Apóstolo Paulo: Discípulo ou traidor dos ensinos de Cristo?

editado January 2022 em Religião é veneno
Cristianismo ou paulinismo?

As 13 cartas escritas por São Paulo sintetizam o pensamento do apóstolo, que viria a moldar a doutrina cristã. Elas foram redigidas entre os anos 50 e 60 e são os mais antigos documentos da história do cristianismo – os quatro evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João ficaram prontos apenas entre os anos 70 e 100. A influência do apóstolo na consolidação da doutrina cristã pode ser medida pelo fato de suas epístolas representarem quase metade dos 27 livros do Novo Testamento. Com elas, dizem os estudiosos, Paulo não tinha a pretensão de formular tratados teológicos. “Elas são resultado de experiências vivenciadas pelas comunidades paulinas”, afirma o André Chevitarese. Uma corrente de biblistas defende que nem todas foram de fato escritas por Paulo – algumas teriam sido redigidas por seus discípulos após a morte do apóstolo. “Elas são muito diferentes em estilo literário e conteúdo”, afirma Pedro Vasconcellos, da PUC. Para a Igreja, no entanto, todas as cartas são de autoria de Paulo.

Se são uma rica fonte de difusão da doutrina cristã, esses documentos são também a principal causa da controvérsia sobre o apóstolo. Na opinião de Fernando Travi, líder da Igreja Essênia Brasileira, a descoberta, no século passado, de escrituras datadas dos primeiros anos do cristianismo, como os Manuscritos do Mar Morto, o Evangelho dos 12 Santos (ou da Vida Perfeita) e o Evangelho Essênio da Paz, indica que boa parte do conteúdo das cartas de Paulo está em oposição aos ensinamentos de Jesus. “Existem sérios indícios de que, como num plano de sabotagem, Paulo divulgou uma doutrina falsificada em nome do messias”, diz ele. Opinião parecida tem o pastor batista americano Edgar Jones, autor do livro Paulo: O Estranho. “Jesus de Nazaré deve ser cuidadosamente diferenciado do Jesus de Paulo. Gerações e séculos passaram até que a corrente paulina com seu forte apelo em favor do Império Romano ganhasse ascendência sobre a corrente apostólica”, diz o teólogo.

O fato é que, até o século 4, o cristianismo dividia-se em duas correntes distintas, uma liderada pelos discípulos de Paulo e outra pelos seguidores dos apóstolos de Cristo. Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, a corrente paulina saiu-se vitoriosa. “As idéias de Paulo, afáveis aos dominadores, foram definitivamente incorporadas à doutrina cristã”, diz Fernando.

Para os críticos de Paulo, um exemplo dessa “afabilidade” está presente na Epístola aos Romanos. “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus. Aquele que se revolta contra a autoridade opõe-se à ordem estabelecida por Deus”, escreve Paulo. E continua: “É também por isso que pagais impostos, pois os que governam são servidores de Deus”. “Essa passagem revela que ele estava a serviço das autoridades romanas. Jesus, por sua vez, se insurgia contra as leis de Estado”, afirma Fernando. Para os defensores de Paulo, esse texto foi tirado de seu contexto e tornou-se, ao longo dos séculos, uma teoria metafísica do Estado. “O texto só tinha valor para quem vivia em Roma, onde qualquer movimento de desobediência seria esmagado”, diz o teólogo Pedro Vasconcellos.

Para outros teóricos, deve-se diferenciar a doutrina religiosa paulina das opinões do apóstolo sobre a ordem social. “A teoria de Igreja de Paulo é fundamentada no antiautoritarismo, o que influenciou muito a doutrina protestante. Na sua igreja, a idéia de liberdade é plena, mas quando ela é extrapolada para o meio social, surge o seu conservadorismo”, diz o pastor luterano Milton Schwantes, professor da Universidade Metodista de São Paulo e doutor em literatura bíblica. O sacerdote franciscano Jacir de Freitas Faria, mestre em exegese bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico (PIB), de Roma, comunga da mesma opinião: “Paulo é uma figura basilar do cristianismo, mas não podemos deixar de ser críticos a ele nessa relação com o Império Romano”.

Outro ponto controverso das epístolas paulinas refere-se à defesa que seu autor faz da escravidão. Na Epístola aos Efésios, Paulo é taxativo: “Servos, odedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo”. Para os antipaulinos, o apoio dado pelo apóstolo à escravidão tem sido usado pela Igreja ao longo dos séculos para legitimar situações espúrias de dominação e diverge radicalmente da palavra de Cristo, que pregava um mundo livre de opressões. A corrente pró-paulina argumenta, mais uma vez, que é preciso analisar o contexto histórico para entender seus escritos: “Sua falha em condenar a escravidão torna-se compreensível quando sabemos que cerca de 60% da população de qualquer cidade grande daquele tempo era formada por escravos. Toda economia estava estruturada em torno desse fato e, por isso, uma atitude crítica seria incompreensível”, afirma o biblicista Jerome Murphy-O’Connor, de Jerusalém.

O apóstolo dos pagãos também é bombardeado por suas posições a respeito das mulheres. Na carta endereçada à comunidade cristã de Colosso, ele escreve: “Quanto às mulheres, que elas tenham roupas decentes, se enfeitem com pudor e modéstia. (…) Durante a instrução, a mulher conserve o silêncio, com toda submissão. Não permito que a mulher ensine, ou domine o homem”. Suas palavras atraem até hoje a ira das feministas, que o acusam de misoginia. Seus defensores, por outro lado, argumentam que , ao contrário, ele incentivava a participação das mulheres na vida social. “Paulo acreditou firmemente na igualdade entre os sexos e, em suas igrejas, as mulheres exerciam todos os ministérios. Alguns exegetas munidos de preconceito interpretaram erroneamente os textos paulinos”, diz Murphy-O’Connor.

Outro petardo disparado pelos críticos diz respeito à doutrina da salvação defendida por Paulo. “Paulo diz que os pecados são perdoados se a pessoa acreditar que Jesus morreu na cruz por ela. É a doutrina da salvação em que o herói derrama seu sangue e todos são perdoados por causa dele. Enquanto isso, Jesus diz: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’. Para Jesus, a salvação será dada àqueles que seguirem seus ensinamentos”, afirma Fernando Travi. Os defensores de Paulo discordam e afirmam que o apóstolo foi mais uma vez mal interpretado.

“Creio que houve uma transformação conservadora da mensagem de Paulo. Temos que libertá-lo das idéias errôneas a seu respeito perpetuadas ao longo dos séculos”, diz Pedro Vasconcellos, da PUC.

Conservador ou radical, fiel ou não a Jesus Cristo, São Paulo foi, sem dúvida, um dos poucos evangelizadores – se não o único – a fazer o cristianismo passar da cultura semita à greco-romana, possibilitando que ela se tornasse uma religião mundial. “Ele criou condições para que povos não-judaicos, ao receberem a mensagem de Deus, fossem inseridos de forma igualitária na comunidade cristã”, afirma o André Chevitarese, da UFRJ. Sem Paulo, considerado por muitos o pai do cristianismo, a história da humanidade teria tomado outro rumo. A Idade Média, marcada pela força da Igreja Católica, ocorreria de outra forma e o mundo em que vivemos seria totalmente diferente. Nada seria como é.

https://super.abril.com.br/historia/o-homem-que-inventou-cristo/
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Comentários

  • 1. Os textos atribuídos a Paulo tiveram, na verdade, vários autores. Especula-se que uma mulher escreveu "Hebreus".
    2. O Paulo inicial aceitava os judeus. O Paulo final os excluiu do cristianismo.
    3. O Paulo inicial acreditava em que Jesus voltaria a qualquer momento e que ninguém deveria mais se preocupar com coisas materiais. Isto foi, em parte, o motivo da rejeição dos romanos aos primeiros cristão. O Paulo final já aceitava que ninguém tinha como saber quando seria a volta.
    4. Os ebionitas e seitas próximas seriam o verdadeiro cristianismo, baseados diretamente nos ensinamentos do Jesus judeu, que frequentava sinagogas e respeitava a Lei. O paulinismo rejeitou o judaísmo e seus rituais, como a circuncisão e a dieta kosher, para agradar aos gentios.
  • Não apenas Paulo, mas todos os apóstolos ditavam suas cartas e textos evangélicos a um, digamos, secretário. Pedro, por exemplo, era iletrado e os demais não conheciam o idioma para as igrejas a que destinavam suas pregações, exceto Lucas e Mateus.
    A única epístola de Paulo escrita por suas próprias mãos foi, exatamente, Hebreus, por causa das circunstâncias especiais que o constrangiam. Por isso a diferença em relação às demais.

    Paulo e Pedro se colocavam em lados opostos com relação aos Gentios (Cristãos recém convertidos nas viagens de Paulo).
    Pedro exigia que fossem circuncidados como era o costume dos judeus, Paulo entendia que isso restringiria a propagação do evangelho cristão. Após divergências que ameaçavam o trabalho missionário de Paulo (cisma) acordou-se que seria de livre escolha do iniciado.
  • editado January 2022
    patolino escreveu: »
    Não apenas Paulo, mas todos os apóstolos ditavam suas cartas e textos evangélicos a um, digamos, secretário. Pedro, por exemplo, era iletrado e os demais não conheciam o idioma para as igrejas a que destinavam suas pregações, exceto Lucas e Mateus.
    Os evangelhos foram escritos depois do ano 70, quando aqueles a quem foram atribuídos provavelmente já tinham morrido.
    E não foram escritos de uma só vez, pelo contrário, foram crescendo aos poucos, com acréscimos sucessivos.
    O evangelho de Marcos, por exemplo, terminava no túmulo vazio. Só mais tarde é que o resto foi inventado.

    Pesquise sobre "proto evangelhos". São os primeiros esboços do que temos hoje.

    A lenda foi montada gradualmente. O evangelho de Marcião, por exemplo, começa com "E surgiu um homem vindo de Cafarnaum". Nada se diz sobre nascimento milagroso, infância etc.

    Isto supondo-se que os 12 apóstolos tenham realmente existido e não sejam apenas mais uma fantasia.
    patolino escreveu: »
    A única epístola de Paulo escrita por suas próprias mãos foi, exatamente, Hebreus, por causa das circunstâncias especiais que o constrangiam. Por isso a diferença em relação às demais.
    Tem alguma fonte que não seja espírita?
  • editado January 2022
    Quanto Paulo Influenciou O Cristianismo?

    24/06/2021 Emerson de Oliveira

    Poucas pessoas tiveram tanto impacto no Cristianismo quanto o Apóstolo Paulo. Tradicionalmente creditado como autor de treze ou quatorze livros no Novo Testamento, Paulo foi um homem de imensa influência , perdendo apenas, talvez, para Jesus. No entanto, o debate continua sobre até que ponto Paulo contribuiu para as afirmações teológicas fundamentais do Cristianismo, com alguns indo tão longe a ponto de descrevê-lo como o “fundador do Cristianismo [1] “, enquanto outros acreditam que ele contribuiu com muito menos obras para a Bíblia do que se pensava anteriormente. [2] Quanto Paulo influenciou o Cristianismo?


    1 Coríntios, talvez o exemplo mais antigo da literatura cristã, é quase universalmente creditado a Paulo. [3] Escrito entre o início e meados dos anos 50 DC (apenas duas décadas após a crucificação de Jesus), ele descreve uma descrição antiga, robusta e bem aceita das crenças cristãs. Este texto inicial não identifica Paulo como o fundador da religião. Não contém um texto introdutório à religião, mas, em vez disso, está repleto de lembretes de crenças anteriormente mantidas e até inclui uma referência a um credo cristão pré-existente. [4]

    A maioria dos estudiosos aceita Jesus como uma pessoa real e histórica que ensinou seus discípulos ao longo de muitos anos. [5] A partir dessa perspectiva comumente aceita, Paulo (ao escrever para as igrejas locais) pode ser melhor interpretado como simplesmente reiterando o ensino de Jesus e contextualizando esse ensino para cada ambiente local.

    Os estudiosos da Bíblia aceitam quase universalmente os discípulos de Jesus como pessoas reais e históricas também. Paulo, mesmo por sua própria admissão (e a confirmação de Lucas no livro de Atos), juntou-se aos discípulos muito mais tarde na linha do tempo. Quando Paulo começou a escrever, os apóstolos já estavam pregando e ensinando. [6] Se Paulo tivesse distorcido os ensinamentos de Jesus em uma religião de sua própria criação, ele teria precisado da ajuda desses professores anteriores. Isso exigiria que um grande número de pessoas concordasse com a modificação de Paulo. Simplesmente não há evidência no registro histórico de que isso tenha acontecido.

    Embora Paulo possa não ter sido um fundador, ele certamente foi uma grande influência ao compartilhar o Evangelho nos primeiros dias do Cristianismo e guiar os novos convertidos no entendimento correto do ensino de Deus. A questão agora permanece: quanto do Novo Testamento podemos atribuir a Paulo?

    O texto de 13 epístolas identifica explicitamente Paulo como o escritor, [7] mas todas essas epístolas são autênticas? Sete epístolas são quase universalmente aceitas como vindas de Paulo (Gálatas, 1 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios, Romanos, Filemom e Filipenses), deixando o debate sobre as seis restantes. Os argumentos contra a autoria de Paulo variam (e provavelmente não poderiam ser abrangidos no espaço permitido aqui), mas em grande parte se resumem a diferenças estilísticas e teológicas entre as cartas paulinas conhecidas (listadas acima) e aquelas em questão.

    Existem vários desafios ao tentar citar diferenças teológicas para atribuir essas cartas, no entanto. Embora tenhamos muitas cartas de Paulo, sete cartas são improváveis ​​para todos os pensamentos de Paulo sobre a ampla gama de tópicos teológicos. A autoria de Paulo das “cartas pastorais” (1 e 2 Timóteo e Tito) às vezes é questionada, por exemplo, porque tratam de tópicos como estrutura e cultura da igreja que não são encontrados em outras cartas. [8]

    No entanto, nada descrito nas outras epístolas de Paulo sugere que ele tinha pontos de vista em conflito com as cartas pastorais. Nem podemos exigir que Paulo toque em todos os tópicos de cada carta. Algumas cartas, como 2 Tessalonicenses, incluem conceitos teológicos avançados (incluindo um senso bem desenvolvido de cristologia). [9]Não é razoável, entretanto, excluir Paulo como o autor de tal carta, visto que nada em 1 Tessalonicenses contradiz qualquer obra conhecida de Paulo. Em vez disso, Paulo pode ter escolhido escrever a cada grupo de uma forma que avançasse seus entendimentos teológicos anteriores ou corrigisse quaisquer crenças falsas.

    Também há limites para excluir Paulo como autor das cartas em questão com base em estilos de escrita. A carta de Gálatas (um conhecido texto paulino) indica que Paulo não escreveu a carta inteira sem ajuda. Paulo escreveu: “Veja com que letras grandes eu escrevi para você com minhas próprias mãos!” (Gálatas 6:11).

    Essa assinatura autográfica tinha o objetivo de indicar qual parte da carta havia sido escrita por um escriba e quais foram escritas por Paulo. [10]Além disso, a carta de Paulo aos Romanos inclui uma mensagem de um escriba: “Eu, Tércio, que escrevi esta carta, saúdo-vos no Senhor.” (Romanos 16:22) Infelizmente, pouco se sabe sobre o uso de escribas por Paulo.

    Paulo sempre ditou suas cartas palavra por palavra, ou simplesmente deu ao escriba uma mensagem geral que o escriba poderia então colocar em seu próprio estilo? Isso é desconhecido, assim como quem atuou como escriba de Paulo em qualquer ambiente. Os vários estilos de escrita encontrados nas epístolas podem representar uma variedade de escribas agindo em uma variedade de funções para Paulo; a maneira exata como cada carta foi composta é simplesmente desconhecida para nós hoje. A semelhança entre o estilo de escrita das cartas pastorais e Atos indica que até mesmo Lucas pode ter atuado como escriba de Paulo. [11]

    Há apenas uma carta tradicionalmente associada a Paulo que não inclui uma reivindicação de ser de Paulo em seu próprio texto: a carta aos Hebreus. A igreja primitiva debateu a autoria desta carta, com muitos acreditando que ela se originou com Paulo ou alguém próximo a ele (como Barnabé, Silas, Lucas ou Clemente). [12] A carta existiu cedo o suficiente para ter sido escrita por Paulo e demonstra uma compreensão da cultura judaica de seu tempo. [13] Também foi composto por alguém com um profundo conhecimento da fé judaica (como a de Paulo). Apesar dessas verdades, as evidências de sua autoria são escassas e, como resultado, nenhuma conclusão pode ser verdadeiramente feita (exceto evidências futuras).

    Apesar da contínua especulação sobre a autoria das cartas de Paulo, os cristãos podem confiar com segurança nas afirmações dos próprios textos. Não há evidências suficientes para rejeitar as reivindicações históricas mais diretas da autoria paulina. Embora Paulo certamente não tenha sido o fundador do Cristianismo, suas cartas promoveram o entendimento teológico da cosmovisão. Disso podemos ter certeza.

    [1] Ludeman, Gerd. 2002. Paul: The Founder of Christianity. Amherst: Prometheus Books.

    [2] Hamilton, Adam. 2014. “Quem realmente escreveu as cartas de Paulo?” última modificação em 17 de julho de 2014, https://www.adamhamilton.com/blog/who-really-wrote-pauls-letters/#.YHYQBOlKjos

    [3] Blomberg, Craig L. 2016. A confiabilidade histórica do Novo Testamento. 358. Nashville: B&H Academic, https://platform.virdocs.com/r/s/0/doc/230789/sp/10718076/mi/36876669

    [4] Mapa de Crenças. “O ‘credo de 1 Coríntios 15’ data de cerca de 30 DC?” acessado em 13 de abril de 2021, https://beliefmap.org/bible/1-corinthians/15-creed/date

    [5] Habermas, Gary. 1996. The Historical Jesus: Ancient Evidence for the Life of Christ. Joplin: College Press Publishing Co.

    [6] Ehrman, Bart. 2016. “Foi Paulo o Fundador do Cristianismo?” última modificação em 1º de junho de 2016. https://ehrmanblog.org/was-paul-the-founder-of-christianity/

    [7] Craig Blomberg, 358.

    [8] Ibidem, 394.

    [9] Ibidem, 358.

    [10] Bohlinger, Travis. 2018. “Por que Paulo mencionou sua grande caligrafia em Gálatas?” theLab, última modificação em 18 de dezembro de 2018. https://academic.logos.com/why-did-paul-mention-his-large-handwriting-in-galatians-exclusive-interview-with-steve-reece/

    [11] Craig Blomberg, 394.

    [12] Ibidem, 474.

    [13] Ibidem, 476.

    Fonte: https://coldcasechristianity.com/writings/how-much-did-paul-influence-christianity/

    Tradução: Emerson de Oliveira.
  • Paulo criou outro evangelho diferente dos ensinos de Jesus?

    20/04/2021 Emerson de Oliveira

    De acordo com alguns críticos, Paulo sequestrou o cristianismo, pregou um evangelho inteiramente diferente de Jesus.

    Somos questionados sobre por que os ensinamentos e o tom de Paulo são tão diferentes do que lemos de Jesus e dos quatro evangelhos e mais há momentos em que parece que Paulo e jesus estão em conflito um com o outro.

    Outros críticos costumam dizer que os cristãos modernos não são realmente cristãos, mas são paulinistas.

    Uma resposta natural seria dizer que Paulo tinha muito mais a dizer sobre o significado da morte e ressurreição de jesus e Jesus não iria apenas sair e dizer exatamente o que sua morte iria realizar.

    Ele era bastante enigmático sobre isso, mas outra resposta seria se eles realmente ensinam tudo isso diferente porque há literalmente dezenas de vezes em que Paulo e Jesus estão na mesma página.

    Vamos dar uma olhada em alguns.

    Deus pode ser referido como Abba, Pai
    devemos dar a Deus o que pertence a Deus
    devemos abençoar aqueles que nos amaldiçoam e amar nossos inimigos
    devemos viver pacificamente com todos os homens
    o amor cumpre a lei de Deus
    devemos permanecer alerta até a vinda de Cristo
    não devemos julgar os outros
    todos os alimentos são limpos
    a salvação está aberta aos gentios
    seja sábio como as serpentes a respeito do que bom e tão inocente quanto pombas em relação ao mal
    o reino de deus é oferecido aos pobres
    os homens ímpios procuram um sinal
    o Evangelho vai ofender muitas pessoas
    somos chamados para ser mordomos de confiança que um dia seremos julgado por Jesus
    Esperem maus tratos e perseguição no trabalho do reino
    permanecer solteiro é um dom de Deus
    divorciar-se de uma mulher para se casar com outra mulher é adultério
    as pessoas devem tomar cuidado para não fazer com que outras pessoas tropecem
    aqueles que pregam o Evangelho devem ser apoiados financeiramente
    devemos praticar a Ceia do senhor ou a comunhão
    a fé pode mover montanhas
    nosso terreno templo é feito por mãos, mas devemos herdar um templo não feito por mãos
    se se dermos, será devolvido a nós.
    a obra do reino é acompanhada por sinais e maravilhas
    o conhecimento da identidade de Jesus vem da revelação divina
    rejeitar o mensageiro de Deus é a mesma coisa que rejeitar o próprio deus
    Jesus um dia vai voltar e o dia do Senhor vai chegar inesperadamente
    devemos retribuir o mal com o bem
    não devemos nos preocupar
    Jesus derramou seu sangue por nós
    a lei está estabelecida
    a humanidade é inerentemente pecaminosa e o reino de Deus deve ser o foco central do crente
    É uma longa lista. Grande parte dela vem de um ótimo livro de Paul Rhodes Eddie e Greg Boyd chamado “A lenda de Jesus”. Recomendo que você compre.



    Paulo realmente pregou uma mensagem tão diferente de Jesus? Acho que vimos que não é bem o caso. Há também o fato de que Paulo passou 15 dias com Pedro. Isso aconteceu três anos após sua conversão.

    Como estudioso cético do Novo Testamento, Bart Ehrman diz:

    Isso desafia a crença de que Paulo teria passado duas semanas com os companheiros mais próximos de Jesus e não tenha aprendido algo sobre Ele.

    O que Paulo teria aprendido incluiria o que Jesus ensinou. Paulo confiou muito na tradição oral que o precedeu e em muitas ocasiões Paulo fala de transmitir ensinamentos que aprendeu de outras pessoas.

    Voltando à carta de Paulo aos Gálatas, lemos que 14 anos depois, ele retorna para encontrar João, Pedro e o próprio irmão de jesus, Tiago. Ele submete seu evangelho a eles com a preocupação de que talvez ele estivesse ensinando a mensagem errada, mas ao invés de ser rejeitado por estes homens que conheceram Jesus pessoalmente, eles realmente endossaram sua mensagem e sua missão aos gentios.

    A única coisa que eles pediram ele fazer é que ele se lembre dos pobres. Paulo diz que ele estava muito ansioso fazer e é muito interessante notar que os apóstolos realmente confiaram em Paulo para coletar ofertas para os santos pobres afetados pela fome que estava acontecendo em Jerusalém.

    Também a igreja coríntia é familiar com Pedro e os parentes de Jesus para que pudessem verificar a mensagem de Paulo com eles.

    Enquanto o principal interesse de Paulo era ensinar sobre o significado da morte e ressurreição de Jesus, ele ecoa muito claramente e alude a muitas tradições atribuídas a Jesus nos evangelhos sinóticos.

    Às vezes diretamente ele diz: “não eu, mas o Senhor”. Além disso, o Jesus dos evangelhos muitas vezes falavam de sua iminência e morte voluntária e Paulo insiste que se uma pessoa pudesse ser consertada com Deus por guardar os Dez Mandamentos da lei de Deus, não haveria nenhuma razão para Cristo morrer.

    Se Jesus realmente pensasse que uma pessoa poderia ter vida eterna simplesmente seguindo Moisés, então por que pensar que é necessário submeter-se a uma missão aparentemente suicida?

    As pessoas poderiam simplesmente ser judeus praticantes da Torá e isso teria sido o suficiente, mas Jesus, conforme apresentado nos evangelhos, aparentemente não achou que fosse o suficiente.

    Criar uma divisão entre Jesus e Paulo é apenas baseado em uma leitura muito pobre dos evangelhos e das cartas dos apóstolos.
  • editado January 2022
    A CRIAÇÃO DO MITO DE JESUS

    Os evangelhos não se pretendiam uma narrativa histórica mas um "midrash"
    (uma composição de trechos das Escrituras que, do ponto de vista do autor,
    estão relacionados e confirmam a mensagem que ele quer transmitir). Ou
    parábolas com o enxerto de referências históricas. A intenção dos evangelistas
    não era registrar com precisão os fatos mas transmitir ensinamentos religiosos.

    Paulo foi um dos principais criadores da figura de Jesus. Ao cair do cavalo na
    estrada para Damasco, vítima de insolação ou epilepsia, julgou estar divinamente
    inspirado. Analisou as Escrituras em busca de revelações ocultas e, acreditando
    que toda e qualquer idéia que lhe ocorria também era inspiração de Deus,
    pareceu-lhe ter nelas encontrado o anúncio da vinda de Jesus.

    O mundo de Paulo ainda era fortemente influenciado pela civilização grega, sua
    cultura e seus deuses. Para os gregos e seus vizinhos, a verdadeira realidade era
    a realidade mítica, onde viviam deuses e anjos. O mundo material era apenas um
    reflexo dela, as sombras na caverna de Platão. As Escrituras não continham
    profecias, mas revelavam um pouco desta verdadeira realidade.

    O sofrimento e morte de Jesus eram fatos já ocorridos nessa realidade espiritual,
    num tempo diferente do nosso, assim como as aventuras dos deuses gregos, não algo
    que ainda ocorreria no mundo material (NOTA 1). Era desta "realidade" que falava
    Paulo, não de um Jesus de Nazaré, de carne e osso. E seus "fatos" vinham das
    Escrituras e das revelações de um Jesus espiritual. Na verdade, era Deus que
    fazia as revelações. Jesus era apenas seu canal de comunicações, o "Logos" grego,
    a "Sabedoria" judaica. Paulo descobriu "sobre" Jesus nas Escrituras e inspirações
    divinas, não "da boca de" Jesus. Jesus era o "segredo que esteve escondido durante
    eras" e que foi revelado por Deus.
    Era necessário ter fé nesse Jesus mítico, espiritual, como Paulo por tantas
    vezes insiste.

    Mas por que seria necessário ter fé em que um homem existiu neste mundo, morreu
    e ressuscitou? Isto seria um fato histórico, não algo só acessível através da fé.
    Foi só mais tarde que se criou o conceito de um Jesus feito homem. Sua biografia foi
    tirada das Escrituras. As narrativas do A.T., que foram sua origem e contavam
    uma história já ocorrida, tornaram-se aos poucos profecias a respeito de sua
    futura vinda.

    Mesmo em livros escritos por volta do ano 120 d.C. ainda se mencionam
    passagens do A.T. como fonte, não os evangelhos (que já deveriam ter sido
    escritos e ser muito famosos e conhecidos, se tivesse havido um Jesus e
    seus discípulos estivessem ativamente difundindo seus ensinamentos).

    Mas ninguém fala "conforme eu ouvi da boca de Jesus", "conforme ensinou
    Fulano, que foi discípulo de Jesus". Paulo só vai a Jerusalém anos depois
    de cair do cavalo e nem menciona os lugares santos ou sua emoção em visitá-los.
    Vai lá apenas para se encontrar com Pedro. Ninguém menciona Pilatos e o
    julgamento de Jesus.

    Paulo era o mestre, não Jesus. Em todas as suas disputas com os outros discípulos,
    ele jamais foi acusado de distorcer as palavras de Jesus. Não havia "palavras de
    Jesus". Não havia nos originais gregos dos textos de Paulo milagres como a cura
    dos enfermos ou a transformação de água em vinho. Os evangelhos e sua vida
    terrena ainda não tinham sido inventados.

    É possível que versões primitivas dos evangelhos já existissem no final do
    primeiro século, mas não faziam parte da corrente paulinista, predominante.
    Só durante o segundo século começaram a ser mencionados e se incorporaram ao
    conjunto de crendices contraditórias que cercava a figura de Cristo, defendidas
    por centenas, talvez milhares de seitas que brigavam entre si.
    https://fernandosilvamultiply.blogspot.com/2004/10/o-mito-do-jesus-historico.html
  • editado January 2022
    Parte 1 (o texto é muito longo para postar de uma vez):
    Paulo: o homem que inventou Cristo

    January 23, 2018

    O mundo cristão não seria o mesmo sem a mensagem que São Paulo transmitiu ao Império Romano. Para conquistar fiéis, ele fez concessões que desagradaram aos discípulos de Jesus – e ainda despertam acirradas discussões entre pensadores e religiosos. Afinal, Paulo espalhou ou deturpou a palavra de Cristo?

    Estamos no ano 34 da era cristã. Passaram-se poucos anos desde a crucificação de Jesus. Sua mensagem espalhou-se rapidamente por toda a Palestina e seus discípulos eram implacavelmente perseguidos, principalmente pelos judeus. Os seguidores de Jesus são acusados de heresia e traição à Lei de Moisés. Em Jerusalém, um jovem judeu chamado Saulo faz verdadeiras atrocidades com os cristãos. Persegue-os furiosamente, invade suas casas e os manda para prisão. Informado de que, a cada dia, cresce a comunidade cristã em Damasco, na Síria, pede e obtém do Sinédrio, o Supremo Tribunal da comunidade judaica de Jerusalém, cartas de recomendação aos rabinos daquela cidade, autorizando-os a caçar os hereges cristãos. Acompanhado de alguns homens, percorre a cavalo os cerca de 200 quilômetros até Damasco. Depois de sete dias de viagem, sob um sol escaldante, consegue finalmente avistar as muralhas da cidade.

    Mas, de repente, uma forte luz vinda do céu incide sobre ele e assusta seu cavalo, que o joga no chão. Naquele instante, o jovem judeu ouve uma voz que diz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”

    Atônito, ele indaga: “Quem és, Senhor?” A voz responde: “Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te, entra na cidade e te dirão o que deves fazer”.

    O séquito de Saulo permanece mudo de espanto, sem entender de onde vem aquela voz. Saulo, por sua vez, ergue-se do chão, mas não consegue enxergar nada. Em Damasco, permanece três dias e três noites em jejum, refletindo sobre o estranho acontecimento, até ser visitado por Ananias, um discípulo de Cristo, que lhe diz: “Saulo, meu irmão, o Senhor me enviou. O mesmo que te apareceu no caminho por onde vinhas. É para que recuperes a vista e fiques repleto do Espírito Santo”. Nesse exato momento, duas escamas caem dos olhos de Saulo, que volta a ver. Em seguida, ele é batizado. Convertido, Saulo de Tarso tornou-se aquele que talvez tenha sido o mais importante difusor da palavra de Jesus: São Paulo.

    O episódio acima, narrado em detalhes no livro Atos dos Apóstolos, do Novo Testamento, teria marcado radicalmente a vida de Paulo. Não é possível provar que ele tenha de fato acontecido. Os textos bíblicos são as únicas fontes disponíveis para se reconstituir a história do santo – acreditar neles é uma questão de fé. Tenha ocorrido de forma tão espetacular ou não, a conversão de Paulo mudou para sempre os rumos da religião cristã. Para muitos teólogos, Paulo foi um personagem fundamental nos primeiros anos do cristianismo. Seu trabalho de evangelização foi, em grande parte, responsável pelo caráter universal da doutrina cristã e sua mensagem, expressa em cartas enviadas às comunidades que fundava, ainda hoje é considerada o alicerce da jurisprudência, da moral e da filosofia modernas do Ocidente. Enquanto a maioria dos apóstolos que conviveram com Jesus restringiram sua pregação à Palestina, Paulo levou a palavra de Cristo para lugares distantes, como a Grécia e Roma.

    Sua importância na construção da Igreja primitiva é tão grande que muitos estudiosos atribuem a ele o título de pai do cristianismo.

    “Paulo desempenhou um papel maior na evangelização dos primeiros cristãos”, diz o biblista Jerome Murphy-O’Connor, professor da Escola Bíblica e Arqueológica de Jerusalém e um dos maiores estudiosos do santo. O historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em cristianismo e judaísmo antigos, concorda: “O cristianismo, tal como existe hoje, deve muito a Paulo. Se não fosse o apóstolo, ele provavelmente não teria passado de mais uma seita judaica”. Isso não quer dizer que o trabalho dos 12 apóstolos tenha sido irrelevante, mas eles pregaram numa região, a Palestina, que viria a ser devastada pelos romanos entre os anos 66 e 70. “Sem dúvida, Paulo foi o apóstolo que teve maior repercussão com o passar dos séculos”, afirma o teólogo Pedro Lima Vasconcellos, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo.

    O termo apóstolo, no sentido de evangelizador, é freqüentemente usado para se referir a São Paulo. Não há evidências históricas, entretanto, de que ele tenha conhecido Jesus Cristo.

    A influência de Paulo é indiscutível. Mas, para uma corrente de historiadores e teólogos, ele deturpou os ensinamentos de Jesus Cristo – a ponto de a mensagem cristã que sobreviveu ao longo dos séculos ter origem não em Cristo, mas em Paulo. Esses pensadores julgam ser mais correto dizer que o que existe hoje é um “paulinismo”, não um cristianismo. “As cartas de São Paulo são uma fraude nos ensinamentos de Cristo. São comentários pessoais à parte da experiência pessoal de Cristo”, afirmou o líder pacifista indiano Mahatma Ghandi, em 1928. Opinião semelhante tem o prêmio Nobel da Paz de 1952, o alemão Albert Schweitzer, que declarou: “Paulo nos mostra com que completa indiferença a vida terrena de Jesus foi tomada”.

    As principais críticas da corrente antipaulina concentram-se em pontos polêmicos das cartas do apóstolo. Nelas, entre outras coisas, Paulo defende a obediência dos cristãos ao opressivo Império Romano, bem como o pagamento de impostos, faz apologia da escravidão, legitima a submissão feminina e esboça uma doutrina da salvação distinta daquela que, segundo teólogos antipaulinos, teria sido defendida por Jesus. “A mentira que foi Paulo tem durado tanto tempo à base da violência. Sua conversão foi uma farsa”, afirma Fernando Travi, fundador e líder da Igreja Essênia Brasileira. Os essênios eram uma das correntes do judaísmo há 2 mil anos, convertidos na primeira hora ao cristianismo. “Ele criou uma religião híbrida. A prova disso é o mundo que nos cerca. Um mundo cheio de guerra, de sofrimentos e de desespero.”

    Paulo: Judeu, grego e romano

    Para entender melhor o papel de São Paulo na origem e construção do cristianismo é preciso voltar no tempo e acompanhar de perto sua vida. O principal relato sobre ele está presente nos Atos dos Apóstolos, livro escrito pelo evangelista Lucas, que foi também dos maiores discípulos de Paulo. Seus relatos, no entanto, não são considerados um retrato fiel dos acontecimentos. “Os Atos devem ter sido escritos cerca de 15 a 20 anos após a morte de Paulo, quando ele já poderia estar caindo no esquecimento. Lucas, então, expressa uma visão romanceada do apóstolo, transformando-o em um herói ou, mais do que isso, em um modelo de discípulo”, afirma José Bortolini, padre da Congregação Pia Sociedade de São Paulo, mestre em exegese bíblica e autor do livro Introdução a Paulo e suas Cartas. Outra fonte de informação sobre o apóstolo são as cartas (ou epístolas) escritas por ele para as comunidades cristãs que tinha fundado.

    Com base nessas duas fontes, sabemos que Paulo era um judeu detentor de cidadania romana, criado em um ambiente culturalmente grego.

    Ele nasceu em Tarso, na Ásia Menor, onde atualmente está a Turquia. Era uma cidade grande, com mais de 200 mil habitantes, por onde passava uma estrada que ligava a Europa à Ásia. Situada na província romana da Cilícia, a Tarso de então era predominantemente grega – um dos mais efervescentes centros de cultura do mundo helênico, chegando a rivalizar com Atenas. Mas também era cosmopolita. Abrigava um porto fluvial movimentado e se impunha como um importante pólo comercial. Suas ruas estreitas viviam apinhadas de gente e suas casas abrigavam povos de várias regiões: egípcios, bretões, gauleses, núbios e sírios – além dos judeus (como a família de Paulo), que na época já haviam se assentado em várias cidades do império.

    A cidadania romana, citada nos escritos de Lucas, é um ponto controverso da biografia de Paulo. Tê-la garantia alguns privilégios, como o direito de participar das assembléias que decidiam questões sobre a vida e a organização da cidade e a isenção do pagamento de alguns impostos. Os cidadãos romanos também não podiam ser crucificados, caso fossem condenados à morte. Segundo Lucas, Paulo herdara a cidadania do pai ou do avô, que a teriam obtido por mérito ou comprado por uma volumosa quantia. Mas o apóstolo nunca se declarou romano em suas cartas. Para o biblista Murphy-O’Connor, o silêncio é compreensível: “Não havia razão para Paulo mencionar sua posição social em cartas a comunidades que ele desejava convencer de que ‘nossa pátria está nos céus’ ”, escreve o teólogo no livro Paulo: Biografia Crítica. Cidadão romano ou não, Paulo provavelmente fazia parte de uma elite – seu pai, especula-se, era dono de uma oficina onde se fabricavam tendas. Ele mesmo, aliás, dominava esse ofício.

    O ano exato do nascimento de Paulo, bem como a data dos principais acontecimentos de sua vida, são, ainda hoje, motivo de controvérsia. Muitos historiadores supõem que ele tenha nascido por volta do ano 5 da era cristã. Era, portanto, alguns anos mais novo do que Jesus – cujo nascimento, segundo descobertas históricas recentes, é datado entre 6 e 4 a.C. Paulo foi educado na casa de seus pais, na sinagoga e na escola ligada a ela. Aos 15 anos, deixou Tarso e mudou-se para Jerusalém, onde matriculou-se na escola de Gamaliel, um dos sábios mais respeitados do mundo judaico. Paulo teve uma formação acadêmica de primeira – nos parâmetros atuais, algo equivalente a um doutorado em Harvard.

    Nas tempos de estudante, Paulo presenciou uma situação que estaria na origem de sua “cristofobia”. Um dos alunos mais brilhantes era um jovem chamado Estêvão, um nazareno – nome dado aos que seguiam os ensinamentos de Cristo. Em uma discussão, Estêvão foi fiel a sua fé e declarou que Jesus era o messias: tal afirmação provocou a ira dos colegas, inclusive de Paulo. Pela blasfêmia, Estêvão foi levado diante do Sinédrio e condenado à morte por apedrejamento. Conforme o costume da época, as pessoas que iam apedrejar o condenado deveriam tirar suas próprias vestes e colocá-las aos pés de uma testemunha. No martírio de Estevão, a testemunha era Paulo.

    A partir desse episódio, Paulo, que já era um intransigente defensor da lei e dos costumes judaicos, viu nos seguidores de Cristo uma ameaça real à sua própria religião. Foi então que passou a cultivar um ódio crescente pelos nazarenos e tornou-se um implacável perseguidor dos membros dessa seita. Depois de muito aterrorizar os cristãos de Jerusalém, decidiu agir na Síria. Foi quando aconteceu sua conversão no caminho de Damasco.
  • Parte 2:
    O missionário viajante

    Paulo tinha cerca de 28 anos quando ocorreu seu encontro místico com Jesus. Depois de ter se tornado um fervoroso discípulo do Nazareno, viveu algum tempo na comunidade cristã damasquina, até ser expulso pelos judeus. Refugiou-se por cerca de dois anos na Arábia – território dominado pela tribo dos nabateus –, que se estendia do mar Vermelho até Damasco, margeando a Palestina pelo leste. Nesse período, estudou e refletiu sobre os ensinamentos de Cristo. Por volta do ano 37, retornou a Damasco, onde fez suas primeiras pregações. Mais uma vez, provocou a fúria da comunidade judaica e teve de deixar a cidade numa fuga cinematográfica. Como os portões da cidade estavam vigiados, ele escondeu-se num cesto que foi descido pelas muralhas. Era noite e Paulo andou por cinco horas até sentir-se a salvo. Após seis dias de caminhada, chegou a Jerusalém. Havia três anos que ele tinha deixado a cidade.

    Os cristãos de Jerusalém o receberam com desconfiança. Afinal de contas, ainda estavam vivas na memória as atrocidades cometidas por Paulo. Coube a Barnabé, um ex-colega da escola de Gamaliel convertido ao cristianismo, apresentá-lo aos apóstolos. Foi nessa ocasião que aconteceu o primeiro encontro com Pedro, um dos discípulos mais próximos de Jesus. Durante 15 dias, eles permaneceram juntos. Mas não tardou para o Sinédrio saber que Paulo, agora cristianizado, havia voltado. Diante do perigo que corria em Jerusalém, Paulo mais uma vez teve de fugir: o destino foi Tarso, sua cidade natal, onde permaneceu por sete ou oito anos. Nada se sabe sobre sua vida nesse período.

    Por volta de 45 d.C., convidado por Barnabé, Paulo mudou-se para Antióquia da Síria, onde a igreja dos nazarenos crescia rapidamente. Depois de Roma e Alexandria, no Egito, Antióquia era a terceira maior cidade do Império Romano. “Diferentemente do que acontecia em Jerusalém, onde os seguidores de Jesus ainda estavam ligados à lei e aos rituais judaicos, em Antióquia se respirava ar novo – lá, boa parte dos neocristãos vinha do paganismo”, afirma padre Bortolini. O termo cristão, como designação dos discípulos de Jesus, surgiu pela primeira vez nessa cidade. Esse fato reveste-se de importância porque pela primeira vez os seguidores de Jesus não são mais vistos como judeus dissidentes.

    Foi de lá que Paulo – descrito em textos apócrifos como “um homem pequeno com uma grande cabeça careca” – partiu para sua primeira jornada missionária. Nessa ocasião, ele tinha cerca de 40 anos. Durante 12 anos, de 46 a 58, Paulo empreendeu quatro viagens evangelizadoras, visitando boa parte do Império Romano, que se estendia da Grã-Bretanha ao Oriente Médio, passando pelo norte da África. Eram jornadas árduas, feitas a pé ou de navio, sempre na companhia de outros discípulos. Quando viajavam por terra, seguiam pelas estradas romanas, percorrendo 30 quilômetros por dia. O perigo os espreitava, como escreve o apóstolo em uma de suas epístolas aos coríntios: “Sofri perigos nos rios, perigo por parte de ladrões, perigo por parte dos meus irmãos de raça, perigo por parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos por parte dos falsos irmãos”.

    A estratégia pastoral de Paulo era bem definida. Pregava nas sinagogas, em casas e praças de grandes centros urbanos, que funcionavam como pólos irradiadores da mensagem. Ao sair, designava um líder responsável pelo rebanho. A primeira viagem, entre 46 e 48, foi feita em companhia de Barnabé e de Marcos, outro discípulo cristão, o mesmo a quem é atribuído um dos quatro evangelhos. Foram à ilha de Chipre e percorreram a Ásia Menor (veja mapa) antes de retornar a Antióquia. É a partir dessa primeira expedição que Paulo deixa de ser chamado pelo nome judeu Saulo – a mudança é narrada por Lucas no Ato dos Apóstolos, 13:9.

    Antes de partir para a segunda viagem, Paulo foi intimado a participar do Concílio Apostólico de Jerusalém, em 49, que reuniu a nata do cristianismo primitivo. Foi um encontro tenso, onde, pela primeira vez, vieram à tona as divergências entre Paulo e o grupo de judeus-cristãos, tendo à frente Pedro e Tiago Menor, líder da comunidade cristã em Jerusalém. A assembléia discutiu assuntos delicados, como a obrigatoriedade da circuncisão para os pagãos convertidos ao cristianismo. A questão era importante e polêmica, pois a circuncisão era encarada como a porta de entrada do judaísmo. Ao aceitá-la, os convertidos assumiam que adotariam integralmente a cultura judaica. Paulo era contra, pois acreditava que o sacramento do batismo era suficiente para a conversão. Em suas pregações, ele encontrava forte resistência dos pagãos, que não entendiam por que deveriam se submeter ao ritual de iniciação judaico para tornar-se cristãos. Depois de acirradas discussões, Paulo saiu vitorioso.

    Foi, em parte, por causa dessa liberalização que Paulo arrebanhou um número tão grande de fiéis. Ao final do encontro, Paulo recebeu a alcunha de “apóstolo dos gentios”, em contraposição a Pedro, chamado de “apóstolo dos judeus”.

    A segunda jornada missionária começou depois do Concílio de Jerusalém e estendeu-se até 52. O ponto alto dessa jornada foi a pregação na Europa. Pela primeira vez, a palavra de Deus deixava a Ásia e espalhava-se por um novo continente. Paulo visitou várias cidades gregas, fundando importantes núcleos cristãos. “Foi por causa dessa passagem [da Ásia para a Europa] que o cristianismo sobreviveu e se desenvolveu”, argumenta padre Bortolini. Foi também nessa jornada que Paulo escreveu, em 51, a Epístola aos Tessalonicenses, o mais antigo documento do Novo Testamento. Nas cartas paulinas, o trabalho braçal ficava por conta de escribas: Paulo as ditava e as assinava de próprio punho para autenticar o documento. A maioria delas foi escrita em grego, mesma língua usada por Paulo em suas pregações. Esse era o idioma universal, comparável ao que hoje é o inglês.

    O apóstolo também se expressava em hebraico, língua da elite judaica, na qual foi escrita a maior parte dos livros do Antigo Testamento, e em aramaico, a língua materna de Jesus e corrente na camadas populares da Palestina. Mesmo sendo poliglota, o apóstolo encontrava dificuldade para se comunicar em suas peregrinações, diante da multiplicidade de línguas e dialetos daquela época. Em muitas ocasiões, recorria a intérpretes.

    Em uma de suas cartas, a Epístola aos Gálatas, percebe-se a tensão existente entre Paulo e os 12 apóstolos que conviveram com Cristo. Nela, Paulo afirma que “enfrentou abertamente [Pedro, em Antióquia], porque ele se tornara digno de censura”. O motivo da briga foram dois preceitos alimentares judaicos. Pedro defendia que os neocristãos não poderiam sentar-se à mesa com gentios – seus iguais até pouco antes. Deveriam também rejeitar sobras de carnes de animais sacrificados aos deuses pagãos. Paulo discordava e teve uma acirrada discussão com Pedro.

    Na terceira viagem missionária, de 53 a 57, Paulo deteve-se por três anos em Éfeso, a capital da Ásia Menor. Lá, presume-se, esteve preso por alguns meses – ao longo de sua vida, o apóstolo deve ter permanecido quatro anos atrás das grades. Durante essa jornada, coletou dinheiro para os cristãos pobres de Jerusalém. No retorno à Terra Santa, não se sabe como foi recebido por Tiago, chefe da igreja de Jerusalém. Nem Lucas nem Paulo deixam claro se ele aceitou o dinheiro “impuro” da coleta. Sabe-se apenas que foi na volta a Jerusalém que Paulo foi preso, na praça do Templo, sob a acusação de introduzir gentios na sinagoga. Os judeus estavam furiosos com a presença do pregador na cidade e, temendo por sua segurança, o tribuno romano Cláudio Lísias o encarcerou de novo. Dessa vez, foi em Cesaréia, perto de Jerusalém, onde amargou dois anos de reclusão. Eis que ele pediu para ser julgado em Roma pelo imperador – direito conferido aos cidadãos romanos.

    No outono de 60, o apóstolo foi enviado à capital imperial, uma cidade com quase 1 milhão de moradores. Paulo foi saudado pela comunidade cristã e permaneceu em prisão domiciliar, vigiada por soldados. Encontrava-se com as pessoas, mas não podia sair de casa. Aproveitou esse período para transmitir a palavra de Deus. Depois de dois anos de cativeiro, seu processo foi encerrado sem uma sentença condenatória.

    Pouco se sabe a respeito dos anos seguintes da vida de Paulo, já que o Novo Testamento não dá indicações do que aconteceu com ele após a prisão em Roma. Mas, segundo a tradição, acredita-se que tenha empreendido uma viagem à Espanha ou visitado as igrejas cristãs que fundara na Grécia e Ásia Menor e retornado a Roma na primavera de 67. O império era chefiado por Nero, que anos antes havia ateado fogo na cidade e jogara a culpa pelo desastre nos seguidores de Jesus. Por isso, os cristãos eram duramente perseguidos e tinham que se reunir em catacumbas para escapar da fúria insana do imperador. Quando capturados, viravam presa para as feras do Coliseu. Ao deparar com essa situação, Paulo empenhou-se em reconstruir a comunidade. Não tardou e foi preso, acusado de chefiar a seita dos nazarenos.

    Na prisão, escreveu sua derradeira carta ao discípulo Timóteo, um dos líderes da igreja de Éfeso. Ele sabia que não escaparia da morte. No outono daquele ano, foi levado pelos guardas para fora da cidade e degolado. No local de seu martírio foi construída a praça Tre Fontane e perto dali, junto ao seu túmulo, erguida a basílica de São Paulo Extramuros. Diz a lenda que, no momento de sua execução, uma cega de nome Petronila aproximou-se do apóstolo e lhe ofereceu um véu para cobrir-lhe o rosto. Paulo teria devolvido o véu à mulher e, quando ela o colocou sobre os seus próprios olhos, recobrou milagrosamente a visão. A conversão de Paulo é comemorada no dia 25 de janeiro. Foi uma escolha aleatória, já que não se sabe o dia exato de sua conversão.

    Como a cidade de São Paulo foi fundada nesse dia, acabou recebendo o nome do santo. A festa de São Paulo é celebrada em 29 de junho, junto com a de São Pedro. Foi uma forma encontrada pela Igreja para homenagear, de uma só vez, os dois líderes máximos do cristianismo primitivo.

    Cristianismo ou paulinismo?

    As 13 cartas escritas por São Paulo sintetizam o pensamento do apóstolo, que viria a moldar a doutrina cristã. Elas foram redigidas entre os anos 50 e 60 e são os mais antigos documentos da história do cristianismo – os quatro evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João ficaram prontos apenas entre os anos 70 e 100. A influência do apóstolo na consolidação da doutrina cristã pode ser medida pelo fato de suas epístolas representarem quase metade dos 27 livros do Novo Testamento. Com elas, dizem os estudiosos, Paulo não tinha a pretensão de formular tratados teológicos. “Elas são resultado de experiências vivenciadas pelas comunidades paulinas”, afirma o André Chevitarese. Uma corrente de biblistas defende que nem todas foram de fato escritas por Paulo – algumas teriam sido redigidas por seus discípulos após a morte do apóstolo. “Elas são muito diferentes em estilo literário e conteúdo”, afirma Pedro Vasconcellos, da PUC. Para a Igreja, no entanto, todas as cartas são de autoria de Paulo.

    Se são uma rica fonte de difusão da doutrina cristã, esses documentos são também a principal causa da controvérsia sobre o apóstolo. Na opinião de Fernando Travi, líder da Igreja Essênia Brasileira, a descoberta, no século passado, de escrituras datadas dos primeiros anos do cristianismo, como os Manuscritos do Mar Morto, o Evangelho dos 12 Santos (ou da Vida Perfeita) e o Evangelho Essênio da Paz, indica que boa parte do conteúdo das cartas de Paulo está em oposição aos ensinamentos de Jesus (leia quadro na pág. 64). “Existem sérios indícios de que, como num plano de sabotagem, Paulo divulgou uma doutrina falsificada em nome do messias”, diz ele. Opinião parecida tem o pastor batista americano Edgar Jones, autor do livro Paulo: O Estranho. “Jesus de Nazaré deve ser cuidadosamente diferenciado do Jesus de Paulo. Gerações e séculos passaram até que a corrente paulina com seu forte apelo em favor do Império Romano ganhasse ascendência sobre a corrente apostólica”, diz o teólogo.

    O fato é que, até o século 4, o cristianismo dividia-se em duas correntes distintas, uma liderada pelos discípulos de Paulo e outra pelos seguidores dos apóstolos de Cristo. Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, a corrente paulina saiu-se vitoriosa. “As idéias de Paulo, afáveis aos dominadores, foram definitivamente incorporadas à doutrina cristã”, diz Fernando.

    Para os críticos de Paulo, um exemplo dessa “afabilidade” está presente na Epístola aos Romanos. “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus. Aquele que se revolta contra a autoridade opõe-se à ordem estabelecida por Deus”, escreve Paulo. E continua: “É também por isso que pagais impostos, pois os que governam são servidores de Deus”. “Essa passagem revela que ele estava a serviço das autoridades romanas. Jesus, por sua vez, se insurgia contra as leis de Estado”, afirma Fernando. Para os defensores de Paulo, esse texto foi tirado de seu contexto e tornou-se, ao longo dos séculos, uma teoria metafísica do Estado. “O texto só tinha valor para quem vivia em Roma, onde qualquer movimento de desobediência seria esmagado”, diz o teólogo Pedro Vasconcellos.

    Para outros teóricos, deve-se diferenciar a doutrina religiosa paulina das opinões do apóstolo sobre a ordem social. “A teoria de Igreja de Paulo é fundamentada no antiautoritarismo, o que influenciou muito a doutrina protestante. Na sua igreja, a idéia de liberdade é plena, mas quando ela é extrapolada para o meio social, surge o seu conservadorismo”, diz o pastor luterano Milton Schwantes, professor da Universidade Metodista de São Paulo e doutor em literatura bíblica. O sacerdote franciscano Jacir de Freitas Faria, mestre em exegese bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico (PIB), de Roma, comunga da mesma opinião: “Paulo é uma figura basilar do cristianismo, mas não podemos deixar de ser críticos a ele nessa relação com o Império Romano”.

    Outro ponto controverso das epístolas paulinas refere-se à defesa que seu autor faz da escravidão. Na Epístola aos Efésios, Paulo é taxativo: “Servos, odedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo”. Para os antipaulinos, o apoio dado pelo apóstolo à escravidão tem sido usado pela Igreja ao longo dos séculos para legitimar situações espúrias de dominação e diverge radicalmente da palavra de Cristo, que pregava um mundo livre de opressões. A corrente pró-paulina argumenta, mais uma vez, que é preciso analisar o contexto histórico para entender seus escritos: “Sua falha em condenar a escravidão torna-se compreensível quando sabemos que cerca de 60% da população de qualquer cidade grande daquele tempo era formada por escravos. Toda economia estava estruturada em torno desse fato e, por isso, uma atitude crítica seria incompreensível”, afirma o biblicista Jerome Murphy-O’Connor, de Jerusalém.

    O apóstolo dos pagãos também é bombardeado por suas posições a respeito das mulheres. Na carta endereçada à comunidade cristã de Colosso, ele escreve: “Quanto às mulheres, que elas tenham roupas decentes, se enfeitem com pudor e modéstia. (…) Durante a instrução, a mulher conserve o silêncio, com toda submissão. Não permito que a mulher ensine, ou domine o homem”. Suas palavras atraem até hoje a ira das feministas, que o acusam de misoginia. Seus defensores, por outro lado, argumentam que , ao contrário, ele incentivava a participação das mulheres na vida social. “Paulo acreditou firmemente na igualdade entre os sexos e, em suas igrejas, as mulheres exerciam todos os ministérios. Alguns exegetas munidos de preconceito interpretaram erroneamente os textos paulinos”, diz Murphy-O’Connor.

    Outro petardo disparado pelos críticos diz respeito à doutrina da salvação defendida por Paulo. “Paulo diz que os pecados são perdoados se a pessoa acreditar que Jesus morreu na cruz por ela. É a doutrina da salvação em que o herói derrama seu sangue e todos são perdoados por causa dele. Enquanto isso, Jesus diz: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’. Para Jesus, a salvação será dada àqueles que seguirem seus ensinamentos”, afirma Fernando Travi. Os defensores de Paulo discordam e afirmam que o apóstolo foi mais uma vez mal interpretado.

    “Creio que houve uma transformação conservadora da mensagem de Paulo. Temos que libertá-lo das idéias errôneas a seu respeito perpetuadas ao longo dos séculos”, diz Pedro Vasconcellos, da PUC.

    Conservador ou radical, fiel ou não a Jesus Cristo, São Paulo foi, sem dúvida, um dos poucos evangelizadores – se não o único – a fazer o cristianismo passar da cultura semita à greco-romana, possibilitando que ela se tornasse uma religião mundial. “Ele criou condições para que povos não-judaicos, ao receberem a mensagem de Deus, fossem inseridos de forma igualitária na comunidade cristã”, afirma o André Chevitarese, da UFRJ. Sem Paulo, considerado por muitos o pai do cristianismo, a história da humanidade teria tomado outro rumo. A Idade Média, marcada pela força da Igreja Católica, ocorreria de outra forma e o mundo em que vivemos seria totalmente diferente. Nada seria como é.

    Para saber mais

    Na livraria

    Paulo – Biografia Crítica, Jerome Murphy-O·Connor, Edições Loyola, 1996

    Introdução a Paulo e suas Cartas, José Bortolini, Paulus, 2001

    Paulo Apóstolo: Um Trabalhador que Anuncia o Evangelho, Carlos Mesters, Paulus, 2002

    Libertando Paulo: A Justiça de Deus e a Política do Apóstolo, Neil Elliott, Paulus, 1998

    Na internet

    Paul – The Stranger (livro eletrônico de Edgar Jones sobre a vida de Paulo)

    http://www.voiceofjesus.org/b2tableofcontents.html
  • editado January 2022
    Parte 3:
    Quem é quem no cristianismo

    O FUNDADOR

    Jesus:
    Filho de Deus, concebido por Maria, nasceu por volta de 5 a.C. e pregou exclusivamente na Palestina. Morreu na cruz em torno de 30 d.C.

    A LINHA DE FRENTE

    Pedro:
    Era o líder dos 12 apóstolos. Pedro, que negou Jesus por três vezes, foi o primeiro papa da Igreja Católica. Dois livros do Novo Testamento (Primeira e Segunda Epístola de São Pedro) são creditados a ele. Segundo a tradição cristã, foi crucificado e morto por volta de 64 d.C. em Roma

    Os apóstolos:
    Além de Pedro, o grupo dos 12 apóstolos que conviveram com Jesus era formado pelos evangelistas João e Mateus, por André, irmão de Pedro, Bartolomeu, Filipe, Tomé, Tiago Maior, irmão mais velho de João, Simão, Tiago Menor e seu irmão Judas Tadeu e Judas Iscariotes. Depois da traição de Iscariotes, Matias, que havia convivido com Jesus, tomou seu lugar e passou a ser considerado do time dos 12 apóstolos

    Tiago:
    Identificado na Bíblia como o irmão de Jesus, é o principal líder da comunidade cristã de Jerusalém. Escreveu uma das cartas do Novo Testamento (Epístola de São Tiago). Segundo os historiadores, foi apedrejado até a morte pelos judeus por volta do ano 62 d.C.

    OS EVANGELISTAS

    Mateus:
    Apóstolo de Cristo, é considerado o autor do primeiro dos quatro evangelhos, escrito por volta de 80 d.C., 50 anos depois da morte de Jesus. Antes de sua conversão ao cristianismo, Mateus exercia a função de coletor de impostos

    João:
    O mais jovem dos apóstolos escreveu o quarto evangelho. Era considerado o discípulo amado de Jesus e foi o único dos 12 apóstolos que não o abandonou na hora de sua morte. No Novo Testamento, é autor também de três epístolas e do Apocalipse

    Marcos:
    Também chamado de João Marcos, foi autor do segundo evangelho, escrito em Roma pouco antes do ano 60 da Era Cristã. Ele não chegou a conhecer pessoalmente Cristo e, segundo estudiosos, escreveu o evangelho a partir de informações de Pedro

    Lucas:
    Autor do terceiro evangelho e dos Atos dos Apóstolos, não conviveu com Jesus. Nasceu pagão e pouco se sabe sobre sua vida pessoal e conversão ao cristianismo. Muito ligado a Paulo, é identificado por este como médico

    O MISSIONÁRIO

    Paulo:
    Um dos mais influentes personagens dos primeiros anos do cristianismo, não chegou a conhecer Jesus. Nasceu em torno de 6 d.C. e converteu-se ao cristianismo quando tinha cerca de 28 anos. Viajou por quase todo o Império Romano disseminando a palavra de Cristo e morreu decapitado por volta de 67 d.C., em Roma

    GRUPO DAS MULHERES

    Sabe-se muito pouco sobre o que elas fizeram, mas os estudiosos concordam que Maria Madalena, Maria de Cleófas, Marta e Joana, entre outras, tiveram um papel importante na origem do cristianismo. Nesse time, cabe destacar o papel de Maria Madalena, que é citada nos evangelhos nas passagens da crucificação e da ressurreição de Jesus

    Paulo, no tempo e no espaço
    O apóstolo dos gentios fez quatro viagens missionárias: conheça o percurso de cada uma delas

    Tarso:
    Terra natal de Paulo, era um dos mais importantes núcleos do Império Romano na Ásia. Ficava na fronteira do Ocidente e do Oriente e tinha um ar cosmopolita e multicultural

    Jerusalém:
    Principal centro do cristianismo, foi onde Paulo recebeu sua educação religiosa, na escola de Gamaliel. A cidade também foi sede do Concílio Apostólico (49), que liberou os neocristãos advindos do paganismo da circuncisão

    Damasco:
    Cidade na Síria para onde Paulo se dirigia quando teve uma visão de Jesus e converteu-se como um de seus mais ardorosos discípulos

    Antióquia da Síria:
    Depois de Jerusalém, foi aqui que surgiu a mais importante comunidade cristã da Antiguidade. A igreja de Antióquia era formada principalmente por pagãos convertidos, ao contrário de Jerusalém, composta quase exclusivamente por cristãos-judeus

    Cesaréia:
    Paulo permaneceu encarcerado nessa cidade durante dois anos, entre 58 e 60, depois que foi preso na praça do Templo, em Jerusalém. Em seguida, foi levado para Roma

    Chipre:
    Primeira parada de Paulo em sua viagem missionária inaugural, em 46. Era a terra natal de Barnabé, aparentemente o líder da jornada

    Éfeso:
    O apóstolo passou mais de dois anos em Éfeso, grande centro cultural e comercial da Ásia. Foi uma estadia mais longa do que o habitual. Provavelmente ele esteve preso por algum tempo na cidade

    Filipos:
    Primeira grande cidade do continente europeu visitada por Paulo, em sua segunda viagem missionária, que durou de 49 a 52. Aqui nasce a primeira comunidade cristã da Europa

    Tessalônica:
    Principal localidade da Macedônia, tinha uma população formada por gregos, romanos, judeus e orientais. Paulo fundou uma importante igreja no local

    Atenas:
    Capital cultural do mundo grego, foi visitada por Paulo durante sua segunda jornada de peregrinação. Sua pregação na cidade não foi bem recebida

    Corinto:
    Paulo viveu por 18 meses na cidade (do inverno de 50 ao verão de 52), que abrigava uma população de 500 mil habitantes. Foi aqui que ele escreveu a Primeira Epístola aos Tessalonicenses, considerada o mais antigo livro do Novo Testamento

    Roma:
    Paulo chegou preso a Roma em 60. Ficou na cidade cerca de dois anos, em prisão domiciliar. Depois de solto, deve ter ido à Espanha. Retornou à capital do império em 67, quando foi novamente preso e decapitado

    Ano a ano, a vida do apóstolo

    Cerca de 5 ou 6 d.C.
    Nasce em Tarso, importante cidade da Ásia Menor

    20
    Muda para Jerusalém para estudar na escola do rabino Gamaliel

    34
    Converte-se ao cristianismo

    37
    Faz suas primeiras pregações em Damasco. Volta a Jerusalém como cristão, mas, perseguido pelos judeus, foge para Tarso

    37 a 45
    Permanece em Tarso

    45
    Visita, a convite de Barnabé, a igreja da Antióquia, a segunda mais importante para os cristãos depois da de Jerusalém

    46 a 48
    Faz sua primeira viagem apostólica em companhia de Barnabé e Marcos

    49
    Participa do Concílio Apostólico de Jerusalém

    49 a 52
    Faz a segunda viagem apostólica, agora com Timóteo e Lucas

    53 a 57
    Faz a terceira viagem apostólica. Permanece quase três anos em Éfeso

    57
    É preso pelos romanos em Jerusalém

    60
    É enviado como prisioneiro a Roma

    63
    É solto por falta de provas. Parte em uma missão infrutífera à Espanha

    Cerca de 67
    Retorna a Roma e é preso mais uma vez. É executado por degolamento

    As supostas contradições entre os ensinamentos de Cristo e de Paulo

    Sobre A obediência ao Estado
    O que Cristo teria dito: “Cuidarei e protegerei o fraco e aqueles que são oprimidos e todas as criaturas que sofrem injustiça.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 46:18*

    O que Paulo disse: “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Ele.” Epístola aos Romanos, 13:1-3

    Sobre a escravidão

    O que Cristo teria dito: “Protegereis o fraco (…) Deus mandou-me ajudar os quebrantados, para proclamar a liberdade dos cativos.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 13:2

    O que Paulo disse: “Servos, obedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo; servindo-os, não quando vigiados, para agradar a homens, mas como servos de Cristo, que põem a alma em atender à vontade de Deus.” Epístola aos Efésios, 6:5-6

    Sobre a submissão feminina

    O que Cristo teria dito: “Em Deus, o masculino não é sem o feminino, nem o feminino sem o masculino (…) Deus criou a espécie humana na divina imagem macho e fêmea (…) Assim, devem os nomes do Pai e da Mãe ser igualmente reverenciados.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 52:10

    O que Paulo disse: “Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres o sejam a seus maridos, como ao Senhor, porque o homem é cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja e o salvador do Corpo.” Epístola aos Efésios, 5:21-23

    Sobre a doutrina da salvação

    O que Cristo teria dito: “Mas eis que um maior que Moisés está aqui, e Ele vos dará a mais alta Lei, ainda a perfeita Lei, e esta Lei obedecerás. (…) Aqueles que acreditam e obedecem salvarão suas almas, e aqueles que não obedecem as perderão. Pois digo a vós, a não ser que vossa justiça sobrepuje a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino do Céu.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 25:10

    O que Paulo disse: “Se com tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. ” Epístola aos Romanos, 10:9

    * O Evangelho dos 12 Santos é um texto apócrifo do início do cristianismo, supostamente escrito pelos 12 apóstolos. Ele não é reconhecido pela Igreja.
    https://outline.com/HbrvaY

    https://super.abril.com.br/historia/o-homem-que-inventou-cristo/

  • Fernando_Silva escreveu: »
    patolino escreveu: »
    Não apenas Paulo, mas todos os apóstolos ditavam suas cartas e textos evangélicos a um, digamos, secretário. Pedro, por exemplo, era iletrado e os demais não conheciam o idioma para as igrejas a que destinavam suas pregações, exceto Lucas e Mateus.
    Os evangelhos foram escritos depois do ano 70, quando aqueles a quem foram atribuídos provavelmente já tinham morrido.
    E não foram escritos de uma só vez, pelo contrário, foram crescendo aos poucos, com acréscimos sucessivos.
    O evangelho de Marcos, por exemplo, terminava no túmulo vazio. Só mais tarde é que o resto foi inventado.

    Pesquise sobre "proto evangelhos". São os primeiros esboços do que temos hoje.

    A lenda foi montada gradualmente. O evangelho de Marcião, por exemplo, começa com "E surgiu um homem vindo de Cafarnaum". Nada se diz sobre nascimento milagroso, infância etc.

    Isto supondo-se que os 12 apóstolos tenham realmente existido e não sejam apenas mais uma fantasia.
    patolino escreveu: »
    A única epístola de Paulo escrita por suas próprias mãos foi, exatamente, Hebreus, por causa das circunstâncias especiais que o constrangiam. Por isso a diferença em relação às demais.
    Tem alguma fonte que não seja espírita?
    Quando um historiador budista dá seu atestado sobre o tema, ou se um muçulmano igualmente o faz, ou um católico... havemos de excluir tais depoimentos?

    Mas, mesmo assim, todos sabemos que os apóstolos saíram da Judéia em peregrinação pelo mundo. Curioso exemplo: Tiago percorre a Espanha a pé, e este fato cria a tradição de se percorrer o caminho de São Tiago, Pedro, que escreve e fala apenas em aramaico vai a Roma em pregação, onde, aliás, é martirizado... como se faziam compreender sem interpretes?
    Paulo acalentava o grande ideal de pregar em Atenas, cidade dos sábios que ele apreciava e perante seus seguidores.
    Sofreu grande decepção no Areópago, quando ao falar da ressureição de Jesus viu que a assembleia motejava e abandonava o recinto. Com lágrimas nos olhos ele retira-se, e a sós teria escrito a carta aos Hebreus.
    Estou citando de cor, pode haver alguma imprecisão. (Paulo e Estêvão)

  • editado January 2022
    patolino escreveu: »
    Quando um historiador budista dá seu atestado sobre o tema, ou se um muçulmano igualmente o faz, ou um católico... havemos de excluir tais depoimentos?
    Não, desde que seus depoimentos sejam baseados em registros históricos confiáveis e nada tenham a ver com sua vontade de acreditar.
    patolino escreveu: »
    Mas, mesmo assim, todos sabemos que os apóstolos saíram da Judéia em peregrinação pelo mundo. Curioso exemplo: Tiago percorre a Espanha a pé, e este fato cria a tradição de se percorrer o caminho de São Tiago, Pedro, que escreve e fala apenas em aramaico vai a Roma em pregação, onde, aliás, é martirizado... como se faziam compreender sem interpretes?
    Pois é, você está supondo que um monte de coisas realmente aconteceram e se espantando com elas.
    A expressão "Todos sabemos" é muito usada quando se tentam induzir conclusões sem evidências.
    patolino escreveu: »
    Paulo acalentava o grande ideal de pregar em Atenas, cidade dos sábios que ele apreciava e perante seus seguidores.
    Sofreu grande decepção no Areópago, quando ao falar da ressureição de Jesus viu que a assembleia motejava e abandonava o recinto. Com lágrimas nos olhos ele retira-se, e a sós teria escrito a carta aos Hebreus.
    Estou citando de cor, pode haver alguma imprecisão. (Paulo e Estêvão)
    Dizer "Com lágrima nos olhos" é apelo à emoção.
    "Teria escrito": pois é, mais especulação que não é unanimemente aceita.
  • ]
    patolino escreveu: »
    Quando um historiador budista dá seu atestado sobre o tema, ou se um muçulmano igualmente o faz, ou um católico... havemos de excluir tais depoimentos?
    Fernando_Silva escreveu:
    Não, desde que seus depoimentos sejam baseados em registros históricos confiáveis e nada tenham a ver com sua vontade de acreditar.
    Registros históricos em grande parte não passam de depoimentos de um historiador. Não são testemunhas do fato. Sua confiabilidade pode sempre ser questionada, como de fato é, tanto que sobre temas importantes da história, as interpretações são pessoais.
    patolino escreveu: »
    Mas, mesmo assim, todos sabemos que os apóstolos saíram da Judéia em peregrinação pelo mundo. Curioso exemplo: Tiago percorre a Espanha a pé, e este fato cria a tradição de se percorrer o caminho de São Tiago, Pedro, que escreve e fala apenas em aramaico vai a Roma em pregação, onde, aliás, é martirizado... como se faziam compreender sem interpretes?
    Fernando_Silva escreveu:
    A expressão "Todos sabemos" é muito usada quando se tentam induzir conclusões sem evidências.
    Exatamente o contrário pois as evidências são claras. Não se está querendo atrair para si o conhecimento de um fato notório, que o é apenas por parte daqueles afeitos ao tema.
    patolino escreveu: »
    Paulo acalentava o grande ideal de pregar em Atenas, cidade dos sábios que ele apreciava e perante seus seguidores.
    Sofreu grande decepção no Areópago, quando ao falar da ressureição de Jesus viu que a assembleia motejava e abandonava o recinto. Com lágrimas nos olhos ele retira-se, e a sós teria escrito a carta aos Hebreus.
    Estou citando de cor, pode haver alguma imprecisão. (Paulo e Estêvão)
    Fernando_Silva escreveu:
    Dizer "Com lágrima nos olhos" é apelo à emoção.
    "Teria escrito": pois é, mais especulação que não é unanimemente aceita.
    Não é apelo à emoção mas, citação de texto. Na obra, o autor expõe com muitas palavras a amargura de Paulo pelo desprezo de que foi alvo.
    Especulação na verdade é a vaidade do historiador que não encontrando explicação plausível para a diferença na "forma" daquela carta, chega a imaginar que uma mulher a teria escrito. Isto é mera busca pela notoriedade.
    Para reforço da tese de que foi Paulo seu autor basta observar que ele escreve a todas as igrejas da Grécia visitadas por ele, exceto para Atenas... por quê?

    O atraso que se verifica em alguns dos setores do conhecimento humano é a recusa a priori dos testemunhos provindos do invisível, sem se dar o trabalho da pesquisa.

    Quer um exemplo? Olavo de Carvalho em suas bombásticas declarações afirma que há uma grande estupidez em não se acreditar nas EQMs, por falta de pesquisas.
    Não há pesquisas por parte da ciência, mas uma ou outra teoria rebuscada, quase estapafúrdias. Quem vai contestar?

    Os céticos de hoje não são aqueles que buscam comprovação, mas aqueles que simplesmente se recusam a acreditar, mesmo ante evidências se estas não forem materiais.
    Nenhum trabalho à inteligência.

  • editado January 2022
    patolino escreveu: »
    Registros históricos em grande parte não passam de depoimentos de um historiador. Não são testemunhas do fato. Sua confiabilidade pode sempre ser questionada, como de fato é, tanto que sobre temas importantes da história, as interpretações são pessoais.
    A História é uma opinião aceita que se baseia nos registros históricos disponíveis. Pode mudar se novas evidências surgirem.

    Não é o caso dos evangelhos e da maior parte da Bíblia, que têm que ser aceitos pela fé.

    Mas o principal ponto é que, se surgir um fato novo sobre a vida de Tutancâmon ou mesmo Napoleão, nada vai mudar na nossa vida. Por outro lado, se ficar provado que as Escrituras são uma fantasia, o cristianismo perde a razão de ser e bilhões de pessoas serão afetadas. Ou então vão ignorar as essas provas e se agarrar à ilusão.
    patolino escreveu: »
    Não é apelo à emoção mas, citação de texto. Na obra, o autor expõe com muitas palavras a amargura de Paulo pelo desprezo de que foi alvo.
    Dizer que "Paulo foi desprezado" é uma coisa. Incluir "com lágrimas nos olhos" é apelo à emoção.
    patolino escreveu: »
    Para reforço da tese de que foi Paulo seu autor basta observar que ele escreve a todas as igrejas da Grécia visitadas por ele, exceto para Atenas... por quê?
    Não sei e não importa, já que não temos evidências objetivas. Dois mil anos de especulações vazias sobre textos que não sabemos ao certo quem escreveu e que só estão na Bíblia porque algumas pessoas os selecionaram arbitrariamente, queimando centenas de outros que não confirmavam suas crenças.
    patolino escreveu: »
    O atraso que se verifica em alguns dos setores do conhecimento humano é a recusa a priori dos testemunhos provindos do invisível, sem se dar o trabalho da pesquisa.
    Nem vou comentar.
    patolino escreveu: »
    Quer um exemplo? Olavo de Carvalho em suas bombásticas declarações afirma que há uma grande estupidez em não se acreditar nas EQMs, por falta de pesquisas.
    Não há pesquisas por parte da ciência, mas uma ou outra teoria rebuscada, quase estapafúrdias. Quem vai contestar?
    A ciência pesquisou o fenômeno, como deveria fazer, mas, até agora, não viu motivos para atribuí-lo a causas espirituais.
    patolino escreveu: »
    Os céticos de hoje não são aqueles que buscam comprovação, mas aqueles que simplesmente se recusam a acreditar, mesmo ante evidências se estas não forem materiais.
    Nenhum trabalho à inteligência.
    E você se recusa a acreditar nas religiões que contradizem sua crença no espiritismo.

    Não existe isso de "evidências não materiais". Se a ciência não detecta um alegado fenômeno usando o método científico e instrumentos materiais, ela o ignora. É assunto para as religiões, não para os cientistas.
  • Fernando disse: Não existe isso de "evidências não materiais". Se a ciência não detecta um alegado fenômeno usando o método científico e instrumentos materiais, ela o ignora. É assunto para as religiões, não para os cientistas.

    A questão que separa evidências materiais daquelas de indução lógica:
    Se perguntarmos a qualquer cientista se existe vida inteligente no universo, além de nosso planeta, ele não negará tal possibilidade e responderá afirmativamente, mesmo sabendo que não há evidências materiais; apenas sua razão responderá.
  • editado January 2022
    Sr. patolino escreveu: »
    A questão que separa evidências materiais daquelas de indução lógica:
    -1.png
    O método indutivo consiste na extrapolação lógica das empirias.
    Se perguntarmos a qualquer cientista se existe vida inteligente no universo, além de nosso planeta, ele não negará tal possibilidade e responderá afirmativamente,
    Não negará tal POSSIBILIDADE assim como não se nega a POSSIBILIDADE de que espíritos espíritas existam. Até aí NÃO É indução, é ESPECULAÇÃO.
    mesmo sabendo que não há evidências materiais;
    Claro que tem. Temos a nossa realidade material + o fato que existem em termos práticos ℵ0 estrelas e como sabemos que a nossa tem orbitando [...]
    Aí sim já é indução. Mas não é indução sobre hipotéticos ultramundos ou esferas invisíveis e penetráveis + respectivos ultramundanos.


  • patolino escreveu: »
    Fernando disse: Não existe isso de "evidências não materiais". Se a ciência não detecta um alegado fenômeno usando o método científico e instrumentos materiais, ela o ignora. É assunto para as religiões, não para os cientistas.
    A questão que separa evidências materiais daquelas de indução lógica:
    Se perguntarmos a qualquer cientista se existe vida inteligente no universo, além de nosso planeta, ele não negará tal possibilidade e responderá afirmativamente, mesmo sabendo que não há evidências materiais; apenas sua razão responderá.
    A razão material existe: há vida inteligente no nosso planeta, portanto pode haver em outros planetas.
    Já as religiões se baseiam em coisas não detectáveis, que só existem, até prova em contrário, na imaginação.

    Não temos nenhum exemplo real de deuses ou espíritos para podermos generalizar.
  • Fernando_Silva escreveu: »
    patolino escreveu: »
    Fernando disse: Não existe isso de "evidências não materiais". Se a ciência não detecta um alegado fenômeno usando o método científico e instrumentos materiais, ela o ignora. É assunto para as religiões, não para os cientistas.
    A questão que separa evidências materiais daquelas de indução lógica:
    Se perguntarmos a qualquer cientista se existe vida inteligente no universo, além de nosso planeta, ele não negará tal possibilidade e responderá afirmativamente, mesmo sabendo que não há evidências materiais; apenas sua razão responderá.
    A razão material existe: há vida inteligente no nosso planeta, portanto pode haver em outros planetas.
    Já as religiões se baseiam em coisas não detectáveis, que só existem, até prova em contrário, na imaginação.

    Não temos nenhum exemplo real de deuses ou espíritos para podermos generalizar.

    Retornamos ao ponto de partida. Evidências que simplesmente apelam para a razão sobejam.
    Diz você, por exemplo, que as religiões - i.e Espiritismo - se baseiam em coisas não detectáveis, da imaginação.
    O Espírito, que discerne, pensa, ama, odeia, em fim, que responde aos estímulos sensoriais, é também matéria segundo os céticos materialistas.
    Tudo o que existe em nosso corpo é uma imensa variedade de substâncias moldadas pelo átomo... logo o espírito deve ser algo do gênero, apenas não detectável... se juntássemos todas as substâncias que existem no corpo, exatamente como ali se encontram jamais surgiria um ser vivo. Faltaria algo: o espírito... a alma.
    O princípio inteligente, desde o ser mais primitivo, evoluindo em todas as etapas da natureza, é a força aprimorada que nos distingue do bruto, da rocha. Recebe nesta etapa final o nome de alma ou espírito.

    Isto, que é tão lógico, assombrosamente dedutivo, é ignorado pelo materialismo.

    Mas não fica nisso: homens de notável inteligência se debruçaram sobre essa questão e suas investigações provaram a existência dessa inteligência fora do corpo físico. O que fizemos com o resultado de seus trabalhos?
    Servindo de toda a astúcia e malícia negamos o que era evidente...
    Com essa atitude criamos uma especial maldição excludente, que desestimula a qualquer inteligência racionalista de percorrer as pegadas dos antigos sábios, pois receberão a pecha de místicos supersticiosos.

  • Gorducho escreveu:
    Não negará tal POSSIBILIDADE assim como não se nega a POSSIBILIDADE de que espíritos espíritas existam. Até aí NÃO É indução, é ESPECULAÇÃO
    CIENTISTAS, questionados, não negam a POSSIBILIDADE da existência da vida inteligente fora de nosso sistema, apesar de todos os esforços e recursos tecnológicos empreendidos a partir do século XX. Mas, ainda assim não negam a POSSIBILIDADE devido às considerações que o próprio universo induz. Mas não há provas... é apenas uma possibilidade com as evidências da lógica.

    Mas estes mesmos cientistas negam cabalmente a existência de almas, espíritos, vida após a morte, etc. Afinal, também não existem provas. Estariam apenas especulando?
    Veja minha resposta ao @Fernando-Silva, sobre esta questão.
  • editado January 2022
    Sr. patolino escreveu: »
    Evidências que simplesmente apelam para a razão sobejam.
    A “razão” sem empiria aceita o que o raciocinante preferir. Razão sem pauta empírica é de mui pouco valor. A razão só é útil de fato como organizadora de empiria.
    Faltaria algo: o espírito... a alma.
    O princípio inteligente, desde o ser mais primitivo, evoluindo em todas as etapas da natureza, é a força aprimorada que nos distingue do bruto, da rocha. Recebe nesta etapa final o nome de alma ou espírito.

    Isto, que é tão lógico, assombrosamente dedutivo
    Assombrosamente mesmo❗ Isso mesmo👍 esse é o perigo da razão sem pauta empírica. Dedução escolástica, organizando — ok: função da razão👍 — Fé numa hipótese.
    Com essa atitude criamos uma especial maldição excludente, que desestimula a qualquer inteligência racionalista de percorrer as pegadas dos antigos sábios, pois receberão a pecha de místicos supersticiosos.
    Perfeito que se especule raciocinando sobre possibilidades, desde que não se perca de vista que não é conhecimento, é especulação. Os limites da inteligência racionalista devem estar sempre bem presentes na mente dos raciocinadores.
    Veja: claro que a especulação racionalista causa criatividade, iniciativa. Mas as possibilidades da criatividade ao serem transpostas pro real — pras artes & ofícios — serão pautadas pelos resultados empíricos:
    • o invento vai ter que funcionar;
    • a mesa vai ter que empurrar os dedos dos sentantes;
    • [...]
    percebe
    grey_question.png
    Mas estes mesmos cientistas negam cabalmente a existência de almas, espíritos, vida após a morte, etc. Afinal, também não existem provas. Estariam apenas especulando?
    Quem nega cabalmente
    grey_question.png
    🤔
  • editado January 2022
    patolino escreveu: »
    CIENTISTAS, questionados, não negam a POSSIBILIDADE da existência da vida inteligente fora de nosso sistema, apesar de todos os esforços e recursos tecnológicos empreendidos a partir do século XX. Mas, ainda assim não negam a POSSIBILIDADE devido às considerações que o próprio universo induz. Mas não há provas... é apenas uma possibilidade com as evidências da lógica.

    Mas estes mesmos cientistas negam cabalmente a existência de almas, espíritos, vida após a morte, etc. Afinal, também não existem provas. Estariam apenas especulando?

    Pra cada teoria aceita como plausível, "trocentas" outras foram descartadas ( e as plausíveis hoje podem ser as descartadas de amanhã) pelo mesmo motivo de não haver fundamento na existência de " almas, espíritos, vida após a morte, etc. " . Do contrário, TODAS as superstições humanas, não apenas as cristãs, teriam que ser aceitas como POSSIBILIDADES.
    Shiva, saci-pererê, Papai Noel, a lenda do boto (forte aqui na região), Buda, etc, etc, etc.

    Pergunte a algum cientista se ele acredita na possibilidade de vida no núcleo de uma estrela.
    Provavelmente a resposta será NÃO.
    Se você, não satisfeito, perguntar "por que não?". No mínimo vai tomar uma aula de física nuclear.
  • @Gorducho disse: "Assombrosamente mesmo❗ Isso mesmo👍 esse é o perigo da razão sem pauta empírica. Fé. Dedução escolástica, organizando — ok: função da razão👍 — Fé numa hipótese."

    Disseram pra uma Sra. derramar borra de café com um pouco de água num prato e ficar movendo até assumir a forma que lembrava um animal. Esse animal seria o resultado do jogo do bicho no dia.
    A coitada ficou um tempão revirando o prato.
    Eu estava explodindo de rir por dentro.
  • Sr. Leandro escreveu: »
    Pra cada teoria aceita como plausível, "trocentas" outras foram descartadas ( e as plausíveis hoje podem ser as descartadas de amanhã) pelo mesmo motivo de não haver fundamento na existência de " almas, espíritos, vida após a morte, etc. " . Do contrário, TODAS as superstições humanas, não apenas as cristãs, teriam que ser aceitas como POSSIBILIDADES.
    Shiva, saci-pererê, Papai Noel, a lenda do boto (forte aqui na região), Buda, etc, etc, etc.
    Bom, esses são mesmo os limites da "razão", e por isso que eu tenho tanta cautela quanto a ela...
    A empiria é que vai decidir sempre acerca do real.


  • editado January 2022
    patolino escreveu: »
    Tudo o que existe em nosso corpo é uma imensa variedade de substâncias moldadas pelo átomo... logo o espírito deve ser algo do gênero, apenas não detectável... se juntássemos todas as substâncias que existem no corpo, exatamente como ali se encontram jamais surgiria um ser vivo. Faltaria algo: o espírito... a alma.
    A vida é um fenômeno físico-químico. Nada permite supor que "vida" seja algo exterior à matéria.

    Da mesma forma, se juntarmos as substâncias que existem num computador, nem por isso ele passaria a funcionar. Tudo depende de como essas substâncias estão organizadas.
    patolino escreveu: »
    Com essa atitude criamos uma especial maldição excludente, que desestimula a qualquer inteligência racionalista de percorrer as pegadas dos antigos sábios, pois receberão a pecha de místicos supersticiosos.
    A velha bobagem da "sabedoria dos antigos", como se suas besteiras fossem validadas com o passar do tempo.
    Os sábios gregos diziam que a Terra é o centro do Universo e que os 7 planetas estão presos a esferas de cristal concêntricas. Eles estavam errados na época e continuam errados.
  • patolino escreveu: »
    Mas estes mesmos cientistas negam cabalmente a existência de almas, espíritos, vida após a morte, etc. Afinal, também não existem provas. Estariam apenas especulando?
    Veja minha resposta ao @Fernando-Silva, sobre esta questão.
    Há uma enorme diferença entre negar cabalmente e ignorar o assunto por absoluta falta de evidências objetivas.

    Se as evidências surgirem, o que chamamos de "sobrenatural" passará a ser "natural". Algo possível de ser estudado pela ciência.
  • Não se esqueçam, se quisermos ser coerentes com o que possa ocorrer num futuro não tão distante que "excluindo o impossível, tudo o mais será provável".
    Somente poderemos afirmar, com grande restrição, sobre as poucas coisas realmente impossíveis, tipo, saci-pererê, dragão na garagem, papai-noel, estrelas frias, etc

    Aqueles sábios do passado, renegados, acabam por se confirmar mais adiante, com as grandes universidades em que o ceticismo é coisa superada. A intuição, a razão e o instinto têm seus valores reavaliados.
    .
  • editado January 2022
    Sr. Patolino escreveu:
    Não se esqueçam, se quisermos ser coerentes com o que possa ocorrer num futuro não tão distante que "excluindo o impossível, tudo o mais será provável".
    Retórico; provável possível.
    Me faz lembrar aquela observação do Edgar Saveney no genial artigo
    Un Episode contemporain de l'Histoire du Merveilleux
    - Le Spiritisme et les Spirites

    na Revue des Deux Mondes de 15/9/1863 [p. 392-3]:
    Mais, objecte un des visiteurs que M. Kardec nous présente dans ses dialogues familiers, de ce que nous concevons une chose comme possible, il n’en résulte pas qu’elle existe. — Sans doute, répond M. Kardec, toutefois « c’est déjà un grand point. » Et dans cette réponse simple et sans apprêt il nous paraît trahir un des secrets de sa méthode ; pour lui, chose rêvée est plus qu’à moitié vraie.
    Aqueles sábios do passado, renegados, acabam por se confirmar mais adiante, com as grandes universidades em que o ceticismo é coisa superada. A intuição, a razão e o instinto têm seus valores reavaliados.
    Acaso não tá no tempo verbal errado
    grey_question.png
    🤔

  • editado January 2022
    @patolino disse: "Somente poderemos afirmar, com grande restrição, sobre as poucas coisas realmente impossíveis, tipo, saci-pererê..."
    .[/quote]

    @patolino, pelo que entendi, você acredita em espírito (ou na possibilidade) mas não acredita em saci-pererê . Então como você explicaria pra uma pessoa que acredita em saci, que saci não existe? Quais argumentos? Quais contra-evidências, já que a pessoa afirma com todas as letras que viu ou que alguém de muita confiança viu e contou a ela e "portanto é verdade"?
    Faça esse exercício e você terá a resposta para as perguntas que fez aqui.
    Pena que eu não posso te passar o contato da pessoa que teima comigo que saci existe. Seria divertido!
  • patolino escreveu: »
    Aqueles sábios do passado, renegados, acabam por se confirmar mais adiante, com as grandes universidades em que o ceticismo é coisa superada. A intuição, a razão e o instinto têm seus valores reavaliados.
    .
    Sábios do passado construíram magníficas obras pro seu tempo mas que nem chagam aos pés da engenharia atual.

    Um sábio do passado afirmou que a água era composta por uma partícula indivisível. Hoje sabemos que essa partícula é divisível por n partes.

    Um sábio do passado afirmou que após a morte nossa consciência permanecia intacta (espírito). Hoje sabemos tantas coisas sobre nosso cérebro que o tal sábio do passado não sabia : ) e nenhuma dessas coisas leva a crer na existência de espírito que permanece após a morte.
  • @Leandro, estamos falando de sábios e não de cientistas... são diferentes. Nem todo sábio é cientista e nem todo cientista é sábio.
    Contudo, meu caro Leandro, cientistas de renome também investigaram e deram seu testemunho.

    No século XIX, manifestação maciça dos Espíritos ocorre de forma organizada em diversas partes do mundo. Representantes da Ciência, investigam a fundo os fenômenos intermediados pelos médiuns. • Nos séculos XIX e XX, a pesquisa científica, realizada por personalidades conhecidas, resulta na produção de análises que comprovam: - a existência e sobrevivência do Espírito, após a morte do corpo físico, e - o intercâmbio entre os dois planos da vida, o físico e o espiritual.
    Alguns dos mais notáveis:

    Alfred Russel Wallace, William Crookes, Alexandre Aksakof, Cesar Lombroso, Charles Richet, Ernesto Bozzano, Carl Gustav Jung, Ian Stevenson, etc.

    Quanto ao folclore, testemunhas que afirmam a existência de espíritos por algum tipo de experiência com eles, são muitas; mas nunca ouvi alguém dizer que já viu um saci-pererê.
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
  • editado January 2022
    patolino escreveu: »
    Contudo, meu caro Leandro, cientistas de renome também investigaram e deram seu testemunho.
    No século XIX, manifestação maciça dos Espíritos ocorre de forma organizada em diversas partes do mundo.
    Para então sumirem de cena por completo nos séculos seguintes coincidentemente no momento aonde nossos equipamentos, métodos e profissionais deram um salto qualitativo que deixam os milênios anteriores no chinelo...

    Hã-hã... sei... O.o



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