Cristianismo, aborto e pena de morte

E aí? Como ser:

1-A favor da pena de morte por princípio  (esqueça o problema da aplicação dela poder punir um inocente)
2-Contra o aborto
3-Cristão

 
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Comentários

  • editado January 2017
    Pena de morte historicamente sempre teve até muito pouco tempo atrás no cristianismo sem nenhum problema doutrinário.
    Mesmo hoje na America que certamente é o onde existe o fundamentalismo cristão em maior grau hoje tem em muitas jurisdições sem berros teológicos dos... 
    Aliás, S. Tomás leciona na Summa contra os gentios [ III, c. 146, n. 10 ]:
    Enfim, o fato de que os malfeitores, enquanto vivam, possam ser corrigidos dos seus erros, não exclui o fato de que eles possam ser justamente executados, pois o perigo decorrente do modo de vida deles é maior e mais certo que o bem potencialmente esperado da sua regeneração.


    Quanto ao aborto, se formos nos basear em Exodo me parece que seria opcional - já que a multa o marido aplica ou não.
    Meus conhecimentos de Teologia Aplicada param por aqui...
    [ JERUSALÉM ]
    Exode 21, 22 Si des hommes, en se battant, bousculent une femme enceinte et que celle-ci avorte mais sans autre accident, le coupable paiera l'indemnité imposée par le maître de la femme, il paiera selon la décision des arbitres.


    ALÔ ALÔ Srs. PauloRoberto10anos + Silvana, especialistas em exegese - bom tema para!
  • Saudações Gorducho

    Gorducho disse: 
    ALÔ ALÔ Srs. PauloRoberto10anos + Silvana, especialistas em exegese - bom tema para!

    Gorducho, os dois "binômios" (extremos) envolvem a questão de impugnar uma sentença de extermínio a alguém...

    Melhor aplicando o conceito: Sentença de morte para as duas situações.

    A  diferença é que no caso da pena de morte impugnada a um transgressor da lei e da ordem, o mesmo assumiu para si riscos, quando realizou em si um ato de transgressão, claro que analisados conforme a lei do código penal e seus agravantes, e com outra grande diferença, este sujeito vai a julgamento...

    Já para a questão do aborto... É mais complicado... Para essa penalidade existem muitas nuances...

    A favor do réu estigmatizado:  O feto.
    -  O reú em questão nunca é culpado;
    -  Não teve direito a defesa;
    - Não pode nem solicitar uma jurisprudência ou apelo a corte suprema. :(

    Em favor da progenitora: A suposta mãe.
    - Ela alega ter direito supremo sobre seu corpo;
    - Ela objeta vários motivos de foro unilateral para o ato;
    - Em casos de fetos com problemas, onde o mesmo venha a colocar em risco a vida da mãe.

    Perceba, nem estou citando a questão religiosa. O problema para ser o mais imparcial possível, deve ser abordado mais pela questão jurídica de defesa do direito a vida humana...

    Eu particularmente sobre a questão do aborto sou bem resolvida...

    Não concordo de forma nenhuma com essa prática. Pelos motivos óbvios que envolvem a questão...

    Tomo como exemplo... Minha gestação...  Eu tive complicações na minha gestação, a mesma foi de alto risco... Porém, nunca em hipótese nenhuma cogitei a possibilidade de não prosseguir com a mesma.. Hj sou agraciada com o convívio de um ser humano que muito me orgulha em vários aspectos da vida... 

    Penso que meu corpo apesar de ser meu, o ser que uma vez está presente nele. por princípio, possui os mesmos direitos individuais à vida, assim como um dia eu tive...

    Para mim é questão sem premissa do direito ao foro unilateral...  Não concebo uma pessoa achar que pode determinar a morte de um ser indefeso, que tecnicamente nem pediu para estar ali.

    Bem, definida a questão para mim, mesmo sem definir se o feto é ou não uma pelota...rsrs   hahahaha 

    Lembrei do Tópico do Edson sobre aborto... E da definição dada pelo forista Senhor quando estabeleceu parâmetros auto evidentes da existência de um ser humano no processo de formação do embrião, segundo ele pelas fronteiras:  fisio/anato/histológicas... rsrsrs

    Agora, já sobre a questão da pena de morte a um transgressor...

    Bem... Aqui já cabem recursos...rsrsrs

    Vou aguardar mais participações para recorrer a julgamentos e pareceres favoráveis ou não.


    [fraternos]
  • Segundo entendo da proposta do proponente (Sr. Judas), o foco não deve ser este que deu. I.e., não se trata de tecermos considerações filosóficas pessoais nossas (eu sou completamenta anti-aborto exceto em caso de risco p/a mãe, by the way) - mas o que a rubrica propõe é uma hermeneutica das escrituras canonicamente aceitas pelo cristianismo...
  • Saudações Gorducho
    Gorducho disse: Segundo entendo da proposta do proponente (Sr. Judas), o foco não deve ser este que deu. I.e., não se trata de tecermos considerações filosóficas pessoais nossas (eu sou completamenta anti-aborto exceto em caso de risco p/a mãe, by the way) - mas o que a rubrica propõe é uma hermeneutica das escrituras canonicamente aceitas pelo cristianismo...


    Eu sei Gorducho...  Percebi que vc convidou para uma contribuição segundo a teologia cristã. Sobre a pena de morte aplicada a questão do aborto.

    O Judas sabe que essa questão iria fomentar discussões de cunho religioso... E que provavelmente irão fornecer mais substrato para "enaltecer" a prática racional da questão filo/teológica dos racionalistas ateus.. E de como é tratada de forma irracional pela exêge religiosa.

    Para mim a questão é bem simples... Não existe fórum estabelecido dentro da Igreja para tecer mais julgamentos e execuções sociais... Quem dá esse tipo de poder a igreja são pessoas moralmente parciais...

    Numa sociedade civil e democrática na qual chegamos por conquista e evolução humana dos diretos civis.
    Não cabe pensar na possibilidade de um julgamento pelas leis cristãs, seria como dar poder a um sistema paralelo de poder...  Isso no passado funcionava, agora só rege as questões morais e filosóficas do senso de cada religioso e suas teologias morais...

    O que nos leva a seguinte questão:  Destaco que é uma discussão deveras tendenciosa.

    Para efeito legal e de jurisprudência, os ateus seriam os menos indicados como mediadores nessa questão, e os poucos religiosos presentes,  pelo princípio de serem Cristãos, obviamente serão contra a pena de morte.  Fechada a discussão com foco na parcialidade dos direitos...

    Em favor desse título do tópico... 

    O Judas é um bom debatedor... O senhor que se bandeou para o lado dos ateus, também o é, já disse aqui várias vezes que admiro sua pessoa e inteligência (Um verdadeiro Bildung)... ;)

    Por isso na postagem acima, tentei ampliar o debate saindo um pouco das questões parciais e me atentando para o direito constitucional civil pleno do direito a vida... O que se perceber é o princípio também da igreja Cristã.

    Esse para mim é o viés principal da discussão...

    A questão da escolado pensamento  humanista, saindo um pouco desse feijão com arroz,  resultando no debate entre ateus e cristãos, sobre o pensamento cristalizado.

    Gorducho, seguindo o princípio do fórum...  Assuntos diversos, porém, complementares, sendo todos tratado no mesmo tópico...

    Segue a pergunta, se me permitir ampliar o assunto do debate:

    - Qual a diferença que vc percebeu segundo a comparação entre a lei moral (religiosa) e a lei dos direitos civis na questão do aborto no Brasil ?


    [fraternos]
  • Silvana disse:

    Lembrei do Tópico do Edson sobre aborto... E da definição dada pelo forista Senhor quando estabeleceu parâmetros auto evidentes da existência de um ser humano no processo de formação do embrião, segundo ele pelas fronteiras:  fisio/anato/histológicas... rsrsrs

    Pois é, tirando as motivações divagatórias passionais, o que sobra objetivamente é isto, só.
  • editado January 2017
    Silvana disse: Quem dá esse tipo de poder a igreja são pessoas moralmente parciais...



    [fraternos]
    Mas moralidade é parcialidade!

    Quanto à questão do tópico, sim, é possível ser a favor do aborto ou não, e  e a favor da pena de morte ou não, mesmo sendo  Cristão. Observe que "ser Cristão" é questão de juízo. Eu por exemplo, me considero cristão como acólito das boas novas do evangelho, boas novas que são a novidade em termos de conduta social, abolindo o moralismo.

    ​​Eu citaria a passagem da mulher adúltera, por exemplo,

    Os mestres da lei e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher surpreendida em adultério. Fizeram-na ficar em pé diante de todos
    e disseram a Jesus: "Mestre, esta mulher foi surpreendida em ato de adultério.
    Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz? "
    Eles estavam usando essa pergunta como armadilha, a fim de terem uma base para acusá-lo. Mas Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo.
    Visto que continuavam a interrogá-lo, ele se levantou e lhes disse: "Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela".
    Inclinou-se novamente e continuou escrevendo no chão.
    Os que o ouviram foram saindo, um de cada vez, começando com os mais velhos. Jesus ficou só, com a mulher em pé diante dele.
    Então Jesus pôs-se de pé e perguntou-lhe: "Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou? "
    "Ninguém, Senhor", disse ela. Declarou Jesus: "Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado".
    João 8:3-11




    para justificar minha posição de que Jesus não é um moralista, muito pelo contrário, ele concorda com quem quer apedrejar a mulher, tanto quanto com quem não quer, apenas propõe antes que se justifiquem os diletantes as suas demandas.
     
  • Agradeço a todos até aqui, vou digerir o que lí e volto.
  • editado January 2017
    boas novas que são a novidade em termos de conduta social, abolindo o moralismo.
    Que "novidade"?
    As religiões etrusco-greco-romanas não eram moralistas. Fazia-se os sacrifícios em tempo e forma corretos; comia-se os pratos prescritos nos recipientes especificados; vestidos adequadamente os comensais (guirlandas, vestes brancas, &c., conforme cada cado requeresse) e ponto.
    Que "novidade" seria essa?
    Se se disser que "Jesus" - ingenuamente supondo que o que se aatribui a esse senhor de provável existência real tenha sido de fato pregado pelo mesmo...- pregava uma religiosidade moraalistaa, ok.
    Mas dizer que ele aboliu o moralismo quando religiões muito anteriores nada tinham a ver com moralismos...
     
  • editado January 2017
    Gorducho disse:
    boas novas que são a novidade em termos de conduta social, abolindo o moralismo.
    Que "novidade"?
    As religiões greco-romanas não eram moralistas. Fazia-se os sacrifícios em tempo e forma corretos; comia-se os pratos nos recipientes adequados; vestidos adequadamente (com guirlandas &c., conforme cada cado requeresse) e ponto.
    Que "novidade" seria essa?
     

    Religião é o moralismo ipso facto. Todo modus operandi canônico é uma receita moral, todo preceito litúrgico é um detalhe moral. A boa nova de Jesus abole o fixismo moral, a "letra que mata", e propõe a reflexão, o "espírito que vivifica", a "palavra viva", em vez da submissão moral sob o valor dos aspectos mais diversos da vida em comunidade e a busca pela realização pessoal.
  • Me exemplifique qual era a moralidade pregada pelas religiões greco-romanas...
    Cumpridos todos os sacrifícios, o que interessaria pros deuses o comportamento moral dos cidadãos?
    Sem sacanagens ocultas cá: posso estar errado nessa concepção.
  • Quanto ao aborto, se formos nos basear em Exodo me parece que seria opcional - já que a multa o marido aplica ou não.
    Meus conhecimentos de Teologia Aplicada param por aqui...
    [ JERUSALÉM ]

    Mas o Cristianismo não seria um "daqui pra frente" pós Jesus?
     
  • A diferença é que no caso da pena de morte impugnada a um transgressor da lei e da ordem, o mesmo assumiu para si riscos, quando realizou em si um ato de transgressão, claro que analisados conforme a lei do código penal e seus agravantes, e com outra grande diferença, este sujeito vai a julgamento...

    Já para a questão do aborto... É mais complicado... Para essa penalidade existem muitas nuances...

    A favor do réu estigmatizado: O feto.
    - O reú em questão nunca é culpado;
    - Não teve direito a defesa;
    - Não pode nem solicitar uma jurisprudência ou apelo a corte suprema.
    Correto


     
    Para efeito legal e de jurisprudência, os ateus seriam os menos indicados como mediadores nessa questão

    Penso que, no meu caso eu seria o mais indicado pra fazer esse julgamento uma vez que não ligo se Jesus existiu ou não mas além de não ignorar a contribuição "dele" pra nossa sociedade eu a tenho em boa conta.

    Eu não absolveria ou condenaria ninguém com medo de Jesus não gostar do que eu fiz.

    Mas não deixaria de levar em conta o que a crença nele gerou pra nossa sociedade.

     
  • Vou me explicar melhor depois sobre o que eu quero com esse tópico.



     
    Segundo entendo da proposta do proponente (Sr. Judas), o foco não deve ser este que deu. I.e., não se trata de tecermos considerações filosóficas pessoais nossas (eu sou completamenta anti-aborto exceto em caso de risco p/a mãe, by the way) - mas o que a rubrica propõe é uma hermeneutica das escrituras canonicamente aceitas pelo cristianismo...

    O que eu quero passa talvez meio longe disso.
    Sou meio ruim pra organizar ideias mas prometo me esforçar pra me fazer entender.
  • Mas então veja: se é p/qualquer um apresentar seus pontos-de-vista & filosofias, não faz sentido associar à religião cristã.
    Cada um acha o que acha - felizmente porque nada há de mais nefasto do que religiões & religiosos ficarem pautando o que as pessoas devem achar - e então ¿onde entra o mito romano "Jesus Cristo" no pedaço?
  • A questão é de política pra mim.

    Mas deve passar pela filosofia inevitavelmente.


    Sou contra o aborto e por princípio a favor da pena de morte pra gente como os trastes que degolaram geral nos presídios nesses últimos dias. De novo vamos esquecer os aspectos práticos da aplicação disso no Brasil.

    Basicamente  meu argumento é este resuma da questão feito pela Silvana:
    A diferença é que no caso da pena de morte impugnada a um transgressor da lei e da ordem, o mesmo assumiu para si riscos, quando realizou em si um ato de transgressão, claro que analisados conforme a lei do código penal e seus agravantes, e com outra grande diferença, este sujeito vai a julgamento...

    Já para a questão do aborto... É mais complicado... Para essa penalidade existem muitas nuances...

    A favor do réu estigmatizado: O feto.
    - O reú em questão nunca é culpado;
    - Não teve direito a defesa;
    - Não pode nem solicitar uma jurisprudência ou apelo a corte suprema.

    Acontece que, pra ser contra o aborto eu me valho entre outras coisas de uma questão de fé/filosofia/o que valha.../

    A vida humana não tem valor relativo e a lógica/ciência embora sejam úteis pra balizar decisões de cunho moral acredito que nesses casos o veredito é moral e não baseado em lógica.
    Como sempre dia O @Acauan, se nos basearmos na lógica é perfeitamente lógico matar um ser humano pra salvar a vida de dois.

    Isso se choca com a minha defesa da pena de morte no caso dos homicidas citados.
    Pra mim matar esses caras é impedir novos assassinatos e economizar dinheiro que costuma faltar em várias áreas da administração pública.

    Eu como sou ateu não tenho problema nenhum com isso, defendo a contradição numa boa.

    Mas e quem é cristão e tem exatamente a mesma posição?
    Queria entender se ele liga o fodas pra religião dele, como ele faz inúmeras vezes sem perceber ou se é possível recorrer ao Cristo pra justificar isso.
    Eu acho que não.
  • Acerca do Exodo que citei: é o que me lembrei...
    Desconheço que a mitologia cristã aborde o aborto; o que não significa que não o tenha feito, claro!
  • e então ¿onde entra o mito romano "Jesus Cristo" no pedaço?

    Na base da cultura do ocidente está o cristianismo.

    Queria entender (talvez já entenda) porque algo que Jesus condenaria é defendido por boa parte dessa mesma sociedade.

    O que eu acho é que o cristianismo não entra "inteiro" na sociedade mas apenas ajuda na "sopa moral" da qual ele participa produzindo um resultado final híbrido entre religião e cultura.

    Pra mim o Cristão que defende pena de morte, nessa hora, é tão ateu quanto eu.

    Já eu quando sou contra o aborto sou tão cristão quanto ele.
  • Desconheço que a mitologia cristã aborde o aborto; o que não significa que não o tenha feito, claro!

    Pelos mesmos motivos de sempre.

    A religião ajuda a aliviar parte da canalhice humana, algumas mais outras menos.
    Mas a canalhice sempre existe...
  • editado January 2017
    Gorducho disse: Me exemplifique qual era a moralidade pregada pelas religiões greco-romanas...
    Cumpridos todos os sacrifícios, o que interessaria pros deuses o comportamento moral dos cidadãos?
    Sem sacanagens ocultas cá: posso estar errado nessa concepção.

    Ora, interessa aos cidadãos o comportamento moral dos deuses, que são a sua idealização antropomorficamente.
  • Certo, e o deuses do panteon greco-romano faziam de tudo. Qualquer tipo de sacanagem e sem nenhum escrúpulo (considerado o senso comum de "escrúpulos" nosso de hoje).
    Digamos que aqueles deuses fossem a representação ontologizada - assim como Sr. PauloRoberto10anos faz com a "macroevolução" dele...- de tudo que os humanos sejam capazes de fazer. Não há lá padrão moral nenhum pois tudo lá (no panteon greco-romano) é possível.
  • Senhor escreveu: »
    Gorducho disse: Me exemplifique qual era a moralidade pregada pelas religiões greco-romanas...
    Cumpridos todos os sacrifícios, o que interessaria pros deuses o comportamento moral dos cidadãos?
    Sem sacanagens ocultas cá: posso estar errado nessa concepção.

    Ora, interessa aos cidadãos o comportamento moral dos deuses, que são a sua idealização antropomorficamente.


    Que eu saiba Deuses Greco Romanos não tinham um modelo moral assim definido e harmonioso buscando o bem em comum. Tinham uma ação mais individualista.
  • Para os romanos, os deuses não eram referência de moralidade.
    Era preciso respeitar a vontade deles, mais nada, só que essa vontade podia mudar de um dia para o outro sem maiores explicações.

    Por exemplo: antes de fazer alguma coisa, tipo começar uma guerra, o governo consultava os oráculos.
    Se os deuses fossem contra, o governo não fazia.
    No dia seguinte, perguntavam de novo ao oráculo, já sabendo que os deuses podiam mudar de ideia de um dia para o outro.
  • editado January 2017
    Saudações Judas
    Judas disse: O que eu quero passa talvez meio longe disso.
    Sou meio ruim pra organizar ideias mas prometo me esforçar pra me fazer entender.

    Judas, vc sinceramente me surpreendeu no bom sentido da palavra.


    Em respeito a sua capacidade de não entrar no modo defesa indo ao ataque sem necessidade, pois nunca sabemos realmente as intenções e efeitos que nossos discursos terão para quem os lê...  Esperemos sempre o melhor... E vc conseguiu o equilíbrio no uso da empatia... smile.png

    Vc percebeu que eu acabei apontando uma dificuldade minha em entender direito o ponto exato de seu tópico.
    Silvana disse: Para efeito legal e de jurisprudência, os ateus seriam os menos indicados como mediadores nessa questão
    Judas disse: Penso que, no meu caso eu seria o mais indicado pra fazer esse julgamento uma vez que não ligo se Jesus existiu ou não mas além de não ignorar a contribuição "dele" pra nossa sociedade eu a tenho em boa conta.

    Eu não absolveria ou condenaria ninguém com medo de Jesus não gostar do que eu fiz.

    Mas não deixaria de levar em conta o que a crença nele gerou pra nossa sociedade.

    Parabéns... Vc foi impecável em sua resposta...

    Tentou compreender o que quis falar com a expressão da palavra...  Como sempre fui aqui... Uma livre debatedora de ideias. Antes de partir direto para uma possível ofensa pessoal ou atacar minha moral.

    Eu gosto do que vc escreve...  Só sentia estranheza com ataques desmedidos.

    Virei ao tópico com satisfação. smile.png


    [fraternos] 
  • Fernando_Silva escreveu: »
    Para os romanos, os deuses não eram referência de moralidade.
    Era preciso respeitar a vontade deles, mais nada, só que essa vontade podia mudar de um dia para o outro sem maiores explicações.

    Por exemplo: antes de fazer alguma coisa, tipo começar uma guerra, o governo consultava os oráculos.
    Se os deuses fossem contra, o governo não fazia.
    No dia seguinte, perguntavam de novo ao oráculo, já sabendo que os deuses podiam mudar de ideia de um dia para o outro.

    Era praticamente um RPG com regra definida no momento. Nada assim muito organizado então?

  • editado January 2017
    Para efeito legal e de jurisprudência, os ateus seriam os menos indicados como mediadores nessa questão
    Não porque nada impede nós ateus de participarmos de exegese bem como consultarmos as prescrições de Doutores Cristãos. Até porque temos background pois fomos praticamente todos criados nesse meio do judaico-cristianismo. Claro que em relação à religião islâmica já será bem mais difícil pra nós. Aparentemente não tem nenhum paticipante do fórum que seja originário doutro ambiente familiar religioso.
    Quiçá só Sr. Acauan tenha nascido em ambiente ainda não influenciado pela teologia cristã grey_question.png

    E.g.: eu, ateu, passifiquei de pronto a pena de morte.
    Quanto ao aborto é mais complexa. Citei a abertura dada pelo Êxodo porque foi o que me lembrei. E Sr. Judas, claro, pôs bem: devemos considerar o pós Cristo...

    Agora, repito: a rubrica só faz sentido dentro dum contexto de exegese do cristianismo. Se for p/dizer o que cada um "acha" como correto ou não não há porque por uma religião no meio.
  • editado January 2017
    Saudações Gorducho
    Gorducho disse: Desconheço que a mitologia cristã aborde o aborto; o que não significa que não o tenha feito, claro!

    Gorducho, como vc falou sobre a ortodoxia... Peguei uma passagem de Rabino Maimônides (1135-1204 - Moshe ben Maimon).

    Ele considerava que o feto podia sim ser considerado um rodef (perseguidor), quando esse feto trazia prejuízo a vida da mulher. Conhecido como aborto terapêutico...

    Mas, claro que outros mestres talmudistas davam outra interpretação para o significado de  rodef. Como a tradição do pentatêuco veio originariamente do Judaísmo... Trazida por Moshe...  
    Então, a descrição de rodef, pode ser considerada uma abordagem sobre essa questão.

    Os mestres da lei tratam a questão do ponto de vista :
    O fator determinante para o aborto seria sem dúvida a saúde e o bem estar da mãe.

    Assim segundo escreveu o Rabino Abraão Assor:

    A Halacháh (Lei Judaica) não só permite o aborto, como em algumas circunstâncias exige a interrupção da gravidez. Destacando o princípio de direito e responsabilidade individual... A tradição então coloca a decisão do ato nas mãos dos familiares diretos.


    https://en.wikipedia.org/wiki/Rodef


    [fraternos]
  • editado January 2017
    Perfeito... então o judaísmo deixa o aborto a critério dos pais - desconsiderando leis temporais terrícolas, claro... 
    Como no Êxodo que eu citei extrapolando.
    É isso?

    E sim, na falta de determinação cristã expressa revogando, poderíamos usar a common law judaica pois cujas escrituras são aceitas pelos cristãos.
  • Gorducho disse: Certo, e o deuses do panteon greco-romano faziam de tudo. Qualquer tipo de sacanagem e sem nenhum escrúpulo (considerado o senso comum de "escrúpulos" nosso de hoje).
    Digamos que aqueles deuses fossem a representação ontologizada - assim como Sr. PauloRoberto10anos faz com a "macroevolução" dele...- de tudo que os humanos sejam capazes de fazer. Não há lá padrão moral nenhum pois tudo lá (no panteon greco-romano) é possível.

    Sim, é mais ou menos por ai, politeísmo =  polimoralismo.
  • editado January 2017
    Fernando_Silva disse: Para os romanos, os deuses não eram referência de moralidade.
    Era preciso respeitar a vontade deles, mais nada, só que essa vontade podia mudar de um dia para o outro sem maiores explicações.

    Por exemplo: antes de fazer alguma coisa, tipo começar uma guerra, o governo consultava os oráculos.
    Se os deuses fossem contra, o governo não fazia.
    No dia seguinte, perguntavam de novo ao oráculo, já sabendo que os deuses podiam mudar de ideia de um dia para o outro.

    A devoção aos deuses grecoromanos não se resumia só a oráculos, havia uma devoção ao deuses do lar e aos antepassados, com um intrincado código de conduta e moralidades. Não era só uma questão de guerra, mas sim de trabalho, com deuses para plantar e colher,  caça e pesca, deuses de comércio, de relações sociais, de artes, do amor e dos mares e das viagens. Cada deus ocupando um nicho moral.
  • Sim, os lares são as divindades originais.
    E sim os lares tinham mesmo uma moralidade - aí S/Pessoa tem razão - mas restrita só à relação dentro do lar.
    No mais não me parece que ocupassem um nicho "moral" e sim um nicho prático: sacrifica pra eles e eles propiciarão uma boa viagem, com lucros &c...
    Veja, quando um deus era cooptado - como ocorreu na tomada de Veii por exemplo...- que moralidade acresceria a Roma?
    Duas Juno... era simplesmente o pragmatismo de ter outra divindade no mesmo partido. 
     
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