O Politicamente Correto Ditando Regras Para a Arte.

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Comentários

  • editado May 2022
    Aos 1:26

  • Percival escreveu: »
    Aos 1:26

    É o fim do mundo.


  • A Disney está morta.
  • Judas escreveu: »
    Percival escreveu: »
    Aos 1:26

    É o fim do mundo.



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  • Judas escreveu: »
    A Disney está morta.

    O que sem tem é um engodo corporativo movido por pessoas da agenda.
  • Objetivo da comédia é ofender. Rowan Atkinson o Mr Bean diz que os comediantes devem ser livres para fazer piada com quem quiser e é contra a cultura do cancelamento:

    https://www.dailymail.co.uk/tvshowbiz/article-10930135/Rowan-Atkinson-says-comics-make-jokes-spoke-cancel-culture.html?ito=social-facebook
  • Pergunto de novo: precisava?
    sandman-netflix-casting-1200x709.png
  • E acredita que isso vai ter segunda temporada. Não importa a qualidade e sim agenda e ESG enfiado no público. Nunca foi lucro e sim panfletagem para formatar mentes.
  • Percival escreveu: »
    E acredita que isso vai ter segunda temporada...


  • Postei o mesmo vídeo, foi mal.
    É que no do Hitler ele descontrola pq Velma recebeu greenlight pra mais um temporada.
  • Relaxa eu também faria o mesmo.
  • Ao que parece, a Disney decidiu banir duas histórias do artista Don Rosa e não tenciona permitir que as mesmas sejam publicadas novamente. São as histórias "The Richest Duck in the world" (O coração do império) e "The Dream of a lifetime" (Uma vida de sonho!). Em Portugal estas histórias foram publicadas no Disney Especial 205/Obras primas da bd Disney 1 e no Tio Patinhas 217/Obras primas da bd Disney 2/Show Disney 78.
    “Como parte de seu compromisso contínuo com a diversidade e a inclusão, a The Walt Disney Company está a rever a sua biblioteca de histórias”, diz a mensagem enviada ao artista Don Rosa. "Como resultado, algumas histórias que não se alinham com os seus valores não serão novamente publicadas. Isso se aplica a duas das suas histórias clássicas, 'O coração do império' e 'O sonho de uma vida'. Essas histórias não irão fazer parte de quaisquer reimpressões ou novas coleções."
  • Deveriam parar de publicar a Bíblia. Está cheia de atrocidades, violência, pornografia, incesto, racismo e outros absurdos.
  • Fernando_Silva escreveu: »
    Deveriam parar de publicar a Bíblia. Está cheia de atrocidades, violência, pornografia, incesto, racismo e outros absurdos.

    O mais irônico que são os ateus progressistas que estão fazendo isso
  • No último fim de semana (18 e 19), a editora britânica Penguin, dona do selo editorial infantil Puffin, anunciou em uma nota que os livros de Roald Dahl para crianças seriam editados para se adequarem a novos tempos. Palavras como “gordo” e “feia” foram cortadas de obras como “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, “Matilda” e “As Bruxas”. Os censores contratados, ligados à organização Inclusive Minds (“mentes inclusivas”), chamam a si mesmos de “leitores sensíveis”, um serviço que emergiu junto com a ascensão do identitarismo nos últimos dez anos.

    Entre os alvos da sensibilidade estariam preconceitos supostamente contidos nas obras, como a “gordofobia”, a misoginia e o racismo. A cara de uma personagem não poderia ser comparada à de um cavalo, o narrador não deveria explicar que a maioria das mulheres são “amáveis” apesar de toda bruxa ser mulher, e, ao se assustarem, os personagens não poderiam ficar brancos, só “pálidos”. Além disso, personagens gordos não poderiam ser chamados de gordos.

    As mudanças provocaram reação imediata durante a semana. Além dos escritores Salman Rushdie e Philip Pullman, e o ator Brian Cox, manifestaram-se contra a censura dos livros a rainha consorte do Reino Unido, Camilla Parker-Bowles, e o primeiro-ministro Rishi Sunak. Na quinta (23), a rainha fez um discurso na Casa Clarence, residência real em Londres, em um evento marcando o primeiro biênio de uma iniciativa literária. Perante 150 escritores, ela pediu que eles “permaneçam fiéis ao seu chamado, sem impedimento por aqueles que podem querer reprimir a liberdade de sua expressão e de sua imaginação”. Através de porta-voz, Sunak declarou que livros devem ser “preservados e não retocados”.

    Quem são os censores

    A Inclusive Minds, que se declara sem fins lucrativos,foi procurada pela Puffin para achar trechos politicamente incorretos nas obras, com bênção da administração do legado de Dahl — que faz supervisão dos direitos autorais e royalties, doando fundos para organizações de caridade para crianças. Essa administração é constituída pela empresa Roald Dahl Story Company, comprada pela Netflix em 2021. A Netflix não se manifestou sobre a controvérsia.

    A ONG de leitores sensíveis, fundada em janeiro de 2013 pelas consultoras britânicas Beth Cox e Alexandra Strick, tem como missão “a inclusão e acessibilidade na literatura infantil”, “mudar a cara dos livros para crianças” para que representem “toda criança”. Ela não parece ter sede física. Em maio de 2022, Strick disse à revista The Bookseller que a Inclusive Minds estava buscando por “um lar apropriado para essa área vital de trabalho” e que ela havia crescido “de um coletivo informal para uma agência de sucesso”, sendo “uma vítima de seu próprio sucesso” e “grande demais para ser liderada por uma pequena equipe de voluntários”.

    O plano de achar uma organização que a assumisse não parece ter dado certo, pois sua conta no Twitter (com menos de 5 mil seguidores) não deu mais notícias desde então, e mantém como tweet fixado uma página de patronagem pública em que conquistaram apenas três dólares por mês de um único doador. A obra de Dahl parece ter sido o maior projeto que já encabeçaram. A face pública da agência é discreta e sempre apresentada com o mesmo vocabulário de “recursos humanos”, de aparência inofensiva.

    Em seu site, a organização lista como parceiros a Associação de Vendedores de Livros (Booksellers Association), a Associação de Editoras (The Publishers Association, com membros ilustres como a Cambridge University Press e a Royal Society of Chemistry), outra ONG sem fins lucrativos britânica focada em literatura infantil chamada Letterbox Library, que diz em seu site que tem orgulho de “resistir a modas comerciais” e é conhecida por seus “livros que promovem a justiça social”, e a Independent Publishers Guild, que diz ser o maior serviço de impressão de livros do Reino Unido.

    Além dos leitores, a Inclusive Minds também tem “embaixadores da inclusão” com idade entre oito e 30 anos pertencentes a “grupos e históricos marginalizados, sub ou mal representados”. Há mais de 100 deles, com foco em aconselhar autores de novos livros a “assegurar personagens inclusivos autênticos”, informa seu site. Mudanças em obras antigas são sugeridas apenas pelos leitores sensíveis.

    A Gazeta do Povo falou com a Inclusive Minds a respeito da polêmica acerca das obras de Dahl. Por e-mail, a organização explicou que “não escreve, edita ou reescreve textos, mas dá insight de valor aos criadores de livros com a vivência relevante que eles podem levar em consideração no processo mais amplo de escrita e edição”. Ela relata que “muitas editoras infantis no Reino Unido” entraram em contato ao longo de seus dez anos de existência buscando a sua rede de “embaixadores”.

    O termo original da ONG para vivência, “lived experience”, usado por ela com frequência, é um dos favoritos entre os ativistas identitários e enfatiza conhecimento prático e de vida, especialmente de pessoas de grupos alvo de preconceito, acima de conhecimento teórico, que é o que os livros podem oferecer. Os ativistas identitários brasileiros (que emulam os americanos) costumam usar a mesma tradução da reportagem para o termo. O filósofo americano Peter Boghossian, crítico do identitarismo, condena o conceito: “A pressão social que se sente para fazer deferência à ‘vivência’ está nos impedindo de descobrir qual problema é real e precisa ser resolvido e qual é uma ilusão social coletiva”, tuitou Boghossian no ano passado.

    “O envolvimento dos nossos embaixadores não diz respeito a cortar conteúdo potencialmente controverso”, explica a Inclusive Minds, “mas, em vez disso, a incluir e incorporar autenticidadee vozes e experiências inclusivas desde o começo” (ênfase no original). Quanto a obras antigas, a ONG explica que os embaixadores normalmente não fazem o trabalho de revisão, mas que podem dar uma contribuição de valor “no que diz respeito a revisar a linguagem que pode ser danosa e perpetuar estereótipos nocivos”.

    Uma das funcionárias da ONG foi Jo Ross-Barrett, que se descreve como “anarquista não-binária, assexual, em relação poliamorosa, que está no espectro do autismo”. Em 2022, ela deu a entender, no LinkedIn, que estava trabalhando em um grande projeto secreto que envolvia “entregar uma revisão em larga escala e abrangente de problemas de inclusão e soluções em potencial para os proprietários de direitos autorais e editores de uma das coleções clássicas mais famosas de livros infantis do mundo (detalhes sob sigilo até a publicação)”.

    Após o site conservador National Review republicar esta descrição, o perfil de Ross-Barrett na rede social ficou fora do ar por dias, depois retornou sem publicações próprias. O perfil informa que ela atua hoje em dia como consultora independente de diversidade, equidade e inclusão, antes tendo trabalhado para a Inclusive Minds por três anos e nove meses, com desligamento em junho de 2022. Um porta-voz da Roald Dahl Story Company disse ao jornal Hollywood Reporter que a revisão da obra do autor pela Inclusive Minds começou em 2020, antes da aquisição dos direitos pela Netflix.

    A pessoa à frente da organização hoje é A. M. Dassu, que já publicou livros como “Fight Back” (algo como “Reaja”), a história de uma garota muçulmana que luta contra a “islamofobia” depois de um ataque terrorista em seu bairro, e “Boot It” (algo como “Pontapé”), história de dois garotos de minorias étnicas que enfrentam o racismo em seu time esportivo.

    Uma “leitora sensível” envolvida na ONG é Gift Ajimokun, que se declara “negra, queer e neurodiversa”. Ela já trabalhou para a Penguin, onde fundou uma “comunidade interna para pessoas de cor na Penguin Random House que tem como meta promover as vozes de funcionários de cor além de nossos autores”, segundo o National Review.

    Uma atual embaixadora da inclusão é Sarah Mehrali, que reclamou que “O Jardim Secreto”, que ela atribuiu a “C. S. Lewis”, não contém “pessoas de cor”. Na verdade, a autora do livro é Frances Hodgson Burnett. “Aprendi que pessoas de cor não fazem aventuras” em livros como este, queixou-se Mehrali.

    Uma ex-embaixadora, que atuou em 2020, é Lois Brookes. Ela diz, em descrição própria no site de sua empresa, que tem “identidade e histórico muito interseccionais”, e lista como atributos “lésbica”, “judia”, “cigana romani”, “deprimida” e “ansiosa”. Outros embaixadores têm perfil similar e também enfatizam aspectos de sua identidade que têm pouco ou nada a ver com interesse em literatura.

    Penguin “recua” e oferece as obras originais
    Na sexta (24), a editora Penguin anunciou que publicará até o fim do ano a Coleção Clássica Roald Dahl, com 17 títulos, em seu próprio selo geral, deixando as versões editadas pelos leitores sensíveis para seu selo infantil Puffin. Para a coleção, a empresa prometeu a inclusão de “material de arquivo relevante para cada uma das histórias”.

    A coleção, sem edições que mudam o texto original ou eliminam adjetivos considerados ofensivos por ativistas, ficará “em paralelo com os recém-lançados livros Puffin de Roald Dahl para leitores jovens, que são projetados para crianças que pode estar navegando por conteúdo escrito de forma independente pela primeira vez”.

    “Os leitores terão liberdade de escolher qual versão das histórias de Dahl eles preferem”, disse a nota da editora, que elogia efusivamente o talento do autor e repete a ideia de que os livros editados são uma forma segura de as crianças começarem o hábito da leitura, mas não usa nenhum dos termos preferidos pela Inclusive Minds.
  • Percival escreveu: »
    No último fim de semana (18 e 19), a editora britânica Penguin, dona do selo editorial infantil Puffin, anunciou em uma nota que os livros de Roald Dahl para crianças seriam editados para se adequarem a novos tempos. Palavras como “gordo” e “feia” foram cortadas de obras como “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, “Matilda” e “As Bruxas”. Os censores contratados, ligados à organização Inclusive Minds (“mentes inclusivas”), chamam a si mesmos de “leitores sensíveis”, um serviço que emergiu junto com a ascensão do identitarismo nos últimos dez anos.

    Entre os alvos da sensibilidade estariam preconceitos supostamente contidos nas obras, como a “gordofobia”, a misoginia e o racismo. A cara de uma personagem não poderia ser comparada à de um cavalo, o narrador não deveria explicar que a maioria das mulheres são “amáveis” apesar de toda bruxa ser mulher, e, ao se assustarem, os personagens não poderiam ficar brancos, só “pálidos”. Além disso, personagens gordos não poderiam ser chamados de gordos.

    As mudanças provocaram reação imediata durante a semana. Além dos escritores Salman Rushdie e Philip Pullman, e o ator Brian Cox, manifestaram-se contra a censura dos livros a rainha consorte do Reino Unido, Camilla Parker-Bowles, e o primeiro-ministro Rishi Sunak. Na quinta (23), a rainha fez um discurso na Casa Clarence, residência real em Londres, em um evento marcando o primeiro biênio de uma iniciativa literária. Perante 150 escritores, ela pediu que eles “permaneçam fiéis ao seu chamado, sem impedimento por aqueles que podem querer reprimir a liberdade de sua expressão e de sua imaginação”. Através de porta-voz, Sunak declarou que livros devem ser “preservados e não retocados”.

    Quem são os censores

    A Inclusive Minds, que se declara sem fins lucrativos,foi procurada pela Puffin para achar trechos politicamente incorretos nas obras, com bênção da administração do legado de Dahl — que faz supervisão dos direitos autorais e royalties, doando fundos para organizações de caridade para crianças. Essa administração é constituída pela empresa Roald Dahl Story Company, comprada pela Netflix em 2021. A Netflix não se manifestou sobre a controvérsia.

    A ONG de leitores sensíveis, fundada em janeiro de 2013 pelas consultoras britânicas Beth Cox e Alexandra Strick, tem como missão “a inclusão e acessibilidade na literatura infantil”, “mudar a cara dos livros para crianças” para que representem “toda criança”. Ela não parece ter sede física. Em maio de 2022, Strick disse à revista The Bookseller que a Inclusive Minds estava buscando por “um lar apropriado para essa área vital de trabalho” e que ela havia crescido “de um coletivo informal para uma agência de sucesso”, sendo “uma vítima de seu próprio sucesso” e “grande demais para ser liderada por uma pequena equipe de voluntários”.

    O plano de achar uma organização que a assumisse não parece ter dado certo, pois sua conta no Twitter (com menos de 5 mil seguidores) não deu mais notícias desde então, e mantém como tweet fixado uma página de patronagem pública em que conquistaram apenas três dólares por mês de um único doador. A obra de Dahl parece ter sido o maior projeto que já encabeçaram. A face pública da agência é discreta e sempre apresentada com o mesmo vocabulário de “recursos humanos”, de aparência inofensiva.

    Em seu site, a organização lista como parceiros a Associação de Vendedores de Livros (Booksellers Association), a Associação de Editoras (The Publishers Association, com membros ilustres como a Cambridge University Press e a Royal Society of Chemistry), outra ONG sem fins lucrativos britânica focada em literatura infantil chamada Letterbox Library, que diz em seu site que tem orgulho de “resistir a modas comerciais” e é conhecida por seus “livros que promovem a justiça social”, e a Independent Publishers Guild, que diz ser o maior serviço de impressão de livros do Reino Unido.

    Além dos leitores, a Inclusive Minds também tem “embaixadores da inclusão” com idade entre oito e 30 anos pertencentes a “grupos e históricos marginalizados, sub ou mal representados”. Há mais de 100 deles, com foco em aconselhar autores de novos livros a “assegurar personagens inclusivos autênticos”, informa seu site. Mudanças em obras antigas são sugeridas apenas pelos leitores sensíveis.

    A Gazeta do Povo falou com a Inclusive Minds a respeito da polêmica acerca das obras de Dahl. Por e-mail, a organização explicou que “não escreve, edita ou reescreve textos, mas dá insight de valor aos criadores de livros com a vivência relevante que eles podem levar em consideração no processo mais amplo de escrita e edição”. Ela relata que “muitas editoras infantis no Reino Unido” entraram em contato ao longo de seus dez anos de existência buscando a sua rede de “embaixadores”.

    O termo original da ONG para vivência, “lived experience”, usado por ela com frequência, é um dos favoritos entre os ativistas identitários e enfatiza conhecimento prático e de vida, especialmente de pessoas de grupos alvo de preconceito, acima de conhecimento teórico, que é o que os livros podem oferecer. Os ativistas identitários brasileiros (que emulam os americanos) costumam usar a mesma tradução da reportagem para o termo. O filósofo americano Peter Boghossian, crítico do identitarismo, condena o conceito: “A pressão social que se sente para fazer deferência à ‘vivência’ está nos impedindo de descobrir qual problema é real e precisa ser resolvido e qual é uma ilusão social coletiva”, tuitou Boghossian no ano passado.

    “O envolvimento dos nossos embaixadores não diz respeito a cortar conteúdo potencialmente controverso”, explica a Inclusive Minds, “mas, em vez disso, a incluir e incorporar autenticidadee vozes e experiências inclusivas desde o começo” (ênfase no original). Quanto a obras antigas, a ONG explica que os embaixadores normalmente não fazem o trabalho de revisão, mas que podem dar uma contribuição de valor “no que diz respeito a revisar a linguagem que pode ser danosa e perpetuar estereótipos nocivos”.

    Uma das funcionárias da ONG foi Jo Ross-Barrett, que se descreve como “anarquista não-binária, assexual, em relação poliamorosa, que está no espectro do autismo”. Em 2022, ela deu a entender, no LinkedIn, que estava trabalhando em um grande projeto secreto que envolvia “entregar uma revisão em larga escala e abrangente de problemas de inclusão e soluções em potencial para os proprietários de direitos autorais e editores de uma das coleções clássicas mais famosas de livros infantis do mundo (detalhes sob sigilo até a publicação)”.

    Após o site conservador National Review republicar esta descrição, o perfil de Ross-Barrett na rede social ficou fora do ar por dias, depois retornou sem publicações próprias. O perfil informa que ela atua hoje em dia como consultora independente de diversidade, equidade e inclusão, antes tendo trabalhado para a Inclusive Minds por três anos e nove meses, com desligamento em junho de 2022. Um porta-voz da Roald Dahl Story Company disse ao jornal Hollywood Reporter que a revisão da obra do autor pela Inclusive Minds começou em 2020, antes da aquisição dos direitos pela Netflix.

    A pessoa à frente da organização hoje é A. M. Dassu, que já publicou livros como “Fight Back” (algo como “Reaja”), a história de uma garota muçulmana que luta contra a “islamofobia” depois de um ataque terrorista em seu bairro, e “Boot It” (algo como “Pontapé”), história de dois garotos de minorias étnicas que enfrentam o racismo em seu time esportivo.

    Uma “leitora sensível” envolvida na ONG é Gift Ajimokun, que se declara “negra, queer e neurodiversa”. Ela já trabalhou para a Penguin, onde fundou uma “comunidade interna para pessoas de cor na Penguin Random House que tem como meta promover as vozes de funcionários de cor além de nossos autores”, segundo o National Review.

    Uma atual embaixadora da inclusão é Sarah Mehrali, que reclamou que “O Jardim Secreto”, que ela atribuiu a “C. S. Lewis”, não contém “pessoas de cor”. Na verdade, a autora do livro é Frances Hodgson Burnett. “Aprendi que pessoas de cor não fazem aventuras” em livros como este, queixou-se Mehrali.

    Uma ex-embaixadora, que atuou em 2020, é Lois Brookes. Ela diz, em descrição própria no site de sua empresa, que tem “identidade e histórico muito interseccionais”, e lista como atributos “lésbica”, “judia”, “cigana romani”, “deprimida” e “ansiosa”. Outros embaixadores têm perfil similar e também enfatizam aspectos de sua identidade que têm pouco ou nada a ver com interesse em literatura.

    Penguin “recua” e oferece as obras originais
    Na sexta (24), a editora Penguin anunciou que publicará até o fim do ano a Coleção Clássica Roald Dahl, com 17 títulos, em seu próprio selo geral, deixando as versões editadas pelos leitores sensíveis para seu selo infantil Puffin. Para a coleção, a empresa prometeu a inclusão de “material de arquivo relevante para cada uma das histórias”.

    A coleção, sem edições que mudam o texto original ou eliminam adjetivos considerados ofensivos por ativistas, ficará “em paralelo com os recém-lançados livros Puffin de Roald Dahl para leitores jovens, que são projetados para crianças que pode estar navegando por conteúdo escrito de forma independente pela primeira vez”.

    “Os leitores terão liberdade de escolher qual versão das histórias de Dahl eles preferem”, disse a nota da editora, que elogia efusivamente o talento do autor e repete a ideia de que os livros editados são uma forma segura de as crianças começarem o hábito da leitura, mas não usa nenhum dos termos preferidos pela Inclusive Minds.
    Esse vídeo fica mais e mais relevante conforme o tempo passa:



  • Não existem mais gordos. Nunca houve.
    O mesmo se aplica a um monte de outras coisas que poderiam ofender pessoas sensíveis.
  • editado March 2023
    Temos que proteger os floquinhos de neve.
    As novas sensibilidades

    Esta geração precisa de espaços seguros para se desenvolver e não pode ser exposta a barbáries do tipo Tom & Jerry

    Eduardo Affonso 04/03/2023


    Há quem fale em censura, mas as edições revistas e pasteurizadas de clássicos podem ser entendidas como mera atualização de discurso, acomodação aos novos tempos. Releituras, ao estilo “quem conta um conto omite um ponto”.

    Se há consumidor para café sem cafeína, cerveja sem álcool e churrasco de melancia, também os haverá para literatura sem “gordo”, “feio”, “louco”. Ou que evite palavras cavilosas, como “preta” — ainda que para caracterizar a cor de um casaco — e “branca” — mesmo que para falar da lividez de um rosto.

    Já foram feitas adaptações de “Dom Quixote”, da “Odisseia” e até de “Alice no País das Maravilhas” para leitores infantis. Mauricio de Sousa abrasileirou Shakespeare, Jonathan Swift e Alexandre Dumas usando a Turma da Mônica. Não deveria haver problema em ajustar Roald Dahl e sua “Fantástica fábrica de chocolate” à frágil criança moderna.

    Esta é uma geração que precisa de espaços seguros para se desenvolver e não pode ser exposta a barbáries do tipo Tom & Jerry ou Recruta Zero & Sargento Tainha. Imagine a fluoxetina necessária para livrar os petizes do século XXI da angústia de conviver com uma hiena depressiva como Hardy (“Oh, dia, oh, céus, oh, azar”) ou com a competitividade desenfreada da “Corrida maluca”.

    Não há mais lugar para vilões acima do peso (valeu, Madame Min!), portadores de deficiência física (para a prancha, Capitão Gancho!) ou divergentes dos padrões estéticos impostos pela sociedade (hasta la vista, madrastas, cucas e gargameis!).


    As Seleções do Reader’s Digest ofereciam versões condensadas de romances para quem não tinha tempo (ou paciência) para os originais. Walt Disney calibrou os contos de fadas ao paladar da classe média — suprimindo suicídio, canibalismo, pedofilia.

    Sempre foi assim: alguém já viu uma “Bíblia para crianças” com as passagens sobre escravos terem de se sujeitar a senhores perversos, mulheres serem apedrejadas por não chegarem virgens ao casamento e homossexuais merecerem a pena de morte?

    É natural que livros sejam traduzidos não só de uma língua para outra, mas também de um tempo a outro, servindo a uma geração que quer poupar os filhos de conviver com o que a cultura produziu antes do advento da (sua) Verdade.

    Durante as ditaduras — a getulista e a militar —, o que não faltou foi obra de arte adaptada às novas sensibilidades. Aldir Blanc precisou trocar o “almirante negro” por um genérico “navegante”. O bonde de São Januário, de Wilson Batista, que “leva mais um otário/que vai indo trabalhar” passou a levar “mais um operário”. Raul Seixas teve de se livrar de “quem não tem presente se contenta com o futuro” para aprovar o seu (quem não tem colírio usa) “óculos escuros”. Rita Lee e Roberto de Carvalho abriram mão da transa mais explícita de “Em plena vagabundagem/em qualquer posição/falando muita bobagem/bolinando com água e sabão” para ficar apenas “com toda disposição”, se “esfregando”, sem bolinar.

    Censura? Imagina. Apenas adequação ao que ferisse as suscetibilidades do momento histórico.

    O que mudou é que isso ficava a cargo do aparato da repressão ou dos interesses comerciais. Agora quem define é a “elite intelectual”. Não deixa de ser um apigreide, pois não?

    Pelo menos não queimam os originais. Há de continuar existindo quem prefira o sumo ao refresco.
    https://oglobo.globo.com/opiniao/eduardo-affonso/coluna/2023/03/as-novas-sensibilidades.ghtml
  • Pergunto de novo: precisava?

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