Solano López está virando herói no Paraguai
López ainda é considerado o maior herói nacional paraguaio e seus restos mortais estão localizados no Panteão Nacional dos Heróis de Assunção. É costume em Assunção que, quando acontece algo historicamente digno de comemoração (como a vitória do ex-presidente Fernando Lugo nas eleições de 2008), as pessoas se aglomeram com suas bandeiras na rua em frente ao Panteão e celebram o acontecimento.
Em 2007, a presidente argentina Cristina Kirchner nomeou uma unidade militar argentina em homenagem ao marechal Francisco Solano López. Era o 2º Grupo de Artilharia Blindada. Durante a cerimônia, os hinos nacionais de ambas as nações foram cantados e oficiais de alta patente de ambos os exércitos estavam presentes. O Chefe do Exército Argentino discursou no evento em que afirmou:
“Falar do Exército Paraguaio e do Exército Argentino é falar da mesma coisa. Hoje, no exército argentino, honrados com a visita do Comandante do Exército do Paraguai, trabalhamos intensamente para realizar o sonho dos pais de nossa nação. Desses homens que queriam construir uma grande nação, o general José de San Martín e, precisamente, o marechal López. ” Em seguida, o tenente general Bendini disse:
"O marechal López inspirou em seus homens um espírito e um amor pela terra que os fez preferir morrer a se render. Ele é um exemplo do que é um líder, um motorista, um homem que sabe como chegar até seu povo. Tenho certeza de que os homens deste grupo de artilharia seguirão o exemplo deste bravo soldado paraguaio e serão considerados dignos do nome que sua unidade leva."
Ao final da cerimônia, o Comandante do Exército Paraguaio entregou à unidade um retrato de López. Comentando, um líder do La Nación de Buenos Aires , jornal fundado por Bartolomé Mitre, disse sob o título "Tributo absurdo a um ditador":
"Nomear uma unidade militar com o nome do ditador que pisou na bandeira [argentina] é tão absurdo como se a França ou a Polônia chamasse um de seus regimentos de 'Adolf Hitler'."
Em 2007, a presidente argentina Cristina Kirchner nomeou uma unidade militar argentina em homenagem ao marechal Francisco Solano López. Era o 2º Grupo de Artilharia Blindada. Durante a cerimônia, os hinos nacionais de ambas as nações foram cantados e oficiais de alta patente de ambos os exércitos estavam presentes. O Chefe do Exército Argentino discursou no evento em que afirmou:
“Falar do Exército Paraguaio e do Exército Argentino é falar da mesma coisa. Hoje, no exército argentino, honrados com a visita do Comandante do Exército do Paraguai, trabalhamos intensamente para realizar o sonho dos pais de nossa nação. Desses homens que queriam construir uma grande nação, o general José de San Martín e, precisamente, o marechal López. ” Em seguida, o tenente general Bendini disse:
"O marechal López inspirou em seus homens um espírito e um amor pela terra que os fez preferir morrer a se render. Ele é um exemplo do que é um líder, um motorista, um homem que sabe como chegar até seu povo. Tenho certeza de que os homens deste grupo de artilharia seguirão o exemplo deste bravo soldado paraguaio e serão considerados dignos do nome que sua unidade leva."
Ao final da cerimônia, o Comandante do Exército Paraguaio entregou à unidade um retrato de López. Comentando, um líder do La Nación de Buenos Aires , jornal fundado por Bartolomé Mitre, disse sob o título "Tributo absurdo a um ditador":
"Nomear uma unidade militar com o nome do ditador que pisou na bandeira [argentina] é tão absurdo como se a França ou a Polônia chamasse um de seus regimentos de 'Adolf Hitler'."
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Comentários
Duvido que Lopez seja "considerado o maior herói nacional paraguaio".
Não só pelas evidências históricas, mas principalmente de minhas constatações diretas das vezes que visitei Asunción.
Existem monumentos ao caudilho e outras homenagens como a efígie dele na moeda nacional, o Guarani, mas não existe um culto tardio à personalidade, como os argentinos mantém com Perón e Evita.
Como o tema é sensível para eles, evitava puxar o assunto da guerra com os locais até conquistar alguma proximidade.
Numa destas oportunidades, perguntei ao paraguaio o que ele achava de Solano Lopez.
A resposta veio rápida: "Un gran hijo de puta!".
Mas também cometeu um erro que fez dele um criminoso de guerra.
Por ressentimentos pessoais e ciente de que parte da América Latina seria sempre uma colonia industrial criou a indústria nacional de fundição, produzindo máquinas e armas, disfarçadas em instrumentos agrícolas.
E aqui entra a teoria da conspiração: como efeito de uma diplomacia comprometida com interesses diversos foram criadas situações que prenunciavam uma invasão do Paraguai ao Brasil, o que acabou acontecendo.
Herança da guerra deixada por Solano Lopes:
Como consequência, a derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul devido ao seu decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez anos e pagamento de pesada indenização de guerra, até à 2a. guerra mundial.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai
Nunca existiu o Paraguai potência industrial emergente das lendas ideológicas e revisionistas.
O Paraguai nunca pagou as indenizações de guerra exigidas, até que o Brasil dispensou os vencidos da obrigação, sabendo que nunca veria a cor daquele dinheiro de qualquer jeito.
E falam de ocupação como se fosse as mantidas pela Alemanha até 1945.
O Paraguai não sofreu perdas territoriais e as poucas tropas mantidas lá depois da guerra eram mais prá manter a segurança pública e reprimir eventuais ações de guerrilha, que no fim não aconteceram.
Max Von Versen, em 1866, enquanto ocupava o cargo de Major de Cavalaria, solicitou visitar os campos de batalha do Paraguai por causa da resistência feroz apresentada pelos paraguaios e da "admirável estratégia" de Francisco Solano López.
Posteriormente se verificará que o autor não era tão isento como se propusera ser, e sobre a dita parcialidade do major pelo lado paraguaio, recomenda-de a leitura de A Ilusao Americana, de Eduardo Prado, de 1893, página 77, onde se lê : "Foi preciso que o ilustre coronel Von Versen, que há pouco morreu como general do exército alemão, tendo sido um dos prisioneiros de López que mais sofreram na sua tirania, fosse libertado depois de Lomas Valentinas pelo marquês de Caxias e, indo aos Estados Unidos, escrevesse a verdade sobre López, para desfazer no espírito do governo de Washington a indisposição que, contra o Brasil, tinha criado a falsidade das informações diplomáticas. O governo americano esteve até em vias de mandar uma esquadra à América do Sul para proteger López".
Mas, é através de Masterman, George F. (1878) em Seven Eventful Years in Paraguay, inglês, contratado como Farmacêutico em Chefe do exercito paraguaio, que obtemos o fiel da balança para o acerto de nosso julgamento.
Esta obra, espetacular, pode ser baixada no link:
http://bibliotecanacional.gov.py/biblioteca/siete-anos-de-aventuras-en-el-paraguay/
1) Dispondo o Paraguai de uma população de 450.000 habitantes, atacar o Império do Brasil, com uma população de 9 milhões;
2) Achando pouco, ataca e soma aos inimigos a população da Argentina;
3) Iniciou uma guerra a ser definida nas batalhas fluviais, única via de comunicação entre os fronts, SEM possuir uma esquadra de guerra, enquanto o Império do Brasil possuía uma esquadra completa (adaptada que fosse, mas tinha);
4) Sabedor da situação do item 3, comprar Encouraçados fluviais da Inglaterra e começar a guerra ANTES que os encouraçados fossem entregues;
5) Com a bacia do Prata bloqueada para os paraguaios pela Esquadra Imperial, os ingleses não querendo tomar prejuízo revenderam os encouraçados para o Império do Brasil;
6) Uma ideia inteligente aprovada pelo Solano - capturar a esquadra de guerra Imperial em um ataque surpresa para inverter a vantagem naval. Planejamento dez, execução zero, tomaram na tarraqueta no Riachuelo;
7) Depois de Humaitá transpassada e Asunción ocupada, insistir em uma campanha de guerrilhas que levou o povo paraguaio à fome e à dizimação nos campos de batalha, para onde mandavam qualquer menino com tamanho suficiente para segurar um fuzil.
Uau, já tinha ouvido falar que ele era tosco de doer mas essa lista é para fazer até Crasso sentir vergonha alheia. :P
Anota-se a população do Paraguai em 900 000 almas, outros dizem ser de 1 300 000.
A História da Guerra do Paraguai - Max Von Versen
O mais interessante é a explicação sobre a ferocidade heróica do soldado paraguaio.
A população se constituia, em parte, de uma mescla do colono espanhol com o indígena Guarany, mas a grande massa provinha da miscigenação destes tais, com os indios.
A imprensa, totalmente submissa á familia Lopez, divulgava que se o Brasil vencesse a guerra o povo seria escravizado.
Lopez era cruel e sanguinário; os soldados e o povo obedeciam-no cegamente. Era como um cãozinho que olha com admiração para o dono, que o alimenta. Nenhuma ordem era questionada.
Estes números foram inflados pelos Revisionistas do pós-guerra para ampliar na proporção o que teria sido o declínio populacional do país, atribuído ao "massacre" promovido pelas tropas brasileiras.
Assim, alguns revisionistas chegaram a lançar o absurdo número de 1 milhão de paraguaios mortos na Guerra, o que significava o dobro do total da população.
Sobre Von Versen, ele não era Historiador e nunca se preocupou em confirmar suas opiniões em fontes historiográficas confiáveis.
Nisto Historiadores confiáveis e Revisionistas nem tanto são unânimes.
Aos paraguaios faltava tudo, menos coragem no campo de batalha.
A célebre frase de Caxias "Sigam-me os que forem brasileiros" pronunciada em Itororó (se não me falha a memória) se deu em um momento quando as tropas do Império fugiam do ataque paraguaio, mesmo estando em vantagem estratégica, por temer a ferocidade do inimigo, só retomando a luta após a bravura sem par de Caxias ter lhes tocado as consciências.
Então algo mais estaria em jogo; normalmente uma motivação, algo pelo o qual valeria a pena combater até à morte.
Ou, se em vez de apenas uma batalha estivéssemos diante de um combate decisivo sob algum aspecto. Nestas circunstâncias precisa-se de grandes líderes ou heróis.
George Frederick Masterman explica as circunstâncias pelas quais a submissão do soldado paraguaio era absoluta e admirável. Não encontrei outra.
Quanto a Von Versen, a minha opinião de leigo: o historiador é aquele que em melhor circunstância presencia o fato ou, se não, pelo menos sabe descrever, interpretar e opinar.
O livro dele, sobre a guerra do Paraguai traz informações que não se encontram em outra parte, referendadas ou glosadas pelo Coronel brasileiro Cunha Matos, seu companheiro em prisão paraguaia.
Os paraguaios eram essencialmente indígenas, que guerreavam como indígenas - sem recuo, sem trégua, sem rendição.
Há um outro exemplo histórico ilustrativo deste tipo de motivação guerreira que é o Exército Imperial Japonês durante a Segunda Guerra, quando nas ofensivas de 1941 - 1942 os nipônicos derrotaram forças britânicas com o dobro do número de combatentes.
Tal qual os paraguaios e em uma escala mais extremada, os japoneses lutavam sem recuo, trégua ou rendição.
Os comandantes militares japoneses souberam manipular os elementos culturais de seu povo - Xintoísmo, Confucionismo, passado relativamente recente de uma sociedade de castas - e direcioná-los para o fanatismo combativo inspirado no culto à personalidade do Imperador.
Historiografia é uma Ciência e como tal submete-se ao Método Científico de Observação => Formulação de Hipóteses => Teste das Hipóteses => Elaboração de Teorias, teorias que podem ser tratadas novamente como hipóteses para tentativa de falseamento.
O papel do Historiador clássico nesta dinâmica é o do observador, que registra evidências de um fato histórico que serão confrontadas por outras evidências geradas por outras fontes para construir um retrato tão isento quanto possível do fato em questão.
O nosso caro @Volpiceli aventou a possibilidade da reconstrução da imagem de FSLopez, o quê, pelos acontecimentos expostos certamente não se confirma.
Mas há ainda um fato não explorado e que marcou profundamente a cultura do povo paraguaio.
Desde sua independência da coroa espanhola, em 1811, foram expropriados de suas riquezas, o clero católico assim como os grandes proprietários de terra, submetidos ao absoluto controle do Estado.
Por essa razão, tanto o ditador Francia como Lopez, além de cruéis, foram os homens mais ricos de toda a América do Sul, pois toda a riqueza do Estado estava integralmente nas mãos de suas famílias. Nenhuma atividade economica ocorria sem a permissão expressa do governo, que detinha, arbitrariamente, a maior parcela do lucro.
Isto é simplesmente inimaginável, mas no período consecutivo das três ditaduras, o povo paraguaio esteve sob cabresto político, espiritual e econômico.
Fonte: Genocidio Americano de Julio José Chiavenato
,
Quando ordenados a resistir, japoneses e paraguaios tendiam a lutar até o último homem.
Esta reputação dos paraguaios não é exclusiva da Guerra contra o Império do Brasil.
Na Guerra do Chaco eles reexibiram o mesmo valor marcial, mesmo a nação tendo perdido o status de potência militar regional que tinha no primeiro conflito.
Regimes que se dizem republicanos onde o poder total é passado de pai para filho sem eleições ou qualquer outro referendo que lhe dê legitimidade são autoexplicativos quanto à sua natureza
Pior fonte de todas.
Quando jovem li A Retirada de Laguna e percebi que, se algum dia quisesse saber a respeito do quê significava a expressão, ser homem, era necessário conhecer-lhe o espírito ante a iminência da morte em batalha.
A obra de Taunay nos mostra a diferença, quando em batalha, do que seja uma fuga e o que seja uma retirada.
Na primeira surpreendemos o homem e seu desespero ante a morte.
Na segunda, a força da disciplina e do respeito próprio.