Premissas do Fundamentalismo Bíblico

editado September 2017 em Religião é veneno
Por Acauan
Publicado orignalmente em 14 Abr 2009, 14:10

As agremiações religiosas que adotam o fundamentalismo bíblico costumam defender as seguintes premissas:

1. Toda a Bíblia foi inspirada por Deus
2. A Bíblia é isenta de erros em tudo que afirma;
3. A Bíblia contém toda informação necessária para a vida do crente;
4. Os crentes devem ter a Bíblia como sua única regra de fé e prática;
5. A Bíblia deve ser interpretada literalmente, sempre que possível.

Uma primeira contradição vem do conflito entre a quinta e a terceira premissa.
A Bíblia não descreve um método pelo qual possa ser interpretada.
Admitido a interpretação como necessária, dado que mesmo os fundamentalistas reconhecem que não é possível entender literalmente determinadas passagens, então temos uma informação necessária à vida do crente que não consta da Bíblia.

Outro conflito se dá entre a primeira premissa, de que toda a Bíblia foi inspirada por Deus, com a terceira, uma vez que não constam da Bíblia uma relação de quais seriam os livros inspirados ou um método para diferenciar um livro divinamente inspirado de outro que não o é.
O Cânone bíblico foi definido segundo metodologias humanas, não divinamente inspiradas e, portanto, passíveis de erro.
Assim, não apenas falta à Bíblia informação que defina a si própria, contradizendo a premissa terceira, da suficiência, como não se pode aferir a inspiração divina de livros selecionados e interpretados por metodologias humanas falíveis.

No caso da quarta premissa temos uma autocontradição, uma vez que se os crentes devem ter a Bíblia como sua única regra de fé e prática, esta regra deveria constar da Bíblia e não consta.
Um versículo frequentemente citado por fundamentalistas como se fosse a tal regra é II Timóteo 3: 16:
Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;

Fica claro que tal citação não atende ao objetivo pretendido, dada a óbvia diferença entre declarar determinado texto inspirado como proveitoso e dizer que o mesmo texto deve ser única regra de fé e prática.

A quarta premissa também gera uma contradição teológica, uma vez que o fundamento do cristianismo é a vida de Jesus de Nazaré, logo, tudo que diga respeito àquela vida fundamenta o cristianismo – necessariamente –, esteja relatado na Bíblia ou não. Na hierarquia teológica cristã é a vida do Cristo que dá autoridade aos Evangelhos e não o contrário.
Em qualquer situação, a história de vida do biografado define a biografia e não o inverso.

Por fim, a segunda premissa, que declara a inerrância bíblica, confronta a terceira e quarta, dado que em nenhum trecho a Bíblia se declara isenta de erros em tudo que afirma.

É comum fundamentalistas defenderem que inspirado implica em inerrante, mas esta é uma interpretação e não uma citação bíblica.
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Comentários

  • Acauan escreveu:
    No caso da quarta premissa temos uma autocontradição, uma vez que se os crentes devem ter a Bíblia como sua única regra de fé e prática, esta regra deveria constar da Bíblia e não consta.
    Um versículo frequentemente citado por fundamentalistas como se fosse a tal regra é II Timóteo 3: 16:
    Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;
    As contradições na Bíblia não são apenas as internas, entre diferentes trechos, mas também entre suas versões.
    Umas dizem que toda escritura é inspirada por Deus e outras, que apenas parte delas (2 Timóteo 03:16).
    Umas dizem que o amor ao dinheiro é a origem de todos os males, enquanto outras dizem que é uma das origens ou então apenas que tem efeitos ruins (1 Timóteo 06:10).
    Também há trechos, como Marcos 16:09-20 (sobre veneno ou mordida de cobra não fazer mal a quem tem fé), que alguns dizem que nem deveriam fazer parte da Bíblia porque não aparecem em todas as cópias existentes.
    Daí os crentes dizem que basta olhar o original grego ou hebraico, mas há vários "originais" diferentes - e divergentes.

     
  • editado September 2017
    Fernando_Silva disse:

    Umas dizem que o amor ao dinheiro é a origem de todos os males, enquanto outras dizem que é uma 
    Daí os crentes dizem que basta olhar o original grego ou hebraico, mas há vários "originais" diferentes - e divergentes.

    Uma das muitas informações falsas que são repetidos nos ambientes evangélicos é que os originais da Bíblia concordam entre si em 99,99...%, número de noves depois da vírgula variando conforme quem cita.
    As diferenças textuais entre os Códices Bíblicos estão detalhadamente catalogados em documentos especialistas que não deixam dúvidas sobre como os textos sofrem alterações a medida que são reproduzidos em diversos lugares e épocas.
    Mais recentemente, a conclusão do estudo dos Manuscritos do Mar Morto também catalogou uma série de conflitos textuais entre os originais antigos e as versões modernas da Bíblia.
  • editado September 2017
    Sendo que "original" é modo de dizer, já que eles não existem mais.
    Não sabemos quem os escreveu nem por quantas etapas e autores cada texto passou antes de chegar ao que seria (se tivesse sobrevivido) a versão final, completa e "original".

    Por outro lado, verificar o texto em grego com frequência revela como as traduções tentaram esconder absurdos e contradições usando uma palavra num trecho e outra em outro trecho, embora em grego ela seja a mesma.

    Por exemplo:
    - Um dos trechos que descreve o piripaque de Paulo na estrada para Damasco diz que os outros "viram, mas não ouviram" enquanto que o outro diz, contraditoriamente, que "ouviram, mas não viram" (Atos 09:07 vs. Atos 22:09). É assim que está em grego, mas algumas edições tentam disfarçar traduzindo "não ouviram" como "não entenderam".

    - Jesus condena quem chama aos outros "louco" (Mateus 05:22), só que depois, mais de uma vez (Mateus 23:17, Lucas 11:40 etc.), chama alguém de "louco". A palavra em grego é a mesma em todos os casos (moros), mas as traduções tentam aliviar usando palavras diferentes e menos agressivas em cada trecho.

     
  • - Quem ler "O que Jesus disse e o que Jesus não disse", mesmo sendo cristão fervoroso saberá que é impossível defender inerrância bíblica, os conflitos internos entre os diversos livros, os conflitos entre as traduções e entre os diversos manuscritos são inúmeros e irreconciliáveis.

    Abraços,
  • Os crentes chamam as contradições e os erros de "dificuldades"...
  • Se a Bíblia é inerrante, como ficamos quando dita uma profecia que nunca se cumpriu? Tem lá uma em Miquéias capítulo 5, logo no início que fala de um Messias que ia nascer em Belém, de uma mulher QUE JÁ ESTAVA PARA DAR À LUZ. E lista uma porção de coisas que esse Messias ia fazer... Mas o tal Messias nunca apareceu e nem fez nada do predito. Como se explica isso?
  • editado September 2017
    Botânico escreveu:Se a Bíblia é inerrante, como ficamos quando dita uma profecia que nunca se cumpriu? Tem lá uma em Miquéias capítulo 5, logo no início que fala de um Messias que ia nascer em Belém, de uma mulher QUE JÁ ESTAVA PARA DAR À LUZ. E lista uma porção de coisas que esse Messias ia fazer... Mas o tal Messias nunca apareceu e nem fez nada do predito. Como se explica isso?
    Basta distorcer um pouquinho, ignorar o fato de que não se cumpriu, apelar para a necessidade de se interpretar adequadamente, dizer que é linguagem figurada etc...
    No livro de Miquéias existem também promessas e esperanças. Entre elas se destaca o anúncio do surgimento do Messias na pequena cidade de Belém (5:1-3). A precisão deste versículo messiânico é impressionante, pois fornece o nome da cidade onde o Messias iria nascer, cerca de 700 anos antes. O Novo Testamento retomará essa profecia e o atribuirá ao nascimento de Jesus (cf. Mt 2:6).[5] 
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Livro_de_Miqueias
    **Obs.: Esta profecia é especialmente interessante à luz do cumprimento no Novo Testamento. Miquéias profetizou 700 anos antes do nascimento de Jesus. Maria, que foi escolhida como mãe do Messias, não morou em Belém. Na hora certa, por decreto do imperador de Roma, José e Maria viajaram até a cidade ancestral deles, onde Jesus nasceu. Os sacerdotes e escribas da época usaram esta profecia para orientar os magos que procuraram Jesus (Mateus 2:5-6).**Obs.: O mesmo versículo que profetiza do nascimento do Messias em Belém esclarece um ponto importante. No sentido mais amplo, ele não teria sua origem naquele povoado, pois suas “origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (2). Esta profecia não é de um mero homem, mas do próprio Senhor que “reinará sobre eles no monte Sião” (4:7). O rei que nasceria em Belém é, ao mesmo tempo, o eterno Deus!Portanto, o povo ainda passaria por um período de sofrimento, como se fosse de dores de parto (veja 4:10) antes de dar à luz o Libertador (3).**Obs.: Quem é a mulher que sofre aqui? Alguns acham que seja Maria, a mãe de Jesus, mas o contexto sugere outra resposta. É o próprio povo, ou melhor, o restante do povo que passaria pelo sofrimento do cativeiro antes de dar à luz o Messias (veja Isaías 66:7-8 e Apocalipse 12:1-5).
    https://www.estudosdabiblia.net/miqueias.htm

    Basta pesquisar sobre "Miqueias 5 Messias". Há trocentas "explicações".
  • Já vi uma crente dizer que as profecias se cumprem várias vezes ao longo dos séculos, portanto é preciso interpretar adequadamente conforme o caso e a época.
  • -Mateus 02:05-06 e João 07:42, onde se diz que o nascimento de Jesus em Belém fora
    profetizado. Entretanto, o trecho que fala de Belém (Miqueias 05:02), se refere
    ao clã de David, Belém Éfrata, e não a uma cidade. Além disto, mesmo que fosse
    uma cidade, o tal Messias profetizado viria para espalhar o terror e a morte
    entre os inimigos de Israel e torná-la poderosa, enquanto que Jesus afirmou que
    "meu reino não é deste mundo". Fala também que tal messias libertaria Judá dos
    assírios, mas estes nunca invadiram suas terras. Na época em que Jesus teria
    vivido, os assírios já não existiam mais.
    http://fernandosilvamultiply.blogspot.com.br/2004/10/o-mito-do-jesus-historico.html
  • editado September 2017
    Fernando_Silva disse: Sendo que "original" é modo de dizer, já que eles não existem mais.
    Não sabemos quem os escreveu nem por quantas etapas e autores cada texto passou antes de chegar ao que seria (se tivesse sobrevivido) a versão final, completa e "original".

    Por outro lado, verificar o texto em grego com frequência revela como as traduções tentaram esconder absurdos e contradições usando uma palavra num trecho e outra em outro trecho, embora em grego ela seja a mesma.

    Sobre traduções, vou ilustrar com um caso recente.
    Quando li A Segunda Guerra Mundial, de Martin Gilbert o livro me pareceu uma das mais sensíveis descrições do conflito e de suas tragédias.
    E o mais incompetente trabalho de tradução que já me passou pelos olhos.
    Dentre outros desastres usam o termo "espingarda" para se referir a fuzis ou rifles, "bombardeamento" no lugar de bombardeio , "levantamento" no lugar de levante e carniceiro para referenciar alguém que trabalhava em um açougue... Além da passagem sobre o comandante que "superintendeu" suas tropas. 
     
    Cito isto para destacar que se hoje, com todo aparato profissional das editoras, com o auxílio de computadores, Internet e todos os recursos de informática, podendo recorrer a inúmeros pares para consulta e revisão conforme métodos estabelecidos, uma merda de tradução daquelas passa por um monte de mãos ao longo do processo editorial e chega às mãos do leitor, imagine como devia ser nos séculos I e II D.C., com um uma sequência de anônimos traduzindo e copiando textos sem nenhum critério objetivo de avaliação do resultado.

     
  • Acauan escreveu:
    Cito isto para destacar que se hoje, com todo aparato profissional das editoras, com o auxílio de computadores, Internet e todos os recursos de informática, podendo recorrer a inúmeros pares para consulta e revisão conforme métodos estabelecidos, uma merda de tradução daquelas passa por um monte de mãos ao longo do processo editorial e chega às mãos do leitor, imagine como devia ser nos séculos I e II D.C., com um uma sequência de anônimos traduzindo e copiando textos sem nenhum critério objetivo de avaliação do resultado.
    Sem falar em que, numa época em que não havia uma autoridade central bem definida, os tradutores adaptavam o texto para que ficasse de acordo com suas interpretações e crenças individuais.

    É esta, provavelmente, a origem da menção a Jesus no texto de Flávio Josefo: já que ele "esqueceu" de relatar um fato tão importante, um copista cristão a incluiu no século III (o que fica óbvio quando se percebe que ela não existe nas cópias judaicas e que os Pais da Igreja criticavam Josefo pela omissão).

    Os monges copistas às vezes incluíam comentários pessoais às margens dos textos. O copista seguinte podia ignorar tais comentários ou, por concordar com eles ou supor que fossem trechos que o copista anterior acrescentou à margem ao perceber que os tinha omitido por engano, adicioná-los ao texto da cópia. Isto pode ser constatado em alguns casos, mas não há como saber em outros.
  • editado September 2017
    Fernando_Silva disse: Já vi uma crente dizer que as profecias se cumprem várias vezes ao longo dos séculos, portanto é preciso interpretar adequadamente conforme o caso e a época.

    - Já vi esse argumento também, é a teoria do duplo cumprimento, serve como uma luva pra contrapor os preteristas (que defendem que as profecias do Apocalipse já se cumpriram), mas essa teoria se esbarra num problema colossal, ela não tem base bíblica alguma, foi cunhada sob medida para defender a linha escatológica, que é a base teológica de quase todas igrejas pentecostais e/ou evangélicas.

    Abraços,
  • Outra crente disse que Deus dá os milagres conforme a época. As coisas que hoje em dia sabemos que são fenômenos naturais explicados pela ciência eram milagres de verdade há séculos ou milênios.

    Hoje, não funcionariam mais, portanto agora Deus tem que mandar milagres que a ciência moderna não explique.
  • editado September 2017
    Acauan disse:
    Sobre traduções, vou ilustrar com um caso recente.
    ...
    tudo isto para destacar que se hoje, com todo aparato profissional das editoras, com o auxílio de computadores
    &c.
    DESCONFIO que justo por isso.
    Tenho visto tanta aberração que ACHO que muitos tradutores profissionais dessa área editorial/filmes – claro que não os juramentados de docs – hoje fazem uma "pré" informatizada de todo texto e depois só vão "ajeitando" o que o software cuspiu.
    Deve ter muita pressão das editoras ou legendadoras de filmes por rapidez, relativamente baixo pagamento, e é por aí, penso.

     
  • Gorducho escreveu:
    Tenho visto tanta aberração que ACHO que muitos tradutores profissionais dessa área editorial/filmes – claro que não os juramentados de docs – hoje fazem uma "pré" informatizada de todo texto e depois só vão "ajeitando" o que o software cuspiu.
    Deve ter muita pressão das editoras ou legendadoras de filmes por rapidez, relativamente baixo pagamento, e é por aí, penso.
    Acontece o mesmo nos quadrinhos dos jornais. Traduzem ao pé da letra e dá até para deduzir como era o original em inglês.

    Por exemplo: "I caught the red eye" vira "peguei o olho vermelho", que não faz sentido em português, mas é publicado assim mesmo.

    Não basta decorar o dicionário, é preciso conhecer um mínimo da cultura do outro povo para não ficar perdido com as referências culturais, históricas e geográficas.
  • Ah! Sim... as tais "traduções"... Na Almeida revista e corrigida, dizem que num só dia 1.000.000 de etíopes guerrearam contra o reino minúsculo de Judá e TODOS FORAM MORTOS SEM RESTAR UM SEQUER. Na Almeida revista e atualizada, no mesmo texto dizem que "caíram tantos etíopes que neles já não havia vigor algum". Vejam lá como se mudam os textos bíblicos...
    Os infelizes TJs usavam, por determinação do verdadeiro Jeová Deus (o tal Corpo Governante) um sistema eclético, recorrendo a várias traduções de bíblias, escolhendo de cada uma aqueles textos cuja redação estivesse mais de acordo com a sua dogmática desconchavada. Uma colcha de retalhos... Nos anos 1950, um tal de "comitê" deu-se ao trabalho de reunir esses textos e saiu daí a tal Tradução do Novo Mundo. Uns detalhes importantes: as identidades desses comissionários foi mantida em segredo "para que a glória da tradução ficasse para o tal de Jeová e não ligada a alguma pessoa". Essa "humildade" tinha a sua razão de ser: os cinco integrantes dessa comissão NADA SABIAM de grego koinê, hebraico ou aramaico, ou seja, NÃO TINHAM CONDIÇÕES ALGUMA DE TRADUZIR os textos restantes que existissem nesses idiomas. O que de fato fizeram foi só uma compilação de traduções já existentes e pegando o que lhes interessava. Feita a versão em inglês, foi a partir dela que a tradução foi feita para outros idiomas, ou seja, o que se tem agora é uma RETRADUÇÃO, ou versão de segunda mão. E se alguém já viu dessa TNM, o português é péssimo, duro, inatural e cansativo.
    Ainda bem que não creio na Bíblia...
  • editado September 2017
    É completamente inaceitável mudar o sentido ao traduzir.
    Mas releia (Professor) se diz mesmo no seu exemplar que mataram TODOS os etíopes...
    Vou procurar a Almeida 1.0 pra checar... 
    Assim como a mania de "traduzir" unidades de medida, comum em legendações ou dublagens de flmes.
    Claro: expressões idiomáticas sim tem que, porque senão fica nonsense como exemplifcado.

    A  história do crédito das traduções eles copiaram da septuaginta então mrgreen.png 

    Que cor o Sr. usa pros nomes, Sr. @NadaSeigrey_question.png
    Não consegui acertar ela...
     
  • editado September 2017
    Esta tradução coincide com a Bíblia do Rei James:

    2 Crônicas 14:08-09: Tinha Asa um exército de trezentos mil de Judá, que traziam pavês e lança; e duzentos e oitenta mil de Benjamim, que traziam escudo e atiravam com arco; todos estes eram homens valentes.
    E Zerá, o etíope, saiu contra eles, com um exército de um milhão e com trezentos carros, e chegou até Maressa.
    [...]
    13 E Asa, e o povo que estava com ele os perseguiram até Gerar, e caíram tantos dos etíopes, que já não havia neles resistência alguma; porque foram destruídos diante do Senhor, e diante do seu exército; e levaram dali mui grande despojo.
  • editado September 2017
    Não achei a Almeida original, mas a impressão de 1819 confeciconada em Londres aparentemente não é "revista" tampouco "corrigida".
    E Jehovah ferio a os Ethiopes diante de Asa e diante de Juda : e fugiraõ os Ethiopes. E Asa, e o povo que estava com elle, seguiraõ após elles até Gerar, e cahiraõ tantos Ethiopes, que já naõ avia nelles vigor algum; porque foraõ quebrantados diante de Jehovah, e diante de seu arrayal : e leváraõ d’ali muy grande despojo.

     
  • editado September 2017
    Isaías 34:14 menciona Lilith em várias versões, inclusive a do Rei James e a minha Bíblia de Jerusalém, mas outras a substituem por "coruja", "lâmia", "animais noturnos", "bruxa do deserto" etc. 

    "Se juntarán gatos salvajes con hienas, los sátiros se llamarán entre sí; allí descansará Lilit, se hará con una guarida."

    Este site compara 19 versões do versículo em espanhol:
    https://www.biblegateway.com/verse/es/Isaías 34:14

    A versão do site em português não mostra nenhuma tradução com Lilith:
    https://www.biblegateway.com/verse/pt/Isaías 34:14

    Eu tenho uma versão em que Lilith foi substituída por "lhama" (suponho que seja "lâmia" escrito errado), mas as notas de rodapé, que eles esqueceram de censurar, explicam quem é Lilith.
  • editado September 2017
    de Jerusalém não inventa:
    Isaïe 34, 14 Les chats sauvages rencontreront les hyènes, le satyre appellera le satyre, là encore se tapira Lilith, elle trouvera le repos.
    Mas aí até pode se justificar pois segundo consta os tradutores da RJ consultaram um rabi que teria dito pra eles que signifcava coruja piante.
    O Almeida tem mais compostura e deve ter se baseado (claro...) em interpretações que circulavam nos meios eruditos do ramo bíblico: animaes nocturnos.
     
  • Gorducho disse:
    Acauan disse:
    Sobre traduções, vou ilustrar com um caso recente.
    ...
    tudo isto para destacar que se hoje, com todo aparato profissional das editoras, com o auxílio de computadores
    &c.
    DESCONFIO que justo por isso.
    Tenho visto tanta aberração que ACHO que muitos tradutores profissionais dessa área editorial/filmes – claro que não os juramentados de docs – hoje fazem uma "pré" informatizada de todo texto e depois só vão "ajeitando" o que o software cuspiu.
    Deve ter muita pressão das editoras ou legendadoras de filmes por rapidez, relativamente baixo pagamento, e é por aí, penso.
    Tenho amigos tradutores.
    Um deles, muito conceituado no ramo e que faz traduções do Inglês, Francês e Espanhol me contou que perdeu um trabalho porque um concorrente se dispôs a fazer o serviço pela metade de um preço que ele já havia jogado lá embaixo.
    Depois de um tempo soube que o concorrente havia sido dispensado e que a editora iria usar o Google Tradutor...
  • Acauan escreveu:
    Depois de um tempo soube que o concorrente havia sido dispensado e que a editora iria usar o Google Tradutor...
    Google Tradutor serve para conversar com gringos pela Internet. Não é perfeito, mas quebra um galho, ainda mais se você tiver o cuidado de usar frases simples. Já a linguagem de livros, filmes, séries e até, como mencionei, quadrinhos, não dá certo.
  • editado September 2017
    Mas será que não tem softwares mais específicos – "profissionais", say – onde se carregue toda obra ou diálogos do filme em .txt ou .xmlgrey_question.png
    Tipo como tem os softwares no ramo de Letras que classificam as classes gramaticais, estatísticas de uso de vocábulos; &c...
  • Gorducho disse: Mas será que não tem softwares mais específicos – "profissionais", say – onde se carregue toda obra ou diálogos do filme em .txt ou .xmlgrey_question.png

    Tradução literária é uma arte, não uma ciência.
    Uma das técnicas dos grandes tradutores é a imitação de estilo, a capacidade de reproduzir em outra língua o estilo literário do autor, o que hoje é impossível para os softwares existentes.
  • editado September 2017
    Mas justo este é o ponto cá: o NÃO exercício dessa arte é que gera as aberrações que estamos a ver.
    A dúvida é se se limitam a usar o Google ou se há softwares mais específicos que gerem uma prévia de toda obra/diálogos a serem vertidos. Porque é simplesmente inimaginável que alguém com um pingo de conhecimento do idioma original vá produzir certas coisas que se vê. Então deve ter uma "prévia" automatizada que gera certos absurdos que depois escapole à revisão do tradutor humano.
    É isso que acho que se sucede...
  • A ideia é transmitir, com a maior fidelidade possível, aquilo que o autor quis dizer.
    Nem sempre dá para traduzir palavra por palavra, nem sempre é "the book is on the table".
    É necessário ler um trecho, entender o que está sendo dito e então procurar expressar isto na outra língua.
    Os softwares existentes ainda não são capazes de perceber o que está subentendido, não conseguem ler nas entrelinhas.
     
  • Claro que eu sei isso. Estou talvez me expressando mal... cry.png
    Concorda que certas coisas que se vê só se explicam se se supuzer que o tradutor humano tenha feito uma prévia informatizadagrey_question.png
    ☐ Não
    ☐ Sim
     
  • editado September 2017
    Gorducho disse: Mas justo este é o ponto cá: o NÃO exercício dessa arte é que gera as aberrações que estamos a ver.
    A dúvida é se se limitam a usar o Google ou se há softwares mais específicos que gerem uma prévia de toda obra/diálogos a serem vertidos. Porque é simplesmente inimaginável que alguém com um pingo de conhecimento do idioma original vá produzir certas coisas que se vê. Então deve ter uma "prévia" automatizada que gera certos absurdos que depois escapole à revisão do tradutor humano.
    É isso que acho que se sucede...
    Isto é o que se poderia chamar de tradução industrial.
    No lugar do texto artesanal do tradutor clássico, temos uma linha de montagem na qual o tradutor humano faz apenas o acabamento, como robôs que pintam carros e no final aparece um cara com uma lixinha e massa de polir para um acertinho aqui ou ali.

    Claro que o final do século XX ensinou que não se deve subestimar o potencial dos softwares.
    Até a chegada do Deep Blue acreditava-se que era impossível um computador vencer um grande mestre de xadrez

    O problema com a tradução é que mesmo traduções à moda antiga feitas por especialista frequentemente são sofríveis.
    Um exemplo que sempre me vem é A Divina Comédia.
    Na tradução de Hernâni Donato a versão em Português é grandiosa.  Não tenho competência para julgar o original, mas me arrisco a dizer que Donato chegou lá.
    Só que a tradução é em prosa, enquanto o original é em verso.
    Outros tradutores da obra para o Português tentaram reproduzir o poema épico com uma versão em rima.
    O resultado é ruim que dói.
    Também achei as traduções do Fausto, de Goethe muito fraquinhas, principalmente as rimadas, todas feitas por tradutores antigos e renomados.
    Se estas obras traduzidas de modo artesanal pelos melhores profissionais da época não deram em boa coisa, um software cujas subrotinas não podem ser sustentadas por padrões matemáticos, como no xadrez, tem que reproduzir experiências ao modo Inteligência Artificial, que até dá prá imaginar, mas não sei estamos perto disto uma vez que o Google Tradutor ainda é, na maioria dos casos, tosco.

     
  • editado September 2017
     ויפל מכושים לאין להם מחיה כי־נשברו 
    Minha tradução industrial fica assim [depois de Gerar]
    e fustigou [Ele, Jeová] os etíopes aniquilando-os, de sorte que colapsaram

    Palavra por palavra
    fustigou
    e Ele
    etíopes
    a nada
    -os / eles
    suas forças (living - sustenance)
    porque colapsaram
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