Ateu Maluco 1B
(continuação de Ateu Maluco 1A)
***
D - Avaliar isto fica a seu critério. Insisto que é você quem estabelece como recebe e interpreta o que eu revelo. A mim cabe apenas aproveitar a oportunidade, ao máximo.
H - Eu não estabeleci nada! Acha que eu quero ser insano?
D - Não posso saber... Você quer?
H - Olha só: esta foi uma pergunta absurda! E, além disto, não era para nos atermos ao tema religioso? Como é que você ainda não reclamou?
D - Estamos nos atendo ao tema da liberdade e da espiritualidade. E seu testemunho é muito oportuno para comunicar estes princípios - e por uma perspectiva inédita.
H - É... sinal dos tempos! Só que você - sendo o Deus onipotente, onipresente e onisciente - perguntou se eu quero ser insano! Opa: como pode perguntar isto, se está lendo meus pensamentos - se conhece a minha mente?
D - Eu não leio os pensamentos e nem conheço as mentes dos meus filhos e filhas! A não ser, é claro, as mentes daqueles que decididamente querem e aceitam que eu assim o faça. Se lesse seus pensamentos, eu não precisaria ler o que escreve para saber o que pensa.
H - Bem, bem... Sinto muito! Com mais esta, já até me envergonho por você... Afinal, é minha escrita que está aqui neste caderno! Então, agora vai dizer que eu sou tão livre, que você até abstém-se de ler meus pensamentos?!
D - Sim, é exatamente isto. Assim como também não prevejo o futuro de meus filhos e filhas, a não ser em casos específicos, dentro do meu plano divino. Entretanto, mesmo sem ler pensamentos, é fácil saber quando há intenção plena de comunicação comigo.
H - Ah, deve ser quando alguém começa a rezar, pelo que: ou realmente quer fazer contato, ou está mais maluco do que eu (caso da maioria). Olha... esta novidade de Deus não ler pensamentos... Caramba, eu estou é doido, mesmo!
D - Se realmente prefere entender assim, pelo menos está produzindo alguma coisa - não está se drogando, nem prejudicando as pessoas...
H - Tudo bem, foi engraçado... Mas - seriamente: como posso saber o que está realmente acontecendo? Como saber se isto é loucura, ou não é? Talvez a própria loucura me responda...
D - Talvez, mas, não eu. Estamos muito oportunamente demonstrando o quanto você é verdadeiramente livre em seus recursos, apreciações e decisões.
H - Ora, mas, a loucura não é, caracteristicamente, estar-se privado de referências seguras, e de coerência mental?
D - Dificilmente isto acontece de fato. Sejam quais forem as referências, elas são meramente progressivas, nunca satisfatoriamente completas. Por isto, mesmo a loucura tem seu grau de coerência particular. E a santidade, não muito raramente, também parece loucura, pois, uma é anormal pela superação do desequilíbrio, e a outra anormal pela acentuação do desequilíbrio.
H - Interessante... Acho que de fato eu não teria esta ideia! Mas, tem que existir alguma verdade, com a qual tudo possa referir-se, não é?
D - Existem muitas verdades relativas, ou circunscritas - enquanto eu sou a única verdade absoluta e total. E você, meu filho, é a única expressão independente e livre desta mesma verdade. Portanto, se me toma por referência, ou não - a autoria e responsabilidade é sua - assim como o é em todas as suas apreciações e decisões.
H - Boa... Mas acontece que isto implica em você estar assumindo responsabilidade pelo meu sofrimento - devido ao fato de ter me criado livre para sofrer!
D - Não. Eu sou responsável por sua liberdade, de modo que obrigo-me a manter que você permaneça livre. Mas - você - é o único responsável pelo que faz com sua liberdade, sendo que pode nem acreditar nela. Eu não determino e nem sequer permito que você sofra. Se acha errado sofrer, o erro é seu.
H - Ah, gostei! Vejamos então: você estabeleceu apenas a possibilidade de eu sofrer, assim como tudo mais; porém, sendo eu quem decide, se sofro, ou não. É isto?
D - Sim, está correto.
H - Então, por favor escute, ou leia: Papai do Céu, se for novidade para você, o fato é que eu não gosto e acho, obviamente, bem ruim ficar sofrendo! Então digamos que, ao menos em nome de minha futura sanidade, eu declare - oficialmente - que não quero mais sofrer! Que tal?
D - Acho ótimo. O sofrimento foi nobre apenas para servir à salvação - mas agora, pela graça do meu verbo imolado, você volta a estar livre, dependendo apenas de querer e aceitar a libertação. E devo sugerir que escolha a liberdade eterna, meu filho. Esta é uma decisão que finalmente espero de todos os meus filhos e filhas - contudo, não podendo obrigá-los, evidentemente.
H - Certo. Então, ok: Por mim, pode ser já! Agora eu quero apenas ser feliz, e continuar feliz para sempre!
D - Muito bem! Que maravilha!
H - Sim, maravilha - então, eu quero agora - já!
D - Afinal a felicidade, meu filho!
H - Hm, não... Não estou sentindo.
D - Como assim?
H - Não estou feliz. Não estou sentindo felicidade...
D - Ora, mas, se quer sentir-se feliz agora - sinta! Não espere! É o que, no seu lugar, eu faria - imediatamente!
H - Mas, eu é que tenho que sentir?
D - Obviamente.
H - Quero dizer: eu tenho que sentir-me feliz, por minha própria conta?
D - Claro. Não vai querer que eu o faça feliz por você - nem posso. Já fiz minha parte salvando-o, libertando-o do mal e da escravidão. Agora, você já tem todo o bem interno e pessoal, todos os recursos para fazer isto - potencialmente desimpedidos. Então, se quer, faça!
H - Desculpe, mas, isto está com um cheirinho (aliás, previsível) de enrolação... Veja só: se eu posso fazer, então eu quero fazer, ok? Portanto, estou decidindo firmemente ser feliz - já! Quero que aconteça já... Atenção: JÁ!
D - E então? Conseguiu?
H - Ai, meu deus...
D - Sim...
H - Claro que tinha alguma treta...
D - Não de minha parte. Por mim, eu quero que você seja completamente feliz agora - já. Mas, é você quem tem que fazer isto, obviamente.
H - Está brincando?! Não faz ideia do quanto isto é sério para mim e para toda a humanidade, não é?! Esta insensibilidade - é porque você não existe!!
D - Não estou brincando. Jamais brinco com situações sérias. Você, sim, é livre para brincar irresponsavelmente, fazer piadas com erros, acidentes, pensar absurdos, viver ilusões... Eu não posso: para isto, dependo de você, meu filho.
H - Será que pode parar de me chamar de "meu filho"?! Eu não sou seu filho tanto quanto não sou tio da filha do vizinho! E acho indigno que chame meus futuros leitores assim também; porque você está fazendo pouco do nosso sofrimento! Que pai é este?! Se o que diz é verdade, isto seria como dizer para um prisioneiro: "Você está livre, pode sair da prisão, mas faça isto por si mesmo!". Como se ele pudesse!
D - Ora, mas, ele pode! Se ele está livre para sair, você acha que eu deveria levá-lo para fora no colo? Ele certamente não iria gostar; se sentiria indignado, humilhado, e reclamaria: "Acha que não sei caminhar por mim mesmo?!"
H - Mas: como ele vai simplesmente caminhar para fora da prisão??
D - Se ele está livre para sair, os portões estarão abertos. Se houver guardas, eles não vão segurá-lo. É questão de apenas caminhar e sair, isto é: por si próprio!
H - Um momentinho! Que negócio é este de prisão com portões abertos?!
D - Foi você quem escolheu a analogia. É boa, mas, nela os portões não podem estar fechados, ou trancados, pois eu tenho que providenciar liberdade para o prisioneiro sair. Os guardas poderiam até ameaçá-lo, mas não poderiam impedi-lo, de modo que ele poderia sair apenas por querer sair - acreditando poder sair - e caminhando para fora por si mesmo.
H - Hm... então não. Esta é uma analogia bem ruim! Meio fora da realidade, entende?... Haveria alguma outra analogia, um pouco mais realista?
D - Não é fora da realidade! Os portões abertos representam a salvação, a redenção - a libertação misericordiosa!
H - Péssimo! Alguma outra analogia?...
D - Tudo bem. Um buraco, em que você cai por distração, ou por engano, como numa armadilha. Digamos que você se machuque um pouco, sofra, sinta-se preso, e de fato estará preso: enquanto não sair. Porém, será o caso de não perder a esperança e olhar bem a estrutura do buraco, e logo ver que certamente dá para subir e sair. E nada vai impedi-lo, se realmente decidir, e subir, e sair - porque você já tem capacidade para isto.
H - Ah, agora entendi, com certeza... e é decepcionante! Então, esta "misericordiosa libertação" implica em eu mesmo ter o trabalho de me libertar, não é?...
D - Só o trabalho. E não é decepcionante, pois é o que você quer... É o que de fato você gosta de fazer!
H - Eu? Acha que eu gosto de trabalhar?! Ou alguém?...
D – Não está gostando de escrever nosso diálogo? É evidente que apenas está achando cansativo e pouco promissor, porque tem pouca confiança no sucesso. Antes da salvação era ainda pior: você, ou a humanidade, tinha perdido qualquer esperança de sucesso, a não ser pela via do mal – e assim enterrando-se cada vez mais! E realmente não havia outro meio de melhorar de vida: uns traindo e explorando os outros, e a escravidão total era sempre o maior medo, sendo preferível morrer nas guerras.
H - Está querendo dizer que agora mudou muita coisa?...
D - Sim, claro: depois da salvação, qualquer ser humano tem motivo para confiar no sucesso! E pela via do bem! Pois agora a elevação da qualidade espiritual na vida está disponível para todos. E esta elevação de condições, de recursos, de energia, etc., surge por sua simples aceitação e pela confiança nela.
H - Você quer dizer: pela fé... Porém, que garantias você oferece para qualquer um acreditar nisto?
D - A simples experiência de viver... Eu lhe garanto (mesmo sem ler seus pensamentos), assim como garanto que tem dois olhos: você não quer que eu faça por você, o que você pode fazer por si. Criancinhas já intuem isto. Se eu fizesse por você, quando visse o que fiz, você iria gostar, reagir e querer voltar atrás, só para fazer sozinho. Ser verdadeiramente livre implica em que VOCÊ seja livre - fazendo o que quiser com a SUA energia. A possibilidade, ou o fato de haver liberdade para conseguir, isto eu providencio. Agora, acreditar nesta possibilidade, assumi-la e exercê-la, isto é prerrogativa sua, sendo o que prova a sua autonomia e sua dignidade.
H - Autonomia e dignidade... Realmente interessante! Demorei um pouco pensando nisto, porque, de fato, mesmo os animais agem assim! Eles lutam confiantemente para sobreviver, para superar suas dificuldades, não é verdade?
D - Sim, é verdade.
H - Bem, então acho que agora te peguei - me desculpe.
D - Hm.
H - Veja: se mesmo os animais, até os insetos, assumem sua libertação de limitações, ainda que instintivamente, então onde está a necessidade de alguém ter fé em Deus, ou em você, para libertar-se de suas limitações?
D – Não há esta necessidade. Se a questão é resolver problemas para ser feliz, ou realizar ambições materiais, basta ter esperança e iniciativa, ou seja, confiança na possibilidade iminente de resolver seus problemas, por si mesmo. Ou, coletivamente, se for o caso. Ter fé (ou confiar, crer, acreditar) é o verbo fundamental da alma humana – é a sua faculdade mais essencial.
H - Poderia elaborar isto?
D - Sim. Nada se faz sem acreditar-se na possibilidade de o fazer, mesmo numa função instintiva. Até mesmo beber um gole de água requer fé, ou, acreditar na naturalidade de engolir. Se não houver esta confiança, ou seja, se houver dúvida, provavelmente haverá um engasgo. É assim com todos os atos voluntários, ou semi-voluntários, e até mesmo o ato de pensar. Do mesmo modo, é preciso ter fé na liberdade, para poder exercê-la e desfrutá-la. Sem esta fé, qualquer possibilidade de sucesso tende a perder-se.
H - Tudo bem... Só que, sendo assim - se provavelmente a totalidade dos animais tem esta confiança em sua capacidade de sobreviver, de conseguir comida, etc., então eles têm mais fé do que muitos seres humanos, até religiosos!
D - Sim, é verdade, mas isto porque os animais dificilmente duvidam. Até esquecem frustrações. Eles não ousam - nem sequer vislumbram - contrariar esta confiança instintiva, a qual, por isto mesmo, não convém ser chamada de fé - porque a fé é voluntária, eletiva. A condição especial da alma humana está exatamente em dispor de um grau de liberdade pelo qual pode aceitar ou recusar, tanto o instinto, quanto a intuição. E esta liberdade de escolha entre a intuição espiritual e o instinto material, em tudo o que se faz, é o denominado livre-arbítrio.
H - Realmente interessante, esta definição. Mas, e quanto à liberdade de decidir entre opções meramente materiais, como, por exemplo, qual canal de TV assistir? Não é livre-arbítrio?
D - É, sim. Como disse, todas as decisões humanas são baseadas nesta valorização ponderada entre o espírito e a matéria; ou, qual prepondera em cada uma de suas escolhas. No seu exemplo, a pessoa optaria por um canal com um programa mais condizente com uma destas tendências, ou preferências.
H - Puxa, boa explicação! Sinceramente! Acho que eu não teria estas ideias por mim mesmo... Portanto, devo reconhecer que isto, logicamente, favorece a possibilidade de você ser real, e não uma produção minha!
D - Não necessariamente. Acaso conhece a si mesmo, em profundidade? Sabe, ou lembra-se muito bem, de todos os conceitos culturais aos quais já foi exposto? Sabe de que modo alguns deles podem, subconscientemente, ter forjado estas ideias em sua mente? A mente é muito poderosa, certo?...
H - Se entendi bem, você acaba de anular, e desprezar, uma razão para eu ter fé em você...
D - Sim, claro. Dificilmente há razão mental, ou intelectual, suficiente para mudanças na fé, porque isto apenas é possível através de experiências morais, práticas, que formam ou modificam os valores fundamentais de uma alma, e assim movem todo o ser humano. A razão trabalha apenas com valores já assumidos - identificados e classificados na memória - mas não podendo realmente produzi-los, ou alterá-los.
H - Não se pode nem pensar em mudança de valores?
D - Pode, mas, apenas especulativamente, raciocinando sobre valores já assumidos e supondo alguma nova conclusão - porém, a qual apenas será efetivamente valorizada quando a vontade decidir testá-la na prática, nos aspectos da experiência que envolvam esta conclusão hipotética - e modificando os respectivos comportamentos.
H - E tem que ser sempre assim?
D - Sempre - porque todos valores já adquiridos nasceram com a experiência e a ela permanecem ligados, dela dependentes. Por isto, novos valores, ainda que em fase de projeto moral - dependem do teste prático para valerem fielmente, ou seja, completamente, genuinamente.
H - Ora, mas, o que está acontecendo aqui, nesta mesa, não sou eu tendo uma experiência prática? Estar, eventualmente, dialogando com o próprio Deus, não é uma experiência moralmente nova, que pode me impressionar de modo a mudar meus valores?
D - Sim, como você acaba de dizer, pode mudar - eventualmente - assim como também pode até ser esquecida. Por outro lado, se suas decisões costumeiras a respeito do assunto forem modificadas pelo valor prático desta nova hipótese, então sim - este valor obterá crédito moral, ou seja, fé em sua importância real, integral, e não em alguma simples conjectura.
H - Mas, se a minha visão de mundo, minha concepção do que seja a realidade, for modificada, isto não será prático?
D - Sim, será. Normalmente, a visão de mundo de uma pessoa corresponde à sua fé: aquilo que ela acredita ser a realidade geral da vida - porque os principais aspectos das visões de mundo reportam-se a valores universais, aplicáveis a tudo. Uma pessoa pode considerar seriamente várias visões de mundo, mesmo contraditórias, mas, apenas os aspectos que tiverem real valor prático em suas escolhas e decisões, estes representarão sua fé, mesmo que ela teoricamente pense ou afirme ter alguma outra fé.
H - Entendi, mas, há um grande problema nisto. Se apenas experiências morais são capazes de modificar a fé, isto contradiz a existência das famosas provas racionais e didáticas da teologia, que eu pessoalmente acho furadas, mas, que pretendem provar a existência de Deus - só pela lógica.
D - Não. Estas provas de fato são lógicas, mas, apenas para quem já acredita em suas premissas - para quem já valorizou a revelação divina - e então utiliza estas provas para demonstrar a lógica de sua fé. Estas provas devem lhe parecer furadas exatamente por isto: porque elas não são suficientes sem fé prévia. Não servem para provar que a descrença é ilógica. Qualquer ateu que converta-se meramente por estas provas, estará errando.
H - Bom... novamente, muito interessante; apesar de eu nunca ter ouvido falarem disto... Ou seja, podendo até ser invencionice da minha loucura, certo? Por isto, peço sua divina licença para me certificar sobre este prerrequisito, assim como o relacionado aspecto prático da fé. E já continuaremos, ok?
D - Se não se importa, sugiro que aproveitemos este ensejo para encerrar nossa conversa, por agora. Já nos estendemos além do que convém.
H - Hm... mau sinal... Só vou fazer duas consultas! Tenho os livros necessários aqui; vai demorar apenas alguns minutos...
D - Não é pela demora, mas apenas a questão de não deixar o texto maior que este volume. Poderemos continuar depois, por quantas sessões desejar.
H - Ora, então vai ser como sessões de psicoterapia: "Acabou o tempo! Até a próxima!"
D - Sim; algo parecido. Porém, lembrando que você também tem o direito de interromper no momento em que quiser. Esta minha interrupção é devida à forma de publicação da conversa. E também será oportuno para lhe dar tempo para estudar e refletir.
H - Serão os capítulos da obra?
D - Poderiam ser, mas, serão publicadas a intervalos de tempo.
H - Vou ser um colunista de jornal, ou algo assim?
D - Não convém tratarmos disto, por enquanto. Continuaremos depois, então. Um abraço...
H - Um abraço? Muito engraçado... Então "adeus"!... Gostou desta?
D - Boa... Até logo, então.
H - Até... E, quando vai ser a próxima sessão?
D - (silêncio)
H - Deus?
D - (silêncio)
H - Oi, alô! Ainda está me ouvindo (ou lendo)?
D - (silêncio)
H - Caramba! Como não estou mais ouvindo você, isto pode ser um bom sinal de que não estou maluco... Não é?...
D - (silêncio)
H - Olha: eu estou sem saber quando vai ser a próxima sessão! Tudo bem?
D - (silêncio)
H - Não vai responder mais nada, mesmo? Vou parar de insistir...
D - (silêncio)
H - Que canseira, meu!
* * *
Final da Conversa 1
Segue na Conversa 2
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D - Avaliar isto fica a seu critério. Insisto que é você quem estabelece como recebe e interpreta o que eu revelo. A mim cabe apenas aproveitar a oportunidade, ao máximo.
H - Eu não estabeleci nada! Acha que eu quero ser insano?
D - Não posso saber... Você quer?
H - Olha só: esta foi uma pergunta absurda! E, além disto, não era para nos atermos ao tema religioso? Como é que você ainda não reclamou?
D - Estamos nos atendo ao tema da liberdade e da espiritualidade. E seu testemunho é muito oportuno para comunicar estes princípios - e por uma perspectiva inédita.
H - É... sinal dos tempos! Só que você - sendo o Deus onipotente, onipresente e onisciente - perguntou se eu quero ser insano! Opa: como pode perguntar isto, se está lendo meus pensamentos - se conhece a minha mente?
D - Eu não leio os pensamentos e nem conheço as mentes dos meus filhos e filhas! A não ser, é claro, as mentes daqueles que decididamente querem e aceitam que eu assim o faça. Se lesse seus pensamentos, eu não precisaria ler o que escreve para saber o que pensa.
H - Bem, bem... Sinto muito! Com mais esta, já até me envergonho por você... Afinal, é minha escrita que está aqui neste caderno! Então, agora vai dizer que eu sou tão livre, que você até abstém-se de ler meus pensamentos?!
D - Sim, é exatamente isto. Assim como também não prevejo o futuro de meus filhos e filhas, a não ser em casos específicos, dentro do meu plano divino. Entretanto, mesmo sem ler pensamentos, é fácil saber quando há intenção plena de comunicação comigo.
H - Ah, deve ser quando alguém começa a rezar, pelo que: ou realmente quer fazer contato, ou está mais maluco do que eu (caso da maioria). Olha... esta novidade de Deus não ler pensamentos... Caramba, eu estou é doido, mesmo!
D - Se realmente prefere entender assim, pelo menos está produzindo alguma coisa - não está se drogando, nem prejudicando as pessoas...
H - Tudo bem, foi engraçado... Mas - seriamente: como posso saber o que está realmente acontecendo? Como saber se isto é loucura, ou não é? Talvez a própria loucura me responda...
D - Talvez, mas, não eu. Estamos muito oportunamente demonstrando o quanto você é verdadeiramente livre em seus recursos, apreciações e decisões.
H - Ora, mas, a loucura não é, caracteristicamente, estar-se privado de referências seguras, e de coerência mental?
D - Dificilmente isto acontece de fato. Sejam quais forem as referências, elas são meramente progressivas, nunca satisfatoriamente completas. Por isto, mesmo a loucura tem seu grau de coerência particular. E a santidade, não muito raramente, também parece loucura, pois, uma é anormal pela superação do desequilíbrio, e a outra anormal pela acentuação do desequilíbrio.
H - Interessante... Acho que de fato eu não teria esta ideia! Mas, tem que existir alguma verdade, com a qual tudo possa referir-se, não é?
D - Existem muitas verdades relativas, ou circunscritas - enquanto eu sou a única verdade absoluta e total. E você, meu filho, é a única expressão independente e livre desta mesma verdade. Portanto, se me toma por referência, ou não - a autoria e responsabilidade é sua - assim como o é em todas as suas apreciações e decisões.
H - Boa... Mas acontece que isto implica em você estar assumindo responsabilidade pelo meu sofrimento - devido ao fato de ter me criado livre para sofrer!
D - Não. Eu sou responsável por sua liberdade, de modo que obrigo-me a manter que você permaneça livre. Mas - você - é o único responsável pelo que faz com sua liberdade, sendo que pode nem acreditar nela. Eu não determino e nem sequer permito que você sofra. Se acha errado sofrer, o erro é seu.
H - Ah, gostei! Vejamos então: você estabeleceu apenas a possibilidade de eu sofrer, assim como tudo mais; porém, sendo eu quem decide, se sofro, ou não. É isto?
D - Sim, está correto.
H - Então, por favor escute, ou leia: Papai do Céu, se for novidade para você, o fato é que eu não gosto e acho, obviamente, bem ruim ficar sofrendo! Então digamos que, ao menos em nome de minha futura sanidade, eu declare - oficialmente - que não quero mais sofrer! Que tal?
D - Acho ótimo. O sofrimento foi nobre apenas para servir à salvação - mas agora, pela graça do meu verbo imolado, você volta a estar livre, dependendo apenas de querer e aceitar a libertação. E devo sugerir que escolha a liberdade eterna, meu filho. Esta é uma decisão que finalmente espero de todos os meus filhos e filhas - contudo, não podendo obrigá-los, evidentemente.
H - Certo. Então, ok: Por mim, pode ser já! Agora eu quero apenas ser feliz, e continuar feliz para sempre!
D - Muito bem! Que maravilha!
H - Sim, maravilha - então, eu quero agora - já!
D - Afinal a felicidade, meu filho!
H - Hm, não... Não estou sentindo.
D - Como assim?
H - Não estou feliz. Não estou sentindo felicidade...
D - Ora, mas, se quer sentir-se feliz agora - sinta! Não espere! É o que, no seu lugar, eu faria - imediatamente!
H - Mas, eu é que tenho que sentir?
D - Obviamente.
H - Quero dizer: eu tenho que sentir-me feliz, por minha própria conta?
D - Claro. Não vai querer que eu o faça feliz por você - nem posso. Já fiz minha parte salvando-o, libertando-o do mal e da escravidão. Agora, você já tem todo o bem interno e pessoal, todos os recursos para fazer isto - potencialmente desimpedidos. Então, se quer, faça!
H - Desculpe, mas, isto está com um cheirinho (aliás, previsível) de enrolação... Veja só: se eu posso fazer, então eu quero fazer, ok? Portanto, estou decidindo firmemente ser feliz - já! Quero que aconteça já... Atenção: JÁ!
D - E então? Conseguiu?
H - Ai, meu deus...
D - Sim...
H - Claro que tinha alguma treta...
D - Não de minha parte. Por mim, eu quero que você seja completamente feliz agora - já. Mas, é você quem tem que fazer isto, obviamente.
H - Está brincando?! Não faz ideia do quanto isto é sério para mim e para toda a humanidade, não é?! Esta insensibilidade - é porque você não existe!!
D - Não estou brincando. Jamais brinco com situações sérias. Você, sim, é livre para brincar irresponsavelmente, fazer piadas com erros, acidentes, pensar absurdos, viver ilusões... Eu não posso: para isto, dependo de você, meu filho.
H - Será que pode parar de me chamar de "meu filho"?! Eu não sou seu filho tanto quanto não sou tio da filha do vizinho! E acho indigno que chame meus futuros leitores assim também; porque você está fazendo pouco do nosso sofrimento! Que pai é este?! Se o que diz é verdade, isto seria como dizer para um prisioneiro: "Você está livre, pode sair da prisão, mas faça isto por si mesmo!". Como se ele pudesse!
D - Ora, mas, ele pode! Se ele está livre para sair, você acha que eu deveria levá-lo para fora no colo? Ele certamente não iria gostar; se sentiria indignado, humilhado, e reclamaria: "Acha que não sei caminhar por mim mesmo?!"
H - Mas: como ele vai simplesmente caminhar para fora da prisão??
D - Se ele está livre para sair, os portões estarão abertos. Se houver guardas, eles não vão segurá-lo. É questão de apenas caminhar e sair, isto é: por si próprio!
H - Um momentinho! Que negócio é este de prisão com portões abertos?!
D - Foi você quem escolheu a analogia. É boa, mas, nela os portões não podem estar fechados, ou trancados, pois eu tenho que providenciar liberdade para o prisioneiro sair. Os guardas poderiam até ameaçá-lo, mas não poderiam impedi-lo, de modo que ele poderia sair apenas por querer sair - acreditando poder sair - e caminhando para fora por si mesmo.
H - Hm... então não. Esta é uma analogia bem ruim! Meio fora da realidade, entende?... Haveria alguma outra analogia, um pouco mais realista?
D - Não é fora da realidade! Os portões abertos representam a salvação, a redenção - a libertação misericordiosa!
H - Péssimo! Alguma outra analogia?...
D - Tudo bem. Um buraco, em que você cai por distração, ou por engano, como numa armadilha. Digamos que você se machuque um pouco, sofra, sinta-se preso, e de fato estará preso: enquanto não sair. Porém, será o caso de não perder a esperança e olhar bem a estrutura do buraco, e logo ver que certamente dá para subir e sair. E nada vai impedi-lo, se realmente decidir, e subir, e sair - porque você já tem capacidade para isto.
H - Ah, agora entendi, com certeza... e é decepcionante! Então, esta "misericordiosa libertação" implica em eu mesmo ter o trabalho de me libertar, não é?...
D - Só o trabalho. E não é decepcionante, pois é o que você quer... É o que de fato você gosta de fazer!
H - Eu? Acha que eu gosto de trabalhar?! Ou alguém?...
D – Não está gostando de escrever nosso diálogo? É evidente que apenas está achando cansativo e pouco promissor, porque tem pouca confiança no sucesso. Antes da salvação era ainda pior: você, ou a humanidade, tinha perdido qualquer esperança de sucesso, a não ser pela via do mal – e assim enterrando-se cada vez mais! E realmente não havia outro meio de melhorar de vida: uns traindo e explorando os outros, e a escravidão total era sempre o maior medo, sendo preferível morrer nas guerras.
H - Está querendo dizer que agora mudou muita coisa?...
D - Sim, claro: depois da salvação, qualquer ser humano tem motivo para confiar no sucesso! E pela via do bem! Pois agora a elevação da qualidade espiritual na vida está disponível para todos. E esta elevação de condições, de recursos, de energia, etc., surge por sua simples aceitação e pela confiança nela.
H - Você quer dizer: pela fé... Porém, que garantias você oferece para qualquer um acreditar nisto?
D - A simples experiência de viver... Eu lhe garanto (mesmo sem ler seus pensamentos), assim como garanto que tem dois olhos: você não quer que eu faça por você, o que você pode fazer por si. Criancinhas já intuem isto. Se eu fizesse por você, quando visse o que fiz, você iria gostar, reagir e querer voltar atrás, só para fazer sozinho. Ser verdadeiramente livre implica em que VOCÊ seja livre - fazendo o que quiser com a SUA energia. A possibilidade, ou o fato de haver liberdade para conseguir, isto eu providencio. Agora, acreditar nesta possibilidade, assumi-la e exercê-la, isto é prerrogativa sua, sendo o que prova a sua autonomia e sua dignidade.
H - Autonomia e dignidade... Realmente interessante! Demorei um pouco pensando nisto, porque, de fato, mesmo os animais agem assim! Eles lutam confiantemente para sobreviver, para superar suas dificuldades, não é verdade?
D - Sim, é verdade.
H - Bem, então acho que agora te peguei - me desculpe.
D - Hm.
H - Veja: se mesmo os animais, até os insetos, assumem sua libertação de limitações, ainda que instintivamente, então onde está a necessidade de alguém ter fé em Deus, ou em você, para libertar-se de suas limitações?
D – Não há esta necessidade. Se a questão é resolver problemas para ser feliz, ou realizar ambições materiais, basta ter esperança e iniciativa, ou seja, confiança na possibilidade iminente de resolver seus problemas, por si mesmo. Ou, coletivamente, se for o caso. Ter fé (ou confiar, crer, acreditar) é o verbo fundamental da alma humana – é a sua faculdade mais essencial.
H - Poderia elaborar isto?
D - Sim. Nada se faz sem acreditar-se na possibilidade de o fazer, mesmo numa função instintiva. Até mesmo beber um gole de água requer fé, ou, acreditar na naturalidade de engolir. Se não houver esta confiança, ou seja, se houver dúvida, provavelmente haverá um engasgo. É assim com todos os atos voluntários, ou semi-voluntários, e até mesmo o ato de pensar. Do mesmo modo, é preciso ter fé na liberdade, para poder exercê-la e desfrutá-la. Sem esta fé, qualquer possibilidade de sucesso tende a perder-se.
H - Tudo bem... Só que, sendo assim - se provavelmente a totalidade dos animais tem esta confiança em sua capacidade de sobreviver, de conseguir comida, etc., então eles têm mais fé do que muitos seres humanos, até religiosos!
D - Sim, é verdade, mas isto porque os animais dificilmente duvidam. Até esquecem frustrações. Eles não ousam - nem sequer vislumbram - contrariar esta confiança instintiva, a qual, por isto mesmo, não convém ser chamada de fé - porque a fé é voluntária, eletiva. A condição especial da alma humana está exatamente em dispor de um grau de liberdade pelo qual pode aceitar ou recusar, tanto o instinto, quanto a intuição. E esta liberdade de escolha entre a intuição espiritual e o instinto material, em tudo o que se faz, é o denominado livre-arbítrio.
H - Realmente interessante, esta definição. Mas, e quanto à liberdade de decidir entre opções meramente materiais, como, por exemplo, qual canal de TV assistir? Não é livre-arbítrio?
D - É, sim. Como disse, todas as decisões humanas são baseadas nesta valorização ponderada entre o espírito e a matéria; ou, qual prepondera em cada uma de suas escolhas. No seu exemplo, a pessoa optaria por um canal com um programa mais condizente com uma destas tendências, ou preferências.
H - Puxa, boa explicação! Sinceramente! Acho que eu não teria estas ideias por mim mesmo... Portanto, devo reconhecer que isto, logicamente, favorece a possibilidade de você ser real, e não uma produção minha!
D - Não necessariamente. Acaso conhece a si mesmo, em profundidade? Sabe, ou lembra-se muito bem, de todos os conceitos culturais aos quais já foi exposto? Sabe de que modo alguns deles podem, subconscientemente, ter forjado estas ideias em sua mente? A mente é muito poderosa, certo?...
H - Se entendi bem, você acaba de anular, e desprezar, uma razão para eu ter fé em você...
D - Sim, claro. Dificilmente há razão mental, ou intelectual, suficiente para mudanças na fé, porque isto apenas é possível através de experiências morais, práticas, que formam ou modificam os valores fundamentais de uma alma, e assim movem todo o ser humano. A razão trabalha apenas com valores já assumidos - identificados e classificados na memória - mas não podendo realmente produzi-los, ou alterá-los.
H - Não se pode nem pensar em mudança de valores?
D - Pode, mas, apenas especulativamente, raciocinando sobre valores já assumidos e supondo alguma nova conclusão - porém, a qual apenas será efetivamente valorizada quando a vontade decidir testá-la na prática, nos aspectos da experiência que envolvam esta conclusão hipotética - e modificando os respectivos comportamentos.
H - E tem que ser sempre assim?
D - Sempre - porque todos valores já adquiridos nasceram com a experiência e a ela permanecem ligados, dela dependentes. Por isto, novos valores, ainda que em fase de projeto moral - dependem do teste prático para valerem fielmente, ou seja, completamente, genuinamente.
H - Ora, mas, o que está acontecendo aqui, nesta mesa, não sou eu tendo uma experiência prática? Estar, eventualmente, dialogando com o próprio Deus, não é uma experiência moralmente nova, que pode me impressionar de modo a mudar meus valores?
D - Sim, como você acaba de dizer, pode mudar - eventualmente - assim como também pode até ser esquecida. Por outro lado, se suas decisões costumeiras a respeito do assunto forem modificadas pelo valor prático desta nova hipótese, então sim - este valor obterá crédito moral, ou seja, fé em sua importância real, integral, e não em alguma simples conjectura.
H - Mas, se a minha visão de mundo, minha concepção do que seja a realidade, for modificada, isto não será prático?
D - Sim, será. Normalmente, a visão de mundo de uma pessoa corresponde à sua fé: aquilo que ela acredita ser a realidade geral da vida - porque os principais aspectos das visões de mundo reportam-se a valores universais, aplicáveis a tudo. Uma pessoa pode considerar seriamente várias visões de mundo, mesmo contraditórias, mas, apenas os aspectos que tiverem real valor prático em suas escolhas e decisões, estes representarão sua fé, mesmo que ela teoricamente pense ou afirme ter alguma outra fé.
H - Entendi, mas, há um grande problema nisto. Se apenas experiências morais são capazes de modificar a fé, isto contradiz a existência das famosas provas racionais e didáticas da teologia, que eu pessoalmente acho furadas, mas, que pretendem provar a existência de Deus - só pela lógica.
D - Não. Estas provas de fato são lógicas, mas, apenas para quem já acredita em suas premissas - para quem já valorizou a revelação divina - e então utiliza estas provas para demonstrar a lógica de sua fé. Estas provas devem lhe parecer furadas exatamente por isto: porque elas não são suficientes sem fé prévia. Não servem para provar que a descrença é ilógica. Qualquer ateu que converta-se meramente por estas provas, estará errando.
H - Bom... novamente, muito interessante; apesar de eu nunca ter ouvido falarem disto... Ou seja, podendo até ser invencionice da minha loucura, certo? Por isto, peço sua divina licença para me certificar sobre este prerrequisito, assim como o relacionado aspecto prático da fé. E já continuaremos, ok?
D - Se não se importa, sugiro que aproveitemos este ensejo para encerrar nossa conversa, por agora. Já nos estendemos além do que convém.
H - Hm... mau sinal... Só vou fazer duas consultas! Tenho os livros necessários aqui; vai demorar apenas alguns minutos...
D - Não é pela demora, mas apenas a questão de não deixar o texto maior que este volume. Poderemos continuar depois, por quantas sessões desejar.
H - Ora, então vai ser como sessões de psicoterapia: "Acabou o tempo! Até a próxima!"
D - Sim; algo parecido. Porém, lembrando que você também tem o direito de interromper no momento em que quiser. Esta minha interrupção é devida à forma de publicação da conversa. E também será oportuno para lhe dar tempo para estudar e refletir.
H - Serão os capítulos da obra?
D - Poderiam ser, mas, serão publicadas a intervalos de tempo.
H - Vou ser um colunista de jornal, ou algo assim?
D - Não convém tratarmos disto, por enquanto. Continuaremos depois, então. Um abraço...
H - Um abraço? Muito engraçado... Então "adeus"!... Gostou desta?
D - Boa... Até logo, então.
H - Até... E, quando vai ser a próxima sessão?
D - (silêncio)
H - Deus?
D - (silêncio)
H - Oi, alô! Ainda está me ouvindo (ou lendo)?
D - (silêncio)
H - Caramba! Como não estou mais ouvindo você, isto pode ser um bom sinal de que não estou maluco... Não é?...
D - (silêncio)
H - Olha: eu estou sem saber quando vai ser a próxima sessão! Tudo bem?
D - (silêncio)
H - Não vai responder mais nada, mesmo? Vou parar de insistir...
D - (silêncio)
H - Que canseira, meu!
* * *
Final da Conversa 1
Segue na Conversa 2
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Comentários
Ele, sendo mesmo deus, conhece a essência da própria criação e sabe que não pode a convencer de nada usando a forma que decidiu usar.
Age literalmente como um demônio obsessor apenas com o objetivo de fazer o mal.
A opinião de deus sobre si mesmo pouco importa. Ele age como um psicopata. Age como um agente da STASI que entrava na casa das pessoas, mudava coisas de lugar, mudava letras dos nomes nas correspondências apenas pra demonstrar às vítimas que estava totalmente no controle. Isso muitas vezes levava a suicídios.
Como disse, um deus que conhece a essência de sua criatura e mesmo assim age dessa forma age também de forma assustadoramente humana pra algo que se diz deus.
Do ponto de vista da nossa moral, que ele sabe muito bem que é a única que compreendemos, ele está errado, sabe disso e mesmo assim o faz.
Sendo ele assim nada me cabe a não ser aceitar que o criador é uma figura com traços humanos da pior espécie, o que explica um bocado de coisas horrorosas sobre sua criação.
Eu não sei se retratar deus se valendo de meios tacanhos e fraudulentos por definição pra se provar como tal para a sua criação faz bem a imagem dos católicos.
Por outro lado, quem acredita que um deus matar o próprio filho pra salvar a humanidade dele mesmo é uma história maravilhosa pode achar isso bonito também.
Não faz sentido que um inocente se ofereça para ser executado no lugar de um bandido para que este possa ser libertado.
Não faz sentido que um crime seja perdoado quando o bandido comete mais um crime.
exemplo cristão contradizendo o ateu:
"Mas, ao ver isso, o fariseu que o convidara falava consigo, dizendo: Se este homem fosse profeta, saberia quem e de que qualidade é essa mulher que o toca, pois é uma pecadora.
E respondendo Jesus, disse-lhe: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Respondeu ele: Dize-a, Mestre.
E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou.
Lucas 7:39-44" faça o testa da notas de 100 se começar a rasgar melhor ir se tratar que o caso é sério!
verdade no exemplo acima estando morrendo congelado onde só há dinheiro melhor queima-lo do que morrer de frio!
neste caso a loucura seria optar pela manutenção do dinheiro.
como dizem os evangélicos a sabedoria de deus é vista como loucura pelos ateus.
Mas de fato a sabedoria divina pode ser interpretada como loucura, por exemplo cristão amar ao próximo como a si mesmo, por deus em primeiro plano, doar sem nenhum interesse estes tipo de loucuras divinas são firmemente rejeitadas pela razão humana!
De certo que dogmas religiosos ilógicos alimentam espantalhos divinos construidos e facilmente ridicularizados por ateus acreditando serem sábios como crianças travessas se divertem com suas bobagens infantis!
Por exemplo ridicularizando o panteísmo aqui mesmo ja disseram que deus também é uma merda! como se merda fosse algo pejorativo, pelo contrario se esta dentro do pensamento deles então deve ser algo tão importante quanto a necessidade de externa-lo. sim existe uma referencia guia chamada DOR ela é que te conduz com sabedoria divina.
ERRADO! liberdade não existe portanto deus é o responsável direta e indiretamente por tudo
e não trata-se de responsabilidade moral e sim da estrutura física divina que esta fundamentada em leis da ação e reação Se não ouve o deus renato_labaro então que ouça o deus Renato russo:
"porque toda dor vem do desejo de não querermos sentir dor" ironicamente a dor serve para ENSINAR a pessoas a evita-la com sabedoria, caso contrario ela aumenta ainda mais!
moral da historia ta sofrendo comece a rever suas ações ? ta se achando um príncipe no conto de fadas? ironicamente "Felicidade" eterna seria o verdadeiro inferno eterno! ja pensou em ter um orgasmo eterno?
obviamente sem a referência da dor prazer seria inconcebível!
vale a pena rir de novo:
guiado pela dor, por jesus LIBERTE-SE DAS ILUSÕES HUMANAS
D - Se ele está livre para sair, os portões estarão abertos. Se houver guardas, eles não vão segurá-lo. É questão de apenas caminhar e sair, isto é: por si próprio!
H - Um momentinho! Que negócio é este de prisão com portões abertos?!
D - Foi você quem escolheu a analogia. É boa, mas, nela os portões não podem estar fechados, ou trancados, pois eu tenho que providenciar liberdade para o prisioneiro sair. Os guardas poderiam até ameaçá-lo, mas não poderiam impedi-lo, de modo que ele poderia sair apenas por querer sair - acreditando poder sair - e caminhando para fora por si mesmo.
Trabalho é ação de viver por isso da prazer, uma vida sem trabalho seria nosso verdadeiro inferno! deus é o IMPOSSÍVEL sentido a ser alcançado ,longe de ser uma ironia divinamente sarcástica é a fonte do prazer do trabalho eterno costumo dizer que "Sem fé não daremos nem o próximo passo", mas justifique porque necessitamos de fé para atos involuntários? Quanta cachorrada!.....kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
eis a prova:
seres humanos são tambem seres mais ou menos racionais
Certo a fé em deus vai muito alem do instinto de querer saciar as necessidades básicas, pelo contrario fé é acreditar que podemos nos LIBERTAR DOS INSTINTOS ANIMAIS e que "a vida é bem mais do que o alimento do corpo - Jesus)
mas animais não são apenas maquinas pré programadas eles tambem são seres intuitivos e que muitas vezes por força da necessidade ou até mesmo pela própria vontade acabam contrariando superando os próprios instintos.
Da mesma forma que humanos podem contrariar seus instintos e intuições agindo apenas pelas suas necessidades primitivas mais básicas.
Aliás, isto até coincide com o teor da terceira conversa, que postarei hoje.
Portanto, peço que os comentadores deixem pelo menos implicitamente claro por qual perspectiva devo responder. E sendo que, como já declarei, não faço contra-argumentações. Apenas comento sem intenção de debater.
Agradeço que considerem isto quanto comentarem.
Muito bom!
por isso costumo dizer que alguns ateus possuem mais fé do que alguns que se dizem religiosos
E somos aquilo que fazemos não no que acreditamos
em sonhos podemos ser qualquer coisa que acreditamos,mas no mundo real seremos somente aquilo que fizermos.
e quais seriam?
que seja tudo menos os tradicionais dogmas ilógicos!
tenho fé que os que praticam os ensinos de jesus terão sua vida melhorada assim como também como contribuirão com o bem estar dos outros.
com tudo para alguns carregar sua cruz seria um fardo pesado, ilógico e infrutífero.
Se só jesus é filho de deus nós e os restante seriamos o que?
Se deus é o pai de jesus, o espírito santo teria feito sexo com maria antes do casamento ?
Deus não mandou matar jesus e sim os fariseus, tentando salvar o comercio religiosos deles.
A salvação religiosa esta mais para libertação do mau mau-caratismo pessoal e do sofrimento causados pelos próprios erros.
sim não faz nenhum sentido ficar afirmando uma coisa que jesus não disse e sim que concluíram ERRADAMENTE a respeito dele.
De leve... kkk
Só ficarei como espectador a princípio. No mais já fiz muitas discussões sobre o tema no passado. E acredito que terão respostas aqui em sintonia com o que penso.
com tudo para alguns carregar sua cruz seria um fardo pesado, ilógico e infrutífero.
existe muita diferença entre o que prega o cristianismo de Jesus e o que prega o cristianismo de Moisés
o de jesus prega misericórdia, perdão, sacrifício , trabalho em favor do outro, amor ao próximo esta é sua salvação!
Ja o cristianismo primitivo de Moisés prega que as vitimas sacrificadas salvarão o algoz dos pecados.....kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Dai os seguidores de moises acharem que pregar jesus numa cruz libertaria os pecados deles.
"Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá.
Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de modo algum terá de honrar a seu pai.
E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.
Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo:
Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.
Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem."
Mateus 15:3-9
Valeu!
se estou entendendo bem o catolicismo põe a fé na crença de que SOMENTE a morte de jesus por si só tem o poder de salvar a humanidade da danação eterna, ou morte eterna? é isto mesmo?
e que história é essa de PECADO MORTAIS ?
Já os protestantes arminianistas dizem que basta "aceitar Jesus" que o cara já está salvo e não precisa fazer mais nada.
E os calvinistas e presbiterianos dizem que já nascemos predestinados ao céu ou ao inferno e que nada do que fizermos vai mudar isto.
neste caso então o dialogo H- x D-- deve ser considerado totalmente sobre auspícios ou seria hospícios...kkkkkkkkkkkkkkkk do protestantes arminianistas
Depois retorno... :-)
Mas tudo o que temos são historinhas contraditórias, sem pé nem cabeça, transmitidas por gente que não conhecemos e que não sabemos se é verdade.
Não faz sentido que alguém, depois de ver pessoalmente o Inferno, decida que é para lá que ele quer ir.
moises desobedeceu o mandamento e matou muralhares ide pessoas inclusive do seu próprio povo ,não morreu eternamente ja que após uns 4 mil anos foi la conversar com jesus e Elias?????????
quer dizer que é matar se arrepender é ir para paraiso???????
alias é nilismo ou inferno?
homem de pouca fé conheça esta verdade que ela te libertará!
então conseguiu sair do purgatório e ir trocar ideias com Jesus na terra de israel
Quanto a Moisés, não sei o que houve com ele. É uma boa dica para eu estudar fontes católicas e judáicas, para ver se consta alguma coisa... Agradeço.