A polícia persegue os negros? É racista? Mentira

editado December 2021 em Religião é veneno
‘As pesquisas indicam que a perseguição racial no Brasil é percebida como um fenômeno bastante minoritário, ainda que algumas de suas manifestações sejam intensas. O exemplo notório de uma dessas manifestações é a seleção, por agentes policiais, de jovens de pele mais escura como suspeitos prévios de atos ilícitos.’ Essa afirmação é de Demétrio Magnoli no momento mais infeliz das 400 páginas de Uma Gota de Sangue. Era de se esperar que um autor tão preparado não repetisse esse preconceito tacanho contra os policiais, acusando-os explicitamente de ‘perseguição racial’. Por acaso, nossa polícia é constituída de gendarmes teutônicos que fazem do negro o seu judeu predileto?

Como o próprio Magnoli não se cansa de dizer em seu livro, o Brasil é pardo. Ora, policiais e bandidos também são pardos — e há muitos pretos entre eles, pois também são pobres. Essa idéia de que a polícia é racista e persegue os negros devia acarretar processos por calúnia e difamação contra os intelectuais universitários. Quem sabe assim eles não abdicassem de sua empáfia e tentassem compreender melhor a psicologia de um policial, que – para garantir a nossa tranqüilidade – é obrigado a viver entre lobos.

Imaginar que um policial escolhe suspeitos pela cor é primitivismo mental de quem não conhece o dinamismo da vida. Na cabeça de intelectual brasileiro, policial é menos do que verme. A socióloga Áurea Guimarães, doutora pela Unicamp, conversando com um policial da escola que lhe serviu de objeto de pesquisa, ficou espantada ao ver que ele ‘conseguiu perceber que haviam diferenças não só entre as pessoas mas entre as escolas’. Ora, se até os cães percebem diferenças entre as pessoas, por que a doutora da Unicamp achou que um policial não fosse capaz de percebê-las?

Mas Demétrio Magnoli não é menos depreciativo em relação à polícia. A sua acusação de que os policiais perseguem os negros implica em considerar duas hipóteses: ou os policiais são conscientemente racistas ou eles agem exclusivamente por instinto. A primeira hipótese é o próprio Magnoli quem a descarta, uma vez que ele não reconhece racismo no Brasil e os policiais são brasileiros, não são ETs. Resta a segunda hipótese e, nesse caso, Demétrio Magnoli se comporta como Áurea Guimarães, ou seja, não consegue ver no policial mais do que um cão estrumado pelo soldo que recebe.

Não passa pela cabeça da elite universitária que o trabalho da polícia é muito mais dinâmico do que sua burocrática atividade acadêmica e que um policial, em sua ronda noturna, elege o suspeito não por conta de um único fator, mas com base numa série de fatores, no mais das vezes, corretos. A suspeição não está na cor, mas no olhar, nos gestos, na linguagem, no andado, nas companhias, no local, no horário, enfim, num conjunto de sinais que o policial experiente sabe perceber e analisar com mais argúcia do que a de muitos semióticos das universidades.

Sem contar que a polícia acompanha a sociedade e o que ontem era fator de suspeição hoje não é mais. Na minha infância, todo e qualquer careca, se não fosse vestibulando ou recruta, tendia a ser egresso da cadeia, e a polícia – cumprindo seu dever – tratava-o como suspeito. A mesma coisa ocorria com os tatuados. Hoje, tatuagem e cabeça raspada – dois bárbaros costumes que nasceram nas penitenciárias – ganharam cabeça e corpo da população, e a polícia, obviamente, já não sai revistando todo tatuado e careca.

A acusação leviana de que a polícia é racista torna os intelectuais universitários ainda mais responsáveis pela tragédia do Rio de Janeiro, que não decorre da falta de Estado nas favelas, como dizem os acadêmicos, mas da falta de lei nas penitenciárias. O poder de fogo do tráfico só é possível porque os próprios presos controlam todas as penitenciárias do país. Nelas, sim, o Estado não entra. A partir das cadeias, inclusive as de segurança máxima, os presos deflagram as mais variadas ações criminosas, desde assassinatos por encomenda até a prostituição de meninas, passando por guerras urbanas como a do Rio de Janeiro, cuja topografia peculiar ajuda suas operações.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/armazem-literario/a-fabricacao-do-racismo/

Comentários

  • Vale a pena consultar o link que Volpiceli postou. Uma obra prima sobre o tema, racismo.
  • editado December 2021
    A maioria dos presos já condenados no Brasil são negros e mulatos escuros, considerando que o politicamente correto considera que o fato da maioria dos presos já condenados serem do sexo masculino significa agressão do SEXO MASCULINO contra o sexo feminino e não que sejam erros judiciais, eu não vejo por que no cado dos presos negros e mulatos escuros já condenados seria diferente e além do que, o Brasil é considerado democracia, está certo que imperfeita, mas já na parte das democracias nos principais índices de democracia, o da "the economist", o da "polity data serie" e o da "Freedom house" não tem sentido considerar que e esses casos todos são erros judiciarios racistas, então dado que é assim, um policial considerar que um negro ou mulato escuro transeunte tem mais chance de ser criminoso do que um branco não é preconceito mas sim CONCEITO e a coisa é mais grave ainda pois a maioria dos presos por narcotráfico no Rio que dirigem grupos ORGANIZADOS com CENTENAS E ÀS vezes MILHARES de bandidos hierarquizada e que TÊM CONTROLE DE FATO SOBRE TERRITÓRIOS me parece que se pode falar que no Rio de Janeiro pelo menos, se pode dizer que são os negros que fazem violações dos direitos humanos dos brancos (por dirigirem um ESTADO DE FATO TOTALITÁRIO nas favelas e tanto são Estados de fato que até alguns politicamente corretos fazem "manifestações pela paz" nas relações com eles. É muito mais lógico considerar esses chefões negros como violadores de direitos humanos do que os caras que sozinhos ou em quadrilhinhas de 4 pessoas fazem os
    chamados crimes de morte homofobos ou feminicidios e falar que existem crimes racistas contra os negros então, aí que é mito mesmo, segundo o próprio movimento negro só há 8 condenações por ano (embora eles interpretem isso de modo diferente de como eu estou interpretando aqui) e sempre ou de um individuo sozinho ou máximo de quadrilhinhas de 4 pessoas.)
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