Ateus, agnósticos e céticos: a morte é o fim do sofrimento?
Esse é um dos temas bastantes discutidos no meio ateísta, agnóstico e cético. Uma das coisas que a natureza nos reserva no futuro, segundo o posicionamento padrão dos neurocientistas, é que a nossa morte física significará a nossa inexistência mental. Numa perspectiva otimista, ela significaria, dentre muitas coisas, o fim de todo e qualquer sofrimento nosso. Será mesmo?
"Como é estar morto?" Essa foi uma das perguntas sobre os mistérios da psicologia que Steven Pinker fez no final de sua obra Como a Mente Funciona. Se conhecer algo depende da existência mental, como é que a suposta inexistência mental que viria com a morte física poderia ser conhecida? Os pacientes comatosos índice 3 de Glasgow (estado vegetativo) que voltaram à auto-consciência experimentaram a inexistência mental para nos contar? Como podemos ter certeza disso? Esse tópico demonstrou casos de pacientes que cientistas acreditavam estar nessa situação de inexistência mental, mas um teste simples acabou por refutar a classificação em que eles estavam:
http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=25783.0
Um quote de um site de filosofia que me inspirou a fazer os questionamentos do parágrafo acima:
"Como é estar morto?" Essa foi uma das perguntas sobre os mistérios da psicologia que Steven Pinker fez no final de sua obra Como a Mente Funciona. Se conhecer algo depende da existência mental, como é que a suposta inexistência mental que viria com a morte física poderia ser conhecida? Os pacientes comatosos índice 3 de Glasgow (estado vegetativo) que voltaram à auto-consciência experimentaram a inexistência mental para nos contar? Como podemos ter certeza disso? Esse tópico demonstrou casos de pacientes que cientistas acreditavam estar nessa situação de inexistência mental, mas um teste simples acabou por refutar a classificação em que eles estavam:
http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=25783.0
Um quote de um site de filosofia que me inspirou a fazer os questionamentos do parágrafo acima:
(...) tanto o pressuposto de um mundo místico transcendente quanto o de um mundo materialista redutivo são apenas duas possibilidades de escape do Solipsismo, ambas apoiadas apenas na escolha subjetiva prévia de não se conformar à possibilidade de estar sozinho num universo mental próprio. Independente disso, ambas são realistas e pensam descrever o universo como ele o é, fazendo assunções arbitrárias baseadas na pressuposição de que o invisível explique o que se vê, e outra que o que se vê permite negar o invisível.
No entanto, não há, absolutamente, nenhuma garantia de que há um mundo espiritual para o qual nossas mentes escapam após a morte física, e menos ainda a garantia de que nossa existência mental irá cessar com a morte física. Digo “menos ainda” porque ainda é possível, se for o caso, experimentar a existência transcendente, ao passo que a inexistência está eternamente condenada à total impossibilidade de conhecimento.
Assim, basear toda uma estrutura conceitual na premissa de uma certeza essencial é, como já foi dito, apenas apostar numa possibilidade tão provável quanto qualquer outra, e que a derivação do desvalor da existência é no máximo hipotética. Mesmo o apelo à autoridade científica é inútil porque embora a ciência naturalista tenha demonstrado além de qualquer dúvida sua competência para entender e gerenciar o mundo fenomênico, nada pode dizer sobre o que estiver além dos fenômenos.
Autor: Marcus Valério XR
Fonte: http://www.xr.pro.br/monografias/OTIMISMOXPESSIMISMO.HTML (p.12)
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Comentários
Certeza, no sentido mais restrito do termo, não temos sobre coisa alguma, mas a evidência sobre a erradicação da consciência, essa absolutamente dependende da atividade cerebral, é muito mais forte que qualquer outra ideia/dogma/crença dizendo o contrário.
Após a morte, não há mais cérebro. A menos que acreditemos em que a consciência independe do cérebro para existir, a morte é o fim do sofrimento.
Por outro lado, se, por hipótese, a consciência, alma, espírito ou que nome tenha continue existindo, nada nos garante que o sofrimento acabe.
Onde estávamos quando éramos bebês? Com consciência e percebendo o mundo, mas não nos lembramos da época em que éramos bebês. Também há a história de uma mulher de 32 anos que sofreu com um coágulo de sangue no cérebro e perda parcial de memória e "voltou" 14 anos no tempo depois que retoma a consciência. Sendo assim, memória não prova história. E nem responde a pergunta "Como é estar morto?".
As pessoas leitoras de artigos e reportagens científicas normalmente associam consciência não totalmente dependente do cérebro a "não materialismo" ou "dualismo de substância". Mas será que isso é verdade mesmo? Stuart Hameroff, diretor do Centro de Estudos da Consciência na Universidade do Arizona, e o Roger Penrose, físico matemático da Universidade de Oxford, criaram uma teoria quântica da consciência chamada de Teoria da Redução Objetiva Orquestrada. Sobre a consciência de quem está em EQM ou morre, baseado nessa teoria, Hameroff diz: “A informação quântica contida neles não é destruída, não pode ser; apenas se distribui e se dissipa pelo universo. (...) Se o paciente morre, é possível que a informação quântica possa existir fora do corpo, talvez de modo indefinido, como uma alma":
https://hypescience.com/mecanica-quantica-alma/
https://hypescience.com/teoria-orch-or/
Os autores da Teoria da Redução Objetiva Orquestrada afirmam que, das 20 previsões testáveis da teoria, 6 foram confirmadas, e nenhuma foi refutada.
Mesmo havendo compatibilidade entre materialismo e consciência não totalmente dependente do cérebro, muitos que se intitulam céticos deram por encerrado essa questão clássica da história da filosofia.
E se, ao invés de sofrer coma, a pessoa morrer, for criogenizada e for ressucitada num futuro em que a biotecnologia é infinitamente mais avançada que a atual? E se, no futuro, construíssem uma réplica perfeita até a nível molecular da pessoa pouco antes de ela morrer? Na verdade, os mistérios acerca da consciência são bem maiores do que aparentam à primeira vista. "Morte + mente dependente do cérebro para existir = fim da existência mental (e do sofrimento)" não parece tão garantido quando se reflete sobre as hipóteses acima.
Por outro lado, se a ideia de que o corpo recebe a consciência da mesma forma que um receptor de TV a cabo recebe sinais for verdadeira, restaria tentar saber se a informação da consciência seria perdida ou não, ou mesmo se a consciência continuaria existindo após a morte.
Pessoas céticas não dão por encerrada nenhuma questão, tudo pode e deve ser questionado e, diante de novas evidências, revisto.
Por enquanto, todas as evidências apontam para uma consciência totalmente dependente da atividade cerebral e sua extinção após o evento da morte cerebral.
Eu queria saber quais evidências seriam essas. Pois quem "experimentou" a extinção mental não pode oferecer relato de experiência para confirmar a hipótese. Algum ser humano já foi ressucitado para pelo menos relatar algo?
Aliás, se a ressureição é possível, isso já confirmaria que a mente não necessariamente se extingue após a morte cerebral. Como diabos alguém que já se foi para sempre poderia voltar para fornecer relato de experiência de inexistência mental?
Eu não estou me referindo a validade da hipótese de existência de continuidade mental após a morte. Esqueça isso. Estou me referindo a hipótese da extinção mental após a morte cerebral. Como é que uma pessoa que se extinguiu mentalmente pode oferecer relato sobre a morte? Se o fato científico depende da experiência, e a extinção mental elimina qualquer relato de experiência, como alguém que se extinguiu pode apresentar "experiência de morte"?
A segunda coisa. Mas também posso perguntar "como sabemos através do estudo da neurobiologia que a consciência é um fenômeno total e exclusivamente dependente do cérebro?"
A pessoa só com mal de Alzheimer não é inconsciente, portanto não há aí algo nem remotamente parecido com a "extinção da consciência".
A discussão não está encerrada, mas sim suspensa até que surjam novidades.
No modelo relativista, espaço e tempo formam um conjunto de dimensões onde, na variável tempo, passado, presente e futuro coexistem simultaneamente.
Isto cria um paradoxo interessante, pois se passado, presente e futuro coexistem, não existe antes e depois da morte e sempre se está vivo em um determinado segmento do espaço tempo, que não deixa de existir por conta de nossa percepção cronológica da realidade.
Que loucura , é fascinante isso.
Acauan isso parece uma espécie de imortalidade, de sempre existência ou não estou entendendo porra nenhuma, afinal é física moderna que é de difícil compreensão mesmo. Se for o que estou pensando a minha dificuldade é que eu conscientemente estou vivendo aqui hoje. Como poderia estar vivendo no ano de 1977 por exemplo?
É como se não fosse eu e sim outra pessoa. Mesmo eu sabendo que já vivi neste tempo certamente não estou vivendo agora. E quando eu morrer ? Voltaria de novo para o ventre de minha mãe para viver tudo de novo ?
Bom, posso é não ter entendido porra nenhuma mesmo.
Eu penso que o foco do tópico é sobre a veracidade da hipótese da extinção mental após a morte. A não confirmação da proposição oposta a essa última - isto é, "a consciência sobreviverá à morte física" - não é suficiente para se ter alguma segurança em afirmar de que nossa existência mental irá cessar com a morte física.
O @Acauan uma vez definiu o nada como a realidade dos inexistentes.
Não tenho como entrar nesse debate, estou só colocando isso aqui pra tentar ajudar, ou atrapalhar hehehe.
Foi a melhor definição de nada que já falaram .
Tem um modo didático de entender a ideia.
Normalmente imaginamos a realidade como sendo um filme, no qual cada cena existe apenas no momento em que é apresentada. As cenas passadas existem apenas na memória e nada sabemos sobre as cenas futuras até que o instante de cada uma delas se torne presente.
Outra concepção, que sempre foi a teológica e depois da Relatividade tornou-se também a científica, é que a realidade é uma pintura.
Todos as cenas da pintura podem ser percebidas de uma única tomada e coexistem no mesmo plano.
Assim, no cinema você e o filme estão na mesma linha de tempo, no qual o seu presente é o presente do filme.
Na pintura, você está fora da linha do tempo das cenas e pode abarcá-las todas de uma vez, mesmo que em seu contexto traduzam uma cronologia de eventos.
Na Relatividade, o instante presente é apenas uma coordenada espaço-temporal, tanto quanto os marcos de quilômetros de uma estrada. Estes marcos não desparecem depois que você passa por eles e já existiam antes de você passar.
Retornando ao assunto do tópico, se toda vida é uma soma de instantes e cada instante é uma coordenada espaço-temporal, então todas as vidas existem em suas respectivas coordenadas e não deixam de existir porque nossa percepção da realidade está limitada a um grupamento de coordenadas diferentes.
Que loucura... A existência é fascinante ( embora eu tenha acordado agora com a sensação que o mundo/vida é estranho e hostil ao extremo), não me despertando fascínio algum.
Valeu Acauan.
É aí que a coisa fica interessante pois estamos falando de como a consciência interage com o tempo, duas entidades que não compreendemos bem.
Não temos percepção do futuro, mesmo que imediato, mesmo do futuro que presenciaremos em poucos instantes.
Isto não significa que estamos mortos neste futuro imediato, apenas não temos consciência dele.
Esta é uma questão que a Física relativista não responde, se a dimensão temporal é simultânea em todos os seus instantes e estamos vivos e conscientes em um determinado grupamento destes instantes, por que temos o conhecimento dos instantes passados, mas não dos futuros?
Não lembramos de um período antes de nascer, como não lembramos dos próximos cinco minutos, mesmo que eles já estejam acontecendo.
E se este quarto eixo não for uma reta e sim um plano ou mesmo um cilindro?
Nossas vidas e consciências existiriam em um sistema muito mais complexo de coordenadas espaço-temporais e os desdobramentos disto são ilimitados.