Gaúcha vence na Justiça batalha para recuperar bens doados à Igreja Universal: 'Lavagem cerebral'

Gaúcha vence na Justiça batalha para recuperar bens doados à Igreja Universal: 'Lavagem cerebral'
BBKaeYU.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f&x=415&y=121=1em
© BBC 'Não sei o que me deu... Eu estava=1em desesperada=1em', diz =1emCarla Dalvitt=1em, que tenta=1em reaver bens doados=1em a igreja=1em | Foto=1em: Jonas Samuel Betti/BBC BrasilA gaúcha Carla Dalvitt estava com problemas financeiros quando começou a frequentar a Igreja Universal do Reino de Deus, onze anos atrás. A pequena loja que tinha com o marido estava com pouco movimento, e havia várias prestações para pagar - ela e o marido, João Henrique, tinham acabado de comprar um Palio para levar o filho pequeno dos dois à escola. O casal queria construir uma casa, mas, sem dinheiro, estava morando na residência dos pais dela.Mas o que ela esperava que representasse uma saída para sua crise pessoal acabou se tornando um pesadelo, conta hoje. Carla diz que foi coagida pela congregação religiosa a doar a ela tudo o que tinha e acabou ficando sem dinheiro, sem carro emal falada na pequena cidade onde mora, Lajeado, no interior do Rio Grande do Sul.Ela afirma que mudou de ideia logo em seguida, mas que a igreja se recusou a devolver sua doação. Foi quando decidiu entrar, ao lado do marido, com uma ação judicial contra a Universal pedindo de volta os valores dos bens e uma indenização por danos morais.Em 2012, o grupo religioso foi condenado a pagar uma indenização de R$ 20 mil e devolver o valor de parte dos bens que a gaúcha diz ter doado. A igreja recorreu, e o caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), corte na qual o recurso da igreja foi negado em uma decisão na semana passada. Ainda cabem novos recursos.Procurada pela BBC Brasil para comentar o caso, a Igreja Universal do Reino de Deus não respondeu às perguntas feitas pela reportagem. Enviou uma nota dizendo que "o dízimo e todas as doações recebidas pela Universal seguem orientações bíblicas e legais, e são sempre totalmente voluntários e espontâneos".'Fogueira Santa'Carla conta que resolveu começar a frequentar os cultos após ver pastores falando na TV. "Eram mensagens positivas, de esperança, prosperidade. Tinha muitos depoimentos de gente que falava que tinha saído de crise, gente que dizia que devia à igreja tudo o que tinha", diz.A gaúcha também conhecia pessoas que frequentavam a igreja - e falavam sempre bem. Seu marido não a acompanhava, mas também não se opunha à atividade religiosa da mulher.BBKacms.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f
© BBC Templo da Igreja Universal na cidade de Carla Dalvitt; ela diz ter doado tudo em um evento chamado 'Fogueira Santa' | Foto: Jonas Samuel Betti/BBC BrasilEla diz que as doações que fez à Igreja começaram com o dízimo. O problema, afirma, é que não pararam por aí."Eles diziam que você tinha que dar 10% de tudo o que você ganhava, e que tudo o que você desse, ia receber de volta", conta. "O problema é que tinha um evento especial, a Fogueira Santa, onde as pessoas iam e doavam casa, carro. E eu não sei o que me deu... Eu estava desesperada."Carla afirma que havia um evento em que os fiéis faziam promessas de doações, no qual ela disse que entregaria suas posses à igreja."Depois disso eu fiquei na dúvida, pensei em desistir. Mas eles sempre falavam que tinha uma maldição para quem prometeu e não doou, que a pessoa ia ser amaldiçoada", diz. "E eu fiquei pensando na maldição, com medo da maldição."Carla então vendeu o carro por um valor bem abaixo do valor de mercado - já que o comprador teria que pagar o resto das prestações - e doou o dinheiro à igreja.E deu também, segundo ela, um colchão, um computador, dois aparelhos de ar condicionado que vendia em sua loja, joias,um fax, uma impressora e alguns móveis de cozinha que sua mãe havia acabado de comprar. Tudo isso escondido da família. Nuvem negra"Aí, quando cheguei em casa, que meu marido descobriu, aí que me deu um chacoalhão, que eu acordei. Não sei o que tinha aconteceu, eu estava mesmo... Era como se eu tivesse sofrido uma lavagem cerebral. Como se tivesse uma nuvem preta sobre minha cabeça, e quando meu marido conversou comigo ela foi embora. Me senti muito mal", afirma.No mesmo dia, ela, a mãe e o marido foram ao templo tentar recuperar os bens doados. Conseguiram levar de volta o colchão, o fogão e os outros itens de cozinha - mas apenas porque a mãe de Carla ainda tinha nota fiscal de tudo, de acordo com seu relato.A gaúcha diz que nenhum dos outros itens foi devolvido. "A gente implorou, insistiu muito, mas eles disseram que não iam devolver."BBKa4YG.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f&x=501&y=246
© BBC Carla e o marido, João Henrique, aguardam fim do processo | Foto: Jonas Samuel Betti/BBC BrasilEla então registrou um boletim de ocorrência e procurou um advogado."Já fui procurado por pessoas com casos parecidos, mas nem todo muito tem coragem de seguir com o processo - é demorado e desgastante. Ela foi muito corajosa", afirma Marco Antonio Meija, advogado de Carla no caso."Eu jamais teria entrado na Justiça se eles tivessem me devolvido na hora", argumenta ela.No processo, a Igreja Universal se defende dizendo que não há comprovação da doação de itens como as joias e o dinheiro do carro - o que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acatou. A entrega dos celulares, da impressora e dos aparelhos de ar condicionado, no entanto, foi comprovada, e o tribunal entendeu que se tratava de "coação moral irresistível" e "abuso de direito", por isso estipulou a indenização.A decisão foi confirmada pelo STJ na semana passada, mas a igreja ainda pode recorrer.A gaúcha afirma que, além do grande prejuízo financeiro, todos na cidade ficaram sabendo do caso, o que a prejudicou muito. Ela acabou fechando a loja que tinha. Ficou sem carro, sem dinheiro, sem negócio - ou seja, em uma situação pior do que a que estava antes."Por sorte uma pessoa de bom coração em deu um emprego de vendedora e, aos poucos, eu foi reconstruindo. Antes teria dado também, mas eu estava desesperada e fui enganada. Quem abriu meus olhos foi o meu marido, ele me disse que Deus não ia colocar maldição em ninguém, que Deus não faz isso. E ele tem razão", diz Carla.Ela hoje diz acreditar em Deus - mas não ter mais nenhuma religião.

http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/gaúcha-vence-na-justiça-batalha-para-recuperar-bens-doados-à-igreja-universal-lavagem-cerebral/ar-BBKa4YP?li=AAggNbi&ocid=mailsignout

Comentários

  • Deus não ia colocar maldição em ninguém

    Parece que no caso dela colocou sim, na forma de burrice.
     
     

     
  • Antes tarde do que nunca adquirir bom senso.
  • A igreja universal não diz que deus joga maldição. O problema dela foi a falta de fé pois a ferramenta oferecida pelo universal funciona.

    Se vc não consegue, a culpa é sua e não de deus.

     
  • editado March 2018
    Deus não ia colocar maldição em ninguém

    Parece que no caso dela colocou sim, na forma de burrice.

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    mais uma vitima do universal  reino da pilantrice, no teatro apresentado na TV todo fracassado  se transforma em empresarios bem suscedido, dai vem a inveja dos empresarios falidos tambem irem tentar a sorte  nesta barganha religiosa do "  toma lá da cá" a igreja fica com 100% ,    0% pra Deus e pau nas ovelhas tapadas!  bé..bé...bé ..bé!
    o que mais me irrita é essa ineficiencia da justiça nestes interminaveis recursos e novos julgamentos , incapacidade, ineficiencia ou mesmo uma  forma de tentarem justificar  todo esse empreguismo publico!
    Justiça, inificente cara  e lenta !
  • dai vem a inveja dos empresarios falidos tambem irem tentar a sorte nesta barganha religiosa do " toma lá da cá" a igreja fica com 100% , 0% pra Deus e pau nas ovelhas tapadas! bé..bé...bé ..bé!

    Eu não ia tocar no assunto mas já que você mencionou...
    Eu também acho que tem safadeza em quem dá o dinheiro acreditando na conversa de que receberá "a graça" como retorno.

     
    Justiça, inificente cara e lenta !

    Ineficiente e cara.

    Será lenta se você for culpado e tiver dinheiro para recursos infinitos.
    Será rápida se tiver interesse seu em jogo e você pagar pela "taxa de urgência".
  • processos trabalhistas 10 anos para começar a serem vistos é por isso que quando o infrtator não quer indenizar  sua vitima manda ela procurar  seus direitos legais, pois sabe que não compensará.
    ja em paises onde a justiça funciona o infrator paga antes mesmo de ser acionada a justiça, porque sairá mais barato para ele! 
    gostaria que nas proximas eleições estes politicos que mantem o Brasil em estado de miseria fossem expurgados como se estivesse sendo removidos parasitas que impendem o desenvolvimento do pais!
  • Judas escreveu: »
    Justiça, inificente cara e lenta !

    Ineficiente e cara.

    Será lenta se você for culpado e tiver dinheiro para recursos infinitos.
    Será rápida se tiver interesse seu em jogo e você pagar pela "taxa de urgência".


    Exatamente, isso eu venho sentindo na pele desde 2007.
Entre ou Registre-se para fazer um comentário.