'Manifesto Comunista' está de novo na moda

editado January 2022 em Religião é veneno
'Manifesto Comunista' está de novo na moda

Outro dia li um artigo no britânico The Guardian que dizia que o "Manifesto Comunista" está na moda —ou "is having a moment".

No meu tempo, ninguém nem pronunciava a palavra comunismo —aliás, para demarcar os anos, só diz "no meu tempo" quem está dobrando ou já dobrou o cabo da Boa Esperança, como meu velho pai se referia à curva dos 50. A gente viu, ao vivo, a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, e partir daí, sintonizou na MTV.

Segundo o texto publicado no diário inglês, o revival é planetário. Os indícios da onda estariam por toda parte. Em Los Angeles, a cantora Grimes, ex-mulher do colonizador da lua, o bilionário Elon Musk, tuitou uma foto com o livro na mão. Na Somália, pela primeira vez, o famoso panfleto escrito por Karl Marx e Friedrich Engels no longínquo 1848 chegou às livrarias. E, na Inglaterra, a obra estrela vitrines das principais casas do ramo.

Para a geração politizada por Beavis and Butt-Head, a coisa toda anda meio embaralhada, diga-se de passagem. Ao mesmo tempo que temos que correr atrás do prejuízo, mergulhando no "Manifesto Comunista" para não soar a tia da galera, estamos bem confortáveis de printed mesh, calça baggy, pochete e tamancos plataforma. Saudades mesmo só da ovelhinha Dolly.

Entre os meus amigos comunistas, versados nos escritos de Marx e Engels, todos têm menos de 40 —ou menos de 35, eu arriscaria dizer. Aos 31, o historiador Jones Manoel, comuna como há muito não se via por estas bandas, lançou-se pré-candidato ao governo de Pernambuco pelo velho PCB. Os números que ele ostenta nas redes sociais comprovam o interesse pelo ideário que julgávamos morto: 183 mil seguidores no Youtube, 150 mil no Twitter e 145 mil no Instagram.

A propósito, se eu fundasse um partido, ia se chamar Partidão. Fica a dica, meninos: Partidão é irresistível.

Mas, voltando ao artigo do Guardian, a maré se explica pela tragédia social do nosso tempo. O capitalismo ganhara a guerra fria, porém, nunca entregou o que prometeu. Em vez de liberdade e bonança, fomos aprisionados num sistema perverso, sem saída, que nos transformou em pagadores de boleto.

Conforme o texto, um grande número de jovens está virando as costas ao capitalismo porque já entendeu que nunca vai poder, sequer, comprar uma casa própria, o sonho da minha geração. A concentração absurda de renda privilegia 1% em detrimento dos outros 99%.

Qual o sentido de seguir estudando, trabalhando sem o horizonte da vida melhor? Se não existe futuro, então, para quê? Só para enriquecer os ricos?

Na aurora de 2022, o "Manifesto Comunista" completa 174 anos. Fora publicado em janeiro de 1848, às vésperas da Revolução Francesa daquele ano, como plataforma da Liga dos Comunistas, a primeira organização internacional de operários.

De acordo com Tariq Ali, que assina o prefácio da edição brasileira lançada pela Boitempo, trata-se do último grande documento do Iluminismo europeu e o primeiro a registrar um sistema de pensamento completamente novo: o materialismo histórico.

Divido em partes, escrito com rigor e fluência, fácil de ler, o "Manifesto" soou, para mim, extremamente atual e didático. Talvez não exista nenhum outro texto do século 19 que continue tão "up-to-date".

Parágrafos inteiros explicam melhor o agora do que o tempo em que foram redigidos. Marx e Engels desenharam a evolução do capitalismo e suas consequências nefastas, inclusive prevendo o que hoje chamamos de globalização.

"Impelida pela necessidade de mercados sempre novos, a burguesia invade todo o globo terrestre. Necessita estabelecer-se em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos em toda parte. Pela exploração do mercado mundial, a burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países."

Em meio às propostas, algumas estão aí, na pauta das esquerdas, sendo eternamente reivindicadas, como imposto fortemente progressivo, abolição do direito de herança, educação universal, reforma agrária. "Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução comunista. Nela, os proletários nada têm a perder a não ser os seus grilhões. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos."

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/karla-monteiro/2021/12/manifesto-comunista-esta-de-novo-na-moda.shtml

Comentários

  • Volpiceli escreveu: »
    Em meio às propostas, algumas estão aí, na pauta das esquerdas, sendo eternamente reivindicadas, como imposto fortemente progressivo, abolição do direito de herança, educação universal, reforma agrária. "Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução comunista. Nela, os proletários nada têm a perder a não ser os seus grilhões. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos."

    https://www1.folha.uol.com.br/colunas/karla-monteiro/2021/12/manifesto-comunista-esta-de-novo-na-moda.shtml
    Até agora, não deu certo em lugar nenhum.
  • editado January 2022
    Volpiceli escreveu: »
    A propósito, se eu fundasse um partido, ia se chamar Partidão. Fica a dica, meninos: Partidão é irresistível.
    Quando eu convivi com a chamada Esquerda Festiva de São Paulo, a turma do Partidão que se juntava lá no Bar Redondo da Praça Roosevelt era até divertida, bem diferente desta Esquerda chata de hoje.
    Conforme o texto, um grande número de jovens está virando as costas ao capitalismo porque já entendeu que nunca vai poder, sequer, comprar uma casa própria, o sonho da minha geração. A concentração absurda de renda privilegia 1% em detrimento dos outros 99%.
    Esta juventude podia dar uma olhada em que tipo de casa própria cubanos e norte coreanos moram.
    E esta esparrela de 1% e 99% é uma daquelas bobagens que a propaganda política inventa e funciona melhor do que devia.
    Fora publicado em janeiro de 1848, às vésperas da Revolução Francesa daquele ano, como plataforma da Liga dos Comunistas, a primeira organização internacional de operários.
    Não sei se o parágrafo é um erro crasso ou uma pegadinha.
    Houve uma revolução francesa em 1848, mas não a Revolução Francesa, a História diferencia maiúsculas e minúsculas.
    "Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução comunista. Nela, os proletários nada têm a perder a não ser os seus grilhões. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos."

    Esta convocação é uma das maiores vigarices da História.
    Quem não tinha nada a perder eram os ideólogos vagabundos e parasitas como Marx e líderes revolucionários como Lênin, que comandou a subversão contra o governo russo da segurança do exílio e do conforto das bibliotecas.
    Os proletários que se envolveram em aventuras revolucionárias, servindo de bucha de canhão tinham tudo a perder, seus empregos e meios de sustento, seus parcos bens, sua liberdade e suas vidas.
    Uma vez que comunistas pensam em coletivos e não em indivíduos, não interessavam quantos proletários fossem demitidos, presos, feridos ou mortos, no fim a classe operária em algum momento futuro triunfaria.
    Já os ideólogos e líderes, importantes demais para se arriscar ou esperar, queriam se dar bem agora e com segurança.
  • Ah... só prá complementar, em 1983 lançaram em formato de livro "O Manifesto Comunista em Quadrinhos", coletânea das publicações do The Guardian.
    Por pior que seja aquela merda, vê-se que sempre tem quem tente mantê-la na moda.
  • editado January 2022
    Na literatura anglo às vezes dizem Revolução Francesa de 1848...
  • Gorducho escreveu: »
    Na literatura anglo às vezes dizem Revolução Francesa de 1848...

    Como ele tá citando The Guardian, faz sentido, mas não é usual por aqui.
  • editado January 2022
    Acauan escreveu: »
    Uma vez que comunistas pensam em coletivos e não em indivíduos, não interessavam quantos proletários fossem demitidos, presos, feridos ou mortos, no fim a classe operária em algum momento futuro triunfaria.
    Já os ideólogos e líderes, importantes demais para se arriscar ou esperar, queriam se dar bem agora e com segurança.
    Trecho de uma crônica de Arnaldo Jabor sobre a imortalidade através do comunismo:
    Eu devo ter assistido a umas mil horas de reuniões de esquerda em minha vida. Fui comunista de carteirinha no PCB, de onde saí para um grupo “independente”, mais moderno, cognominado, claro, pelos velhos “pecebões” de pequeno-burguês e “revisionista”.

    E confesso que tenho até saudades das noites de meus vinte anos românticos. Fumávamos muito, sérios, malvestidos, “duros”, planejando instalar o socialismo no país, sem armas, sem apoio sindical ou militar, tudo na base do desejo.
    Ninguém precisava estudar, pois a verdade estava do nosso lado. A ideologia mecânica justifica a ignorância. Para nós, até a morte era pequena, como nos ensinava o camarada Jacques, supervisor de nossa “base”:

    “O marxismo supera a morte, pois, uma vez dissolvido no social, o indivíduo perde a ilusão de existir como pessoa.
    Ele só existe como espécie. E não morre!”.

    E eu, marxista feliz, sonhava com a vida eterna...

    Eu olhava meus companheiros e pensava: “Como vamos conquistar o poder fumando mata-ratos, reunidos neste quarto e sala imundo? Como vamos dominar o Brasil sem uma reles Beretta?” Mas ficava quieto, com medo de ser chamado de “vacilante”.
    Era delicioso sentir-se importante, era bom conspirar contra tudo, desde o papai reaça até a expulsão do imperialismo ianque. Tudo nos parecia claro, os oradores “surfavam” em ondas ideológicas com meia dúzia de palavras-chave sobre a tal “realidade brasileira”: burguesia nacional, imperialismo, latifúndio, proletariado, campesinato etc. Nossa tarefa de comunistas era nos infiltrar em todos os “nichos da sociedade” para, de dentro, conquistar o poder socialista.
    Tínhamos de nos infiltrar em sindicatos, academias, universidades e — coisa que me deprimia especialmente — em “associações de bairro”, onde eu me via doutrinando donas de casa da Tijuca sobre as virtudes do marxismo.
    Exatamente como este híbrido governo Lula/ PT está fazendo hoje — empregando (infiltrando) milhares de companheiros aguerridos e “puros” no aparelho do Estado.

    Parecia-nos perfeito o diagnóstico sobre o Brasil — os argumentos iam se organizando “dialeticamente” enquanto a madrugada embranquecia.
    Até que chegava a hora fatal: “O que fazer?” E aí... ninguém sabia nada. Discutíamos infinitamente para chegar a uma certeza da qual partíamos. Esse é o drama das ideologias: chegar a uma conclusão que já existe desde o início.
    E aí pintava o desespero. As acusações mútuas cresciam, com os xingamentos previstos na cartilha marxista: hesitantes ou radicais, ou sectários ou alienados ou provocadores ou obreiristas ou liberais ou o diabo a quatro. E eu, do meu canto neurótico, pensava: “Não ocorre a ninguém que há invejosos, ignorantes, mentirosos, ciumentos, paranoicos, babacas e, simplesmente, os “FDPs”? Por que ninguém via o óbvio?
    "O Globo" 23/02/10
  • editado January 2022
    Como é comum em revoluções, o que começara como algo justificado, para acabar com um regime opressivo, acabou virando uma ditadura. A democracia que começara a se firmar foi eliminada e muitos dos revolucionários originais, que se opuseram ao ditador, foram executados. Todos passaram a ser suspeitos, vigiados pela polícia secreta do ditador.
    Aconteceu na URSS, aconteceu em Cuba, aconteceu na Nicarágua etc.
    O Grande Terror de Stalin - 1936-1937

    Meanwhile, under the dictatorship of Joseph Stalin (1878–1953), the Soviet Union had begun the Great Terror.
    The Soviet regime had always been ruthless toward those it defined as enemies—for example, peasants who resisted collective agriculture (see 1930) — but now the unbridled power of the secret police was turned against the
    leadership of the Soviet armed forces, and of the ruling party itself.

    The process began in 1936, with the arrest, trial, and execution of “Old Bolsheviks” — men who had participated
    in the 1917 Revolution. While arrests of Old Bolsheviks continued through 1937, other people also came under
    suspicion.

    Between 1937 and 1939 almost half the senior army commanders were executed, imprisoned, or fired.
    Although the fate of the Soviet elite attracted most attention, Stalin’s reign of terror spread
    through the entire population.

    At least 680,000 people were killed during the Great Purge, and some historians believe the real
    figure could even be closer to 2 million.
    Fonte:
    "Smithsonian Timelines of History" by Collective
  • Os crimes de Stalin na Segunda Guerra.
    Also in March 1940, Soviet dictator Joseph Stalin (see 1928) approved the killing of all Polish officers who had fallen into Soviet hands through the occupation of western Poland (see 1939). Most of the region’s educated elite — doctors, lawyers, and teachers — were also murdered.

    Some 22,000 victims were buried in mass graves in Katyn Forest and elsewhere. In June, when the Soviet Union occupied the Baltic states — Lithuania, Latvia, and Estonia — tens of thousands more people were executed or deported to labor camps.

    Stalin’s ruthless reach extended as far as Mexico, where his exiled rival Leon Trotsky had found refuge. In August, Trotsky was killed by Ramon Mercader, an agent of Stalin’s secret police.

    Fonte:
    "Smithsonian Timelines of History" by Collective
  • O capitalismo não fracassou. Quem fracassou foi o Brasil e outros países.
    Que tipo de país e economia queremos?

    É preciso ter em mente que, hoje, os países que não estão preparados para a competição não vão a lugar algum

    Fabio Giambiagi 11/02/2022


    [...]

    E, nesse sentido, entendo que o melhor seria que o vencedor tenha uma definição clara pelos princípios enunciados por Schumpeter, o teórico mais profundo da natureza do capitalismo. Como enfatizado pelo seu biógrafo Thomas McCraw no prefácio do magnífico “O profeta da inovação”, “nos mil anos que antecederam o século XVIII, as rendas pessoais na Europa Ocidental duplicavam a cada período de 630 anos.

    Após a disseminação do moderno capitalismo, contudo, começaram a duplicar a cada período de 50 ou 60 anos. Dobravam a cada 40 anos nos EUA e a cada 25 no Japão, que começou mais tarde e pôde se beneficiar dos exemplos europeu e americano” (Editora Record, páginas 10/11).

    Com esse desempenho, o fato de que muitos continuem repetindo alegremente que o capitalismo fracassou só pode ser motivo de perplexidade. Essa interpretação dos fatos e a realidade são duas paralelas que não se encontram sequer no infinito.

    Citemos o original e não mais o seu biógrafo. Schumpeter, no seu livro seminal “Capitalismo, socialismo e democracia”, assim se manifesta: “O capitalismo é, por natureza, uma forma ou método de transformação econômica e não só não é, como não pode ser estacionário... O impulso fundamental que põe e mantém em movimento a máquina capitalista é dado pelos novos bens de consumo, os novos métodos de produção ou transporte, os novos mercados e as novas formas de organização industrial criadas pela empresa capitalista ... Esse processo de destruição criativa é o fato essencial do capitalismo” (Editora Unesp, páginas 119/120).

    Os países que mais progrediram no mundo nos últimos 250 anos foram aqueles onde essas regras da competição capitalista foram respeitadas. E isso, por incrível que soe semanticamente, dado o partido que comanda o país, aplica-se também à China pós-1970.

    Capitalismo é a causa do êxito dos Estados Unidos, da Coreia do Sul, da Alemanha, do Japão e dos países da Escandinávia.

    Isso não pode nem deve ser compreendido com ausência do Estado. As sociedades que deveríamos perseguir como modelo são aquelas que souberam estabelecer um justo balanço entre o vetor econômico, por assim dizer, “darwinista”, desse processo de seleção inerente ao funcionamento do sistema; e os vetores social e político que definem regras de convivência entre grupos sociais no pacto civilizatório, cuja gradação depende de cada sociedade e do tempo histórico, que determina o que é aceitável e o que não é.

    O importante é que o (e)leitor perceba que, hoje, países que não estão preparados para a competição não vão a lugar algum. E digo aqui “competição” no sentido amplo da palavra: entre indivíduos, entre pessoas e entre empresas. Na área de serviços, tirando São Paulo (um outro país) e áreas do Sul, o contraste entre nossa realidade e a constatada por qualquer um que conheça minimamente os EUA, a Europa ou a Ásia, é gritante.

    Peça-se qualquer coisa no Rio e se terá um compêndio de como um funcionário não deve se relacionar com o cliente. Quem fizer um pedido análogo em Berlim, em Xangai ou em Seul — ou em Santiago do Chile! — será atendido muito mais prontamente e melhor. No mundo de hoje, o Brasil está fora do jogo.

    Por que, nos últimos anos, no enfrentamento entre os vencedores da Champion e os brasileiros — ou argentinos — no mundial de clubes, os europeus têm dado um baile? Qualquer torcedor entende que um jogador brasileiro da elite do Brasileirão se tornará um jogador melhor se for jogar na Europa, no Inter, no Liverpool ou no Real Madrid. O nome do sucesso é “competição”. Não deveria ser difícil traduzir as vantagens dessa lógica para a economia — e enfrentar nossos vícios cartoriais.
    https://oglobo.globo.com/economia/que-tipo-de-pais-economia-queremos-25389406
  • Andre Gide visitou a URSS em 1936. Ao voltar, publicou um livro sobre as atrocidades de Stalin. A esquerda pediu para que não o fizesse porque beneficiaria a direita. Como ele insistiu, disseram que não merecia crédito por ser viado.
    Por Miguel de Almeida 14/02/2022

    [...]
    Escritor e intelectual francês de esquerda, referência de civilidade, Gide aceitou convite para visitar a União Soviética. O ano era 1936, Stálin fazia sua guerra cultural e dominava quase a totalidade das mentes de esquerda do período. Só que Gide não se contentou ao programa oficial (números exibidos em PowerPoint etc.) e saiu pelas cidades atrás de histórias e de impressões da população.

    Refinado, independente e intelectualmente inquieto, não era de obedecer a ordens ou de afinar por ingênua simpatia. Não era surdo, e assim chocou-se com o que levantou dos crimes de Stálin —desaparecimento de inimigos políticos, assassinatos, perfídia, o desastre da industrialização soviética, o Holodomor (o horror, o horror) ucraniano com 5 milhões de mortos.

    Ao voltar a Paris, Gide enfurnou-se por dias em seu apartamento. Escreveria um livro sobre o que viu. Amigos pediram que não fosse tão sincero — em nome da causa, deveria omitir-se para não dar argumentos ao avanço da direita. Ou seja, minta.

    O escritor deprime-se, mas não cede. Em 1936, chega às livrarias “De volta da URSS”. Claro, é um escândalo. Gide teve coragem de discordar da opinião geral, onde se encontravam intelectuais honestos e sinceros, ao lado de sicários pagos por Stálin.

    Como reagiram os correligionários de Gide? Espalharam que um pederasta não deveria ser ouvido.

    O que ele anunciou em 1936 só se tornaria oficial (os crimes de Stálin) em 1956, com o relato de Nikita Kruschev.
    https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/chico-devolva-o-meu-chico-buarque.html
  • Só de pensar que quase elegemos um membro do PCdoB para vice-presidente, me dá calafrios!
    Era só dar um peteleco no Andrade rs rs e teríamos um governo genuinamente comunista.
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