'A sociedade tem que abrir a mente', diz mãe de bebê não-binário

'A sociedade tem que abrir a mente', diz mãe de bebê não-binário

Apesar da enxurrada de comentários negativos, Taynan Carneiro não se deixará abater

"É menino ou menina?" é uma pergunta que muitos pais escutam durante a gestação. Alguns até mesmo esperam o nascimento para serem surpreendidos e contar para familiares e amigos a boa nova. Mas nenhuma dessas opções satisfez o casal Taynan Carneiro, de 18 anos, e Yudi Luiz Santos, de 25 anos, que escolheu permitir que o bebê deles, Ariel, decida com qual gênero se identifica, em seu próprio tempo. Aliás, a escolha do nome foi fundamental, segundo a mãe, pois não restringe a forma como a criança será vista pela sociedade.

Apesar da felicidade em conviver com a maternidade diariamente, a jovem, moradora de Camaragibe, em Pernambuco, relatou estar em choque com os comentários negativos de internautas após a história da família ter viralizado nas redes sociais na manhã desta terça-feira. Os xingamentos, porém, não vão interferir na forma como ela e o pai afetivo do bebê vão educá-lo, disse Taynan.

"Estou um pouco estressada por conta dos comentários negativos. Estou em choque. A sociedade tem que aprender a abrir a mente, é uma coisa de construção. Deixa a criança viver, ser feliz. Ele não precisa de um gênero para ser uma criança. Ariel acordou chorando desesperadamente com esse monte de energia ruim para ele, e eu sem entender o choro", afirmou a mãe, ainda abalada devido a enxurrada de críticas, mas firme com relação à escolha.

De acordo com ela, as pessoas com quem convive, "sabendo nossa história e sabendo de tudo", não agridem verbalmente as escolhas de sua família. Com isso, muitos amigos estão deixando mensagens de apoio nas redes sociais dela. "Vou até repetir o que vcs já sabem. O que importa é o amor dos que nos cercam", disse um. "Seu bebê é lindo, que tenha muita luz e cresça saudável", disse outro.

O pai da criança também registrou em seu perfil o apoio à criação de Ariel. "Sai da frente com seu ódio, nós vamos passar com nosso amor", afirmou.

"Não impomos nada. Ele é um menino, imposto pela sociedade, da forma como foi registrado. Mas, se mais a frente, ele decidir que não é um menino, é uma decisão dele. A gente enxerga isso com a mente muito aberta. Ariel é uma criança independente de qualquer coisa. O gênero vai ser uma escolha dele. Eu e o Yudi falamos isso desde o início da gestação. Até o pai biológico concordou", frisou Taynan. Dessa forma, a criança veste roupas de cores neutras, assim como seus acessórios no quarto da casa onde vive com a família.

O relacionamento dela e do Yudi, que é um homem transexual, começou em 2015, mas foi interrompido em 2016, no mesmo ano em que ela conheceu o pai biológico de Ariel e engravidou.

"A gravidez foi uma surpresa. Eu sempre quis ser mãe, mas eu não me sentia pronta para esse momento. Desde o momento em que soube que estava grávida, foi o Yudi que me deu muita força sempre me ajudando e procurando resgatar o meu melhor. Me afastei do pai biológico de Ariel e reatei o namoro com o Yudi. Eu tive o Ariel no dia 4 de julho, ele (Yudi) estava comigo em todo momento, 24 horas na maternidade. Tive parto normal, humanizado totalmente, e a gente desde então não tem tido problema por questão do bebê. E o nome Ariel foi escolhido pelo pai biológico", contou a jovem, ressaltando que o que sente pelo bebê é um "amor que não sei nem explicar".

Yudi se manifestou, por meio de uma rede social, a respeito de como encara a paternidade. "Ser PAI vai muito além da genética, tipo sanguíneo e mais além ainda de um papel de registro", escreveu. "Você, Ariel, é o melhor presente que eu ganhei na vida. (Ser pai) é saber que você reconhece minha voz desde dentro da barriga, é sentir o amor recíproco a cada sorriso teu em meio das madrugadas sem dormir", completou.

No Dia dos Pais, o primeiro a ser comemorado por Yudi, a página no Facebook da Associação de Homens Trans e Transmasculinidades, da qual ele é segundo-secretário, publicou fotos da família em uma homenagem, em que salientou a importância de considerar a data, na verdade, como "Dia da Família". "A família não se restringe a mãe e pai, vai bem mais além, todas as formatações onde há amor, os laços sanguíneos são o que menos importam", afirmou o post.

A decisão do casal é semelhante ao que fez o canadense não-binário Kori Doty, em julho deste ano, quando conseguiu um documento de saúde para seu bebê sem especificar qual era o gênero da criança, e também repercutiu na imprensa.

Comentários

  • Ariel acordou chorando desesperadamente com esse monte de energia ruim para ele, e eu sem entender o choro
    Já vi que se trata de uma idiota...
    "Não impomos nada. Ele é um menino, imposto pela sociedade, da forma como foi registrado.
    Como sempre a biologia não tem nada a dizer.

    Eu fic estupefato com a idiotia das pessoas que acham realmente que basta querer ser algo para poderem mudar o que são.
    Ontem vi um caso de um sujeito que quer ser elfo, considerando-se trans-espécie.
    É patético um cara realmente achar que apenas mudando alguns apendices do corpo o tornará não-humano. Como se a nossa humanidade fosse definida por cor dos olhos ou formato das orelhas.
  • editado August 2017
    Ariel acordou chorando desesperadamente com esse monte de energia ruim para ele, e eu sem entender o choro

    Como não lembrar:

  • Identidade de genero vai valer para olimpiadas também? 
  • Se tem pica, é homem.
    Se tem xereca, é mulher.
    Simples.

    Se a pessoa, mais tarde, cismar que é outra coisa, a escolha será dela.
  • ENCOSTO escreveu:
    Identidade de genero vai valer para olimpiadas também?
    Houve um judoca brasileiro que virou mulher e passou a competir com elas.
    Protestaram porque "ela" tinha maior força física e levava vantagem, mas acabaram aceitando.
  • editado August 2017
    O título do tópico diz tudo.
    Toda vez que algum Zé Ruela começa um comentário com a expressão "A sociedade tem que..." é certo que depois vem merda.
    No caso em questão temos duas debilóides socialmente desajustadas se enchendo de autoridade autonomeada para decretar o que a sociedade tem que fazer.
    Gente normal entende que a sociedade é um pacto entre seus membros pelo qual todos cedem um pouco para que todos encontrem um equilíbrio que promova o bem comum.
    Zé Ruelas desajustados acham que todo mundo tem que ceder tudo para que eles se sintam bem.
    Pior é que neste momento histórico no qual os loucos reinvidicam a diretoria do hospício, os Zé Ruelas tão ganhando status messiânico.

    Que Monã nos proteja.

    (Não dizia isto desde que a Dilma caiu)
     
  • Como não lembrar:

    kkkkkkkkk

  • Associação médica recomenda evitar chamar grávidas de “mães” para respeitar transsexuais

    Em seu mais novo guia de comunicação, a Associação Médica Britânica recomenda que seja utilizada “linguagem inclusiva” no local de trabalho, evitando utilizar o termo “mãe expectante” para se referir a uma grávida e substituindo-o por “pessoa grávida” para respeitar transsexuais.

    O manual acrescenta: “A ampla maioria das pessoas que ficam grávidas ou deram à luz se identificam como mulheres. Mas devemos incluir transsexuais que podem ter uma gravidez usando o termo ‘pessoas grávidas’ ao invés de ‘mãe expectante'”.

    O guia também recomenda evitar o uso dos termos “nascido homem” e “nascido mulher” na na medida em que esses termos “são redutivos e simplificam algo complexo”. De acordo com o documento, “a escolha dos termos apropriados é uma importante contribuição para celebrar a diversidade”.

    http://www.ilisp.org/noticias/associacao-medica-recomenda-evitar-chamar-gravidas-de-maes-para-respeitar-transsexuais/


     
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