Caos na eleição francesa pode fazer presidência cair no colo do progressista Emmanuel Macron

O candidato republicano à presidência da França, François Fillon, fez um comício em Paris nesse domingo. Um comício diferente. Debaixo de chuva, o candidato, soterrado sob denúncias de corrupção, anunciou que não irá desistir do pleito de abril. Mais de cinquenta mil pessoas vibraram com Fillon e mandaram uma mensagem clara à cúpula do partido – derrubem Fillon e votaremos em Le Pen.

Os cacifes do Les Republicains querem o candidato derrotado nas primárias, o prefeito de Bordeaux Alain Juppé, no lugar do combalido Fillon. Mais centrista, Juppé ganhou o infame apelido de “Ali Juppé” durante as primárias, devido a um episódio em que ele defendeu a construção de uma mesquita gigante em Bordeaux. Para os apoiadores de Fillon, ele é simplesmente velho e moderado demais para o momento decisivo em que vive a França.

Ex-primeiro-ministro no Governo Sarkozy, Fillon derrotou o ex-presidente e outros na primária do partido em novembro do ano passado, adotando uma forte postura anti-islã, emulando Marine Le Pen numa embalagem vista como menos “extrema”. Apesar dessa posição, ele permanece fortemente pró União Europeia, defendendo a crescente militarização do bloco frente à postura nacionalista de Trump.

Fillon é acusado de ter empregado a própria esposa em seu gabinete como fantasma em três períodos diferentes, de 1988 a 1990, 1998 a 2007 e de 2012 a 2013. O total dos ganhos ilícitos seria de mais de 830 mil euros. O ex-primeiro-ministro teve a sua casa vasculhada pela polícia francesa na última quinta-feira, fato que fez diversos membros do partido pedirem a sua renúncia.

O episódio fez Fillon vestir a fantasia de Trump e começar uma narrativa anti-establishment e anti-mídia, que pode ajuda-lo a não somente manter a sua candidatura viva, como a frear o legítimo movimento nacionalista de Marine Le Pen.

Mas nem tudo são flores no lado da candidata do Front National, que sofreu dois ataques do Parlamento Europeu, onde atua como deputada europeia. Primeiro, Le Pen foi condenada a pagar mais de 300 mil euros que foram repassados a seu gabinete por trabalhos legislativos não realizados e depois, em votação, teve a sua imunidade parlamentar quebrada num processo envolvendo tweets com fotos de atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico.

Enquanto isso, o ex-socialista e independente, Emmanuel Macron, de apenas 39 anos, que se auto-intitula um “progressista”, pulou para o segundo lugar das pesquisas, virtualmente empatado com Le Pen, e é visto como a única opção do centro/esquerda com reais chances de vitória. Macron foi Ministro da Economia, Indústria e Assuntos Digitais do Governo Hollande e, após 7 anos como independente, fundou em 2016 o seu próprio partido, o En Marche! cujas iniciais replicam as do candidato.

Macron já foi descrito como um “eurófilo” e defende a federalização da União Europeia, além de aprovar a política de imigração de “portas abertas” da Alemanha de Merkel.

No segundo turno, de acordo com as pesquisas, Macron derrotaria Le Pen facilmente, com mais de 60% dos votos, enquanto aparece virtualmente empatado na disputa direta com Fillon. Faltam menos de dois meses para o primeiro turno da eleição, em 23 de abril.

http://lolygon.moe/2017/03/caos-na-eleicao-francesa-pode-fazer-presidencia-cair-no-colo-do-progressista-macron/

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