Apóstolo Paulo: Discípulo ou traidor dos ensinos de Cristo?
Cristianismo ou paulinismo?
As 13 cartas escritas por São Paulo sintetizam o pensamento do apóstolo, que viria a moldar a doutrina cristã. Elas foram redigidas entre os anos 50 e 60 e são os mais antigos documentos da história do cristianismo – os quatro evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João ficaram prontos apenas entre os anos 70 e 100. A influência do apóstolo na consolidação da doutrina cristã pode ser medida pelo fato de suas epístolas representarem quase metade dos 27 livros do Novo Testamento. Com elas, dizem os estudiosos, Paulo não tinha a pretensão de formular tratados teológicos. “Elas são resultado de experiências vivenciadas pelas comunidades paulinas”, afirma o André Chevitarese. Uma corrente de biblistas defende que nem todas foram de fato escritas por Paulo – algumas teriam sido redigidas por seus discípulos após a morte do apóstolo. “Elas são muito diferentes em estilo literário e conteúdo”, afirma Pedro Vasconcellos, da PUC. Para a Igreja, no entanto, todas as cartas são de autoria de Paulo.
Se são uma rica fonte de difusão da doutrina cristã, esses documentos são também a principal causa da controvérsia sobre o apóstolo. Na opinião de Fernando Travi, líder da Igreja Essênia Brasileira, a descoberta, no século passado, de escrituras datadas dos primeiros anos do cristianismo, como os Manuscritos do Mar Morto, o Evangelho dos 12 Santos (ou da Vida Perfeita) e o Evangelho Essênio da Paz, indica que boa parte do conteúdo das cartas de Paulo está em oposição aos ensinamentos de Jesus. “Existem sérios indícios de que, como num plano de sabotagem, Paulo divulgou uma doutrina falsificada em nome do messias”, diz ele. Opinião parecida tem o pastor batista americano Edgar Jones, autor do livro Paulo: O Estranho. “Jesus de Nazaré deve ser cuidadosamente diferenciado do Jesus de Paulo. Gerações e séculos passaram até que a corrente paulina com seu forte apelo em favor do Império Romano ganhasse ascendência sobre a corrente apostólica”, diz o teólogo.
O fato é que, até o século 4, o cristianismo dividia-se em duas correntes distintas, uma liderada pelos discípulos de Paulo e outra pelos seguidores dos apóstolos de Cristo. Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, a corrente paulina saiu-se vitoriosa. “As idéias de Paulo, afáveis aos dominadores, foram definitivamente incorporadas à doutrina cristã”, diz Fernando.
Para os críticos de Paulo, um exemplo dessa “afabilidade” está presente na Epístola aos Romanos. “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus. Aquele que se revolta contra a autoridade opõe-se à ordem estabelecida por Deus”, escreve Paulo. E continua: “É também por isso que pagais impostos, pois os que governam são servidores de Deus”. “Essa passagem revela que ele estava a serviço das autoridades romanas. Jesus, por sua vez, se insurgia contra as leis de Estado”, afirma Fernando. Para os defensores de Paulo, esse texto foi tirado de seu contexto e tornou-se, ao longo dos séculos, uma teoria metafísica do Estado. “O texto só tinha valor para quem vivia em Roma, onde qualquer movimento de desobediência seria esmagado”, diz o teólogo Pedro Vasconcellos.
Para outros teóricos, deve-se diferenciar a doutrina religiosa paulina das opinões do apóstolo sobre a ordem social. “A teoria de Igreja de Paulo é fundamentada no antiautoritarismo, o que influenciou muito a doutrina protestante. Na sua igreja, a idéia de liberdade é plena, mas quando ela é extrapolada para o meio social, surge o seu conservadorismo”, diz o pastor luterano Milton Schwantes, professor da Universidade Metodista de São Paulo e doutor em literatura bíblica. O sacerdote franciscano Jacir de Freitas Faria, mestre em exegese bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico (PIB), de Roma, comunga da mesma opinião: “Paulo é uma figura basilar do cristianismo, mas não podemos deixar de ser críticos a ele nessa relação com o Império Romano”.
Outro ponto controverso das epístolas paulinas refere-se à defesa que seu autor faz da escravidão. Na Epístola aos Efésios, Paulo é taxativo: “Servos, odedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo”. Para os antipaulinos, o apoio dado pelo apóstolo à escravidão tem sido usado pela Igreja ao longo dos séculos para legitimar situações espúrias de dominação e diverge radicalmente da palavra de Cristo, que pregava um mundo livre de opressões. A corrente pró-paulina argumenta, mais uma vez, que é preciso analisar o contexto histórico para entender seus escritos: “Sua falha em condenar a escravidão torna-se compreensível quando sabemos que cerca de 60% da população de qualquer cidade grande daquele tempo era formada por escravos. Toda economia estava estruturada em torno desse fato e, por isso, uma atitude crítica seria incompreensível”, afirma o biblicista Jerome Murphy-O’Connor, de Jerusalém.
O apóstolo dos pagãos também é bombardeado por suas posições a respeito das mulheres. Na carta endereçada à comunidade cristã de Colosso, ele escreve: “Quanto às mulheres, que elas tenham roupas decentes, se enfeitem com pudor e modéstia. (…) Durante a instrução, a mulher conserve o silêncio, com toda submissão. Não permito que a mulher ensine, ou domine o homem”. Suas palavras atraem até hoje a ira das feministas, que o acusam de misoginia. Seus defensores, por outro lado, argumentam que , ao contrário, ele incentivava a participação das mulheres na vida social. “Paulo acreditou firmemente na igualdade entre os sexos e, em suas igrejas, as mulheres exerciam todos os ministérios. Alguns exegetas munidos de preconceito interpretaram erroneamente os textos paulinos”, diz Murphy-O’Connor.
Outro petardo disparado pelos críticos diz respeito à doutrina da salvação defendida por Paulo. “Paulo diz que os pecados são perdoados se a pessoa acreditar que Jesus morreu na cruz por ela. É a doutrina da salvação em que o herói derrama seu sangue e todos são perdoados por causa dele. Enquanto isso, Jesus diz: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’. Para Jesus, a salvação será dada àqueles que seguirem seus ensinamentos”, afirma Fernando Travi. Os defensores de Paulo discordam e afirmam que o apóstolo foi mais uma vez mal interpretado.
“Creio que houve uma transformação conservadora da mensagem de Paulo. Temos que libertá-lo das idéias errôneas a seu respeito perpetuadas ao longo dos séculos”, diz Pedro Vasconcellos, da PUC.
Conservador ou radical, fiel ou não a Jesus Cristo, São Paulo foi, sem dúvida, um dos poucos evangelizadores – se não o único – a fazer o cristianismo passar da cultura semita à greco-romana, possibilitando que ela se tornasse uma religião mundial. “Ele criou condições para que povos não-judaicos, ao receberem a mensagem de Deus, fossem inseridos de forma igualitária na comunidade cristã”, afirma o André Chevitarese, da UFRJ. Sem Paulo, considerado por muitos o pai do cristianismo, a história da humanidade teria tomado outro rumo. A Idade Média, marcada pela força da Igreja Católica, ocorreria de outra forma e o mundo em que vivemos seria totalmente diferente. Nada seria como é.
https://super.abril.com.br/historia/o-homem-que-inventou-cristo/
As 13 cartas escritas por São Paulo sintetizam o pensamento do apóstolo, que viria a moldar a doutrina cristã. Elas foram redigidas entre os anos 50 e 60 e são os mais antigos documentos da história do cristianismo – os quatro evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João ficaram prontos apenas entre os anos 70 e 100. A influência do apóstolo na consolidação da doutrina cristã pode ser medida pelo fato de suas epístolas representarem quase metade dos 27 livros do Novo Testamento. Com elas, dizem os estudiosos, Paulo não tinha a pretensão de formular tratados teológicos. “Elas são resultado de experiências vivenciadas pelas comunidades paulinas”, afirma o André Chevitarese. Uma corrente de biblistas defende que nem todas foram de fato escritas por Paulo – algumas teriam sido redigidas por seus discípulos após a morte do apóstolo. “Elas são muito diferentes em estilo literário e conteúdo”, afirma Pedro Vasconcellos, da PUC. Para a Igreja, no entanto, todas as cartas são de autoria de Paulo.
Se são uma rica fonte de difusão da doutrina cristã, esses documentos são também a principal causa da controvérsia sobre o apóstolo. Na opinião de Fernando Travi, líder da Igreja Essênia Brasileira, a descoberta, no século passado, de escrituras datadas dos primeiros anos do cristianismo, como os Manuscritos do Mar Morto, o Evangelho dos 12 Santos (ou da Vida Perfeita) e o Evangelho Essênio da Paz, indica que boa parte do conteúdo das cartas de Paulo está em oposição aos ensinamentos de Jesus. “Existem sérios indícios de que, como num plano de sabotagem, Paulo divulgou uma doutrina falsificada em nome do messias”, diz ele. Opinião parecida tem o pastor batista americano Edgar Jones, autor do livro Paulo: O Estranho. “Jesus de Nazaré deve ser cuidadosamente diferenciado do Jesus de Paulo. Gerações e séculos passaram até que a corrente paulina com seu forte apelo em favor do Império Romano ganhasse ascendência sobre a corrente apostólica”, diz o teólogo.
O fato é que, até o século 4, o cristianismo dividia-se em duas correntes distintas, uma liderada pelos discípulos de Paulo e outra pelos seguidores dos apóstolos de Cristo. Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, a corrente paulina saiu-se vitoriosa. “As idéias de Paulo, afáveis aos dominadores, foram definitivamente incorporadas à doutrina cristã”, diz Fernando.
Para os críticos de Paulo, um exemplo dessa “afabilidade” está presente na Epístola aos Romanos. “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus. Aquele que se revolta contra a autoridade opõe-se à ordem estabelecida por Deus”, escreve Paulo. E continua: “É também por isso que pagais impostos, pois os que governam são servidores de Deus”. “Essa passagem revela que ele estava a serviço das autoridades romanas. Jesus, por sua vez, se insurgia contra as leis de Estado”, afirma Fernando. Para os defensores de Paulo, esse texto foi tirado de seu contexto e tornou-se, ao longo dos séculos, uma teoria metafísica do Estado. “O texto só tinha valor para quem vivia em Roma, onde qualquer movimento de desobediência seria esmagado”, diz o teólogo Pedro Vasconcellos.
Para outros teóricos, deve-se diferenciar a doutrina religiosa paulina das opinões do apóstolo sobre a ordem social. “A teoria de Igreja de Paulo é fundamentada no antiautoritarismo, o que influenciou muito a doutrina protestante. Na sua igreja, a idéia de liberdade é plena, mas quando ela é extrapolada para o meio social, surge o seu conservadorismo”, diz o pastor luterano Milton Schwantes, professor da Universidade Metodista de São Paulo e doutor em literatura bíblica. O sacerdote franciscano Jacir de Freitas Faria, mestre em exegese bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico (PIB), de Roma, comunga da mesma opinião: “Paulo é uma figura basilar do cristianismo, mas não podemos deixar de ser críticos a ele nessa relação com o Império Romano”.
Outro ponto controverso das epístolas paulinas refere-se à defesa que seu autor faz da escravidão. Na Epístola aos Efésios, Paulo é taxativo: “Servos, odedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo”. Para os antipaulinos, o apoio dado pelo apóstolo à escravidão tem sido usado pela Igreja ao longo dos séculos para legitimar situações espúrias de dominação e diverge radicalmente da palavra de Cristo, que pregava um mundo livre de opressões. A corrente pró-paulina argumenta, mais uma vez, que é preciso analisar o contexto histórico para entender seus escritos: “Sua falha em condenar a escravidão torna-se compreensível quando sabemos que cerca de 60% da população de qualquer cidade grande daquele tempo era formada por escravos. Toda economia estava estruturada em torno desse fato e, por isso, uma atitude crítica seria incompreensível”, afirma o biblicista Jerome Murphy-O’Connor, de Jerusalém.
O apóstolo dos pagãos também é bombardeado por suas posições a respeito das mulheres. Na carta endereçada à comunidade cristã de Colosso, ele escreve: “Quanto às mulheres, que elas tenham roupas decentes, se enfeitem com pudor e modéstia. (…) Durante a instrução, a mulher conserve o silêncio, com toda submissão. Não permito que a mulher ensine, ou domine o homem”. Suas palavras atraem até hoje a ira das feministas, que o acusam de misoginia. Seus defensores, por outro lado, argumentam que , ao contrário, ele incentivava a participação das mulheres na vida social. “Paulo acreditou firmemente na igualdade entre os sexos e, em suas igrejas, as mulheres exerciam todos os ministérios. Alguns exegetas munidos de preconceito interpretaram erroneamente os textos paulinos”, diz Murphy-O’Connor.
Outro petardo disparado pelos críticos diz respeito à doutrina da salvação defendida por Paulo. “Paulo diz que os pecados são perdoados se a pessoa acreditar que Jesus morreu na cruz por ela. É a doutrina da salvação em que o herói derrama seu sangue e todos são perdoados por causa dele. Enquanto isso, Jesus diz: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’. Para Jesus, a salvação será dada àqueles que seguirem seus ensinamentos”, afirma Fernando Travi. Os defensores de Paulo discordam e afirmam que o apóstolo foi mais uma vez mal interpretado.
“Creio que houve uma transformação conservadora da mensagem de Paulo. Temos que libertá-lo das idéias errôneas a seu respeito perpetuadas ao longo dos séculos”, diz Pedro Vasconcellos, da PUC.
Conservador ou radical, fiel ou não a Jesus Cristo, São Paulo foi, sem dúvida, um dos poucos evangelizadores – se não o único – a fazer o cristianismo passar da cultura semita à greco-romana, possibilitando que ela se tornasse uma religião mundial. “Ele criou condições para que povos não-judaicos, ao receberem a mensagem de Deus, fossem inseridos de forma igualitária na comunidade cristã”, afirma o André Chevitarese, da UFRJ. Sem Paulo, considerado por muitos o pai do cristianismo, a história da humanidade teria tomado outro rumo. A Idade Média, marcada pela força da Igreja Católica, ocorreria de outra forma e o mundo em que vivemos seria totalmente diferente. Nada seria como é.
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Comentários
2. O Paulo inicial aceitava os judeus. O Paulo final os excluiu do cristianismo.
3. O Paulo inicial acreditava em que Jesus voltaria a qualquer momento e que ninguém deveria mais se preocupar com coisas materiais. Isto foi, em parte, o motivo da rejeição dos romanos aos primeiros cristão. O Paulo final já aceitava que ninguém tinha como saber quando seria a volta.
4. Os ebionitas e seitas próximas seriam o verdadeiro cristianismo, baseados diretamente nos ensinamentos do Jesus judeu, que frequentava sinagogas e respeitava a Lei. O paulinismo rejeitou o judaísmo e seus rituais, como a circuncisão e a dieta kosher, para agradar aos gentios.
A única epístola de Paulo escrita por suas próprias mãos foi, exatamente, Hebreus, por causa das circunstâncias especiais que o constrangiam. Por isso a diferença em relação às demais.
Paulo e Pedro se colocavam em lados opostos com relação aos Gentios (Cristãos recém convertidos nas viagens de Paulo).
Pedro exigia que fossem circuncidados como era o costume dos judeus, Paulo entendia que isso restringiria a propagação do evangelho cristão. Após divergências que ameaçavam o trabalho missionário de Paulo (cisma) acordou-se que seria de livre escolha do iniciado.
E não foram escritos de uma só vez, pelo contrário, foram crescendo aos poucos, com acréscimos sucessivos.
O evangelho de Marcos, por exemplo, terminava no túmulo vazio. Só mais tarde é que o resto foi inventado.
Pesquise sobre "proto evangelhos". São os primeiros esboços do que temos hoje.
A lenda foi montada gradualmente. O evangelho de Marcião, por exemplo, começa com "E surgiu um homem vindo de Cafarnaum". Nada se diz sobre nascimento milagroso, infância etc.
Isto supondo-se que os 12 apóstolos tenham realmente existido e não sejam apenas mais uma fantasia. Tem alguma fonte que não seja espírita?
24/06/2021 Emerson de Oliveira
Poucas pessoas tiveram tanto impacto no Cristianismo quanto o Apóstolo Paulo. Tradicionalmente creditado como autor de treze ou quatorze livros no Novo Testamento, Paulo foi um homem de imensa influência , perdendo apenas, talvez, para Jesus. No entanto, o debate continua sobre até que ponto Paulo contribuiu para as afirmações teológicas fundamentais do Cristianismo, com alguns indo tão longe a ponto de descrevê-lo como o “fundador do Cristianismo [1] “, enquanto outros acreditam que ele contribuiu com muito menos obras para a Bíblia do que se pensava anteriormente. [2] Quanto Paulo influenciou o Cristianismo?
1 Coríntios, talvez o exemplo mais antigo da literatura cristã, é quase universalmente creditado a Paulo. [3] Escrito entre o início e meados dos anos 50 DC (apenas duas décadas após a crucificação de Jesus), ele descreve uma descrição antiga, robusta e bem aceita das crenças cristãs. Este texto inicial não identifica Paulo como o fundador da religião. Não contém um texto introdutório à religião, mas, em vez disso, está repleto de lembretes de crenças anteriormente mantidas e até inclui uma referência a um credo cristão pré-existente. [4]
A maioria dos estudiosos aceita Jesus como uma pessoa real e histórica que ensinou seus discípulos ao longo de muitos anos. [5] A partir dessa perspectiva comumente aceita, Paulo (ao escrever para as igrejas locais) pode ser melhor interpretado como simplesmente reiterando o ensino de Jesus e contextualizando esse ensino para cada ambiente local.
Os estudiosos da Bíblia aceitam quase universalmente os discípulos de Jesus como pessoas reais e históricas também. Paulo, mesmo por sua própria admissão (e a confirmação de Lucas no livro de Atos), juntou-se aos discípulos muito mais tarde na linha do tempo. Quando Paulo começou a escrever, os apóstolos já estavam pregando e ensinando. [6] Se Paulo tivesse distorcido os ensinamentos de Jesus em uma religião de sua própria criação, ele teria precisado da ajuda desses professores anteriores. Isso exigiria que um grande número de pessoas concordasse com a modificação de Paulo. Simplesmente não há evidência no registro histórico de que isso tenha acontecido.
Embora Paulo possa não ter sido um fundador, ele certamente foi uma grande influência ao compartilhar o Evangelho nos primeiros dias do Cristianismo e guiar os novos convertidos no entendimento correto do ensino de Deus. A questão agora permanece: quanto do Novo Testamento podemos atribuir a Paulo?
O texto de 13 epístolas identifica explicitamente Paulo como o escritor, [7] mas todas essas epístolas são autênticas? Sete epístolas são quase universalmente aceitas como vindas de Paulo (Gálatas, 1 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios, Romanos, Filemom e Filipenses), deixando o debate sobre as seis restantes. Os argumentos contra a autoria de Paulo variam (e provavelmente não poderiam ser abrangidos no espaço permitido aqui), mas em grande parte se resumem a diferenças estilísticas e teológicas entre as cartas paulinas conhecidas (listadas acima) e aquelas em questão.
Existem vários desafios ao tentar citar diferenças teológicas para atribuir essas cartas, no entanto. Embora tenhamos muitas cartas de Paulo, sete cartas são improváveis para todos os pensamentos de Paulo sobre a ampla gama de tópicos teológicos. A autoria de Paulo das “cartas pastorais” (1 e 2 Timóteo e Tito) às vezes é questionada, por exemplo, porque tratam de tópicos como estrutura e cultura da igreja que não são encontrados em outras cartas. [8]
No entanto, nada descrito nas outras epístolas de Paulo sugere que ele tinha pontos de vista em conflito com as cartas pastorais. Nem podemos exigir que Paulo toque em todos os tópicos de cada carta. Algumas cartas, como 2 Tessalonicenses, incluem conceitos teológicos avançados (incluindo um senso bem desenvolvido de cristologia). [9]Não é razoável, entretanto, excluir Paulo como o autor de tal carta, visto que nada em 1 Tessalonicenses contradiz qualquer obra conhecida de Paulo. Em vez disso, Paulo pode ter escolhido escrever a cada grupo de uma forma que avançasse seus entendimentos teológicos anteriores ou corrigisse quaisquer crenças falsas.
Também há limites para excluir Paulo como autor das cartas em questão com base em estilos de escrita. A carta de Gálatas (um conhecido texto paulino) indica que Paulo não escreveu a carta inteira sem ajuda. Paulo escreveu: “Veja com que letras grandes eu escrevi para você com minhas próprias mãos!” (Gálatas 6:11).
Essa assinatura autográfica tinha o objetivo de indicar qual parte da carta havia sido escrita por um escriba e quais foram escritas por Paulo. [10]Além disso, a carta de Paulo aos Romanos inclui uma mensagem de um escriba: “Eu, Tércio, que escrevi esta carta, saúdo-vos no Senhor.” (Romanos 16:22) Infelizmente, pouco se sabe sobre o uso de escribas por Paulo.
Paulo sempre ditou suas cartas palavra por palavra, ou simplesmente deu ao escriba uma mensagem geral que o escriba poderia então colocar em seu próprio estilo? Isso é desconhecido, assim como quem atuou como escriba de Paulo em qualquer ambiente. Os vários estilos de escrita encontrados nas epístolas podem representar uma variedade de escribas agindo em uma variedade de funções para Paulo; a maneira exata como cada carta foi composta é simplesmente desconhecida para nós hoje. A semelhança entre o estilo de escrita das cartas pastorais e Atos indica que até mesmo Lucas pode ter atuado como escriba de Paulo. [11]
Há apenas uma carta tradicionalmente associada a Paulo que não inclui uma reivindicação de ser de Paulo em seu próprio texto: a carta aos Hebreus. A igreja primitiva debateu a autoria desta carta, com muitos acreditando que ela se originou com Paulo ou alguém próximo a ele (como Barnabé, Silas, Lucas ou Clemente). [12] A carta existiu cedo o suficiente para ter sido escrita por Paulo e demonstra uma compreensão da cultura judaica de seu tempo. [13] Também foi composto por alguém com um profundo conhecimento da fé judaica (como a de Paulo). Apesar dessas verdades, as evidências de sua autoria são escassas e, como resultado, nenhuma conclusão pode ser verdadeiramente feita (exceto evidências futuras).
Apesar da contínua especulação sobre a autoria das cartas de Paulo, os cristãos podem confiar com segurança nas afirmações dos próprios textos. Não há evidências suficientes para rejeitar as reivindicações históricas mais diretas da autoria paulina. Embora Paulo certamente não tenha sido o fundador do Cristianismo, suas cartas promoveram o entendimento teológico da cosmovisão. Disso podemos ter certeza.
[1] Ludeman, Gerd. 2002. Paul: The Founder of Christianity. Amherst: Prometheus Books.
[2] Hamilton, Adam. 2014. “Quem realmente escreveu as cartas de Paulo?” última modificação em 17 de julho de 2014, https://www.adamhamilton.com/blog/who-really-wrote-pauls-letters/#.YHYQBOlKjos
[3] Blomberg, Craig L. 2016. A confiabilidade histórica do Novo Testamento. 358. Nashville: B&H Academic, https://platform.virdocs.com/r/s/0/doc/230789/sp/10718076/mi/36876669
[4] Mapa de Crenças. “O ‘credo de 1 Coríntios 15’ data de cerca de 30 DC?” acessado em 13 de abril de 2021, https://beliefmap.org/bible/1-corinthians/15-creed/date
[5] Habermas, Gary. 1996. The Historical Jesus: Ancient Evidence for the Life of Christ. Joplin: College Press Publishing Co.
[6] Ehrman, Bart. 2016. “Foi Paulo o Fundador do Cristianismo?” última modificação em 1º de junho de 2016. https://ehrmanblog.org/was-paul-the-founder-of-christianity/
[7] Craig Blomberg, 358.
[8] Ibidem, 394.
[9] Ibidem, 358.
[10] Bohlinger, Travis. 2018. “Por que Paulo mencionou sua grande caligrafia em Gálatas?” theLab, última modificação em 18 de dezembro de 2018. https://academic.logos.com/why-did-paul-mention-his-large-handwriting-in-galatians-exclusive-interview-with-steve-reece/
[11] Craig Blomberg, 394.
[12] Ibidem, 474.
[13] Ibidem, 476.
Fonte: https://coldcasechristianity.com/writings/how-much-did-paul-influence-christianity/
Tradução: Emerson de Oliveira.
20/04/2021 Emerson de Oliveira
De acordo com alguns críticos, Paulo sequestrou o cristianismo, pregou um evangelho inteiramente diferente de Jesus.
Somos questionados sobre por que os ensinamentos e o tom de Paulo são tão diferentes do que lemos de Jesus e dos quatro evangelhos e mais há momentos em que parece que Paulo e jesus estão em conflito um com o outro.
Outros críticos costumam dizer que os cristãos modernos não são realmente cristãos, mas são paulinistas.
Uma resposta natural seria dizer que Paulo tinha muito mais a dizer sobre o significado da morte e ressurreição de jesus e Jesus não iria apenas sair e dizer exatamente o que sua morte iria realizar.
Ele era bastante enigmático sobre isso, mas outra resposta seria se eles realmente ensinam tudo isso diferente porque há literalmente dezenas de vezes em que Paulo e Jesus estão na mesma página.
Vamos dar uma olhada em alguns.
Deus pode ser referido como Abba, Pai
devemos dar a Deus o que pertence a Deus
devemos abençoar aqueles que nos amaldiçoam e amar nossos inimigos
devemos viver pacificamente com todos os homens
o amor cumpre a lei de Deus
devemos permanecer alerta até a vinda de Cristo
não devemos julgar os outros
todos os alimentos são limpos
a salvação está aberta aos gentios
seja sábio como as serpentes a respeito do que bom e tão inocente quanto pombas em relação ao mal
o reino de deus é oferecido aos pobres
os homens ímpios procuram um sinal
o Evangelho vai ofender muitas pessoas
somos chamados para ser mordomos de confiança que um dia seremos julgado por Jesus
Esperem maus tratos e perseguição no trabalho do reino
permanecer solteiro é um dom de Deus
divorciar-se de uma mulher para se casar com outra mulher é adultério
as pessoas devem tomar cuidado para não fazer com que outras pessoas tropecem
aqueles que pregam o Evangelho devem ser apoiados financeiramente
devemos praticar a Ceia do senhor ou a comunhão
a fé pode mover montanhas
nosso terreno templo é feito por mãos, mas devemos herdar um templo não feito por mãos
se se dermos, será devolvido a nós.
a obra do reino é acompanhada por sinais e maravilhas
o conhecimento da identidade de Jesus vem da revelação divina
rejeitar o mensageiro de Deus é a mesma coisa que rejeitar o próprio deus
Jesus um dia vai voltar e o dia do Senhor vai chegar inesperadamente
devemos retribuir o mal com o bem
não devemos nos preocupar
Jesus derramou seu sangue por nós
a lei está estabelecida
a humanidade é inerentemente pecaminosa e o reino de Deus deve ser o foco central do crente
É uma longa lista. Grande parte dela vem de um ótimo livro de Paul Rhodes Eddie e Greg Boyd chamado “A lenda de Jesus”. Recomendo que você compre.
Paulo realmente pregou uma mensagem tão diferente de Jesus? Acho que vimos que não é bem o caso. Há também o fato de que Paulo passou 15 dias com Pedro. Isso aconteceu três anos após sua conversão.
Como estudioso cético do Novo Testamento, Bart Ehrman diz:
Isso desafia a crença de que Paulo teria passado duas semanas com os companheiros mais próximos de Jesus e não tenha aprendido algo sobre Ele.
O que Paulo teria aprendido incluiria o que Jesus ensinou. Paulo confiou muito na tradição oral que o precedeu e em muitas ocasiões Paulo fala de transmitir ensinamentos que aprendeu de outras pessoas.
Voltando à carta de Paulo aos Gálatas, lemos que 14 anos depois, ele retorna para encontrar João, Pedro e o próprio irmão de jesus, Tiago. Ele submete seu evangelho a eles com a preocupação de que talvez ele estivesse ensinando a mensagem errada, mas ao invés de ser rejeitado por estes homens que conheceram Jesus pessoalmente, eles realmente endossaram sua mensagem e sua missão aos gentios.
A única coisa que eles pediram ele fazer é que ele se lembre dos pobres. Paulo diz que ele estava muito ansioso fazer e é muito interessante notar que os apóstolos realmente confiaram em Paulo para coletar ofertas para os santos pobres afetados pela fome que estava acontecendo em Jerusalém.
Também a igreja coríntia é familiar com Pedro e os parentes de Jesus para que pudessem verificar a mensagem de Paulo com eles.
Enquanto o principal interesse de Paulo era ensinar sobre o significado da morte e ressurreição de Jesus, ele ecoa muito claramente e alude a muitas tradições atribuídas a Jesus nos evangelhos sinóticos.
Às vezes diretamente ele diz: “não eu, mas o Senhor”. Além disso, o Jesus dos evangelhos muitas vezes falavam de sua iminência e morte voluntária e Paulo insiste que se uma pessoa pudesse ser consertada com Deus por guardar os Dez Mandamentos da lei de Deus, não haveria nenhuma razão para Cristo morrer.
Se Jesus realmente pensasse que uma pessoa poderia ter vida eterna simplesmente seguindo Moisés, então por que pensar que é necessário submeter-se a uma missão aparentemente suicida?
As pessoas poderiam simplesmente ser judeus praticantes da Torá e isso teria sido o suficiente, mas Jesus, conforme apresentado nos evangelhos, aparentemente não achou que fosse o suficiente.
Criar uma divisão entre Jesus e Paulo é apenas baseado em uma leitura muito pobre dos evangelhos e das cartas dos apóstolos.
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Mas, mesmo assim, todos sabemos que os apóstolos saíram da Judéia em peregrinação pelo mundo. Curioso exemplo: Tiago percorre a Espanha a pé, e este fato cria a tradição de se percorrer o caminho de São Tiago, Pedro, que escreve e fala apenas em aramaico vai a Roma em pregação, onde, aliás, é martirizado... como se faziam compreender sem interpretes?
Paulo acalentava o grande ideal de pregar em Atenas, cidade dos sábios que ele apreciava e perante seus seguidores.
Sofreu grande decepção no Areópago, quando ao falar da ressureição de Jesus viu que a assembleia motejava e abandonava o recinto. Com lágrimas nos olhos ele retira-se, e a sós teria escrito a carta aos Hebreus.
Estou citando de cor, pode haver alguma imprecisão. (Paulo e Estêvão)
A expressão "Todos sabemos" é muito usada quando se tentam induzir conclusões sem evidências. Dizer "Com lágrima nos olhos" é apelo à emoção.
"Teria escrito": pois é, mais especulação que não é unanimemente aceita.
Não é apelo à emoção mas, citação de texto. Na obra, o autor expõe com muitas palavras a amargura de Paulo pelo desprezo de que foi alvo.
Especulação na verdade é a vaidade do historiador que não encontrando explicação plausível para a diferença na "forma" daquela carta, chega a imaginar que uma mulher a teria escrito. Isto é mera busca pela notoriedade.
Para reforço da tese de que foi Paulo seu autor basta observar que ele escreve a todas as igrejas da Grécia visitadas por ele, exceto para Atenas... por quê?
O atraso que se verifica em alguns dos setores do conhecimento humano é a recusa a priori dos testemunhos provindos do invisível, sem se dar o trabalho da pesquisa.
Quer um exemplo? Olavo de Carvalho em suas bombásticas declarações afirma que há uma grande estupidez em não se acreditar nas EQMs, por falta de pesquisas.
Não há pesquisas por parte da ciência, mas uma ou outra teoria rebuscada, quase estapafúrdias. Quem vai contestar?
Os céticos de hoje não são aqueles que buscam comprovação, mas aqueles que simplesmente se recusam a acreditar, mesmo ante evidências se estas não forem materiais.
Nenhum trabalho à inteligência.
Não é o caso dos evangelhos e da maior parte da Bíblia, que têm que ser aceitos pela fé.
Mas o principal ponto é que, se surgir um fato novo sobre a vida de Tutancâmon ou mesmo Napoleão, nada vai mudar na nossa vida. Por outro lado, se ficar provado que as Escrituras são uma fantasia, o cristianismo perde a razão de ser e bilhões de pessoas serão afetadas. Ou então vão ignorar as essas provas e se agarrar à ilusão. Dizer que "Paulo foi desprezado" é uma coisa. Incluir "com lágrimas nos olhos" é apelo à emoção. Não sei e não importa, já que não temos evidências objetivas. Dois mil anos de especulações vazias sobre textos que não sabemos ao certo quem escreveu e que só estão na Bíblia porque algumas pessoas os selecionaram arbitrariamente, queimando centenas de outros que não confirmavam suas crenças. Nem vou comentar. A ciência pesquisou o fenômeno, como deveria fazer, mas, até agora, não viu motivos para atribuí-lo a causas espirituais. E você se recusa a acreditar nas religiões que contradizem sua crença no espiritismo.
Não existe isso de "evidências não materiais". Se a ciência não detecta um alegado fenômeno usando o método científico e instrumentos materiais, ela o ignora. É assunto para as religiões, não para os cientistas.
A questão que separa evidências materiais daquelas de indução lógica:
Se perguntarmos a qualquer cientista se existe vida inteligente no universo, além de nosso planeta, ele não negará tal possibilidade e responderá afirmativamente, mesmo sabendo que não há evidências materiais; apenas sua razão responderá.
O método indutivo consiste na extrapolação lógica das empirias. Não negará tal POSSIBILIDADE assim como não se nega a POSSIBILIDADE de que espíritos espíritas existam. Até aí NÃO É indução, é ESPECULAÇÃO. Claro que tem. Temos a nossa realidade material + o fato que existem em termos práticos ℵ0 estrelas e como sabemos que a nossa tem orbitando [...]
Aí sim já é indução. Mas não é indução sobre hipotéticos ultramundos ou esferas invisíveis e penetráveis + respectivos ultramundanos.
Já as religiões se baseiam em coisas não detectáveis, que só existem, até prova em contrário, na imaginação.
Não temos nenhum exemplo real de deuses ou espíritos para podermos generalizar.
Retornamos ao ponto de partida. Evidências que simplesmente apelam para a razão sobejam.
Diz você, por exemplo, que as religiões - i.e Espiritismo - se baseiam em coisas não detectáveis, da imaginação.
O Espírito, que discerne, pensa, ama, odeia, em fim, que responde aos estímulos sensoriais, é também matéria segundo os céticos materialistas.
Tudo o que existe em nosso corpo é uma imensa variedade de substâncias moldadas pelo átomo... logo o espírito deve ser algo do gênero, apenas não detectável... se juntássemos todas as substâncias que existem no corpo, exatamente como ali se encontram jamais surgiria um ser vivo. Faltaria algo: o espírito... a alma.
O princípio inteligente, desde o ser mais primitivo, evoluindo em todas as etapas da natureza, é a força aprimorada que nos distingue do bruto, da rocha. Recebe nesta etapa final o nome de alma ou espírito.
Isto, que é tão lógico, assombrosamente dedutivo, é ignorado pelo materialismo.
Mas não fica nisso: homens de notável inteligência se debruçaram sobre essa questão e suas investigações provaram a existência dessa inteligência fora do corpo físico. O que fizemos com o resultado de seus trabalhos?
Servindo de toda a astúcia e malícia negamos o que era evidente...
Com essa atitude criamos uma especial maldição excludente, que desestimula a qualquer inteligência racionalista de percorrer as pegadas dos antigos sábios, pois receberão a pecha de místicos supersticiosos.
Mas estes mesmos cientistas negam cabalmente a existência de almas, espíritos, vida após a morte, etc. Afinal, também não existem provas. Estariam apenas especulando?
Veja minha resposta ao @Fernando-Silva, sobre esta questão.
Veja: claro que a especulação racionalista causa criatividade, iniciativa. Mas as possibilidades da criatividade ao serem transpostas pro real — pras artes & ofícios — serão pautadas pelos resultados empíricos:
Quem nega cabalmente
🤔
Pra cada teoria aceita como plausível, "trocentas" outras foram descartadas ( e as plausíveis hoje podem ser as descartadas de amanhã) pelo mesmo motivo de não haver fundamento na existência de " almas, espíritos, vida após a morte, etc. " . Do contrário, TODAS as superstições humanas, não apenas as cristãs, teriam que ser aceitas como POSSIBILIDADES.
Shiva, saci-pererê, Papai Noel, a lenda do boto (forte aqui na região), Buda, etc, etc, etc.
Pergunte a algum cientista se ele acredita na possibilidade de vida no núcleo de uma estrela.
Provavelmente a resposta será NÃO.
Se você, não satisfeito, perguntar "por que não?". No mínimo vai tomar uma aula de física nuclear.
Disseram pra uma Sra. derramar borra de café com um pouco de água num prato e ficar movendo até assumir a forma que lembrava um animal. Esse animal seria o resultado do jogo do bicho no dia.
A coitada ficou um tempão revirando o prato.
Eu estava explodindo de rir por dentro.
A empiria é que vai decidir sempre acerca do real.
Da mesma forma, se juntarmos as substâncias que existem num computador, nem por isso ele passaria a funcionar. Tudo depende de como essas substâncias estão organizadas. A velha bobagem da "sabedoria dos antigos", como se suas besteiras fossem validadas com o passar do tempo.
Os sábios gregos diziam que a Terra é o centro do Universo e que os 7 planetas estão presos a esferas de cristal concêntricas. Eles estavam errados na época e continuam errados.
Se as evidências surgirem, o que chamamos de "sobrenatural" passará a ser "natural". Algo possível de ser estudado pela ciência.
Somente poderemos afirmar, com grande restrição, sobre as poucas coisas realmente impossíveis, tipo, saci-pererê, dragão na garagem, papai-noel, estrelas frias, etc
Aqueles sábios do passado, renegados, acabam por se confirmar mais adiante, com as grandes universidades em que o ceticismo é coisa superada. A intuição, a razão e o instinto têm seus valores reavaliados.
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Me faz lembrar aquela observação do Edgar Saveney no genial artigo
Un Episode contemporain de l'Histoire du Merveilleux
- Le Spiritisme et les Spirites
na Revue des Deux Mondes de 15/9/1863 [p. 392-3]: Acaso não tá no tempo verbal errado
🤔
.[/quote]
@patolino, pelo que entendi, você acredita em espírito (ou na possibilidade) mas não acredita em saci-pererê . Então como você explicaria pra uma pessoa que acredita em saci, que saci não existe? Quais argumentos? Quais contra-evidências, já que a pessoa afirma com todas as letras que viu ou que alguém de muita confiança viu e contou a ela e "portanto é verdade"?
Faça esse exercício e você terá a resposta para as perguntas que fez aqui.
Pena que eu não posso te passar o contato da pessoa que teima comigo que saci existe. Seria divertido!
Um sábio do passado afirmou que a água era composta por uma partícula indivisível. Hoje sabemos que essa partícula é divisível por n partes.
Um sábio do passado afirmou que após a morte nossa consciência permanecia intacta (espírito). Hoje sabemos tantas coisas sobre nosso cérebro que o tal sábio do passado não sabia : ) e nenhuma dessas coisas leva a crer na existência de espírito que permanece após a morte.
Contudo, meu caro Leandro, cientistas de renome também investigaram e deram seu testemunho.
No século XIX, manifestação maciça dos Espíritos ocorre de forma organizada em diversas partes do mundo. Representantes da Ciência, investigam a fundo os fenômenos intermediados pelos médiuns. • Nos séculos XIX e XX, a pesquisa científica, realizada por personalidades conhecidas, resulta na produção de análises que comprovam: - a existência e sobrevivência do Espírito, após a morte do corpo físico, e - o intercâmbio entre os dois planos da vida, o físico e o espiritual.
Alguns dos mais notáveis:
Alfred Russel Wallace, William Crookes, Alexandre Aksakof, Cesar Lombroso, Charles Richet, Ernesto Bozzano, Carl Gustav Jung, Ian Stevenson, etc.
Quanto ao folclore, testemunhas que afirmam a existência de espíritos por algum tipo de experiência com eles, são muitas; mas nunca ouvi alguém dizer que já viu um saci-pererê.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Hã-hã... sei...