Mídias Evangelizadoras

editado June 2017 em Religião é veneno
20170508spiritual-warfare-wisdom-tree-collection.png

Não, apesar de nos últimos anos anos termos visto o Steam passar a vender filmes e programas, o motivo deste post não é para falar sobre a chegada de uma versão interativa da Bíblia por lá ou mesmo de um serviço de streaming mantido por alguma igreja.

 O que aconteceu há alguns dias na loja da Valve foi o lançamento do Spiritual Warfare & Wisdom Tree Collection, uma coletânea de jogos que começaram a causar polêmica há quase 30 anos e não só por tentar divulgar as histórias contadas no milenar livro. Mas antes, vamos à história da desenvolvedora.

 Lá pelo final da década de 80 uma empresa chamada Color Dreams ficou conhecida por ser uma das maiores produtoras de jogos não licenciados para o NES. Temendo que outras companhias seguissem o exemplo, o que poderia lhe causar sérios prejuízos pela falta de pagamento de royalties, a companhia japonesa fez pressão para que as revendas não tivessem títulos da Color Dreams em suas prateleiras e a situação começou a ficar bastante difícil para eles.

 Então, com a chegada dos anos 90 o estúdio decidiu apostar num nicho pouco explorado, que era de jogos religiosos e acreditavam na existência de um bom público para eles, uma saída seria vender os cartuchos em livrarias cristãs, onde a Nintendo não tinha influência. Nascia ali a subsidiária Wisdom Tree.
Com a responsabilidade de criar e divulgar tais produções, o novo estúdio começou a enviar propagandas para as lojas e até mesmo vídeos como este, que podia ser vistos nos estacionamentos junto com a afirmação “Esse jogo promove a alfabetização bíblica e ensina as crianças sobre a Bíblia enquanto jogam um divertido e empolgante jogo no estilo Super Mario Bros.






Além disso, os jogos costumavam ser acusado de “roubar” ideias de outras produções, como por exemplo o Spiritual Warfare, que é muito parecido com o The Legend of Zelda. Já o Bible Adventures, que inclui o trio Noah’s Ark, Baby Moses e David and Goliath, pode ser descrito como clones do Super Mario, enquanto o Joshua and the Battle of Jericho é bastante parecido com Cystal Mines e por fim, o Exodus fará muitos lembrarem do Boulder Dash.




Mesmo assim, aos poucos os jogos passaram a ser tratados como obras cult e se você nunca teve a oportunidade de adquirir esses títulos de maneira legal, a Spiritual Warfare & Wisdom Tree Collection está aí para resolver o problema. O bom é que todos eles poderão ser adquirido no Steam por R$ 15,99; valor que nem considero alto, mas que não sei se estou disposto a gastar porque sei que nunca os jogarei por muito tempo.



http://meiobit.com/365130/agora-a-palavra-do-senhor-esta-disponivel-no-steam/

Comentários

  • Não posso deixar de perder.
  • Lembrei dessa maravilha:

  • Super Book
    superbook.jpg

    Anime Oyako Gekijo (Teatro Animado para Pais e Filhos)

    Produção: Tatsunoko, 1981

    Episódios: 26 p/ tv

    Criação: Equipe Tatsunoko Productions

    Exibição no Japão: TV Tokyo (09/10/1981 – 29/03/1982)

    Exibição no Brasil: Rede Record – Rede Vida – Rede Gênesis

    Disponível em: VHS e DVD


     Na década de 70, os japinhas ficavam de olhos arregalados assistindo a animes com robozões quadrados que dominavam totalmente a programação das tv’s japonesas. Os estúdios de animação deixavam seu cérebro descansando e usavam e abusavam do estilo do momento.

     Depois de anos constantemente reciclando idéias anteriores de sucesso, o desgaste fez com que chegassem à “brilhante” idéia de passar clássicos da literatura e do cinema ocidental ao 2D. Foi aí que surgiram animes como Pinóquio, Pequeno Príncipe, Rei Arthur, etc. Isso se tornou uma coisa comum e continuou na década seguinte (Dartagnan, por exemplo XD). Com tantas histórias famosas ganhando uma versão animada, era de se imaginar que o livro de maior influência na vida do povo ocidental aparecesse na tela nipônica: a Bíblia.

     Para a cultura japonesa em geral, Jesus Cristo e as demais personagens bíblicas refletem numa simples passagem histórica. Pouquíssimos animes relatam sobre o cristianismo. Podemos contar nos dedos as produções que trabalham em cima desse assunto, como Super Doll Licca-Chan, Marcelino Pão e Vinho, Maria Sama e claro, o precursor de todos estes, Super Book (ae, finalmente… XP).Produzido pela Tatsunoko em 1981 (sob encomenda da CBN – canal religioso dos EUA) e criado pela equipe da própria, Super Book (Anime Oyako Gekijo) estreou em 9 de outubro pela TV Tokyo (que na época se chamava Tokyo 12). Mesmo trazendo uma cultura diferente que poderia despertar a atenção da maioria budista, o anime não teve todo o prestígio (não é aquele chocolate da Nestlé XP) esperado e seus 26 episódios tiveram um sucesso bem ameno (inclusive no site da produtora ele é totalmente ignorado como se não fizesse parte da história da Tatsunoko…).

     Mas, ao embarcar no ocidente, Superbook rendeu um lucro fenomenal pra Tatsunoko (e CBN) continuar a investir no filão, afinal, hoje em dia tudo que fala da bíblia vende como água, se é que vocês me entendem… Dezenas de países se renderam ao anime e os VHS, lotavam as lojinhas de produtos religiosos. A venda dessas fitinhas nos Estados Unidos passou a marca de 2,5 milhões de cópias! Realmente, está comprovado que o gosto dos dois lados do globo (globo tem lado? XD) ainda se encontram distantes em certas coisas…O anime contou com roteiros de Akiyoshi Sakai (supervisor de Cybaster) e direção de Norio Yazawa (que fez storyboard para o Jetter Mars, exibido aqui pela Record), Osamu Sekita (que trabalhou em várias séries Gundam, Beyblade V Force, G Revolution e Transformers: a Nova Geração) e Susumu Ishisaki (assistente de direção do longa Harmagedon  – o anime e não o de hollywood u.u).

     Devido a boa aceitação no ocidente, a Tatsunoko continuou a investir na série (visando a venda para países de maioria católicos, principalmente) e produziu uma seqüência de 26 episódios em 1983, intitulada “Pasocon Travel Tanteidan”. A mudança ficou a cargo da entrada de um irmãozinho dos protagonistas da série original, que estão mais crescidinhos. Tal seqüência nunca foi lançada por aqui.

     
  • editado June 2017
    Um pouquinho (mesmo) da história


    Em um bairro de classe média vive uma família comum, em especial os irmãos Chris e Joy , com sua cadelinha de estimação e um brinquedo falante chamado Guizmo (@_@). Em um dia, eles abrem o Super Livro (a Bíblia seu besta XD) e são sugados para dentro dela. Para maior surpresa das crianças, eles presenciam a famosa história de Adão e Eva. É aí que eles percebem que atravessaram no tempo quando abriram o livro sagrado. Desde então eles passam a todo dia viver uma nova aventura bíblica tentado ajudar os lendários personagens (inclusive no Apocalipse, muito emocionante! XD). Só pra constar… A Bíblia (ou super livro) passa a falar… @_@” (e aqui foi dublado por Drausio de Oliveira, o Nylon de A Princesa e o Cavaleiro e o Abel no 3º especial de Os Cavaleiros do Zodíaco).


    Casa Voadora – O Filho bastardo

    tvsinopse110.jpg


    Mesmo com o sucesso ameno de Super Book na tv, a Tatsunoko resolveu seguir em frente com a fórmula (como já expliquei, visando o exterior…)… E no mesmo ano do término do anime surgia “Tondera House no Daiboken” – ou A Casa Voadora (lançado em vídeo por aqui), na tela da mesma rede de televisão, a TV Tokyo. O anime seguiu praticamente o roteiro exato de Super Book (mudando somente o princípio…), os mesmos elementos, personagens quase iguais (só mudando o design…), etc., o que faz muita gente até hoje fazer uma confusão entre as duas produções.
    No Brasil

    Por aqui, Super Book é quase que totalmente desconhecido do público adorador de anime . Mesmo sendo exaustivamente reprisado pela Record (onde estreou no início dos anos 90, quando a emissora foi comprada pela Igreja Universal) e Rede Vida (que o exibiu em meados de 2000 dentro do troncho Coisas de Criança), o anime foi muito mal divulgado.

     Todos os 26 episódios foram lançados em VHS pela EBF editora (com umas capas bem feiosinhas, que nem mostram os protagonistas…) e com sorte você ainda encontra em lojas de artigos religiosos ou pelo site da editora. Muitos acreditam ter acompanhado a série pela Band, mas ela nunca passou por lá. A Band exibiu sim desenhos bíblicos, mas longe de Super Book.

     Em 2008, a desconhecida distribuidora Norfolk Filmes lançou 5 volumes do anime em DVD, com 3 capítulos em cada disco. Novamente, as capas horrorosas afugentam qualquer um. =P

     Apesar da má repercussão, Super Book deixou vários fãs na terra do Tiririca (não me orgulho muito disso… XD), que lembram com carinho das não apelativas e cativantes histórias que trazia. Se você ainda se encontra fascinado por animes de porradaria com alienígenas atacando o mundo, se afaste desse anime (e também da Abelinha Hutch XD) ele pode te traumatizar, hehehe XP.
    Só pra encher lingüiça (porque essa matéria ficou graande ¬¬”…): a série foi distribuída na Itália (e provavelmente mais países da Europa…) pela Harmony Gold, a mesma que fez aquela bagunça chamada Robotech. Só que em Superbook a empresa não fez nenhum cortezinho, afinal, editá-lo seria pecado. =P

    Checklist episódios:


    1 – A história de Adão e Eva.
    2 – A história de Caim e Abel.
    3 – A história da arca de Noé.
    4 – A história do grande pai.
    5 – A história da ponte estrangeira.
    6 – A história dos irmãos gêmeos.
    7 – A história do Egito.
    8 – A história do elenco mágico.
    9 – A história do trompete impressionante.
    10 – A história dos 300 potes.
    11 – A história da força de Hércules.
    12 – A história do estábulo.
    13 – A história do milagre de Jesus.
    14 – A história da tumba vazia.
    15 – A história do filho pródigo.
    16 – A história da tentação do demônio.
    17 – A história do homem engolido pela baleia.
    18 – A história do rei idiota.
    19 – A história de Davi.
    20 – A história do rei Salomão.
    21 – A história do profeta Elias.
    22 – A história do tanque de fogo.
    23 – A história da caverna dos leões.
    24 – A história das paredes brilhantes do castelo.
    25 – A história da bela princesa.
    26 – A história do fim da Terra.


    Curiosidade: a série ganhou um remake e foi exibida por aqui no Sábado Animado no SBT:

    latest?cb=20120527031246&path-prefix=es
  • A Casa Voadora

    casavoadora.jpg


    Tondera House no Daiboken


    Grandes Aventuras da Casa Incrível


      Produção: Tatsunoko, 1982

    Episódios: 52 p/tv

    Criação: Tatsunoko Productions

    Exibição no Japão: TV Tokyo (05/04/1982 – 28/03/1983)

    Exibição no Brasil: Rede Gênesis – TV Novo Tempo

    Disponível em: VHS


     Última Atualização: 09/09/2009

     Dinheiro. Essa é sempre a primeira coisa que o patrocinador de um anime tem em mente antes do início de um projeto. Cerca de 99% das animações japonesas são feitas com esse claro objetivo, mas não é de hoje que essa ideia martela na cabeça dos empresários da terrinha do sol nascente, apesar de ser representada de uma forma mais tímida nos primórdios da animação japonesa. A partir dos anos 60 as empresas começaram a perceber o quão lucrativo pode ser uma série de desenho animado e o amadurecimento do mercado fez com que o esquemão ficasse mais descarado a partir dos anos 80.

     Se muitos animes apresentam grande êxito tanto no Japão quanto no resto do mundo, outros tantos fizeram sucesso considerável em um lado apenas. Foi o caso de Speed Racer nos anos 60 e do bíblico Super Book no início dos anos 80. Esse último, embora praticamente desconhecido dos japoneses hoje em dia, tornou-se um fenômeno comercial nos EUA, onde os pais compravam as fitinhas VHS com o desenho, a fim de ensinar boas lições a seus pimpolhos. Sem ligar para os consumidores de seu próprio país, visando apenas o exterior, a Tatsunoko (produtora de Superbook) resolveu continuar investindo na fórmula. E isso resultou no anime A Casa Voadora.

     tondera.jpg
    A Produção

    Tondera House no Daiboken foi dirigido pelos desconhecidos Mineo Fuji (Samurai Pizza Cats) e Masakaku Higuchi (que já havia trabalhado anteriormente em Super Book). Sendo mais uma típica animação “família” da Tatsunoko, teve o próprio Kenji Yoshida (um dos irmãos fundadores da empresa) atuando na produção, estreando na TV Tokyo (que ainda se chamava Tokyo 12 na época) em abril de 1982, gerando o dobro de episódios do seu “pai”, Super Book. Pelo visto, a Tatsunoko ficou animada com o lucro comercial dos desenhos bíblicos no ocidente (tendo ainda o aval de um canal cristão americano, o CBN), em vista que ” A Casa…” chegou a mais de 70 países, sendo traduzido em 15 línguas diferentes (o que não desfaz a falta de imagens na internet, nos obrigando a desenhá-las por contra própria @_@). Interessante notar na abertura japonesa (irritante pra cacete) uma sequência de bandeiras de diversos países, incluindo o Brasil!

     Historinha


    O roteiro da “Casa…” segue o mesmo intuito da série antecessora com um pequeno porém, convenhamos que até criativo: ao invés do “Superlivro” em que as crianças entravam nas histórias para voltar ao passado, a própria casa dos personagens é a máquina do tempo… E não uma simples máquina, mas sim uma fantástica casa voadora! Uaaaaau… Ok, isso não impressiona em nada e nos faz pensar que alguém da produção estava chapado ao criar isso.

     A casa é uma invenção do doutor Bumble (esses nomes gringos são lindos né? No original é Tokio Taimu…), um atrapalhado cientista criador também do robozinho movido à energia solar, SIR (sigla de Solar Ion Robot). Tudo começa quando três irmãos – Justin (Gen), Angey (Kanna) e o pequeno Corky (Tsukubo) – brincando na floresta, enfrentam uma tempestade. Fugindo desorientadas da chuva, as crianças descobrem a tal casa e entram para se abrigarem. O cientista os recepciona e logo depois, acidentalmente, o robozinho se descontrola e esbarra nos controles fazendo acontecer a magia (uaaaaaau… ¬¬’).

     A casa e seus habitantes são transportados ao passado que rege o Novo Testamento e todos acabam tendo um pepino em mãos: o professor não sabe como voltar pra época atual por um erro da máquina! Agora as crianças irão vagar pelas histórias bíblicas interagindo com os lendários personagens ou então contando por conta própria as passagens que servirão pra moral do episódio do dia =P
  • E fica nisso mesmo, não tem nenhuma saga mirabolante ou um objetivo final a ser alcançado, exceto o fato de voltarem de onde vieram. O que acaba acontecendo no último episódio, da mesma forma que no início: SIR fica doidão, bate na máquina e eles viajam no tempo… Todo santo capítulo (trocadilho besta) uma história bíblica é revivida e contada de forma inocente feita claramente pras crianças assistirem e os japas lucrarem com a exportação.

     Bom, às vezes nem tudo é inocente pros gringos. A televisão americana acabou banindo o episódio que tratava do julgamento final, pra não assustar as criancinhas. Tal capítulo mostrava entre outras coisinhas os pecadores sofrendo no calor do inferno enquanto Deus acolhia os inocentes no céu. Chocante, não acham?

     No Brasil


    Devido aos personagens parecidíssimos visual (garotinhos, robozinho amigo…) e tematicamente, no Brasil a série é constantemente confundida com Super Book, onde os dois foram lançados no mercado de vídeo nacional. Aliás, aparentemente a série foi lançada originalmente aqui com o título de Super Book, como se fizesse parte da produção que a antecedera. Que pecado! Mas somente Super Book (o de verdade =P) teve uma maior projeçãozinha com a exibição na TV. Jogado num cantinho de lojas de artigos religiosos, o lançamento da “Casa…” não teve um pífio reconhecimento e somente metade dos episódios foi lançada.

     Só temos dados recentes da exibição do anime na tv brasileira. A primeira exibição ocorreu no canal evangélico Rede Gênesis. A emissora gerada em Brasília reservou em 2005 um espaço de 1 hora para sua programação infantil. Com um programa mais bizarro que os da CNT, apresentado por um grupo teatral mais bizarro ainda, o anime passou escondido ao lado de Super Book, numa exibição aleatória que envolvia filmes bíblicos de quando sua avó era virgem. Pergunto-me qual criança assistiria um programa daqueles… Se bem que aquela turminha cabeçuda do RR Soares faz até algum sucesso @_@… Credo!

     Em 2009, uma leva de episódios passou a ir ao ar com vozes que lembam aquelas dublagens sem expressão feitas em Miami (como já aconteceu com Soul Hunter e mais recentemente Blue Dragon) levando a crer que se tratava dos episódios não lançados oficialmente em VHS. Fora isso, o anime volta e meia aparece escondido na programação infantil de outros canais cristãos num esquema parecido com o que “permite” séries como Os Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z sejam exibidos em certos canais locais – mesmo que os direitos legais sobre elas não tenham sido adquiridos… Nem anime bíblico escapa de um “esqueminha” malandro.

     A Casa Voadora não é nenhum anime estupendo que fará você direcionar 20 minutos de sua atenção, mas temos que admitir que foi uma sacada genial da Tatsunoko para faturar em cima do maior best-seller de todos os tempos – a Bíblia, caso não saibas e ache que é o Harry Potter ¬¬’. Enquanto Superbook desperta uma certa nostalgia quando assistido hoje em dia, A Casa Voadora causa uma estranha sensação de… nada. O anime é apático e nem o tema americano (que tem cara de jingle de companhia aérea dos anos 80 @_@) te prende ao conteúdo das aventuras. A receita é a mesma, mas A Casa saiu com um gosto meio solado…
    http://www.jbox.com.br/materias/a-casa-voadora/
Entre ou Registre-se para fazer um comentário.