Duas entrevistas gravadas recentemente, envolvendo entretenimento e temas polêmicos.
Além de manter meus blogs, tenho uma presença forte no Twitter, onde me envolvo em questões políticas, mas sem deixar o entretenimento e a cultura pop de lado. Por conta disso e de meu histórico no mercado editorial, fui convidado para duas entrevistas seguidas neste começo de ano.
Primeiro, foi para um YouTuber brasileiro residente na Austrália, o grande Kim Paim. Seu canal sobre política é relativamente recente e ele tem conseguido boa projeção, com vídeos bastante esclarecedores e engajados no movimento da direita brasileira. Fã de animês, ele abriu espaço em seu canal para conversarmos sobre cultura pop japonesa.
Por questões técnicas, foi feito somente o registro em áudio.
Senta que lá vem textão! Mas está bem espaçado pra facilitar a leitura.
Depois de tanto falatório, acabei lendo a "polêmica" nova edição do mangá Death Note.
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Nessa história de edição única, é apresentado o novo protagonista, Minoru Tanaka. Um jovem bastante esperto, que preferiu não usar o caderno para matar pessoas. Ao invés disso, criou um plano para VENDER o caderno através de um leilão. O leilão ganhou destaque na mídia e em pouco tempo os governantes começaram a dar lances também, o que tornou as coisas bem interessantes.
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Mas por que virou polêmica?
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Bem.. porque botaram o Trump na história...
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Agora a galera "anti-lacre" tá acusando a obra de "lacração".
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Não passou pela cabeça de vocês que o Trump teve maior destaque porque ele é "apenas" o CHEFE DE ESTADO DA MAIOR POTÊNCIA ECONÔMICA DO MUNDO? O f0dendo presidente dos ESTADOS UNIDOS? Além de ser uma figura controversa pra caralho e estar na mídia todos os dias?
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Vocês queriam destaque pra quem? Aquele pulguento do Maduro? Evo Morales? O bunda-mole do Macron? O psicopata Rodrigo Duterte, presidente das Filipinas?
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Aliás, eu imagino que se colocassem o Rodrigo Duterte no lugar do Trump, diriam que é "lacração" também:
"Ain colocaram o Duterte como vilão da história só porque ele manda matar maconheiro!!"
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Já dá pra imaginar o escândalo.
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E lembrando que o Ursinho Pooh (presidente/ditador da China) também aparece no mangá, com aquele típico discurso de político safado que não engana mais ninguém: "Usaremos o poder de Kira para fins pacíficos"...
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Conta outra, né?
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Ao passo que o Trump, também solta uma frase parecida, porém, ainda mais política: "Nós compraremos, mas nunca usaremos! Pela paz mundial!"
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Até o primeiro ministro do Japão entrou na história, com um discurso bem pragmático ao ser indagado sobre um possível acordo de não-compra entre os países: "Não vamos nos enganar com nenhuma afirmação idealista. Todos nós sabemos que algum governo irá ficar com esse poder. E qualquer país que diga "não compre", será o primeiro a dar as costas e comprar..."
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Se a situação estabelecida na obra ocorresse no mundo real, certamente aconteceria como se deu no mangá. O Death Note seria uma das armas mais poderosas do mundo. Com uma arma desse porte sendo leiloada, é óbvio que os chefes de estado entrariam no jogo pra tentar comprar a todo custo.
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EUA e China disputariam pau a pau, já que são as duas maiores potências econômicas. Não teria como fugir disso!
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SPOILERS à seguir.
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Perto do fim da história, o protagonista Minoru definiu que o leilão podia acabar a qualquer momento, deixando entendido que o leiloeiro escolheria o vencedor.
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Nesse caso, ele escolheu o Trump (que arrematou por uma quantia absurda de dinheiro).
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Por que?
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Porque apesar dos pesares, Trump não representa uma ameaça tão grande quanto o presidente da China. Então, dos males, o menor.
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No meio de tudo isso, antes de se encerrar o leilão, e sem o protagonista saber, uma nova regra foi estabelecida pelo rei dos Shinigamis. A nova regra diz que aquele que vender e aquele que comprar o Death Note, morrerá. Quem vendeu, morrerá imediatamente ao receber o dinheiro. E quem comprou, morrerá ao aceitar o caderno.
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Porém, é dito que se o comprador recusar o caderno, será tratado como se não tivesse comprado. Ryuuk revela isso ao Trump, antes de entregar o caderno à ele, dando o benefício da escolha.
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Se o Trump aceitasse o caderno, ele morreria na mesma hora e o caderno ficaria nas mãos de algum outro chefão dos EUA.
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Trump, obviamente recusa o caderno. Afinal, quem seria tão burro a ponto de aceitar uma proposta de merda dessas? Ele já tinha perdido o dinheiro e morreria ali mesmo, deixando o caderno para o vice (cujas intenções nunca se sabe ao certo) ou correndo o risco de cair nas mãos dos democratas.
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Nisso, Trump continua:
"Eu recuso, mas vou anunciar que ganhei o poder de qualquer forma. Direi que o tenho, mas que me recuso a usá-lo. Isso vai me fazer parecer um santo."
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Ora, a intenção aqui é clara: como qualquer político, ele quer preservar sua imagem e seu status perante o povo. É o tipo de coisa que o Trump faria tranquilamente.
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A galera problematizou uma das falas do Ryuuk, quando ele diz ao Trump:
"Entendo. Você coloca a sua vida acima do seu país."
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Dá pra tirar várias interpretações dessa fala.
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Sim, também dá pra entender como uma alfinetada do autor ao Trump, já que o mesmo se lançou em sua campanha eleitoral como um patriota. Porém, devemos lembrar que a questão da HONRA é até hoje muito forte na cultura japonesa. E isso desde o tempo do Japão feudal, onde os samurais praticavam o ritual de Seppuku.
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São culturas totalmente diferentes. Para nós, ocidentais, é uma escolha mais do que natural dar mais valor à própria vida, principalmente numa situação dessas.
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Agora, supunhetamos que o autor realmente quis diminuir o Trump. Entre desmoralizar o Trump e desmoralizar o Ursinho Pooh, vocês acham mesmo que o autor escolheria o Pooh? É claro que não!
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Nos últimos anos a China e o Japão tem tentado estreitar relações nessa guerra comercial, enquanto que os EUA, sob o comando de Trump, impuseram impostos sobre a matéria prima importada do Japão (principalmente metais), o que prejudicou fortemente a economia japonesa. Tudo em nome da defesa do mercado interno americano.
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Então é meio óbvio que os japas também estão de butthurt com o Trumpão da massa, mas por questões ECONÔMICAS, não por espectro político ou ideologia.
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Além disso, o Trump não tem ego frágil igual o presidente chinês. Ele não dá a mínima para a forma que retratam ele no entretenimento. Pelo contrário, ele sabe que isso tudo é publicidade gratuita pra ele. Então as pessoas se sentem mais à vontade pra criticá-lo.
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Já o Pooh, por outro lado... Não aguenta nem ser comparado com o ursinho da Disney. Não existe país mais monitorado/vigiado pelo estado do que a China. Todas as críticas ao governo, dentro ou fora do mesmo, estão sujeitas à represálias. Eu acho que o Japão não ia querer uma sanção econômica da China nesse momento.
...
Outra coisa: tem gente dizendo que o Near de cabelo comprido é "lacração"?
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Sério?
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Logo com o Japão, que tem um extenso histórico de personagens masculinos andróginos/afeminados? Os Cavaleiros do Zodíaco era lacração? O Griffith do Berserk era lacração? E o Inuyasha? O Kurama do Yu Yu Hakusho era lacração?
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O próprio Near sempre teve uma aparência delicada. Eu lembro que a primeira vez que vi uma imagem dele eu não tinha certeza se era menino ou menina. A única diferença agora é que ele cresceu e tá de cabelo grande. Só.
Desde 2004, no Brasil, toda a literatura infantil, cantigas de ninar, e quaisquer comunicações destinadas às crianças foram trituradas como trigo em época de colheita. O politicamente correto foi imposto sem que ninguém pudesse questionar (pelo menos não questionar em seu sentido de efetividade institucional) ao se transfigurar em preocupações até legítimas, como: “será que estes conteúdos são apropriados para crianças?”, “será que essas informações mais ajudam ou mais atrapalham o desenvolvimento infantil?”, “será que a forma como essas mensagens são passadas corroboram com a violência atual da população?”.
[...]
E há ainda mais outra cousa, não menos importante que a explorada no parágrafo anterior: os contos politicamente corretos que tentam preservar a suposta ingenuidade infantil cometem um erro criminoso, pois aquele que pensa que conseguirá evitar determinadas criações dentro da cabeça infantil por não a apresentar o mau. Na verdade, o alimenta de pouco em pouco, e estas criações infantis se manifestam futuramente a partir de agressividade excessiva, ansiedade e até mesmo fobias, histórias violentas.
O passado foi do jeito que foi. É História, é fato. Quem não conhece o passado se arrisca a repeti-lo.
As crianças não serão melhores por desconhecer que antes havia violência e preconceitos, serão, sim, ignorantes e despreparadas para enfrentar tais situações.
Afinal, se na superfície a violência e o preconceito são criticados, eles continuam existindo.
Tá pior a linha fashionista resolveu dar apoio a diversidade fazendo bonecas bonecos gordos baixos etc... Sendo que isso sempre existiu e quem visava eram customizadores coisa de nicho.
Qualquer fã de cultura pop que costuma acessar conteúdo informativo sabe que a política se tornou um tema bastante recorrente. Filmes, quadrinhos, animações, games e todo tipo de entretenimento tem sido invadido por criadores preocupados em acenar para grupos de pressão política e sinalizar virtude. Sinalizar virtude também tem se tornado a grande atividade daqueles criadores de conteúdo relacionado ao universo do entretenimento. Como reflexo da dominação da esquerda nos meios de comunicação, ambiente escolar e classes artísticas, o que se vê sempre é um conteúdo voltado ao chamado progressismo, quando não explicitamente por bandeiras como racismo, feminismo, socialismo ou de combate a instituições religiosas, governamentais e de inclinação política contrária.
Estamos em uma era de politização extrema, marcada pela polarização - confronto de opostos - entre direita e esquerda. Na esquerda, os progressistas, ativistas de grupos identitários e os socialistas e comunistas em geral. Do outro, basicamente os conservadores, visto que os liberais estão, atualmente, mais aliados a setores de esquerda. Você pode até não se interessar por política, mas os que não se interessam estão sendo cobrados cada vez mais.
Os discursos têm se alinhado de modo perigosamente agressivo, de modo a inibir o pensamento divergente. E vendo ações recentes do STF e PF contra pessoas que cometem "crimes de opinião" - hoje taxadas de "fake news", temos a sensação de que vivemos em um regime totalitário, tal qual aqueles saídos de distopias literárias como 1984 (de George Orwell) e Fahrenheit 451 (de Ray Bradbury). [Nota: Os dois livros são muito interessantes, recomendo.]
A lógica mais comum dos militantes políticos é de que "tudo é política", um conceito usado para forçar a narrativa de querer impor suas bandeiras ideológicas e fazer soar como se elas fossem o único caminho da virtude. O que isso tem gerado é divisão, debates acalorados e uma sensação de que tudo o que você faz é vigiado pelos fiscais do pensamento, que vão questionar o que você curta, o que você posta, o que você compartilha.
Em artigo recente do portal JBox sobre animês que tratam sobre o fascismo, o articulista Igor Lunei diz que "É impossível não politizar animês, pois animê é arte. E arte é política. Também é forma, também é expressão, também é uma válvula escapista, também é interpretação do que a faz e daquele que a recebe. E isso tudo também é política. Escolher falar ou escolher se isentar de algum assunto em voga é um ato político. Não falar de política é um ato político. Animê também é política. Pois, sobretudo, é arte."
Destaco primeiro a frase "Não falar de política é um ato político". Tal ideia é importantíssima para definir o atual posicionamento que se espalha entre criadores de conteúdo. Se você não se interessa por política e nas eleições você anula seu voto ou vota em branco, obviamente você está, em último caso, deixando seu futuro à mercê de quem se interessa, que pode votar em gente que vai tomar decisões ruins para sua vida. Esse é um ponto. Outro, é ter opinião e buscar se preservar, evitar o confronto e se manter em posição neutra, não entrar e não comprar briga por causa deste ou daquele líder político, ou por esta ou aquela ideologia.
Não se trata aqui de ficar "em cima do muro". Como o voto é secreto, as motivações da pessoa em escolher seu voto também podem ficar restritas a seu foro íntimo. A era de superexposição da internet atualmente parece não dar muito espaço para a privacidade ou para não expôr seu pensamento. E as pessoas públicas, as que produzem algum conteúdo e são conhecidas, seja em nichos ou pelo grande público, estão sendo cobradas a ter um posicionamento. Desde que esse posicionamento esteja alinhado com os mais influentes da mídia, ou seja, de esquerda.
Aceitando a premissa de que "tudo é política", é claro que animê é política, jazz instrumental é política, andar de skate é um ato político e por aí vai. Esse tipo de condicionamento mental é apenas uma conditio sine qua non - do latim "condição sem a qual não" pode ocorrer a etapa seguinte, que é cobrar posicionamento. E é aí que entra o discurso do Felipe Neto e seus parceiros seguidores, asseclas e bajuladores.
Recentemente, o nefasto YouTuber e influenciador digital Felipe Neto, lançou um manifesto dizendo que todo criador de conteúdo tem a obrigação de se manifestar politicamente. E não apenas isso, tem o dever de enfrentar o fascismo que, segundo ele, é personificado no presidente Jair Bolsonaro e em seus apoiadores e aliados, o que inclui a direita conservadora. Bom, aí é que a coisa complica. Lutar contra algo maligno como o fascismo é bom mas, afinal, estamos todos de acordo sobre o que é o fascismo?
O fascismo italiano, que ao lado do nazismo alemão e do imperialismo japonês, formou a Tríplice Aliança que ameaçou o mundo livre na Segunda Guerra Mundial, tinha em Benito Mussolini seu líder e teórico. Vindo do socialismo, Mussolini buscava um Estado forte, totalitário, que dominasse todo o povo que diz representar. Ele dizia "Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado." Ao contrário do que certos jornalistas e professores tentam decretar no grito e no argumento de autoridade, há discussões até sobre o lado em que o fascismo fica no espectro político. Sua visão de um Estado que controle a vida dos cidadãos com mão de ferro é típica de ditadores socialistas,ou seja, de esquerda. Mas ele também se apegava ao nacionalismo fanático, uma característica da extrema-direita.
Muitos historiadores colocam o fascismo e o nazismo como uma "terceira via", ou algo nem de direita e nem de esquerda. A maioria dos acadêmicos e autores realmente coloca o fascismo fortemente na direita, o que não significa que exista um consenso absoluto, já que alguns colocam na esquerda e outros como terceira via. Aliás, não existe unanimidade nem na ciência, sendo o "consenso científico" muito mais uma ferramenta de convencimento político, que implica em afirmar que qualquer pessoa que duvide ou traga questionamentos para a maioria dominante, não deve ser nem ouvida ou considerada. Percebe a manipulação?
Quando você tem para si o dogma de que tudo é política, o que isso significa? Já li artista militante dizendo que "tomar um lanche no McDonald´s é um ato político. Você está colaborando com o capitalismo e o imperialismo americano". Ou então, "ir à igreja é um ato político, pois ao se posicionar como crente em Deus, você está apoiando o obscurantismo e indo contra a Ciência". Ou, ainda, "usar camisa azul, sendo homem, é uma forma de dizer que se prende ao discurso sexual binário homem/ mulher e, portanto, é um homofóbico". E por aí vai. Percebeu o exagero? Se não percebeu, precisa pensar um pouco sobre a loucura que existe atualmente na sociedade.
Para a esquerda, fascista é o governo de Jair Bolsonaro e seus apoiadores e tal premissa é apresentada como verdade incontestável. Claro que não é bem assim, mas vamos avançar agora para outro ponto do texto que citei lá atrás.
"Animê também é política." (Igor Lunei, JBox)
Dentro da ideia de que tudo é política, claro que animações estão incluídas. Mas vamos agora centrar mais nessa ideia. Animê é entretenimento de massas, mas obviamente envolve a utilização de artes aplicadas, como o desenho, a música, o design, etc... É em si uma forma de arte comercial, a animação, regida por regras de mercado e criada por artistas que podem ou não passar mensagens políticas, seja de forma velada, sutil, ou de forma escancarada. No Japão, prevalece até hoje o uso de mensagens sutis, e a militância panfletária que ficou normal em obras americanas, soa uma grosseria e um atentado à inteligência do público. Entre diversas obras e franquias, podemos extrair posicionamentos políticos? Sim e não, depende do caso.
É óbvio que há obras eminentemente políticas. Rurouni Kenshin ~ Samurai X se localiza em um período histórico preciso, a época da Restauração Meiji; e aborda acontecimentos históricos, mas não tem seu foco no debate político acerca do poder imperial ou do autoritarismo militar e sua divisão da sociedade em castas como era no Japão feudal. Isso aparece, mas não acompanhado de discursos sobre regimes de governo ou políticas coletivistas.
Uma obra importante a abordar questões políticas é Rosa de Versalhes, mangá clássico já lançado no Brasil e que gerou animê e versão teatral no Japão. Lidando de forma pioneira com questões políticas e sexuais, foi tema de muitas avaliações apaixonadas de militantes, mas a autora Ryoko Ikeda não caiu em armadilhas narrativas fáceis e panfletárias, realizando uma obra politicamente forte e instigante. Como em Kenshin, fatos políticos e mensagens são colocadas por seus autores, mas sem perder de vista o desenvolvimento de personagens, o entretenimento e a arte narrativa. Em Baldios e Ideon, animês clássicos sobre guerras com robôs gigantes, o pacifismo surge como resposta ao niilismo mostrado em cenários devastadores de guerra. É impossível negar a presença de política em muitas obras, mas é leviano dizer que todas as obras pretendem passar discursos políticos, seja por ação ou omissão.
Os exemplos são muitos, e não se pode reduzir tudo à luta de classes, ou ao discurso "oprimidos x opressores", tão comum na visão de esquerda. Já outras obras podem ter ou não uma leitura política.
Em Yamato - Patrulha Estelar, existe a Força de Defesa da Terra, uma entidade supranacional que protege a humanidade contra ameaças espaciais. Acontece que a equipe do Yamato é formada unicamente por japoneses. O futuro do ano 2199 imaginado por Leiji Matsumoto e Yoshinobu Nishizaki imaginava uma humanidade se unindo contra ameaças em comum, mas com fronteiras nacionais definidas, pois só isso explicaria a tripulação estritamente japonesa. Claro que isso pode ter sido algo natural, em uma época muito anterior à globalização, e nem passou pela cabeça dos autores algum discurso sobre formas de governo ou interação entre os povos, pois o Yamato lida com valores universais como honra, lealdade e dever, além do senso de proteção e altruísmo.
Quando Ataque dos Titãs se tornou um grande sucesso, surgiu em alguns sites e fóruns uma discussão de que o título seria uma exaltação ao militarismo japonês. [Confira um artigo em inglês aqui.] Não foi a primeira ou última vez que a obra de Hajime Isayama é acusada de flertar com o fascismo, com numerosos artigos pela internet debatendo essa questão. Na verdade, para uma pessoa que milita na esquerda, qualquer obra que tenha heróis militares pode cair nessa avaliação, seja Yamato, Ataque dos Titãs ou até mesmo Changeman.
Essa valorização do militarismo deu margem a um artigo no site americano Syfi.com intitulado "The troubling relationship between anime and fascism". Nele, uma autora discorre sobre a relação entre o fascismo e muitas produções japonesas, claramente enxergando o fascismo em toda referência visual e toda visão de um militarismo ligado ao heroísmo. [Confira o texto aqui.]
Dá pra pegar qualquer série de TV, de animê ou especialmente de tokusatsu, em que exista um império maligno querendo conquistar a Terra; que é possível dizer que os heróis estão lutando contra o fascismo, visto que uma característica facilmente reconhecível é o desejo de controlar pela força e estabelecer um governo totalitário. Ou pegar qualquer aventura protagonizada por militares e usar isso como alerta para o perigo da romantização da figura do militar. Isso é feito por militantes para reforçar a luta contra quem os esquerdistas insistem em chamar de fascistas, que é o pessoal que se identifica como conservador. E é contra os conservadores que a esquerda trava a chamada guerra cultural, um embate de narrativas e muita gritaria pela supremacia perante a opinião pública.
Recentemente, um grupo que produz um podcast sobre tokusatsu, apontou minha pessoa como sendo alguém tóxico a ser cancelado, atribuindo a mim atitudes de um fascista louco ou sem caráter que combate causas justas e faz o mal, apoiando o presidente. Foi apoiado por um conhecido roteirista de quadrinhos e ativista de esquerda, que se referiu a mim em seu Twitter dizendo "Sempre foi um otário". Tudo por conta de meus posicionamentos políticos. Claro que respondi de forma bem explosiva a esse verme a quem já tratei cordialmente (e até publiquei) e lancei o desafio, que mantenho, de que ele seja homem de dizer isso na minha cara um dia. Eu, Alexandre Nagado, estou cansado de oportunistas querendo sinalizar virtude às minhas custas.
Combater o fascismo, sendo isso algo reconhecidamente maligno ao mundo, é ótimo, não é? Claro que é! O problema é que esse pessoal quer monopolizar o uso e a definição da palavra fascismo. Que, hoje em dia, é qualquer um que discorde da opinião geral da mídia e apoie o governo federal. Já extrapolou o discurso de esquerda e direita. Ao taxar alguém de fascista ou nazista, está retirando dele o direito de opinar, até de existir.
Desde 2018, existe a iniciativa Quadrinistas Antifascistas, que reúne autores brasileiros de quadrinhos com um símbolo que é uma homenagem ao movimento Antifa norte-americano. Quem acompanha noticiários, sabem que esses antifas batem em velhinhos veteranos de guerra, gritam e atacam pessoas com crianças e agridem verbal ou fisicamente idosos que estejam usando boné da campanha de Donald Trump, como aquele famoso do "Make America Great Again". No Brasil, parte da comunidade de autores independentes de quadrinhos já embarcou nessa loucura que beira o fanatismo religioso. Falei sobre isso num artigo para o site O Porão da Mamãe.
O pretenso combate ao fascismo já invadiu também a área de games, de jogos de RPG e até de tokusatsu. Quem não se garante como criador de conteúdo de qualidade precisa bater no peito dizendo que "luta contra o mal" e chamando de fascista quem não pensa como eles. E eles se organizam, conspiram, criam suas panelinhas pra isolar, falar mal e atacar. Muitos são jovens em busca de um senso de pertencimento a um grupo, outros são amedrontados receosos de se indispor com gente que imaginam ter influência. E muitos o fazem simplesmente por que são uns canalhas autoritários.
Tudo o que esse povo militante faz é basicamente apontar o dedo para quem eles imaginam ser "do mal" por ser conservador ou apoiar Bolsonaro e suas políticas. O discurso desse povo, alinhado ao de Felipe Neto, é de demonizar os conservadores, atraindo ódio, deboche, escárnio e tentando fazer com que percam trabalhos e oportunidades profissionais através de pressão em redes sociais. Coisa de canalha. Em meio a essas discussões, sempre surge algum perfil, dizendo "eu sonho em deitar fascista na porrada", ou "fascista a gente trata na ponta da faca", ou ainda "fogo nos fascistas". Tudo para intimidar o pensamento contrário ao progressismo e taxar a todos os conservadores de fascistas.
Estou perdendo cada vez mais amigos e colegas por isso, e mesmo gente que já ajudei virou as costas para mim por eu ser de direita. Dizem que o pensamento é livre e existe liberdade de expressão em nosso país, mas não pode ser de direita, pintada pela esquerda como atrasada, violenta e burra. Nada poderia estar mais distante da verdade. Mas, toda e qualquer chance de defesa e argumentação é eliminada quando o outro lado lhe atribui um rótulo hediondo, monstruoso. É o que acontece quando você chama alguém de fascista.
No excelente livro Ganhar de Lavada (Win Bigly), o cartunista e estudioso dos processos de convencimento e tomada de decisões, Scott Adams faz algumas considerações bem interessantes. Segundo ele, a maioria de nós toma decisões emocionalmente, e depois busca uma justificativa racionalizada para se explicar. Em outra parte do livro, ele menciona que, conforme seus condicionamentos e crenças, duas pessoas podem ver um mesmo acontecimento e interpretar completamente diferente, como se fosse ver um filme, com duas telas diferentes. É o que explica a reação ao discurso do presidente em pedir a gradual reabertura do comércio, respeitando os grupos de risco e medidas de higiene. Os detratores gritaram histericamente "Ele quer que todo mundo pegue Covid e morra! Assassino! Genocida!" (o que não faz o menor sentido, se qualquer um parar pra pensar), enquanto os apoiadores disseram "Ele está preocupado com a população mais vulnerável economicamente, gente que pode passar fome e não tem como viver de iFood e Netflix trancado meses em casa sem trabalhar." Esse comportamento se replica em absolutamente tudo, e fica difícil um diálogo racional, tudo vai para o emocional.
Em seu livro Não Tenhais Medo, o escritor Elton Mesquita fala sobre a baixa taxa de confiança interpessoal do brasileiro e como isso dificulta o estabelecimento de diálogos civilizados. Com base em definições e rótulos que não tem nada a ver com o pensamento conservador, o progressista só xinga, acusa e debocha, não permitindo uma conversa acerca de valores e visões de mundo. E isso contaminou a cultura pop e todo seu entorno, como um reflexo da guerra cultural que consome a sociedade brasileira.
A definição de fascismo hoje é bastante elástica, confundindo respeito às hierarquias com autoritarismo, amor à pátria com xenofobia e valorização da família tradicional (enquanto célula-base da sociedade) com homofobia. Parte dessa visão que vê fascismo por todo lado - exceto na esquerda - vem de uma obra do escritor Umberto Eco, que teve uma conferência transformada no livro O Fascismo Eterno.
Não vou ficar defendendo pontos de vista aqui sobre cada item envolvido em discussões políticas, mas quero deixar registrado que li muitos livros de autores variados, de direita e de esquerda. Formei minhas opiniões e visões sobre política lendo autores variados. Clássicos como Aristóteles, Kant, David Hume, Nietzche e La Rochefoulcauld; autores modernos como Olavo de Carvalho, Jordan Peterson, Roger Scruton e Luiz Pondé e fui atrás do contraditório, lendo Marx e Engels, Paulo Freire, Clóvis de Barros e vários outros... Não sou erudito, mas tampouco formei minha opinião vendo apenas YouTube ou seguindo opinião de famosinhos. Sou conservador tendo ampla consciência do que isso significa e dos valores que escolhi para mim, não por ser ignorante, por não entender uma simples aventura de super-heróis infantis ou estar sofrendo de distúrbios mentais. E deveria ser desnecessário dizer, mas também não sou racista, nem homofóbico, xenófobo e nem a favor de genocídio ou assassinatos.
Quando um artista ou criador de conteúdo abertamente apoia pessoas envolvidas em escândalos de corrupção (como políticos do PT ou PSDB) ou apoia conhecidas ditaduras sanguinárias de esquerda, sabe que pode ficar tranquilo de que não vai perder trabalhos ou deixar de ser convidado para eventos. Por outro lado, pessoas que lutam por valores conservadores precisam ter medo de se manifestar sob pena de serem cancelados, esquecidos ou até agredidos. Jamais aceitarei essa diferenciação hipócrita que muitos eventos, empresas, entidades e pessoas públicas fazem ao se dizerem respeitadoras de todas as opiniões.
Se uma entidade, empresa, site ou veículo de comunicação quer se dizer apolítica, por qual motivo trata esquerdistas cordialmente e os chama para eventos e ignora direitistas? Será por que o aparelhamento e condicionamento mental da esquerda criaram mesmo o discurso único e totalitário? Me recuso a compactuar com isso, e sou sempre grato àqueles que respeitam meus posicionamentos (concordando ou não) e valorizam a essência do que sou e o conhecimento que trago comigo.
A chamada "falácia do espantalho", que consiste em atribuir rótulos distorcidos e mentirosos ao adversário é uma tática mais do que batida, mas eficaz perante muita gente com pouca informação. Em contrapartida, a maioria esmagadora de militantes de esquerda só conhece autores de esquerda e trata os de direita como loucos perigosos (especialmente o Olavo), sem nunca terem mergulhado no desafio de ler o contraditório. E também apoio o atual presidente por conta de valores e de mudanças estruturais promovidas por sua equipe, nas quais acredito.
Se eu repetisse tudo o que diz a grande mídia, se não buscasse outras fontes e não refletisse sobre o panorama global de acontecimentos, e se ele fosse mesmo um ditador genocida, jamais o apoiaria. Posso estar errado? Claro que posso (somos humanos ainda, eu acho), seja na forma ou no conteúdo, mas dou-me o direito de pensar e me manifestar segundo coisas nas quais acredito. E respeito o contraditório, desde que as pessoas do outro lado não queiram me destruir, ridicularizar ou calar minha voz, ignorando totalmente minha importância e contribuição a segmentos como os quadrinhos e a cultura pop japonesa.
Ainda tenho amigos muito considerados na esquerda, gente que já me ajudou e estendeu a mão no passado, que não me cancelou e me respeita até hoje. Só não ficamos discutindo política, pois a vida não se resume a isso, não pode ser só isso. Nem tudo nesta vida é política.
Como alguém que se posiciona fortemente contra a instrumentalização da cultura pop e do entretenimento para a militância e perseguição política, quero deixar algo bem claro a meus leitores: Não farei do Sushi POP um espaço para discurso panfletário, jamais. As poucas matérias onde abordo temas claramente políticos, eu o fiz buscando apresentar uma visão abrangente, um contraponto às narrativas de esquerda que predominam na mídia ou explicar um posicionamento baseado em valores. Reafirmo o compromisso de que o Sushi POP é um espaço de referência sobre vários aspectos da cultura pop japonesa, prezando a pesquisa e a qualidade de informação. Meus leitores sabem que podem esperar de mim a mesma honestidade intelectual que sempre busquei valorizar.
Obrigado a quem respeita minha opinião, não aderiu ao movimento de cancelamento de meu nome e visita este blog em busca de uma boa leitura e boas indicações em cultura pop. Enquanto puder, continuarei. É isso.
Os episódios de "Looney Tunes Cartoons" (veja o trailer oficial acima) variam de um a seis minutos e Browngardt explicou que a violência, comum nas versões mais antigas da animação com dinamites, armadilhas e cofres de bancos que caíam sobre a cabeça de inocentes, estará presente, mas o uso de armas de fogo pelos personagens está descartado....
Os episódios de "Looney Tunes Cartoons" (veja o trailer oficial acima) variam de um a seis minutos e Browngardt explicou que a violência, comum nas versões mais antigas da animação com dinamites, armadilhas e cofres de bancos que caíam sobre a cabeça de inocentes, estará presente, mas o uso de armas de fogo pelos personagens está descartado....
Os desenhos antigos da turma do Pernalonga eram muito mais divertidos do que os de agora.
Os episódios de "Looney Tunes Cartoons" (veja o trailer oficial acima) variam de um a seis minutos e Browngardt explicou que a violência, comum nas versões mais antigas da animação com dinamites, armadilhas e cofres de bancos que caíam sobre a cabeça de inocentes, estará presente, mas o uso de armas de fogo pelos personagens está descartado....
Os desenhos antigos da turma do Pernalonga eram muito mais divertidos do que os de agora.
@Senhor tem uns episódios grátis no Youtube, porém em inglês. Achei Ok, mas com aquela impressão de emulação de um estilo que nem faz cócegas ao original.
É mania de se vampirizar personagens consagrados pra arrancar um troco.
Comentários
Duas entrevistas gravadas recentemente, envolvendo entretenimento e temas polêmicos.
Além de manter meus blogs, tenho uma presença forte no Twitter, onde me envolvo em questões políticas, mas sem deixar o entretenimento e a cultura pop de lado. Por conta disso e de meu histórico no mercado editorial, fui convidado para duas entrevistas seguidas neste começo de ano.
Primeiro, foi para um YouTuber brasileiro residente na Austrália, o grande Kim Paim. Seu canal sobre política é relativamente recente e ele tem conseguido boa projeção, com vídeos bastante esclarecedores e engajados no movimento da direita brasileira. Fã de animês, ele abriu espaço em seu canal para conversarmos sobre cultura pop japonesa.
Por questões técnicas, foi feito somente o registro em áudio.
http://nagado.blogspot.com/2020/01/entrevistas-sobre-cultura-pop-e-politica.html#more
Depois de tanto falatório, acabei lendo a "polêmica" nova edição do mangá Death Note.
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Nessa história de edição única, é apresentado o novo protagonista, Minoru Tanaka. Um jovem bastante esperto, que preferiu não usar o caderno para matar pessoas. Ao invés disso, criou um plano para VENDER o caderno através de um leilão. O leilão ganhou destaque na mídia e em pouco tempo os governantes começaram a dar lances também, o que tornou as coisas bem interessantes.
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Mas por que virou polêmica?
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Bem.. porque botaram o Trump na história...
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Agora a galera "anti-lacre" tá acusando a obra de "lacração".
.
Não passou pela cabeça de vocês que o Trump teve maior destaque porque ele é "apenas" o CHEFE DE ESTADO DA MAIOR POTÊNCIA ECONÔMICA DO MUNDO? O f0dendo presidente dos ESTADOS UNIDOS? Além de ser uma figura controversa pra caralho e estar na mídia todos os dias?
.
Vocês queriam destaque pra quem? Aquele pulguento do Maduro? Evo Morales? O bunda-mole do Macron? O psicopata Rodrigo Duterte, presidente das Filipinas?
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Aliás, eu imagino que se colocassem o Rodrigo Duterte no lugar do Trump, diriam que é "lacração" também:
"Ain colocaram o Duterte como vilão da história só porque ele manda matar maconheiro!!"
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Já dá pra imaginar o escândalo.
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E lembrando que o Ursinho Pooh (presidente/ditador da China) também aparece no mangá, com aquele típico discurso de político safado que não engana mais ninguém: "Usaremos o poder de Kira para fins pacíficos"...
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Conta outra, né?
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Ao passo que o Trump, também solta uma frase parecida, porém, ainda mais política: "Nós compraremos, mas nunca usaremos! Pela paz mundial!"
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Até o primeiro ministro do Japão entrou na história, com um discurso bem pragmático ao ser indagado sobre um possível acordo de não-compra entre os países: "Não vamos nos enganar com nenhuma afirmação idealista. Todos nós sabemos que algum governo irá ficar com esse poder. E qualquer país que diga "não compre", será o primeiro a dar as costas e comprar..."
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Se a situação estabelecida na obra ocorresse no mundo real, certamente aconteceria como se deu no mangá. O Death Note seria uma das armas mais poderosas do mundo. Com uma arma desse porte sendo leiloada, é óbvio que os chefes de estado entrariam no jogo pra tentar comprar a todo custo.
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EUA e China disputariam pau a pau, já que são as duas maiores potências econômicas. Não teria como fugir disso!
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SPOILERS à seguir.
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Perto do fim da história, o protagonista Minoru definiu que o leilão podia acabar a qualquer momento, deixando entendido que o leiloeiro escolheria o vencedor.
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Nesse caso, ele escolheu o Trump (que arrematou por uma quantia absurda de dinheiro).
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Por que?
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Porque apesar dos pesares, Trump não representa uma ameaça tão grande quanto o presidente da China. Então, dos males, o menor.
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No meio de tudo isso, antes de se encerrar o leilão, e sem o protagonista saber, uma nova regra foi estabelecida pelo rei dos Shinigamis. A nova regra diz que aquele que vender e aquele que comprar o Death Note, morrerá. Quem vendeu, morrerá imediatamente ao receber o dinheiro. E quem comprou, morrerá ao aceitar o caderno.
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Porém, é dito que se o comprador recusar o caderno, será tratado como se não tivesse comprado. Ryuuk revela isso ao Trump, antes de entregar o caderno à ele, dando o benefício da escolha.
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Se o Trump aceitasse o caderno, ele morreria na mesma hora e o caderno ficaria nas mãos de algum outro chefão dos EUA.
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Trump, obviamente recusa o caderno. Afinal, quem seria tão burro a ponto de aceitar uma proposta de merda dessas? Ele já tinha perdido o dinheiro e morreria ali mesmo, deixando o caderno para o vice (cujas intenções nunca se sabe ao certo) ou correndo o risco de cair nas mãos dos democratas.
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Nisso, Trump continua:
"Eu recuso, mas vou anunciar que ganhei o poder de qualquer forma. Direi que o tenho, mas que me recuso a usá-lo. Isso vai me fazer parecer um santo."
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Ora, a intenção aqui é clara: como qualquer político, ele quer preservar sua imagem e seu status perante o povo. É o tipo de coisa que o Trump faria tranquilamente.
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A galera problematizou uma das falas do Ryuuk, quando ele diz ao Trump:
"Entendo. Você coloca a sua vida acima do seu país."
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Dá pra tirar várias interpretações dessa fala.
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Sim, também dá pra entender como uma alfinetada do autor ao Trump, já que o mesmo se lançou em sua campanha eleitoral como um patriota. Porém, devemos lembrar que a questão da HONRA é até hoje muito forte na cultura japonesa. E isso desde o tempo do Japão feudal, onde os samurais praticavam o ritual de Seppuku.
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São culturas totalmente diferentes. Para nós, ocidentais, é uma escolha mais do que natural dar mais valor à própria vida, principalmente numa situação dessas.
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Agora, supunhetamos que o autor realmente quis diminuir o Trump. Entre desmoralizar o Trump e desmoralizar o Ursinho Pooh, vocês acham mesmo que o autor escolheria o Pooh? É claro que não!
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Nos últimos anos a China e o Japão tem tentado estreitar relações nessa guerra comercial, enquanto que os EUA, sob o comando de Trump, impuseram impostos sobre a matéria prima importada do Japão (principalmente metais), o que prejudicou fortemente a economia japonesa. Tudo em nome da defesa do mercado interno americano.
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Então é meio óbvio que os japas também estão de butthurt com o Trumpão da massa, mas por questões ECONÔMICAS, não por espectro político ou ideologia.
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Além disso, o Trump não tem ego frágil igual o presidente chinês. Ele não dá a mínima para a forma que retratam ele no entretenimento. Pelo contrário, ele sabe que isso tudo é publicidade gratuita pra ele. Então as pessoas se sentem mais à vontade pra criticá-lo.
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Já o Pooh, por outro lado... Não aguenta nem ser comparado com o ursinho da Disney. Não existe país mais monitorado/vigiado pelo estado do que a China. Todas as críticas ao governo, dentro ou fora do mesmo, estão sujeitas à represálias. Eu acho que o Japão não ia querer uma sanção econômica da China nesse momento.
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Outra coisa: tem gente dizendo que o Near de cabelo comprido é "lacração"?
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Sério?
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Logo com o Japão, que tem um extenso histórico de personagens masculinos andróginos/afeminados? Os Cavaleiros do Zodíaco era lacração? O Griffith do Berserk era lacração? E o Inuyasha? O Kurama do Yu Yu Hakusho era lacração?
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O próprio Near sempre teve uma aparência delicada. Eu lembro que a primeira vez que vi uma imagem dele eu não tinha certeza se era menino ou menina. A única diferença agora é que ele cresceu e tá de cabelo grande. Só.
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=863181830819265&id=337175620086558
- Não diga "criança retardada", diga "criança especial"
A escritora da série de TV Disney Plus da Marvel Studios Mulher Hulk, Dana Schwartz, declarou recentemente que “o controle dos fãs é uma subcultura profundamente tóxica”
O passado foi do jeito que foi. É História, é fato. Quem não conhece o passado se arrisca a repeti-lo.
As crianças não serão melhores por desconhecer que antes havia violência e preconceitos, serão, sim, ignorantes e despreparadas para enfrentar tais situações.
Afinal, se na superfície a violência e o preconceito são criticados, eles continuam existindo.
Qualquer fã de cultura pop que costuma acessar conteúdo informativo sabe que a política se tornou um tema bastante recorrente. Filmes, quadrinhos, animações, games e todo tipo de entretenimento tem sido invadido por criadores preocupados em acenar para grupos de pressão política e sinalizar virtude. Sinalizar virtude também tem se tornado a grande atividade daqueles criadores de conteúdo relacionado ao universo do entretenimento. Como reflexo da dominação da esquerda nos meios de comunicação, ambiente escolar e classes artísticas, o que se vê sempre é um conteúdo voltado ao chamado progressismo, quando não explicitamente por bandeiras como racismo, feminismo, socialismo ou de combate a instituições religiosas, governamentais e de inclinação política contrária.
Estamos em uma era de politização extrema, marcada pela polarização - confronto de opostos - entre direita e esquerda. Na esquerda, os progressistas, ativistas de grupos identitários e os socialistas e comunistas em geral. Do outro, basicamente os conservadores, visto que os liberais estão, atualmente, mais aliados a setores de esquerda. Você pode até não se interessar por política, mas os que não se interessam estão sendo cobrados cada vez mais.
Os discursos têm se alinhado de modo perigosamente agressivo, de modo a inibir o pensamento divergente. E vendo ações recentes do STF e PF contra pessoas que cometem "crimes de opinião" - hoje taxadas de "fake news", temos a sensação de que vivemos em um regime totalitário, tal qual aqueles saídos de distopias literárias como 1984 (de George Orwell) e Fahrenheit 451 (de Ray Bradbury). [Nota: Os dois livros são muito interessantes, recomendo.]
A lógica mais comum dos militantes políticos é de que "tudo é política", um conceito usado para forçar a narrativa de querer impor suas bandeiras ideológicas e fazer soar como se elas fossem o único caminho da virtude. O que isso tem gerado é divisão, debates acalorados e uma sensação de que tudo o que você faz é vigiado pelos fiscais do pensamento, que vão questionar o que você curta, o que você posta, o que você compartilha.
Destaco primeiro a frase "Não falar de política é um ato político". Tal ideia é importantíssima para definir o atual posicionamento que se espalha entre criadores de conteúdo. Se você não se interessa por política e nas eleições você anula seu voto ou vota em branco, obviamente você está, em último caso, deixando seu futuro à mercê de quem se interessa, que pode votar em gente que vai tomar decisões ruins para sua vida. Esse é um ponto. Outro, é ter opinião e buscar se preservar, evitar o confronto e se manter em posição neutra, não entrar e não comprar briga por causa deste ou daquele líder político, ou por esta ou aquela ideologia.
Não se trata aqui de ficar "em cima do muro". Como o voto é secreto, as motivações da pessoa em escolher seu voto também podem ficar restritas a seu foro íntimo. A era de superexposição da internet atualmente parece não dar muito espaço para a privacidade ou para não expôr seu pensamento. E as pessoas públicas, as que produzem algum conteúdo e são conhecidas, seja em nichos ou pelo grande público, estão sendo cobradas a ter um posicionamento. Desde que esse posicionamento esteja alinhado com os mais influentes da mídia, ou seja, de esquerda.
Aceitando a premissa de que "tudo é política", é claro que animê é política, jazz instrumental é política, andar de skate é um ato político e por aí vai. Esse tipo de condicionamento mental é apenas uma conditio sine qua non - do latim "condição sem a qual não" pode ocorrer a etapa seguinte, que é cobrar posicionamento. E é aí que entra o discurso do Felipe Neto e seus parceiros seguidores, asseclas e bajuladores.
Recentemente, o nefasto YouTuber e influenciador digital Felipe Neto, lançou um manifesto dizendo que todo criador de conteúdo tem a obrigação de se manifestar politicamente. E não apenas isso, tem o dever de enfrentar o fascismo que, segundo ele, é personificado no presidente Jair Bolsonaro e em seus apoiadores e aliados, o que inclui a direita conservadora. Bom, aí é que a coisa complica. Lutar contra algo maligno como o fascismo é bom mas, afinal, estamos todos de acordo sobre o que é o fascismo?
O fascismo italiano, que ao lado do nazismo alemão e do imperialismo japonês, formou a Tríplice Aliança que ameaçou o mundo livre na Segunda Guerra Mundial, tinha em Benito Mussolini seu líder e teórico. Vindo do socialismo, Mussolini buscava um Estado forte, totalitário, que dominasse todo o povo que diz representar. Ele dizia "Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado." Ao contrário do que certos jornalistas e professores tentam decretar no grito e no argumento de autoridade, há discussões até sobre o lado em que o fascismo fica no espectro político. Sua visão de um Estado que controle a vida dos cidadãos com mão de ferro é típica de ditadores socialistas,ou seja, de esquerda. Mas ele também se apegava ao nacionalismo fanático, uma característica da extrema-direita.
Muitos historiadores colocam o fascismo e o nazismo como uma "terceira via", ou algo nem de direita e nem de esquerda. A maioria dos acadêmicos e autores realmente coloca o fascismo fortemente na direita, o que não significa que exista um consenso absoluto, já que alguns colocam na esquerda e outros como terceira via. Aliás, não existe unanimidade nem na ciência, sendo o "consenso científico" muito mais uma ferramenta de convencimento político, que implica em afirmar que qualquer pessoa que duvide ou traga questionamentos para a maioria dominante, não deve ser nem ouvida ou considerada. Percebe a manipulação?
Para a esquerda, fascista é o governo de Jair Bolsonaro e seus apoiadores e tal premissa é apresentada como verdade incontestável. Claro que não é bem assim, mas vamos avançar agora para outro ponto do texto que citei lá atrás.
"Animê também é política." (Igor Lunei, JBox)
Dentro da ideia de que tudo é política, claro que animações estão incluídas. Mas vamos agora centrar mais nessa ideia. Animê é entretenimento de massas, mas obviamente envolve a utilização de artes aplicadas, como o desenho, a música, o design, etc... É em si uma forma de arte comercial, a animação, regida por regras de mercado e criada por artistas que podem ou não passar mensagens políticas, seja de forma velada, sutil, ou de forma escancarada. No Japão, prevalece até hoje o uso de mensagens sutis, e a militância panfletária que ficou normal em obras americanas, soa uma grosseria e um atentado à inteligência do público. Entre diversas obras e franquias, podemos extrair posicionamentos políticos? Sim e não, depende do caso.
É óbvio que há obras eminentemente políticas. Rurouni Kenshin ~ Samurai X se localiza em um período histórico preciso, a época da Restauração Meiji; e aborda acontecimentos históricos, mas não tem seu foco no debate político acerca do poder imperial ou do autoritarismo militar e sua divisão da sociedade em castas como era no Japão feudal. Isso aparece, mas não acompanhado de discursos sobre regimes de governo ou políticas coletivistas.
Uma obra importante a abordar questões políticas é Rosa de Versalhes, mangá clássico já lançado no Brasil e que gerou animê e versão teatral no Japão. Lidando de forma pioneira com questões políticas e sexuais, foi tema de muitas avaliações apaixonadas de militantes, mas a autora Ryoko Ikeda não caiu em armadilhas narrativas fáceis e panfletárias, realizando uma obra politicamente forte e instigante. Como em Kenshin, fatos políticos e mensagens são colocadas por seus autores, mas sem perder de vista o desenvolvimento de personagens, o entretenimento e a arte narrativa. Em Baldios e Ideon, animês clássicos sobre guerras com robôs gigantes, o pacifismo surge como resposta ao niilismo mostrado em cenários devastadores de guerra. É impossível negar a presença de política em muitas obras, mas é leviano dizer que todas as obras pretendem passar discursos políticos, seja por ação ou omissão.
Os exemplos são muitos, e não se pode reduzir tudo à luta de classes, ou ao discurso "oprimidos x opressores", tão comum na visão de esquerda. Já outras obras podem ter ou não uma leitura política.
Em Yamato - Patrulha Estelar, existe a Força de Defesa da Terra, uma entidade supranacional que protege a humanidade contra ameaças espaciais. Acontece que a equipe do Yamato é formada unicamente por japoneses. O futuro do ano 2199 imaginado por Leiji Matsumoto e Yoshinobu Nishizaki imaginava uma humanidade se unindo contra ameaças em comum, mas com fronteiras nacionais definidas, pois só isso explicaria a tripulação estritamente japonesa. Claro que isso pode ter sido algo natural, em uma época muito anterior à globalização, e nem passou pela cabeça dos autores algum discurso sobre formas de governo ou interação entre os povos, pois o Yamato lida com valores universais como honra, lealdade e dever, além do senso de proteção e altruísmo.
Essa valorização do militarismo deu margem a um artigo no site americano Syfi.com intitulado "The troubling relationship between anime and fascism". Nele, uma autora discorre sobre a relação entre o fascismo e muitas produções japonesas, claramente enxergando o fascismo em toda referência visual e toda visão de um militarismo ligado ao heroísmo. [Confira o texto aqui.]
Dá pra pegar qualquer série de TV, de animê ou especialmente de tokusatsu, em que exista um império maligno querendo conquistar a Terra; que é possível dizer que os heróis estão lutando contra o fascismo, visto que uma característica facilmente reconhecível é o desejo de controlar pela força e estabelecer um governo totalitário. Ou pegar qualquer aventura protagonizada por militares e usar isso como alerta para o perigo da romantização da figura do militar. Isso é feito por militantes para reforçar a luta contra quem os esquerdistas insistem em chamar de fascistas, que é o pessoal que se identifica como conservador. E é contra os conservadores que a esquerda trava a chamada guerra cultural, um embate de narrativas e muita gritaria pela supremacia perante a opinião pública.
Recentemente, um grupo que produz um podcast sobre tokusatsu, apontou minha pessoa como sendo alguém tóxico a ser cancelado, atribuindo a mim atitudes de um fascista louco ou sem caráter que combate causas justas e faz o mal, apoiando o presidente. Foi apoiado por um conhecido roteirista de quadrinhos e ativista de esquerda, que se referiu a mim em seu Twitter dizendo "Sempre foi um otário". Tudo por conta de meus posicionamentos políticos. Claro que respondi de forma bem explosiva a esse verme a quem já tratei cordialmente (e até publiquei) e lancei o desafio, que mantenho, de que ele seja homem de dizer isso na minha cara um dia. Eu, Alexandre Nagado, estou cansado de oportunistas querendo sinalizar virtude às minhas custas.
Combater o fascismo, sendo isso algo reconhecidamente maligno ao mundo, é ótimo, não é? Claro que é! O problema é que esse pessoal quer monopolizar o uso e a definição da palavra fascismo. Que, hoje em dia, é qualquer um que discorde da opinião geral da mídia e apoie o governo federal. Já extrapolou o discurso de esquerda e direita. Ao taxar alguém de fascista ou nazista, está retirando dele o direito de opinar, até de existir.
Desde 2018, existe a iniciativa Quadrinistas Antifascistas, que reúne autores brasileiros de quadrinhos com um símbolo que é uma homenagem ao movimento Antifa norte-americano. Quem acompanha noticiários, sabem que esses antifas batem em velhinhos veteranos de guerra, gritam e atacam pessoas com crianças e agridem verbal ou fisicamente idosos que estejam usando boné da campanha de Donald Trump, como aquele famoso do "Make America Great Again". No Brasil, parte da comunidade de autores independentes de quadrinhos já embarcou nessa loucura que beira o fanatismo religioso. Falei sobre isso num artigo para o site O Porão da Mamãe.
Tudo o que esse povo militante faz é basicamente apontar o dedo para quem eles imaginam ser "do mal" por ser conservador ou apoiar Bolsonaro e suas políticas. O discurso desse povo, alinhado ao de Felipe Neto, é de demonizar os conservadores, atraindo ódio, deboche, escárnio e tentando fazer com que percam trabalhos e oportunidades profissionais através de pressão em redes sociais. Coisa de canalha. Em meio a essas discussões, sempre surge algum perfil, dizendo "eu sonho em deitar fascista na porrada", ou "fascista a gente trata na ponta da faca", ou ainda "fogo nos fascistas". Tudo para intimidar o pensamento contrário ao progressismo e taxar a todos os conservadores de fascistas.
Estou perdendo cada vez mais amigos e colegas por isso, e mesmo gente que já ajudei virou as costas para mim por eu ser de direita. Dizem que o pensamento é livre e existe liberdade de expressão em nosso país, mas não pode ser de direita, pintada pela esquerda como atrasada, violenta e burra. Nada poderia estar mais distante da verdade. Mas, toda e qualquer chance de defesa e argumentação é eliminada quando o outro lado lhe atribui um rótulo hediondo, monstruoso. É o que acontece quando você chama alguém de fascista.
No excelente livro Ganhar de Lavada (Win Bigly), o cartunista e estudioso dos processos de convencimento e tomada de decisões, Scott Adams faz algumas considerações bem interessantes. Segundo ele, a maioria de nós toma decisões emocionalmente, e depois busca uma justificativa racionalizada para se explicar. Em outra parte do livro, ele menciona que, conforme seus condicionamentos e crenças, duas pessoas podem ver um mesmo acontecimento e interpretar completamente diferente, como se fosse ver um filme, com duas telas diferentes. É o que explica a reação ao discurso do presidente em pedir a gradual reabertura do comércio, respeitando os grupos de risco e medidas de higiene. Os detratores gritaram histericamente "Ele quer que todo mundo pegue Covid e morra! Assassino! Genocida!" (o que não faz o menor sentido, se qualquer um parar pra pensar), enquanto os apoiadores disseram "Ele está preocupado com a população mais vulnerável economicamente, gente que pode passar fome e não tem como viver de iFood e Netflix trancado meses em casa sem trabalhar." Esse comportamento se replica em absolutamente tudo, e fica difícil um diálogo racional, tudo vai para o emocional.
Em seu livro Não Tenhais Medo, o escritor Elton Mesquita fala sobre a baixa taxa de confiança interpessoal do brasileiro e como isso dificulta o estabelecimento de diálogos civilizados. Com base em definições e rótulos que não tem nada a ver com o pensamento conservador, o progressista só xinga, acusa e debocha, não permitindo uma conversa acerca de valores e visões de mundo. E isso contaminou a cultura pop e todo seu entorno, como um reflexo da guerra cultural que consome a sociedade brasileira.
A definição de fascismo hoje é bastante elástica, confundindo respeito às hierarquias com autoritarismo, amor à pátria com xenofobia e valorização da família tradicional (enquanto célula-base da sociedade) com homofobia. Parte dessa visão que vê fascismo por todo lado - exceto na esquerda - vem de uma obra do escritor Umberto Eco, que teve uma conferência transformada no livro O Fascismo Eterno.
Não vou ficar defendendo pontos de vista aqui sobre cada item envolvido em discussões políticas, mas quero deixar registrado que li muitos livros de autores variados, de direita e de esquerda. Formei minhas opiniões e visões sobre política lendo autores variados. Clássicos como Aristóteles, Kant, David Hume, Nietzche e La Rochefoulcauld; autores modernos como Olavo de Carvalho, Jordan Peterson, Roger Scruton e Luiz Pondé e fui atrás do contraditório, lendo Marx e Engels, Paulo Freire, Clóvis de Barros e vários outros... Não sou erudito, mas tampouco formei minha opinião vendo apenas YouTube ou seguindo opinião de famosinhos. Sou conservador tendo ampla consciência do que isso significa e dos valores que escolhi para mim, não por ser ignorante, por não entender uma simples aventura de super-heróis infantis ou estar sofrendo de distúrbios mentais. E deveria ser desnecessário dizer, mas também não sou racista, nem homofóbico, xenófobo e nem a favor de genocídio ou assassinatos.
Se uma entidade, empresa, site ou veículo de comunicação quer se dizer apolítica, por qual motivo trata esquerdistas cordialmente e os chama para eventos e ignora direitistas? Será por que o aparelhamento e condicionamento mental da esquerda criaram mesmo o discurso único e totalitário? Me recuso a compactuar com isso, e sou sempre grato àqueles que respeitam meus posicionamentos (concordando ou não) e valorizam a essência do que sou e o conhecimento que trago comigo.
A chamada "falácia do espantalho", que consiste em atribuir rótulos distorcidos e mentirosos ao adversário é uma tática mais do que batida, mas eficaz perante muita gente com pouca informação. Em contrapartida, a maioria esmagadora de militantes de esquerda só conhece autores de esquerda e trata os de direita como loucos perigosos (especialmente o Olavo), sem nunca terem mergulhado no desafio de ler o contraditório. E também apoio o atual presidente por conta de valores e de mudanças estruturais promovidas por sua equipe, nas quais acredito.
Se eu repetisse tudo o que diz a grande mídia, se não buscasse outras fontes e não refletisse sobre o panorama global de acontecimentos, e se ele fosse mesmo um ditador genocida, jamais o apoiaria. Posso estar errado? Claro que posso (somos humanos ainda, eu acho), seja na forma ou no conteúdo, mas dou-me o direito de pensar e me manifestar segundo coisas nas quais acredito. E respeito o contraditório, desde que as pessoas do outro lado não queiram me destruir, ridicularizar ou calar minha voz, ignorando totalmente minha importância e contribuição a segmentos como os quadrinhos e a cultura pop japonesa.
Como alguém que se posiciona fortemente contra a instrumentalização da cultura pop e do entretenimento para a militância e perseguição política, quero deixar algo bem claro a meus leitores: Não farei do Sushi POP um espaço para discurso panfletário, jamais. As poucas matérias onde abordo temas claramente políticos, eu o fiz buscando apresentar uma visão abrangente, um contraponto às narrativas de esquerda que predominam na mídia ou explicar um posicionamento baseado em valores. Reafirmo o compromisso de que o Sushi POP é um espaço de referência sobre vários aspectos da cultura pop japonesa, prezando a pesquisa e a qualidade de informação. Meus leitores sabem que podem esperar de mim a mesma honestidade intelectual que sempre busquei valorizar.
Obrigado a quem respeita minha opinião, não aderiu ao movimento de cancelamento de meu nome e visita este blog em busca de uma boa leitura e boas indicações em cultura pop. Enquanto puder, continuarei. É isso.
http://nagado.blogspot.com/2020/05/herois-japoneses-politica-e-o-fascismo.html
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2020/06/08/looney-tunes-armas-hbo-max.htm
Os episódios de "Looney Tunes Cartoons" (veja o trailer oficial acima) variam de um a seis minutos e Browngardt explicou que a violência, comum nas versões mais antigas da animação com dinamites, armadilhas e cofres de bancos que caíam sobre a cabeça de inocentes, estará presente, mas o uso de armas de fogo pelos personagens está descartado....
É mania de se vampirizar personagens consagrados pra arrancar um troco.