A Saga do Tio Patinhas
Depois de tanta porcaria, resolvi ser bondoso comigo mesmo e resenhar algo bom.
Nunca escondi o fato do Tio Patinhas ser um dos meus personagens favoritos.
Surgido em 1947 pelas mãos de Carl Barks para ser o antagonista do Donald na história “Natal na Montanha Urso”, era um velho avarento e raivoso. Com o tempo esses aspectos, bem, não mudaram muito, mas suavizaram o bastante para torna-lo popular.
Barks fez as historias do Patinhas por anos, lapidando a personalidade do velho e seu relacionamento com os sobrinho Donald e os sobrinhos-netos. Na maioria das vezes, Donald é convencido a trabalhar para Patinhas, por um salário quase irrisório.
O tempo vai passando e depois de Barks, quem assume as historias é o pessoal do estudio Disney na Italia. É quando entra Don Rosa.
Um homem de bom gosto, Don Rosa dizia que o Tio Patinhas era seu personagem favorito e, para ele, as unicas historias canonicas eram as de Carl Barks. Nas historias de Rosa, a personalidade de Patinhas se tornou mais concisa. Ele advoga o trabalho duro e honesto, embora admita buscar lacunas quando for possivel.
Então Don Rosa produziu The Life and Times of Scrooge McDuck, aqui conhecida como A Saga do Tio Patinhas.
Ali, usando as historias de Barks como indicativos, num puta trampo de pesquisa exaustivo, Rosa contou a biografia do Pato Mais Rico do Mundo desde suas origens até o encontro, ou reencontro com a familia no Natal na Montanha Urso.
Patinhas nasceu em Glasgow, na Escócia, em 1867, filho mais velho de Fergus e Donilda, sendo o ultimo descendente do clã MacPatinhas. Para ajudar sua familia empobrecida, o jovem Patinhas resolve ser engraxate e logo no seu primeiro serviço pega um trampo pesado, as botas repletas de lama e outras imundicies de um trabalhador das fossas. A sujeira está tão dura que o menino tem que usar um cinzel e martelo para tirar, antes mesmo de começar a dar o lustro.
Horas de trabalho duro lhe rendem uma moeda, dez centavos. Só que é uma moeda americana e ele não tem como usar na Escócia. Isso foi armado pelo seu pai, uma forma de dar uma lição ao garoto. E rapaz, ele aprendeu. Seria mais esperto que os espertos, mais durão que os durões, para nunca mais ser enganado, e com seu trabalho, seria mais rico que os ricos.
A moeda ele guardaria, para ser uma lembrança de seu primeiro pagamento e de seu juramento.
É interessante notar, por exemplo, em relação à Moeda Numero Um. Rosa, e Barks na verdade, nunca atribuiram poderes mágicos à moeda. Para o Patinhas, tem valor sentimental apenas, ele é agressivamente contrário à noção que é um amuleto com algum poder. Em histórias de outros escritores, houveram ocasiões onde a perda da Moeda ocasionou em perda de dinheiro para Patinhas, no caso ligando realmente a fortuna à Moeda.
Para quem prefere a visão da dupla Barks-Rosa, é meramente o fato de que, preocupado com o sumiço de sua Moeda, Tio Patinhas comete erros que o levam a perder dinheiro.
Mas voltando.
Patinhas segue seu caminho trabalhando até emigrar para os EUA aos 12 anos, por ter notado que o jovem país poderia lhe dar as oportunidades para se tornar rico.
Nessas ele encontra várias figuras como os irmãos bandidos Frank e Jesse James, botou panico em Wyatt Earp, trabalhou para o barão do gado Murdo MacKenzie, Geronimo, o czar Nicolau II e naturalmente, fez amizade/brigou com Theodore Roosevelt.
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Comentários
Durante as histórias, ele viaja ao redor do mundo em busca da riqueza e encontrando também personagens que fariam parte da sua mitologia, como a familia Metralha, os rivais Pão Duro MacMonêi e Pataconcio (esse inspirado em Rockfeller), o agiota trapaceiro Porcolino Leitão (de uma das minhas historias favoritas “A Nova Corrida do Ouro”), os antepassados do Prof Pardal e principalmente, Dora Cintilante, que chegou a aparecer em uma adaptação da história “De Volta à Klondike” no desenho Duck Tales.
Com ela Patinhas tem uma das melhores sequencias de hate-sex já não vistas dos quadrinhos.
O caminho até a riqueza não foi fácil no entanto. Várias vezes ele esteve próximo de se considerar rico e teve que recomeçar do zero, ou quase, até finalmente encontrar ouro durante a Corrida do Ouro do Yukon, em 1898.
Uma das partes que mostra bem a atitude de Patinhas é quando, durante a mineração em Klondike, antes de achar o ouro, ele senta para almoçar e contempla a beleza natural do vale escondido de que tomou posse e considera que poderia bem viver dos frutos de seu trabalho naquele paraiso.
Então ele manda tudo pra puta que pariu e resolve que, assim que ficar rico, vai derrubar as arvores e represar o rio.
Essa atitude de Patinhas, a mudança do jovem sonhador para o velho amargo que aparece em “Natal na Montanha Urso” foi um dos pepinos que Don Rosa teve que lidar. Vai ficando claro que, as coisas pelas quais passou, a quantidade de gente tentando rouba-lo ou engana-lo, a péssima recepção que teve em Glasgow ao tentar voltar para lá depois de rico, e principalmente, a obsessão em ser o mais rico de todos foram cobrando seu preço.
Tio Patinhas pronto pra botar pra fuder e putaço da vida.
Preço esse que ele pagou de duas formas, o isolamento da familia, principalmente depois da morte dos pais. Isolamento esse completado pelo que talvez tenha sido a maior marca negra na sua biografia, a história clássica “Donald na África”.
Na historia, classica, Patinhas é perseguido por um zumbi mandado contra ele por um feiticeiro vudu, de quem Patinhas teria enganado para ficar com as terras.
Donald é confundido com um jovem Tio Patinhas
Essa historia é de 1949, e Carl Barks ainda estava definindo a personalidade de Patinhas. Don Rosa não poderia deixa-la de lado, mesmo que essa personalidade contradissesse o que se conhece de Patinhas desde então.
É mostrado então, como Patinhas, obcecado e furioso com a recusa do feiticeiro em vender as terras, contratou um monte de capangas para destruirem a aldeia e, disfarçado sem as costeletas, engana o bruxo para lhe vender as terras. Isso, esse ato de desonestidade desgosta as irmãs, que o estavam acompanhando e ajudando a gerir as empresas. Elas voltam para Patópolis.
Ele resolve então continuar rodando o mundo, ampliando seu império e sua fortuna. Quando volta, mais de vinte anos depois, ocorre a separação definitiva com as irmãs, a essa altura a mais nova estava casada com o filho da Vovó Donalda e dado à luz Donald e sua irmã gemea, Dumbella, a mãe de Huguinho, Zezinho e Luizinho.
Eles brigam e acabam se afastando de vez. Patinhas se torna, finalmente, o mais rico do mundo, mas espanta familia, só os reencontrando cerca de dezesseis anos mais tarde, na já mencionada “Natal da Montanha Urso”. Mas a ultima historia se passa poucos dias depois dessa, e mostra Patinhas abandonando a solidão e a fraqueza da velhice e se preparando para se aventurar pelo mundo com os sobrinhos.
A historia foi publicada lá fora em 12 partes posteriormente ampliadas com outros capitulos em 2006, no relançamento dos encadernados e foi ganhadora do Troféu Eisner. E atualmente virou um premio para dar tapinhas nas costas uns dos outros. E curiosamente, nunca consigo comprar essa revista.
Há muita discussão sobre quanto dinheiro exatamente ele tem. Já que “Quaquilionário” não esclarece muito, muita gente buscou outras formas de saber.
Uma das melhores fontes é a famosa Caixa Forte. Segundo as historias, tem 3 acres cúbicos de dinheiro, com quase trinta metros de profundidade. Claro, o acre é uma medida de área, não de volume, mas usando um cubo com tres acres de lado é mais viável. E foram aos calculos. As moedas são claramente de ouro, e baseado na moeda de ouro de maior valor nos EUA foi possivel chegar a uma estimativa.
As medidas de Rosa e Barks acabam se contradizendo. Usando Don Rosa como medida teriamos 40,5 bilhoes de dólares. Mas usando Carl Barks, ou seja, aplicando o acre para todas as medidas do cubo, seriam apavorantes 1.93 TRILHÕES de dinheiros. Quase a metade do Orçamento Anual dos EUA.
E isso é a grana da Caixa Forte, o dinheiro que ele afirma que não gastaria, não o dinheiro das empresas e todos outros bens. O que, segundo estimativas, multiplicaria esses valores por 10.
Pra quem se pergunta, a imagem da header é a capa de um album do tecladista Tuomas Holopainen, e essa é a unica coisa boa vinda do Nightwish.
Há uma velha historia, praticamente educativa, onde Patinhas conta aos sobrinhos as origens do dinheiro e dá uma liçao sobre economia que fez muita falta por aqui nos ultimos anos.
A despeito de não ter que explicar porque desse post, a razão é a iminente estréia de Duck Tales.
Mas isso é pra depois.
http://www.superamiches.com/a-saga-do-tio-patinhas/
Guardar moedas de ouro ainda faz sentido como investimento, mas dinheiro em papel se desvaloriza, além de não render o que poderia se investido.
"A Christmas Carol é um livro da autoria de Charles Dickens. Com várias traduções em Português, sendo uma delas Um Conto de Natal, o livro foi escrito em menos de um mês originalmente para pagar dívidas, mas tornou-se um dos maiores clássicos natalinos de todos os tempos e uma das mais célebres obras de Dickens. O autor descreveu-o como o seu "livrinho de Natal", e foi primeiramente publicado em 19 de dezembro de 1843[1], com ilustrações de John Leech[2]. A história transformou-se instantaneamente num sucesso, vendendo mais de seis mil cópias apenas numa semana[3]."
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Christmas_Carol