às ruas para exigir liberdade e protestar contra as condições econômicas, a escassez de medicamentos e a resposta do governo à pandemia. Organizações de direitos humanos estimam que mais de 1.300, a grande maioria manifestantes pacíficos, foram detidos. Mais de 700 continuam presos provisoriamente, entre eles 39 adolescentes. Muitos julgados dizem que nem sequer tiveram acesso a um advogado.

    As acusações mais graves, de rebelião, podem resultar em sentenças de até 30 anos de prisão. O número exato dos que são julgados é desconhecido, já que o governo cubano se nega a dar qualquer informação sobre os processos, a imprensa oficial não os cobre, e a imprensa estrangeira não tem acesso aos julgamentos.

    O governo cubano nega que haja qualquer restrição ao direito de manifestação no país. Quando confrontado com os fatos, justifica a dura repressão dizendo que os protestos são atos de rebelião insuflados pelos Estados Unidos.

    A situação dos direitos humanos em Cuba é muito ruim. O último relatório da Human Rights Watch dá a dimensão do problema.

    Aos detidos nos protestos de julho, somam-se os coletivos de artistas presos em manifestação no dia 15 de novembro. Eles foram os únicos que arriscaram se manifestar numa marcha cívica pela mudança depois da dura repressão de julho. O rapper Maykel Osorbo, autor de “Patria y vida” (que inverte o slogan revolucionário “Patria o muerte”), ganhador do principal prêmio no Grammy Latino neste ano, continua preso e incomunicável. Outros participantes do clipe que promove a canção também seguem presos provisoriamente.

    Em fevereiro, o governo autorizou uma série de atividades econômicas privadas, mas o exercício do jornalismo independente continua proibido. Embora a oferta de internet venha sendo ampliada desde 2017, o acesso à rede foi interrompido várias vezes durante os protestos.

    Um decreto de 2021 que regulamenta as telecomunicações determina que os provedores interrompam, suspendam ou cancelem os serviços quando publicarem informação “falsa” ou que afete o “respeito à ordem pública”. Outro decreto, de 2018, proíbe a difusão de informação “contrária ao interesse social, à moral, aos bons costumes e à integridade das pessoas”. Segundo a Human Rights Watch, esse decreto tem sido rotineiramente usado para interrogar jornalistas e críticos ao regime e confiscar seu material de trabalho.

    Embora se denomine socialista, o regime limita a liberdade de organização sindical. Ainda que a legislação autorize a formação de sindicatos independentes, o governo não tolera, de fato, a atuação dos que não pertençam à Central de Trabalhadores de Cuba, controlada pelo Estado.

    Cuba tem um regime de partido único, sem liberdade de organização, sem liberdade de expressão e sem liberdade sindical. O regime assegurou ganhos sociais muito relevantes em saúde e educação, mas a ditadura não pode ser o preço a pagar pelos direitos sociais.

    A defesa intransigente dos direitos humanos precisa estar acima das identidades de esquerda ou de direita, sobretudo num mundo onde esses direitos são atacados por Bolsonaros e Maduros. Este é o momento de a esquerda brasileira — que muito corretamente protestou contra a repressão e as prisões arbitrárias de manifestantes no Chile em 2019 e 2020 — se indignar e protestar também contra prisões ainda mais arbitrárias e com penas mais severas em Cuba em 2021.
    https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/cuba-condena-duramente-manifestantes-de-julho.html
  • Prisão ou exílio: um ano após protestos históricos, cubanos têm menos liberdade e mais repressão

    Relatório da Human Rights Watch aponta violações de direitos humanos, incluindo prisões arbitrárias, processos criminais abusivos e tortura; número de cubanos que deixaram o país aumentou drasticamente

    Por Marina Gonçalves 11/07/2022


    Há exatamente um ano, milhares de cubanos foram às ruas em várias cidades da ilha, nas maiores manifestações contra o governo desde a revolução de 1959. Jovens, estudantes, artistas, desempregados, eles protestaram por vários dias contra a escassez de alimentos, de eletricidade e medicamentos, e pediam mais liberdade. A sensação é que não tinham mais nada a perder. Mas tinham: um ano depois das manifestações históricas, a dissidência cubana tem duas opções, a prisão ou o exílio. Os protestos se tornaram praticamente nulos, e o governo agora tenta controlar também as redes sociais. Com resultado, o número de cubanos que deixaram o país aumentou drasticamente: a Patrulha de Fronteira dos EUA prendeu mais de 118 mil cubanos entre janeiro e maio de 2022, um aumento dramático em relação aos 17 mil no mesmo período de 2021, antes dos protestos.

    Um relatório de 37 páginas publicado nesta segunda-feira pela Humans Rights Watch (HRW) denuncia um grande número de violações de direitos humanos cometidas no contexto dos protestos, incluindo prisões arbitrárias, processos criminais abusivos e tortura.

    — Os cubanos saíram as ruas há um ano porque sentiam que não tinham nada a perder, mas o regime mostrou, com sua resposta aos protestos, que eles poderiam perder sua integridade física e a liberdade — afirma ao GLOBO Juan Pappier, um dos autores do documento. — A falta de interesse do governo em enfrentar os problemas que levou os cubanos às ruas causou uma crise de direitos humanos que, por sua vez, está levando ao aumento dramático do número de pessoas que fogem do país.

    Laritza Diversent, advogada cubana e diretora executiva da organização cubana de direitos humanos Cubalex, destaca que a repressão imediata do governo aos manifestantes teve um efeito direto no exercício da liberdade de expressão ao longo dos últimos meses.

    — Mesmo que a situação econômica tenha piorado, não houve protestos de grande magnitude. O governo soube utilizar o Estado para controlar os manifestantes, não só pela repressão, já que mais de 60% das pessoas detidas foram processadas penalmente, mas por meio de códigos normativos para controlar e criminalizar a liberdade de expressão nas redes — diz a advogada, radicada no México há cinco anos. — Além disso, há a reforma do Código Penal. Embora a versão oficial não tenha sido ainda publicada, sabemos que ela inclui comunicações e publicações em redes sociais.

    Julgamentos em massa e tortura

    De acordo com a Cubalex, mais de 1.400 pessoas foram detidas no contexto dos protestos, e metade continua privada de liberdade, um ano depois das manifestações. Dentre os julgados, mais de 400 pessoas, segundo o próprio governo, foram condenadas, em julgamentos considerados arbitrários por diversas organizações de direitos humanos.

    Além disso, muitos julgamentos ocorreram em tribunais militares, em violação ao direito internacional, aponta o relatório da HRW. A maioria dos manifestantes foi julgada ​​por “sedição” e condenada a penas desproporcionais por seu suposto envolvimento em incidentes violentos, como atirar pedras durante protestos.

    — Em um ano cerca de 400 manifestantes foram julgados, em julgamentos com grupos de 10 ou 15 pessoas. É um dos maiores casos de criminalização de manifestantes tão maciça na América Latina e Caribe. Além disso, as sentenças são desproporcionais e as provas, muitas vezes duvidosas. Para se ter uma ideia, comprovaram que um manifestante atirou uma pedra contra a polícia alegando que seu cheiro estava na pedra — diz Pappier.

    Dentre os detidos estão figuras conhecidas, como o rapper Maykel Castillo, de 39 anos, condenado a nove anos de prisão por desacato e agressão. Mas há dezenas de histórias de cubanos anônimos relatados no documento publicado pela HRW, que entrevistou mais de 170 pessoas em Cuba, incluindo as vítimas de abuso, suas famílias e advogados.

    O pastor evangélico Lorenzo Rosales Fajardo, de 50 anos, foi preso com o filho, de 17 anos, após participar das manifestações em Santiago de Cuba. Um parente contou que eles se manifestaram pacificamente, sem fazer comentários ofensivos contra o governo, o que "iria contra a sua fé". Desde a detenção, o pastou passou por diferentes delegacias e por uma escola abandonada na cidade, onde ficou por uma semana. Ali, foi mantido em uma cela improvisada e superlotada no segundo andar da escola, onde recebeu comida estragada e pouca água. Em várias ocasiões, ele e outros detentos foram acordados à noite com pancadas e ele chegou a ser empurrado escada abaixo com as mãos amarradas.

    De lá, Rosales foi levado a uma prisão de segurança máxima em Boniato, nos arredores de Santiago de Cuba, em agosto. Sofreu tortura, maus tratos e violência sexual. Foi só nesse dia que sua família conseguiu falar com ele pela primeira vez — a primeira visita só aconteceu um mês depois. Ele "não para de chorar" quando fala do tratamento que sofreu, contou um parente. No fim de dezembro de 2021, o pastor e outros 15 réus foram submetidos a um julgamento a portas fechadas, onde ele foi condenado por "desordem pública", "desrespeito" e "ataque" a sete anos de prisão. A sentença foi confirmada por um tribunal de apelação em 24 de junho.
    https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2022/07/prisao-ou-exilio-um-ano-apos-protestos-historicos-cubanos-tem-menos-liberdade-e-mais-repressao.ghtml
  • editado July 2022
    Esse é o Socialismo maravilhoso que tantos universitários estão tão ansiosos para implementar no Brasil e tantos outros retardados na maioria da América Latrina.

    Chega a dar pena da futura geração que não conhecerão nada além da desgraça e da miséria por causa da imbecilidade sem tamanho dessa geração.

    Os venezuelanos nascidos na era Maduro que o digam.
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