Os Crentes e o Carnaval
Os Crentes e o Carnaval
Publicado originalmente em 20/2/2004 13:47:29
por Acauan
Carnaval tem os que adoram e os que detestam.
E tem os crentes.
Crente evangélico adora tanto detestar o carnaval que não vê a hora que chegue esta época do ano, só para expressar de modo ostensivo o seu descontentamento com o período carnavalesco pelo qual esperou o ano inteiro.
Não faz o menor sentido, eu sei, mas os crentes também não fazem.
Igreja evangélica durante e após o carnaval é uma festa só, algumas com fila para se dar testemunho de como lutou e venceu contra as tentações do demônio e suas investidas contra o povo de Deus, que abundam (em mais de um sentido) nesta época, ou para contar como evangelizou o travesti que ia sair de passista da escola de samba tal, minutos antes dele entrar na avenida, e o convenceu a aceitar Jesus, se arrepender e voltar a ser macho.
Crente é igual baiano. O carnaval deles começa uma semana antes e termina uma semana depois que o de todo mundo.
Quem vocês acham que são os primeiros a desfilar nos sambódromos? Se disserem que são as escolas deste ou daquele grupo erraram.
Antes que a comissão de frente da escola de samba que abre o carnaval ponha o pezinho fantasiado na passarela, com certeza um grupo de oração evangélico já percorreu todo o caminho para fazer a desinfecção espiritual do ambiente.
Depois dos desfiles vem outro grupo, talvez mais especializado, fazer o fechamento e amarrar um ou outro demônio da luxúria que esqueceu de voltar pros quintos depois da terça-feira.
E tem os retiros.
Como observador da religião já participei de muita coisa estranha (sempre a convite de alguém que apostou que não devia ser difícil catequizar mais um Índio), mas retiro espiritual de crente eu nunca fui – E nem quero, Deus me livre, Cruz Credo!!!
Um dos raros momentos em que penso em me converter é quando cogito a possibilidade do inferno ser um lugar cheio de crentes tocando violão.
Mas parece que nestes retiros inventaram o carnaval gospel, que pelo que eu entendi deve ser parecido com o carnaval do Brasil num universo paralelo de antimatéria.
Nestes retiros de carnaval evangélicos tem muita música gospel, muita atividade gospel, muito relacionamento gospel e muita diversão gospel ou seja, um pé-no-saco de chatice que não tem tamanho.
E deve ser cheio de crente tocando violão.
Só para constar, não que eu, particularmente, goste muito de carnaval. Por centenas de anos meu povo desfilou pelado pelo Brasil inteiro e isto nunca foi considerado festa.
Publicado originalmente em 20/2/2004 13:47:29
por Acauan
Carnaval tem os que adoram e os que detestam.
E tem os crentes.
Crente evangélico adora tanto detestar o carnaval que não vê a hora que chegue esta época do ano, só para expressar de modo ostensivo o seu descontentamento com o período carnavalesco pelo qual esperou o ano inteiro.
Não faz o menor sentido, eu sei, mas os crentes também não fazem.
Igreja evangélica durante e após o carnaval é uma festa só, algumas com fila para se dar testemunho de como lutou e venceu contra as tentações do demônio e suas investidas contra o povo de Deus, que abundam (em mais de um sentido) nesta época, ou para contar como evangelizou o travesti que ia sair de passista da escola de samba tal, minutos antes dele entrar na avenida, e o convenceu a aceitar Jesus, se arrepender e voltar a ser macho.
Crente é igual baiano. O carnaval deles começa uma semana antes e termina uma semana depois que o de todo mundo.
Quem vocês acham que são os primeiros a desfilar nos sambódromos? Se disserem que são as escolas deste ou daquele grupo erraram.
Antes que a comissão de frente da escola de samba que abre o carnaval ponha o pezinho fantasiado na passarela, com certeza um grupo de oração evangélico já percorreu todo o caminho para fazer a desinfecção espiritual do ambiente.
Depois dos desfiles vem outro grupo, talvez mais especializado, fazer o fechamento e amarrar um ou outro demônio da luxúria que esqueceu de voltar pros quintos depois da terça-feira.
E tem os retiros.
Como observador da religião já participei de muita coisa estranha (sempre a convite de alguém que apostou que não devia ser difícil catequizar mais um Índio), mas retiro espiritual de crente eu nunca fui – E nem quero, Deus me livre, Cruz Credo!!!
Um dos raros momentos em que penso em me converter é quando cogito a possibilidade do inferno ser um lugar cheio de crentes tocando violão.
Mas parece que nestes retiros inventaram o carnaval gospel, que pelo que eu entendi deve ser parecido com o carnaval do Brasil num universo paralelo de antimatéria.
Nestes retiros de carnaval evangélicos tem muita música gospel, muita atividade gospel, muito relacionamento gospel e muita diversão gospel ou seja, um pé-no-saco de chatice que não tem tamanho.
E deve ser cheio de crente tocando violão.
Só para constar, não que eu, particularmente, goste muito de carnaval. Por centenas de anos meu povo desfilou pelado pelo Brasil inteiro e isto nunca foi considerado festa.
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Comentários
Quando eu ainda era cristão, ia à igreja porque era uma obrigação, não por prazer. Tinha que fazer, eu fazia, assim como escovar os dentes, mas achava tudo um saco. Entretanto, havia gente cuja única vida social, ao que me parecia, era ir à igreja. Faziam as orações bem alto, cantavam com entusiasmo levantando as mãos e pareciam estar muito felizes.
Eu gosto dos Evangélicos, mas muitas vezes eles são incovenientes .
Abraços,