Passe vergonha como um profissional
Git gud or die
Recentemente uma discussão já meio antiga recebeu novo folego e mostrou ainda mais o abismo que separa o assim chamado “jornalismo profissional” dos…. bem, da realidade.
Dean Takahashi, um jornalista veterano recebeu uma cópia de avaliação do vindouro e interessante jogo Cuphead, que parece um daqueles desenhos do inicio do século 20. Bem legal.
Então o cara foi jogar para avaliar e passou minutos vergonhosos tentando avançar no tutorial. Entendam, não era uma parte dificil do tutorial, era literalmente a terceira coisa a se fazer depois de abaixar e pular. Uma tarefa simples, pular e fazer um dash, como descrito na tela.
Mas o sujeito fica quase dois minutos para fazer algo que levaria poucos centesimos de segundo. Não é como se ele estivesse jogando Super Meat Boy ou mesmo Dark Souls.
Naturalmente a internet não perdoou o sujeito e o espinafrou sem piedade. Um video mostra um menino de talvez três anos mostrando exatamente o que fazer. Outro compara o tempo que uma pomba leva para resolver um problema ao tempo do jornalista. E esse, misturado com a musica do Bob Espoja é dos melhores que vi.
Claro que a classe jornalistica saiu em defesa do cara, quase de forma unanime, afirmando que “não é preciso ser bom jogador para ser jornalista de jogos.”
E claro, acusando os jogadores de serem elitistas e gamegaters. Sério. Isso entrou na conta do Gamergate também.
Alguns anos atrás, houve o infame video de um jornalista do site Polygon, também passando vergonha ao jogar o novo Doom.
E da mesma forma, a classe jornalistica se solidarizou com o cara. E também acusaram os jogadores de elitistas e gamegaters.
Da mesma forma daquela vez que um jornalista criticou Mass Effect porque não sabia como subir de level. Ou o que disse que Warhammer 40k copiou Gears of War.
O detalhe é que esses exemplos são do mesmo cara. O cara com “18 anos de experiencia em jornalismo de games” e defendido com fervor quase religioso pelos sites jornalisticos, porque uma de suas capacidades seria “escrever bem”. Dois livros sobre os consoles da Microsoft e colunas no Wall Street Journal e Los Angeles Times.
Não adianta contratar Luiz Fernando Verissimo para fazer um review de Kingdom Hearts. Pode até ser muito bem escrito, mas as pessoas saberiam que ele não tem a menor noção do que ele está escrevendo.
“Gatekeeping” é outra expressão usada pela imprensa para descrever a situação. Seria aquela atitude de, digamos, um metalhead chamando alguem de poser.
Caralhos, vi tweets de jornalistas ligando isso à eleição do Trump. E foi mais de um.
Não acho também que é preciso ser um puta jogador para fazer jornalismo de games, assim como não se exige que um jornalista de música seja um virtuoso ou um esportivo seja um craque. Mas é preciso que eles tenham noção sobre o que estão falando. Espera-se que um jornalista de quadrinhos saiba que é o Superman que usa uma capa vermelha e não o Hulk. http://www.superamiches.com/passe-vergonha-como-um-profissional/
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Comentários
E já vir fazendo isto a um certo tempo para poder comparar jogos, versões, dificuldades, fases.
O que o cara pode dizer sobre a experiência dele com o jogo que interesse a jogadores de verdade se mal conseguiu passar do tutorial?