Espécie ameaçada salva por espécie invasora. Darwin aprova.
Uma das coisas mais legais da Teoria da Evolução e da Seleção Natural é que são baseadas em pura observação. Darwin nem sonhava com o conceito de DNA e os mecanismos da hereditariedade, mas eles não importam para entender como a Evolução funciona.
Antes de tudo, esqueça aquilo de sobrevivência do mais forte. Seleção Natural é sobrevivência do mais adaptado ao meio-ambiente. Um panda por exemplo é um beco-sem-saída evolucionário, um bicho que acabou preso a uma dieta única, de baixa eficiência energética. Se bambus se extinguirem, os pandas vão junto. Eles só existem ainda por serem fofinhos.
O pessoal de Harvard fez um experimento famoso e lindo demonstrando na prática a seleção natural. Nele, faixas com mais e mais antibióticos são inoculadas com bactérias E.coli. Elas só sobrevivem na faixa inicial, sem antibióticos, mas, aos poucos, mutações aleatórias vão acontecendo e acaba surgindo uma variante resistente. Depois de 11 dias, há toda uma população capaz de sobreviver em um ambiente com 1.000× a dose letal inicial.
Os cientistas antigamente achavam que macroevolução era impossível, não veríamos grandes mudanças em poucas gerações em organismos complexos. Hoje percebemos que a Natureza é muito mais ousada e versátil do que imaginávamos.
Um exemplo perfeito foi descoberto por cientistas que estudam o gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis), uma espécie que até pouco tempo atrás estava ameaçada na Flórida, com as drenagens dos pântanos acabando com os caramujos que eles comem. A situação chegou ao ponto de haver menos de 400 casais em estado selvagem na região.De 2000 a 2007, a população seguiu em queda, eis que depois disso os números começaram a subir, a taxa de sobrevivência de gaviões jovens aumentou muito. Logo os cientistas descobriram que os gaviões estavam crescendo mais, bem-alimentados e fortes. O culpado? O caramujo-maça (Pomacea maculata), uma espécie invasora que chegou aos Estados Unidos na água de lastro de navios
vindos do Rio da Prata.
Obviamente é um pucta caramujo e os gaviões não conseguem carregar; ele não fazia parte da dieta dos gaviões quando começaram a aparecer na região, no final dos anos 90. O que mudou? Os gaviões. Os cientistas descobriram que a espécie está a cada geração nascendo com bicos mais fortes e mais compridos, capazes de quebrar a concha e comer mais da carne do caramujo (gaviões vegans foram extintos, sorry).
Em algum momento uma mutação aleatória produziu um gavião com um bico um pouco maior. Isso deu a ele uma pequena vantagem, o suficiente para não morrer de fome e, ao contrário de outros, ele passou seus genes adiante. Se em suas andanças ele encontrou uma fêmea com uma mutação que gerava bicos mais fortes, melhor ainda.
Em apenas 10 gerações, os gaviões conseguiram se adaptar; isso é muito, muito pouco tempo. Deram sorte? Com certeza, de vez em quando o Universo é generoso, como a mutação que tornou um grupo de humanos tolerante à lactose, permitindo que adultos consumam leite, um excelente alimento, mas que éramos geneticamente programados para rejeitar depois de adultos. Isso levou à domesticação de animais e ao começo da Civilização.
Aonde isso vai parar? Essa é a beleza da Evolução: não tem fim.
Link do Paper: Rapid morphological change of a top predator with the invasion of a novel prey.Fonte: Futurity.
http://meiobit.com/378164/selecao-natural-caramujo-maca-e-a-evolucao-do-bico-do-gaviao-caramujeiro-gracas-a-especie-invasora/
Antes de tudo, esqueça aquilo de sobrevivência do mais forte. Seleção Natural é sobrevivência do mais adaptado ao meio-ambiente. Um panda por exemplo é um beco-sem-saída evolucionário, um bicho que acabou preso a uma dieta única, de baixa eficiência energética. Se bambus se extinguirem, os pandas vão junto. Eles só existem ainda por serem fofinhos.
O pessoal de Harvard fez um experimento famoso e lindo demonstrando na prática a seleção natural. Nele, faixas com mais e mais antibióticos são inoculadas com bactérias E.coli. Elas só sobrevivem na faixa inicial, sem antibióticos, mas, aos poucos, mutações aleatórias vão acontecendo e acaba surgindo uma variante resistente. Depois de 11 dias, há toda uma população capaz de sobreviver em um ambiente com 1.000× a dose letal inicial.
Os cientistas antigamente achavam que macroevolução era impossível, não veríamos grandes mudanças em poucas gerações em organismos complexos. Hoje percebemos que a Natureza é muito mais ousada e versátil do que imaginávamos.
Um exemplo perfeito foi descoberto por cientistas que estudam o gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis), uma espécie que até pouco tempo atrás estava ameaçada na Flórida, com as drenagens dos pântanos acabando com os caramujos que eles comem. A situação chegou ao ponto de haver menos de 400 casais em estado selvagem na região.De 2000 a 2007, a população seguiu em queda, eis que depois disso os números começaram a subir, a taxa de sobrevivência de gaviões jovens aumentou muito. Logo os cientistas descobriram que os gaviões estavam crescendo mais, bem-alimentados e fortes. O culpado? O caramujo-maça (Pomacea maculata), uma espécie invasora que chegou aos Estados Unidos na água de lastro de navios
vindos do Rio da Prata.
Obviamente é um pucta caramujo e os gaviões não conseguem carregar; ele não fazia parte da dieta dos gaviões quando começaram a aparecer na região, no final dos anos 90. O que mudou? Os gaviões. Os cientistas descobriram que a espécie está a cada geração nascendo com bicos mais fortes e mais compridos, capazes de quebrar a concha e comer mais da carne do caramujo (gaviões vegans foram extintos, sorry).
Em algum momento uma mutação aleatória produziu um gavião com um bico um pouco maior. Isso deu a ele uma pequena vantagem, o suficiente para não morrer de fome e, ao contrário de outros, ele passou seus genes adiante. Se em suas andanças ele encontrou uma fêmea com uma mutação que gerava bicos mais fortes, melhor ainda.
Em apenas 10 gerações, os gaviões conseguiram se adaptar; isso é muito, muito pouco tempo. Deram sorte? Com certeza, de vez em quando o Universo é generoso, como a mutação que tornou um grupo de humanos tolerante à lactose, permitindo que adultos consumam leite, um excelente alimento, mas que éramos geneticamente programados para rejeitar depois de adultos. Isso levou à domesticação de animais e ao começo da Civilização.
Aonde isso vai parar? Essa é a beleza da Evolução: não tem fim.
Link do Paper: Rapid morphological change of a top predator with the invasion of a novel prey.Fonte: Futurity.
http://meiobit.com/378164/selecao-natural-caramujo-maca-e-a-evolucao-do-bico-do-gaviao-caramujeiro-gracas-a-especie-invasora/
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Comentários
Eles vã dizer que o tempo faz milagres na cabeça de um "evolucionitra ".