Se o Temer cair agradeça ao pioneirismo tecnológico do Cacique Mário Juruna
Se o Temer cair agradeça ao pioneirismo tecnológico do Cacique Mário Juruna
Cardoso 18/05/2017
Antes do Raoni, antes do Cacique Cobra Coral, antes mesmo do índio Cléverson o Brasil teve um índio-celebridade, o Cacique Mário Juruna. Nos Anos 70 ele surgiu na mídia como defensor das causas indígenas, fazendo algo até então impensável: enfrentando o homem branco de igual pra igual.
Juruna era um tipo pitoresco, claro. sua total despreocupação com o protocolo rendia ótimas frases e entrevistas, e a causa indígena é aquele tipo de coisa que todo mundo apóia. Mesmo que não faça nada. É igual Salve as Baleias. Claro, dou a maior força, mas que que devo fazer, comprar um aquário?
Ele conseguiu se eleger deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro, e exerceu o cargo entre 1983 e 1987, período durante o qual conseguiu criar a Comissão Permanente do Índio, e mais ainda conseguiu tirar os índios dos livros de OSPB e colocá-los nas manchetes dos jornais. Órgãos de fachada como a FUNAI foram cobrados a mostrar serviço, por causa do Cacique Juruna.
Juruna era uma figura pitoresca, mas não era burro e tinha uma plataforma, um projeto. Isso, e não respeitar as regras do jogo o tornava perigoso, e muita gente se queimou por isso, incluindo um sujeito chamado Calim Eid. Eu sei, é chocante o que vou dizer e você não vai acreditar, mas nos Anos 80, ainda no Governo Militar empresários e políticos participavam de esquemas de corrupção.
Era a eleição para Presidente, o Colégio Eleitoral escolheria entre Paulo Maluf e Tancredo Neves. Por debaixo dos panos as negociações estavam a mil, e Calim Eid se aproximou de Juruna com uma proposta indecentemente mais suculenta do que miçangas: Cr$ 30 milhões, o equivalente na época a US$40 mil, ou 178 Narjaras Turettas e um saco de pitombas, dependendo do Plano Econômico.
Juruna deveria apoiar Maluf, votar nele na eleição e manter o apoio publicamente. Ele recebeu o suborno, sem entender muito, mas após uma rápida conversa com assessores de confiança e a liderança do Partido, chamaram a imprensa, fizeram um evento público e depositaram de volta o dinheiro, em espécie, na conta de Calim Eid.
Óbvio que não deu em nada, todo mundo negou, mas foi histórico. Com um general no poder um Deputado denunciar um esquema de corrupção envolvendo o partido do Governo?
Apesar de ser bem-visto publicamente Juruna não teve uma passagem feliz na Câmara. Era odiado pela maioria dos deputados, que achavam uma afronta aquele selvagem ter os mesmos direitos e regalias que eles. A imprensa por sua vez adorava os “escândalos”, mesmo sabendo que eram basicamente sacanagem. Teve vez de chamarem o Juruna para almoçar no restaurante da Câmara, todo mundo no final ir embora e deixar a conta pra ele, que obviamente se recusou a pagar. Virou manchete.
O hábito mais pitoresco de Juruna entretanto não era alimentício. Era o saudável hábito de não confiar em políticos. Por diversas vezes ele se reunia com ministros, secretários e burocratas da FUNAI, ouvia promessas e depois era descartado. Os próprios índios começaram a desconfiar de Juruna, eles pediam informações aos militares e a resposta era que o Juruna tinha recebido o dinheiro, que o Juruna tinha concordado com tal medida.
O Cacique fez então o impensável: Comprou um gravador e passou a registrar todas as conversas e promessas.
Quase quarenta anos depois a Presidência de Michel Temer está por um fio, graças a… uma gravação. Juruna estava muito adiante de seu tempo, hoje o celular grava a caneta grava, o computador grava. Não podemos mais assumir privacidade. Somos responsáveis por nossos atos e nossas palavras, faladas ou escritas.
Pela primeira vez na História temos um registro do dia-a-dia, que pode ser usado para o Bem ou para o Mal, a certeza é que será usado. Juruna com seu gravador e sua atitude incomodou um Congresso inteiro. Joesley Batista tem fortuna estimada em R$3,1 bilhões, e está balançando o Brasil inteiro com um gravador de R$100,00. Ou uma App de US$0,99, sei lá.
Que venham mais gravações, que mais e mais políticos tenham que criar esquemas convolutos para se comunicar, que se encontrem em saunas gays, nus como a mão no bolso, olhando sobre os ombros o tempo todo. Se vão roubar, se vão corruptar, que ao menos a tecnologia torne suas vidas um inferno de medo e paranóia.
#SomosTodosJuruna.
PS: A experiência do Cacique foi contada por ele mesmo no livro O Gravador do Juruna.
https://contraditorium.com/2017/05/18/se-temer-cair-agradeca-ao-pioneirismo-tecnologico-cacique-mario-juruna/
Cardoso 18/05/2017
Antes do Raoni, antes do Cacique Cobra Coral, antes mesmo do índio Cléverson o Brasil teve um índio-celebridade, o Cacique Mário Juruna. Nos Anos 70 ele surgiu na mídia como defensor das causas indígenas, fazendo algo até então impensável: enfrentando o homem branco de igual pra igual.
Juruna era um tipo pitoresco, claro. sua total despreocupação com o protocolo rendia ótimas frases e entrevistas, e a causa indígena é aquele tipo de coisa que todo mundo apóia. Mesmo que não faça nada. É igual Salve as Baleias. Claro, dou a maior força, mas que que devo fazer, comprar um aquário?
Ele conseguiu se eleger deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro, e exerceu o cargo entre 1983 e 1987, período durante o qual conseguiu criar a Comissão Permanente do Índio, e mais ainda conseguiu tirar os índios dos livros de OSPB e colocá-los nas manchetes dos jornais. Órgãos de fachada como a FUNAI foram cobrados a mostrar serviço, por causa do Cacique Juruna.
Juruna era uma figura pitoresca, mas não era burro e tinha uma plataforma, um projeto. Isso, e não respeitar as regras do jogo o tornava perigoso, e muita gente se queimou por isso, incluindo um sujeito chamado Calim Eid. Eu sei, é chocante o que vou dizer e você não vai acreditar, mas nos Anos 80, ainda no Governo Militar empresários e políticos participavam de esquemas de corrupção.
Era a eleição para Presidente, o Colégio Eleitoral escolheria entre Paulo Maluf e Tancredo Neves. Por debaixo dos panos as negociações estavam a mil, e Calim Eid se aproximou de Juruna com uma proposta indecentemente mais suculenta do que miçangas: Cr$ 30 milhões, o equivalente na época a US$40 mil, ou 178 Narjaras Turettas e um saco de pitombas, dependendo do Plano Econômico.
Juruna deveria apoiar Maluf, votar nele na eleição e manter o apoio publicamente. Ele recebeu o suborno, sem entender muito, mas após uma rápida conversa com assessores de confiança e a liderança do Partido, chamaram a imprensa, fizeram um evento público e depositaram de volta o dinheiro, em espécie, na conta de Calim Eid.
Óbvio que não deu em nada, todo mundo negou, mas foi histórico. Com um general no poder um Deputado denunciar um esquema de corrupção envolvendo o partido do Governo?
Apesar de ser bem-visto publicamente Juruna não teve uma passagem feliz na Câmara. Era odiado pela maioria dos deputados, que achavam uma afronta aquele selvagem ter os mesmos direitos e regalias que eles. A imprensa por sua vez adorava os “escândalos”, mesmo sabendo que eram basicamente sacanagem. Teve vez de chamarem o Juruna para almoçar no restaurante da Câmara, todo mundo no final ir embora e deixar a conta pra ele, que obviamente se recusou a pagar. Virou manchete.
O hábito mais pitoresco de Juruna entretanto não era alimentício. Era o saudável hábito de não confiar em políticos. Por diversas vezes ele se reunia com ministros, secretários e burocratas da FUNAI, ouvia promessas e depois era descartado. Os próprios índios começaram a desconfiar de Juruna, eles pediam informações aos militares e a resposta era que o Juruna tinha recebido o dinheiro, que o Juruna tinha concordado com tal medida.
O Cacique fez então o impensável: Comprou um gravador e passou a registrar todas as conversas e promessas.
Quase quarenta anos depois a Presidência de Michel Temer está por um fio, graças a… uma gravação. Juruna estava muito adiante de seu tempo, hoje o celular grava a caneta grava, o computador grava. Não podemos mais assumir privacidade. Somos responsáveis por nossos atos e nossas palavras, faladas ou escritas.
Pela primeira vez na História temos um registro do dia-a-dia, que pode ser usado para o Bem ou para o Mal, a certeza é que será usado. Juruna com seu gravador e sua atitude incomodou um Congresso inteiro. Joesley Batista tem fortuna estimada em R$3,1 bilhões, e está balançando o Brasil inteiro com um gravador de R$100,00. Ou uma App de US$0,99, sei lá.
Que venham mais gravações, que mais e mais políticos tenham que criar esquemas convolutos para se comunicar, que se encontrem em saunas gays, nus como a mão no bolso, olhando sobre os ombros o tempo todo. Se vão roubar, se vão corruptar, que ao menos a tecnologia torne suas vidas um inferno de medo e paranóia.
#SomosTodosJuruna.
PS: A experiência do Cacique foi contada por ele mesmo no livro O Gravador do Juruna.
https://contraditorium.com/2017/05/18/se-temer-cair-agradeca-ao-pioneirismo-tecnologico-cacique-mario-juruna/
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Comentários
Mas parece que há coisas muito comprometedoras nas gravações da JBS a respeito de Lula e Dilma.
"-Papa falou!
-Mas como é que o papa sabia disto?
-Índio falou pra papa e papa falou!"
Sim, verdade. O problema é que há interessados querendo tirar o foco desse detalhe.
Não podemos assumir que a população do país é incapaz de elger seus governantes pois então recaímos no velho dilema: ¿quem escolhe?
Ou então ¿o que?
¿Assumir que o país seja inviável enquanto Estado Nacional, dissolver ele e requerer um protetorado americano? francês?
Não tem saída.
Cada povo tem o governo que merece. Isso è vero, infalível, e não tem como fugir disso.
Para início de conversa, qualquer denúncia sobre Michel Temer deve ser investigada, assim como ocorreria com qualquer político. Porém, todo aquele furdunço da Rede Globo dizendo que “em áudio, Temer combinava obstrução de justiça” não se aplicava. Foi o típico caso de “much ado for nothing”, como diria Shakespeare.
Rolou até uma piada no WhatsApp:
O problema é que isso é muito sério. Uma “fake news” causou um prejuízo de quase 300 bilhões ao Brasil (em perdas na bolsa, com a fuga de investimentos).
Detalhe: nem um traço desta constatação tem a ver com buscar inocentar Temer ou qualquer político. Diante das provas que surgirem, é preciso avançar nas investigações, mas sem inventar provas que não existem. Ficar brincando com criação de desestabilizações econômicas é algo muito sério.
Um vídeo abaixo mostra a gravidade da situação:
kkkk parece não cara Juruna tem cara de velho kkkk