Igreja católica continua perdendo fiéis para as seitas evangélicas
http://www.icatolica.com/2017/08/perdas-progressivas-de-catolicos-no.html#morePerdas progressivas de católicos no Brasil
Disse o Papa Francisco: “Há quem se aproxime de uma paróquia, por exemplo, à procura de paz, respeito, doçura, e encontra lutas internas entre os fiéis. Em vez da doçura encontra a intriga, a maledicência, as competições, as concorrências, um contra o outro”. A “ambição”, a “inveja”, o “ciúme” nas paróquias e grupos distanciam quem se (re)aproxima da Igreja: “Somos nós a afastá-los”. E não deixamos que o trabalho que faz o Espírito Santo, de atrair as pessoas, continue” (1).
Em pouco mais de sete anos, 67951 organizações religiosas ou instalações filosóficas foram fundadas em nossa pátria. A expansão das crenças religiosas tornou-se um dos fenômenos mais importantes do Brasil nos últimos anos. No total, desde janeiro de 2010, 67951 entidades classificadas como "organização religiosa ou filosófica" ao organismo competente, uma média de 25 por dia foram registradas. De acordo com o jornal O Globo, a enorme expansão pode ser explicada por várias razões, incluindo a relativa facilidade burocrática do procedimento, o crescimento da fé pentecostal e até mesmo a crise econômica que afeta o país e que leva as pessoas a procurar soluções para seus problemas (2).
Em fins de 2016, o Instituto Datafolha publicou uma pesquisa que fez ressoar uma campainha de alarme na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O estudo mostra que, nos últimos dois anos, 9 milhões de pessoas abandonaram o catolicismo no país. Em 2014, a porcentagem da população que declarava ser católica era de 60%, ao passo que em dezembro de 2016 baixou para 50%. No mesmo período, os fiéis pentecostais ou neopentecostais passaram de 18% a 22%. Embora a recente baixa na porcentagem de católicos não foi acompanhada por uma ampla expansão dos fiéis pentecostais ou neopentecostais, o que preocupa os bispos é outro dado: a metade dos que declaram ser pentecostais ou neopentecostais provém da Igreja Católica, onde haviam crescido.
Recentemente, a CNBB organizou um encontro para discutir o crescimento das igrejas pentecostais e neopentecostais. As conclusões identificam diversas causas: os evangélicos contam com uma estrutura mais dinâmica e podem chegar às pessoas de uma forma mais rápida, em qualquer lugar onde estejam; aproveitam a ingenuidade ou a má formação dos católicos – sobretudo, os que vivem nas zonas rurais ou nas periferias das grandes cidades – e levam adiante uma intensa propaganda contra o catolicismo; por último, os evangélicos recorrem a uma forte carga emocional para atrair as pessoas (3).
A Perda Acelerada de Católicos no Brasil
O Instituto Datafolha tem feito pesquisas sobre o perfil religioso da população brasileira. O que estas pesquisas confirmam é aquilo que os censos demográficos mostram com bastante clareza: o Brasil está passando por uma transição religiosa. Os católicos perdem espaço e encolhem ao longo do tempo. Os evangélicos, em suas diferentes denominações, são o grupo que mais cresce. Aumentam as demais denominações não cristãs e o número de pessoas que se declaram sem religião. Isto quer dizer que o Brasil está passando por uma mudança de hegemonia entre os dois grupos cristãos (católicos e evangélicos), ao mesmo tempo em que aumenta a pluralidade religiosa, pois cresce e diversifica a proporção das filiações não cristãs.
Nos 22 anos da série Datafolha, os católicos caíram 25%, os evangélicos subiram 15%, os sem religião aumentaram 9% e as outras religiões tiveram um ligeiro aumento de 1%. A perda dos católicos tem sido de 1,14% ao ano, enquanto os evangélicos crescem 0,68% ao ano. Fazendo uma projeção linear destas tendências até 2040, percebe-se que, em 2028, os evangélicos (com 37,2%) vão ultrapassar os católicos (com 36,4%). Em 2040, os católicos cairiam para 22,7% e os evangélicos subiriam para 45,4%. Os cristãos (católicos + evangélicos) que eram 79% em 1994, caíram para 73,6% em 2016 e devem ficar em 68% em 2040, conforme mostra o gráfico abaixo.
Crescimento dos Desigrejados No Brasil
Crescimento ainda mais espantoso apresentou o grupo de evangélicos que se declararam “sem vínculo denominacional”, denominado de “desigrejados”. Nos dez anos separando os censos de 2000 e 2010 o numero de evangélicos assim declarados partiu de pouco mais de um milhão de pessoas chegando a impressionantes 9.218.129 de crentes brasileiros. Um crescimento de mais de 780%. Nenhum outro grupo de evangélicos arrolados no censo experimentou crescimento semelhante. O conjunto da população evangélica cresceu 61,45% e a denominação com o maior crescimento foi a Assembleia de Deus com 46,28% (com 8,4 milhões de fiéis em 2000 e 12,5 milhões de fieis em 2010).
O grupo "evangélicos sem vínculo denominacional” foi o maior responsável pelo crescimento da população evangélica brasileira e representa hoje 21,8% do total dos evangélicos, sendo um grupo maior, portanto, do que a soma de todos os crentes vinculados a denominações evangélicas de missão (presbiterianos, metodistas, batistas, luteranos, congregacionais, adventistas e outros), os quais, somam pouco mais de 7,6 milhões de evangélicos (4).
É de grande relevância ressaltar o crescimento do islamismo em nosso país. Cerca de 1,5 milhão (5).
Conclusão
Não há como conter o vulcão do crescimento do pentecostalismo, das seitas, dos sem-religião, dos desigrejados no Brasil. O esquema montado e executado com agressividade proseletista, encurrala e promove decadências nas igrejas cristãs históricas. O esquema é o seguinte: poder financeiro, conchavo político, mídia, espetacularização do show religioso, culto à personalidade e manipulação pela ganância de uma vida melhor via a teologia da prosperidade e a teologia da retribuição de barganhar o céu pelos dízimos e ofertas. Fundamentados na doutrinação e na dominação de milicianos de fiéis como mina de ouro, de votos e de sustentação de poder econômico, político e religioso. É muito triste contemplar pessoas de boa fé sustentar impérios religiosos corruptos!
Resta tão somente para os seguidores de Jesus de Nazaré, viver de fato e de verdade seu ensinamento de amor, ajudar os necessitados, praticar a justiça, acolher na comunidade com espírito fraterno e com a vida anunciar a Boa Nova do Reino de Deus.
Frei Inácio José do Vale
Professor e Conferencista
Sociólogo em Ciência da Religião
Doutor em História do Cristianismo
Formador dos Irmãozinhos da Fraternidade de Charles de Foucauld
E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com
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Fontes:
(1) http://www.snpcultura.org/intriga_destroi_paroquias.html
(2) http://www.lavoz.com.ar/mundo/desde-2010-cada-hora-se-inscribe-una-nueva-iglesia-en-suelo-de-brasil
(3) http://palavraviva.com/home/index.php/noticias/noticias-igreja/4440-catolicos-que-deixam-a-igreja-porque-o-fazem-cnbb-reflete-
(4) http://www.genizahvirtual.com/2013/10/quantos-sao-os-desigrejados-evangelicos.html
(5)http://istoe.com.br/349181_OS+CAMINHOS+DO+ISLA+NO+BRASIL/
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Comentários
Depois basta o tal pastor dar uma olhada em volta, descobrir que tipo de pregação a população local gosta e oferecer um evangelismo ao gosto do freguês.
Já a Igreja Católica é uma organização mastodôntica, com dogmas, hierarquias e regras para tudo. Não tem como competir com o marketing de guerrilha que as pequenas igrejas evangélicas travam nos subúrbios.
Pode ser só impressão minha mas o número dessas igrejas tem diminuído nos últimos anos, não sei se é porque abusaram da conta em um passado não muito distante, em alguns bairros tinham mais igrejas que bares ou pequenas padarias, ou se é por conta da crise, desempregados não pagam dízimos ou, muito improvável, o povo está ficando mais esperto, não apostaria nessa última alternativa.
No subúrbio pobre onde trabalhei, havia várias delas. A pessoa chegava e o atendente improvisava uma benção, uma unção, um mini-culto, anotava o nome na lista de orações e o freguês saía satisfeito.
Estas igrejas se multiplicam que nem pipoca e no final ocorre a saturação, com pastores demais pescando no mesmo aquário.
Entre as igrejas evangélicas o canibalismo é cruel, porém isto dificulta ainda mais a presença do rito Católico Romano tradicional, porque para sobreviverem cada uma daquelas igrejas desenvolve sua própria oferta de culto personalisado tentando desesperadamente atrair seu nicho da clientela.
É como se as igrejas evangélicas fossem a Praça de Alimentação do Shopping, oferecendo um monte de opções rápidas e baratas de comida para cada gosto do freguês, enquanto o Catolicismo é aquele restaurante tradicional a la carte, com cozinha especializada e um chef que não admite que os clientes dêem palpites no cardápio ou nas receitas.
Entrevistaram até o Diabo: http://pt.churchpop.com/o-que-diz-o-demonio-sobre-receber-comunhao-na-mao/
https://padrepauloricardo.org/episodios/quais-sao-as-caricias-permitidas-no-namoro
Bom falando de Economia e consevadorismo , mas de sexo é maluco como qualquer outro religioso .
Parece a Universal kkkkkk
O padre: "Ave Maria... " "In Nomine Patris"... rezando uma missa que dá sono etc. etc.
Já o lado evangélico. o pastor vem com discurso mais direto. Pastor: "Irmãos, glória a Deus"...
Pastor: Irmão, qual o seu problema ?
Fiel: Pastô, tô disimpregado, individado, pobrema com caxassa etc.
(Os pastores chegam plenamente a interagir com a ovelha... e esta desabafar os problemas mundanos e espirituais. )
\Tem outros fatores. A doutrina católica é mais "medieval" que a evangélica. Padre e freira não podem se casar e ter filhos (ao contrário do(a)s pastores(as) evanjas) . Fiéis só podem ter transar no casamento , não usar preservativo etc etc. O protagonismo da mulher no meio evangélico é bem maior... isso a ponto de ter pastoras e obreiras !
Além disso, pensem quantos homens e mulheres evitam a vocação religiosa católica em virtude da estrutura jurássica. E o nº de homens e mulheres que abraçam a vocação evangélica.
Enquanto abrir um templo católico exige cumprir uma série infindável de requisitos, dos critérios arquitetônicos ao estabelecimento de uma nova paróquia e sua subordinação à diocese, pontos de reunião evangélicos multiplicam-se exponencialmente ocupando qualquer birosca que se mostre vaga, sem que o pastor tenha que dar mais satisfações do que dizer-se ungido pelo Espírito.
Esta realidade assegura que a igreja evangélica mais próxima esteja sempre mais próxima que a Igreja Católica mais próxima, o que é uma vantagem imensa em determinados lugares, por exemplo, os morros cariocas.
Além da questão logística tem a dificuldade de a Igreja Católica, presa rigidamente à liturgia única, competir com uma miríade de denominações tão diversificada que sempre vai ter uma que oferece exatamente aquilo que o povo quer, por mais bizarro que seja.
- Creio que eles acreditem que o crescimento evangêlico tem limite, o que permitiria que os Chatólicos ficassem ao menos nos 20/25% da população, mesmo em maioria, os evangêlicos serão um bando amorfo e desunido, sem coesão suficiente para perturbar muito o poder e a influência da ICAR.
Abraços,
Nao sei se foi dito aqui, mas uma analogia muito bem feita foi a de que fe como prouto e nao deixa de ser verdade. Foi se o tempo dos ataques massivos dos evangelicos contra a ICAR. O foco agora e dnominacoes "evangelicas" contra outras.
O conflito sempre existira.
Algumas igrejas neopentecostais adotaram doutrinas - conservadoras pra atrair + ovelhas. Elas são camaleoas, tentam se adaptar aos tempos modernos.
O desigrejado de hoje é o cara que abandonou alguma denominação neopentecostal em sua maioria.
Esse tópico tem até um artigo sobre isso:
http://religiaoeveneno.com.br/discussion/comment/14682/#Comment_14682
Já as neopentecostais prometem saúde, dinheiro, felicidade, volta da pessoa amada etc. e até, em alguns casos, afirmam que, se você pagar o dízimo, Deus tem a obrigação de lhe conceder o milagre.
A pessoa está na pior, mas daí vai à igreja de fundo de quintal e ouve o pastor improvisado berrar que "Você está ficando curado agora! Sua vida começou a melhorar agora!"
Sim, agora, e não numa hipotética vida após a morte. É isso que o crente quer ouvir.
Também há muito mais interação dentre os fiéis, o que acaba dando calor humano e apoio psicológico para quem está desesperado, ao contrário de uma igreja católica onde você entra, assiste à missa lá no seu canto e depois vai embora sozinho.
A reação da ICAR foi imitar algumas dessas coisas, com as missas virando "show da Xuxa", cartazes na fachada anunciando o "padre Fulano" etc. Virou espetáculo em vez de culto. Os carismáticos incorporaram o "falar em línguas" e o "repousar no Espírito" (quando o fiel cai no chão estrebuchando como se fosse um ataque epilético).
Isto desagradou aos mais conservadores, que se refugiam em organizações extremistas como os "Arautos do Evangelho" ou a "Cavalaria de Maria", sendo que muitos sequer reconhecem a autoridade dos papas pós-Concílio Vaticano II e declaram que o trono está vazio (são os sedevacantistas).
exato !!
Resumo da ópera:
Padre: "ave maria cheia de graça etc etc etc"
Pastor: GLÓRIA A DEUS !!! VOCÊ SERÁ CURADO, IRMÃO!!! JESUS É O SENHOR !!! ALELUIA!!!!
De fato, mas e os que já estavam foram do Catolicismo antes? Isso tá criando consequências agora.
Uma imitação do que o Neopetecostalismo estava e ainda faz: shows grandiosos, artistas gravando pra Som Livre...
verdade, pão e circo amém. Olha conheço razoavelmente bairros populares. O mercado religioso dominante é o evangélico. Cansei de ouvir som gospel ao passar por camelôs e lojas.
Exatamente: são casos que não querem um compromisso religioso forte, mas querem as benesses da religião - a fé.
Qualquer pessoa se declara evangélica hoje em dia. No caso do meu trabalho tem gente aqui que só escuta esses hinos, mas a personalidade é totalmente não condizente com o escopo religioso.
Por outro lado, havia um monte de igrejas de crente improvisadas em galpões e fundos de quintal, sempre abertas. Havia dias e horários de culto bem definidos, sim, mas também havia sempre alguém para receber quem precisasse de algum atendimento de emergência. Era só entrar e o "pastor" improvisava uma "unção", um mini-culto nem que fossem apenas 2 ou 3 pessoas.
Acho que só as grandes que abrem, mas pra eventos específicos como as pastorais. Isso é anunciado nas missas somente, o serviço de comunicação deles não é muito bom.
Hoje, há problemas de segurança, com assaltos e furtos mesmo durante as missas, a ponto de algumas igrejas manterem seguranças na porta. O resto do dia, elas ficam fechadas por precaução.
Entrei em igrejas, pequenas ou grandes, dei conta que ainda persiste o hábito de ir na missa.
A maior surpresa foi ter encontrado várias seitas evangélicas nesta cidade e arredores.
Iurd, maná, etc.
Entre católicos e recém chegados mil vezes os primeiros.