Igreja aprova e recomenda o masoquismo
Igreja aprova e recomenda o masoquismo
https://padrepauloricardo.org/episodios/a-igreja-ainda-aprova-o-uso-do-cilicio?utm_content=buffercaea4&utm_medium=social&utm_source=facebook.com&utm_campaign=buffer192. A Igreja ainda aprova o uso do cilício?
Uma propaganda anticristã tem tentado – com sucesso, diga-se de passagem – transformar o cilício em um "bicho de sete cabeças", como se o seu uso fosse uma prática masoquista e desordenada.
Neste episódio de "A Resposta Católica", descubra por que a Igreja ainda aprova o uso do cilício, conheça as origens desse instrumento de penitência e saiba por quais motivos os santos o recomendam.
Muitas pessoas ficaram desconcertadas ao saber que o bem-aventurado João Paulo II, mesmo depois de Papa, continuava usando o cilício. Uma propaganda anticristã tem tentado – com sucesso, diga-se de passagem – transformar este tradicional método de penitência em um "bicho de sete cabeças", como se o uso do cilício fosse uma prática masoquista e desordenada. No filme "O Código da Vinci", o objeto figura como um instrumento de automutilação. Sobre o Opus Dei cairia a pecha de ressuscitar em nosso tempo uma prática de tortura "supersticiosa" e "medieval".
O uso do cilício, porém, não é uma exclusividade da prelazia fundada por São Josemaría Escrivá. Trata-se de uma prática simples e comum, de uso antiquíssimo na Igreja. Antes mesmo da Idade Média, tem-se notícia de cristãos seculares que utilizavam o cilício, de acordo com o testemunho de São Jerônimo, Santo Atanásio e São João Damasceno. Se esta prática tem sido descuidada, não é por desaprovação da Igreja, mas por uma soberba característica deste século, tão inclinado aos prazeres da carne e pouco dado às preocupações espirituais.
O cilício é um objeto que se utiliza para incomodar a pele, podendo ser constituído por tecidos ásperos, sacos de estopa ou mesmo pequenos ferros que, longe de perfurar a pele, causam certo incômodo, sendo eficazes na mortificação do sentido do tato. Este é o sentido do seu uso: a mortificação, isto é, buscar ordenar as coisas dentro de nós mesmos, já que, pelo pecado original, nossa carne corrompida quer governar a nossa alma.
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A descrição do Doctor Mysticus é bastante dura e mostra a necessidade que se tem de mortificar os sentidos, a fim de que se ame mais perfeitamente a Deus. É através desta lente que deve ser vista a penitência corporal, seja com o uso do cilício, seja com o uso de outras formas que a alma apaixonada por Jesus encontra para se unir ao seu Amado. De fato, o cilício não é o único modo de mortificar o sentido do tato. O rezar de joelhos, bem como o uso da disciplina – uma espécie de chicote – são espécies proveitosas de penitência. São aconselhadas também formas "negativas" de mortificação, como dormir no chão, preferir uma cadeira simples a uma estofada, deixar de usar um ventilador em um dia quente etc.
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Com efeito, como seremos capazes de amar, se não estivermos dispostos a pagar o preço do amor? Este não é um sentimento; é, ao contrário, entrega, sacrifício. É preciso morrer para si mesmo para viver para Deus.
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Comentários
Católicos Praticantes Demais
Por Acauan
Certa vez escrevi sobre os católicos não praticantes, concluindo que católico brasileiro tem tanta vocação para a não prática, que quando tenta praticar algo dá errado.
Citei o exemplo da Renovação Carismática Católica, cheia de gente que não praticava sua própria religião e se tornou praticante fervorosa da religião dos outros.
Existem outros católicos que chamam a atenção por de fato o serem, costume que o tempo parece ter tornado fora de moda a ponto de surpreender quando identificado.
Meu grupo favorito, claro, é a Opus Dei.
Esqueçam as bobagens do Dan Brown sobre monges assassinos.
A Obra não tem monges.
Se tiverem assassinos, espero que nenhum deles leia este texto.
A Opus Dei é prelazia pessoal da Igreja Católica, instituição que reúne sacerdotes e leigos, comandada por um prelado nomeado pelo Papa e subordinado diretamente a ele.
Uma parte dos leigos, chamados numerários, vive nos centros da Opus Dei e dividem-se entre suas atividades seculares e o cumprimento dos preceitos da prelazia, que incluem preservação da castidade e auto-flagelação.
Não que a grande maioria aqui fora veja muita diferença entre auto-flagelação e castidade, mas para demonstrar que têm opinião diferente, os numerários exercitam a primeira com o uso diário do cilício, que, para quem não sabe, é um instrumento machucador de coxas.
Esquisito pacas, mas, como se diz, o que é de gosto regala a vida, mesmo que avermelhe as pernas.
Apesar de os numerários serem frequentemente mostrados como a cara da Opus Dei, a maioria de seus membros é de leigos casados, chamados supernumerários.
Não sei a origem do nome, mas deve ter algo a ver com o número de filhos, que eles têm aos montes, como bons seguidores das orientações da Santa Sé quanto a métodos contraceptivos.
De minha parte nada contra. Eu também teria mais filhos, na medida em que pudesse pagar uma excelente educação escolar a todos.
Só que fica a impressão de que o pessoal da Opus exagera.
Apesar disto são apenas lendas os relatos de que o toque de uma camisinha provoca nos supernumerários queimaduras semelhantes às que os crucifixos causam nos vampiros.
Abundam por aí teorias da conspiração envolvendo a Opus Dei.
A minha é que eles querem conquistar o mundo através da superioridade numérica.
Pelas minhas contas, comparando as taxas de natalidade dos supernumerários com a média mundial, os quadros da Opus Dei serão maioria da população do mundo por volta do século XXIII.
Quem associa este século com naves estelares deve começar a admitir a possibilidade de elas receberem nomes como USS São Josemaría Escrivã, ou coisa parecida.
Depois da Opus vêm os Arautos do Evangelho, que ganharam vida própria de uma dissidência da TFP – Tradição, Família e Propriedade, de Plínio Corrêa de Oliveira, aquela que em décadas passadas saia pelas ruas agitando estandartes, distribuindo panfletos e gritando contra o comunismo ateu.
Os Arautos do Evangelho são inconfundivelmente reconhecíveis por se trajarem com um uniforme clérigo-militar que inclui botas de montaria, hábitos, correntes, escapulários e brasões católicos. Lembra uma combinação de figurinos do Ivanhoé e da Noviça Voadora.
Seus membros vivem sob rígida disciplina de inspiração militar, que estabelece regras escritas e detalhadas até para as pequenas rotinas cotidianas, como lavar as mãos.
A ordem reinante foi resumida por um de seus líderes, que afirma que para eles "se o Papa disser que o leite é preto, então o leite é preto e se o Papa disser que o carvão é branco, então o carvão é branco."
Considerando que os Arautos do Evangelho mantém uma banda sinfônica, tomara que não estendam este relativismo visual para o campo auditivo.
Certa vez compartilhei um recinto com uma turminha de Arautos.
Meus instintos tupis ficaram alertas por um tempo, ante a possibilidade de um deles apontar para mim e gritar para os outros "- vejam, é aquele índio metido a besta que escreve textos engraçadinhos sobre a Santa Madre Igreja ".
Mas ainda não foi daquela vez.
Tenho dúvidas quanto aos Focolares.
Parecem ser católicos praticantes demais, mas com um discurso legal, humanista, tolerante e ecumênico.
Daí as dúvidas.
Além disto, defendem um troço que chamam de "economia de comunhão na liberdade".
Não entendi exatamente o que é, mas acho que a TFP gritava contra coisa parecida.
A Montfort é muito chata.
E tem os catecumenatos.
Que eu não sei bem como são e sobre os quais não tenho opinião nenhuma, exceto que poderiam ter escolhido nome melhor.
E que devem ser católicos praticantes demais.
Publicado originalmente em 28/2/2004 20:06:22
Por Acauan
A cara da religiosidade brasileira se mostra quando você pergunta a alguém qual é a sua religião e ele responde, com a maior cara-de-pau, que é Católico não praticante.
Quem já viu alguém se identificar como evangélico não praticante, judeu não praticante ou muçulmano não praticante?
Não estou dizendo que inexistam não praticantes nestas religiões. Eles não só existem como são abundantes nos países em que suas respectivas crenças são majoritárias. O número de judeus não praticantes em Israel é muito superior ao que faria supor a imagem de um país historicamente relacionado à fé de Abraão e Moisés. Um crentão brasileiro ficaria escandalizado com os hábitos de seus irmãos de fé residentes em New York e por aí vai.
A diferença é que você não vai ouvir alguém dizer que é presbiteriano não praticante. Evangélicos nesta situação costumam citar a igreja que freqüentam e comentar que no momento estão afastados dela por algum motivo ou coisa parecida.
Já o catolicismo brasileiro é uma festa, a maioria é não praticante, se declara assim, não liga a mínima mas, estranhamente, te olham torto se você disser que é ateu.
O engraçado é que esta turma toda não sabe, e a Santa Madre não conta, que a grande maioria dos católicos que se dizem não praticantes irão todos para o purgatório após a morte, isto na melhor das hipóteses, pois os que além de não praticantes das obrigações religiosas não praticaram as chamadas virtudes teologais irão para o inferno mesmo.
Detestaria dizer isto para eles, mas os católicos têm inferno também, igualzinho aos crentes, só mudou o discurso – em vez de lago de fogo com choro e ranger de dentes (brrr... que medo...) a Santa Sé define o inferno como ausência de Deus. Mas não fiquem alegrinhos não, podem ter certeza que “ausência de Deus”, para a Igreja Católica, boa coisa não é.
Mas como eu ia dizendo, os católicos não praticantes vão para o purgatório porque a Santa Madre é tão preocupada com a obra de Deus que achou que os dez mandamentos dele não eram suficientes e fez mais cinco:
Mandamento da Igreja Católica Apostólica Romana:
1. Participar da missa nos domingos e festas de guarda.
2. Confessar-se ao menos uma vez cada ano.
3. Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição.
4. Fazer uma só refeição completa e nada de carne, nos dias que a Igreja determina.
5. Pagar o dizimo segundo o costume.
Ahá! Você não sabia que a Igreja Católica também ordena o dízimo?
Os católicos não praticantes também não sabem (os praticantes quando sabem em geral não pagam, viram porque é melhor ser católico do que evangélico. Pensando bem, é melhor não ser nem um nem outro).
Quem é católico não praticante não obedece aos mandamentos da Igreja, quem não obedece aos mandamentos da Igreja incorre em pecado venial (alguém aqui sabe o que é pecado venial? Os católicos não praticantes também não sabem) e quem morre em pecado venial vai para o purgatório, a menos que se confesse antes de morrer, mas se ele se confessasse seria católico praticante.
Mas não pensem vocês que os católicos não praticantes não são devotos.
Pelo contrário, eles são extremamente devotos, só que da religião dos outros.
Nenhum Católico não praticante (e muito poucos praticantes) sabe o que é a Patrística, mas um montão deles conhece a obra de Allan Kardec décor e salteado, sabe a diferença entre Babalaorixá e Yalaorixá (eu não sei), sabe do que Iemanjá gosta e deixa de gostar ou pode mapear os seus chacras de olhos fechados.
Católico não praticante é tão não praticante que quando resolve virar praticante sai merda.
Foi o que ocorreu com a Renovação Carismática Católica, grupo de católicos que se empenharam tanto em valorizar a prática religiosa que viraram evangélicos pentecostais.
Aparentemente, não veem contradição com a obediência à Igreja de Roma.
"Jesus nos prometeu o Reino dos Céus, mas o que veio foi a Igreja".
Nos evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas, não há uma hierarquia, uma Igreja institucionalizada.
São todos iguais na comunidade e a salvação depende apenas da fé e das obras.
Mas depois os bispos, pessoas instruídas cuja função era principalmente a de administrar as finanças das primitivas comunidades, formadas por escravos e gente pobre, na maioria analfabetos, foram aos poucos impondo sua autoridade (há textos e epístolas que mostram a evolução entre "não devemos hostilizar os bispos" e "temos que obedecer aos bispos") até que surgiu a Igreja e sua hierarquia.
Daí em diante, a religião se tornou propriedade de uma instituição e o povo foi rebaixado a mero espectador e pagador de dízimo.
O evangelho de João já foi escrito nessa época e deixa isto claro.
O primeiro eu já publiquei lá, tem um pequeno probleminha com o tamanho da fonte que eu vou corrigir essa semana, mas o segundo artigo "Católicos Não Praticantes", ficou com problemas quando você postou. Não veio o artigo inteiro.
Cilícios Tabajara
Belo artigo para SMs. hahahahahaha
Verdade... Nem eu.
Vou tentar corrigir na edição.
Parece que agora deu.
Os carismáticos preferem a intensidade dos cultos pentecostais, onde você grita, pula, fala em línguas, "repousa no Espírito" (tradução: cai no chão estrebuchando) e vai pra casa sentindo que participou ativamente.
Querem padres que façam afirmações categóricas e definitivas e não coisas vagas como "se você for um bom menino, um dia vai para o céu". Tem que ser como os pentecostais: "Você está ficando curado AGORA! Sua vida começou a melhorar AGORA!"
E, acho eu, gostam do conceito de que a culpa por seus vacilos não é deles e sim obra do Diabo.
Eu concordo com isso. Os cultos católicos são chatíssimos, quase deprimentes. Eles também não se preocupam em criar melodias agradáveis. Algumas poucas se salvam, no sentido mundano da palavra.
A busca por Deus prescinde de estímulos e atrativos outros que não a própria busca. Mas estamos falando de um purismo que não se confirma na prática. Nós, humanos que somos, precisamos de estímulos, de coisas que nos agradam e nos emocionam. Talvez por isso os ritos, os cânticos, os adornos. São as cores do arco-íris que levam ao pote de ouro.
Mas esses “adornos” católicos são chatos mesmo.
No entanto (e isso não é uma defesa inconsciente de minhas origens), ainda prefiro a chatice católica às performances ridículas dos evangélicos (não conheço denominações), quando gritam, pulam, caem, entre outras histrionices. Credo...
Na minha infância, ainda havia umas musiquinhas aceitáveis e, se procurarmos no passado, muita coisa boa.
O que veio depois não presta e o gospel dos crentes brasileiros é insuportável, muito diferente dos spirituals que, de certa forma, deram origem ao rock.
Mas sou grato aos evangélicos: eu já não tinha gostado da busca de novidades pelo amor às novidades que começou com o Concílio Vaticano II. Quando, ainda por cima, começaram a copiar as palhaçadas dos crentes, foi demais para mim.
Até então, eu ia à missa por obrigação e lutava para não dormir. As palhaçadas me deixaram acordado e com raiva. Por causa dela, meu espírito crítico acordou. Comecei a prestar atenção nas besteiras da liturgia, a questionar as coisas em vez de aceitar sem entender e aos poucos me desconverti.
Pode parecer estranho, mas eu gosto de missa em latim e canto gregoriano.
A missa em latim é a mesma chatice, só que em latim. Já o canto gregoriano eu adoro.
- Tem razão, é estranho pra caralho!!!
Abraços,
Quanto mais dessacralizaram a coisa numa tentativa de se aproximar do povo, pior ficou.
Gosto das músicas que tocavam nas Missas no tempo que fiz primeira comunhão .
Se nesse tempo conhecesse os católicos carismáticos certamente seia um deles .