A dinâmica do medo masculino
Recentemente, Andy Man postou uma breve introdução e links para uma série de vídeos produzida por Kelly Jones. Esta mulher articulada e obviamente inteligente teve um grande trato para falar da natureza de homens e mulheres, muito do qual eu concordo com ela.
O que foi de particular interesse para mim, porém, foi sua proposta explanação sobre por que alguns homens, aos quais ela refere-se como manginas, parecem desesperadamente incapazes de resistir em conceder e habilitar a neotenia nalgumas mulheres, ou, com outras palavras, por que esses homens (de fato, todos os homens em suas implicações posteriores) assumem o fardo da hiper-agência em seus relacionamentos com mulheres, efetivamente insistindo que aquelas mulheres levam vidas de incompetência e dependência.
Ela prossegue dizendo que sua explanação também abordou o fenômeno da misandria. A resposta, de acordo com Jones, é preguiça:
Homens têm permitido que as mulheres literalmente se tornassem imbecis. É o próprio homem preguiçoso que deseja ser tão estúpido e irracional quanto puder sem comprometer sua sobrevivência, o que é responsável pela misandria em uma grande parte.
Agora, desde o começo eu achei essa resposta insatisfatória, tanto em termos de explicar a predisposição dos homens em tolerar mulheres infantiloides quanto como gênese da misandria.
Eu falarei mais sobre isso quando concluir, mas penso que é mais importante dizer que simplesmente apontar buracos na teoria de Jones não é o objetivo deste artigo. Eu de fato achei muito de sua apresentação convincente. Melhor que isso, ela eloquentemente tocou em questões que eu gostaria de reformular, dado que penso que elas são cruciais para o discurso comum aqui.
Por que tantos homens toleram e de fato parecem insistir em habilitar um comportamento irracional, materialista, auto-absorto e grosseiramente imaturo por parte das mulheres?
Por que alguns homens vão tão longe para idealizar este tipo de mulher, atendendo a cada vontade caprichosa e aparentemente sem ter limites do que eles terão que suportar ou abrir mão em seus esforços para agradá-la?
E por que, quando questionados, estes homens, em sua maioria, demonstrarão níveis macabros de negação, inépcia nas palavras ou explanações, ou como último recurso uma ira direta contra qualquer um fazendo as perguntas?
Estas, creio eu, são as questões do século para o homem moderno. E este ponto é um dos poucos lugares onde eles têm uma chance de ultimamente encontrar respostas substantivas.
Minha resposta para isso, como a de Jones, é bastante simples. Eu também penso que é bem mais precisa.
Medo. Mais precisamente, medo do que a maioria dos inconscientes das mentes masculinas interpreta como o vazio sombrio, doloroso e mortal que eles residem sem a validação de seu valor aos olhos da mulher.
Eu devo reconhecer neste ponto que não ofereço estas observações como empíricas. Não tenho fontes, nem duvido que o suporte empírico para estas ideias seja escasso ou inexistente. Estas observações são submetidas unicamente para o julgamento de sua mente racional e nada mais.
É uma questão complicada, e uma que não pode ser explicada sem um entendimento da experiência coletiva e histórica dos homens, de sua educação, e experiências familiares pessoais.
Pense que até a Revolução Industrial famílias estavam mais comumente envolvidas em assuntos de negócios envolvendo todos os seus membros. Seja lá se fossem fazendeiros ou artesãos, a maioria dos homens trabalhava próximo de casa. Eles estavam íntima e continuamente envolvidos nas vidas de seus filhos. Filhos (meninos), as únicas crianças relevantes nesta discussão, eram esperados seguir os passos dos seus pais depois de serem tutorados em suas habilidades durante seu desenvolvimento.
A conexão com o pai, mesmo quando carregada com todos os conflitos esperados na luta pela individuação, era a fonte primária de aprovação e identidade para o filho. Era nos olhos do pai, e ultimamente em seus próprios trabalhos, que ele encontrava seu valor, ou sua falha, como homem.
A relação marital em casa era muito diferente daquela dos tempos modernos. A não ser que fosse uma família influente, e poucas eram, mulheres trabalhavam e labutavam junto com maridos e filhos. Elas eram componentes integrais do sucesso familiar. Não é difícil para mim imaginar que o domínio das “necessidades emocionais” para as mulheres era uma prioridade muito menor que é hoje em dia.
E então os homens inventaram as fábricas.
Enquanto em retrospecto é provavelmente inapropriado chamar isto de uma “revolução” industrial, dado que ocorreu em um intervalo de tempo tão abrangente, era não obstante um grande quantidade de mudança social associada com o desenvolvimento de processos centralizados de manufatura em larga escala. O número de residentes nas cidades americanas dobrou em 40 anos, de 15 milhões para 30 milhões, entre 1860 e 1900. O crescimento foi lado a lado com a proliferação de fábricas.
Isto teve um significativo impacto na família. A primeira mudança monumental na vida dos homens foi que isso removeu o pai de casa.
Pais, que antes comandavam as preocupações familiares, agora deixaram suas famílias para trabalhar nas fábricas, fosse na manufatura ou no gerenciamento dos negócios. Os filhos, claro, continuaram em casa com a mãe.
Agora, estou certo que esta afirmação poderia ter o efeito de incitar uma feminista a registrar-se no site apenas para que elas possam apontar que mulheres trabalhavam nas fábricas também. E sim, elas trabalhavam, mas não eram muitas. A maioria das mulheres, mesmo daquele tempo, não era adequada para a natureza fisicamente árdua do trabalho, e a maioria das famílias precisava de alguém em casa para cuidar dos filhos. Fazia sentido que a pessoa com maior capacidade para a labuta, e que não precisasse cuidar dos infantes, tomasse para si tal responsabilidade.
Como a história claramente ilustra, foi isto o que aconteceu.
Então algo mais aconteceu. Enquanto homens labutavam para cuidar de suas famílias, eles começaram a exportar os produtos dos avanços tecnológicos de volta para casa. Comida nas cidades não era cultivada pelos consumidores. Era comprada e preparada. A garrafa de leite foi desenvolvida e patenteada em 1877, e entregadores de leite engarrafado em domicílio vieram em 1878.
O que isso acarretou foi que quanto mais os homens trabalhavam, menos as mulheres tinham que trabalhar. Pela primeira vez na história as mulheres, ao contrário dos homens, começaram a ter opções sobre o que fazer com o tempo que tinham. Algumas escolhiam trabalhar, muitas outras escolhiam estabelecer-se num novo papel, como donas-de-casa.
Por que isto é importante à discussão? Porque este é o momento da história em que as mulheres começam a experimentar um tempo maior de ócio como nunca antes. Este tempo ocioso, creio eu, foi o começo dos problemas para os homens, e para todos nós.
Com o pai removido a fim de produzir renda, e com a mulher tendo tempo para nutrir “necessidades emocionais” em vez de trabalhar, as crianças, em especial os meninos jovens, começaram a ser postos no papel de marido suplente no caso da ausência contínua do pai. É uma forma de incesto emocional que foi conduzido com o conluio do pai, que geralmente tornava seus filhos “o homem da casa enquanto estou fora”.
Isto efetivamente deixou os meninos sozinhos com mães quietamente desapontadas e ociosas que usavam seus filhos para tampar o vazio emocional que surgia de uma vida com muitas opções e pouco para de fato ser feito.
Então o papel do pai modificou-se significativamente. Ele foi demovido de líder familiar para executor e financiador da mãe. Estou certo que não muito depois de massas de pessoas terem migrado para as cidades o dito “Espera só até seu pai chegar em casa” tornou-se uma ameaça comum para assegurar uma conduta aprovável das crianças, em especial meninos mais jovens.
O que desenvolveu-se daí foi o prenúncio da ruína familiar; o pai, o ganha-pão arrimo de família e o autoritário-quando-for-necessário, participando em nada além de uma fração da vida familiar em comparação a seus predecessores; a mãe, beneficiária, dependente, isolada e preenchendo o vazio de sua vida com necessidades emocionais que o pai não pode preencher (porque afinal ninguém pode). Mães voltaram-se para seus filhos e começaram a reverter o papel de cuidador, emocionalmente falando.
É um modelo comum ainda hoje, mesmo em famílias pós-divórcio.
E que mudança isso provocou na psiquê dos meninos? Pois em um ato eles foram de medirem a si mesmos agradando o pai com demonstrações de competência em um ofício ou negócio, para medirem a si mesmos agradando a mãe em termos emocionais.
É simples assim.
E é profundo assim.
Em uma sociedade que cunhou a frase “Se mamãe não está feliz, ninguém está feliz”, isto tem profundas consequências no desenvolvimento emocional e psicológico dos homens jovens.
Quando a medida de seu valor, como inculcada todos os dias de sua vida, está em preencher as infindáveis necessidades de um adulto infantilizado, a ausência de aprovação de tal adulto torna-se uma forma de morte.
Pense na norma de como nós percebemos o desrespeito ou mesmo o simples descontentamento de uma mãe nesta cultura. Agora imagine diversas gerações de mães que exploram isso a cada momento, a ponto de transmutar as mentes de seus filhos em maternalistas conformados.
Junte a isso o fato que mesmo quando meninos jovens conseguem um escape temporário de casa na figura da escola, eles entram em um sistema onde a submissão aos desejos femininos é essencial para qualquer medida de sucesso. Imagine o que acontece quando a falha em agradar as mulheres na escola resulta um recadinho da professora.
Bem, espere até seu pai chegar em casa.
Agora junte isso com milhões de anos do instinto humano masculino em ser aprovado pelas mulheres para reprodução, e as expectativas evolutivas e socializadas mescladas para os homens proteger, prover e sacrificar-se pelas mulheres.
Seria um sério exagero imaginativo que em 2013 teríamos uma população de homens que literalmente não podem conceber suas próprias existências sem espelhar sua adequação aos olhos de uma mulher?
Isto não oferece uma explicação plausível de por que a absoluta insanidade do feminismo de gênero ter florescido e encontrado apoio praticamente universal dos homens? E eles têm apoiado, ou pública e notoriamente pondo-se a si mesmos prostrados diante do altar do feminismo (mulheres), ou nocivamente habilitando um silêncio advindo do fato que eles estão apavorados demais para falar.
Depois de eu ter posto meu comentário para Jones, ela respondeu, e pareceu inferir de minha afirmativa inicial sobre medo que talvez o problema fosse o velho “ego frágil masculino”.
Você diz, Paul, que manginas auxiliam as mulheres por medo do vazio de identidade advindo de serem rejeitados pelas mulheres. Isto é, você diz que estes homens trabalham como escravos não por preguiça (é claro) mas por medo de não serem agraciados por mulheres. Então seus egos são tão frágeis que eles precisam dessa felação psicológica de terem que ouvir que são escravos bons e úteis?
Eu tenho que rejeitar essa premissa também.
Primeiro, e para clarear rapidamente um detalhe, eu não usei a palavra mangina e nem a tenho usado em meus escritos nesses dias. Não é que eu não ache que estes homens merecem ser envergonhados, mas não no contexto dessa discussão. Eu não estou falando de homens que são conscientemente obsequiosos, mas dos homens médios, muitos dos quais toleram as mais egrégias condutas e amarras parasíticas das mulheres, mas provavelmente nunca conscientes da degradação.
Isto não é uma questão de alguma deficiência inata ou idiossincrática do ego masculino. Egos intactos são produto de um desenvolvimento emocional e psicológico saudáveis. A maioria dos homens, desde a revolução industrial, tem tido o desenvolvimento da saúde de seu ego sabotado desde o nascimento. Nunca houve uma chance de eles se defenderem da dependência da aprovação feminina. De fato, a sociedade como um todo aderiu à ideia de fazer os homens tão servis quanto possível.
Não finjo ter uma solução para isso também. Reconhecidamente a pílula vermelha está agora disponível para a minoria dos homens que podem digeri-la. E quanto mais homens digerirem então mais os seguirão. Pode levar uma centena de anos ou mais para reverter dessa forma.
Mas, como todo respeito à Sra. Jones, não há nenhuma resposta a ser encontrada para o homem médio nos clichês misândricos. Preguiça, ego fraco, e o resto todo são apenas mentiras cobrindo uma realidade básica: homens patologicamente temem a rejeição das mulheres porque nós os criamos para ser patologicamente dependentes da aprovação feminina.
Isto não foi criado por homens e mulheres em um vácuo. Foi um produto cultural de uma sociedade cujos avanços tecnológicos ultrapassaram a capacidade humana de adaptar-se e ajustar-se funcionalmente.
Se existem respostas, e acredito que eventualmente elas aparecerão, elas serão encontradas em um entendimento matizado da condição humana que vá mais profundamente que rotular todo o comportamento disfuncional como falha de caráter.
Se existir um caminho para sair da misandria, é este.
http://br.avoiceformen.com/homens/a-dinamica-do-medo-masculino/
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Comentários
Para fins de procriação o ideal é uma mulher de fato submissa, mesmo sem entrar no mérito de submissão para mulher, é uma das partes positivas da funcionalidade do seu ser nesse caso. Uns quererão uma mulher submissa e infantilóide, outros, uma submissão adultóide, e vida que segue.
Mas um contrato de relação biológica pode ser apenas superficial entre homens e mulheres. Sendo cumplicidade e confiança o verdadeiro motor de uma relação, falar em termos de gênero deixa um pouco de ter sentido.