Estado dos EUA vai testar votação com smartphone

A gente gosta de dizer que com o fim do governo militar o brasileiro tomou um porre de democracia e meteu os pés pelas mãos nas urnas, mas sendo honesto mesmo nas eleições locais, durante e antes dos militares a gente já fazia a festa. Os casos eram folclóricos, fiscais de partidos marcando votos em branco, urnas que sumiam levadas em um camburão e depois reapareciam sem maiores explicações… nesse tempo todo a gente imaginava os americanos que deveriam ter eleições altamente tecnológicas.Hoje temos um sistema de votação eletrônica invejável, aprovado por todos os partidos mas claro que você pode abraçar sua conspiração preferida e acreditar na Grande Cabala Negra que manteve o PT no poder por quase 20 anos e encenou um impeachment para então eleger seu candidato nas urnas manipuladas e… —deixe pra lá. A questão é que as eleições nos EUA estão LONGE de ser essa maravilha toda, na verdade ela é patética. Na eleição que Al Gore perdeu para George Bush, um dos problemas eram as cédulas em Palm Springs, tipo esta:

 20180807naderimage1ballot.jpg

O eleitor tem que votar furando o espaço correspondente à chapa, só que o filho de uma rameira que fez essa cédula usou três linhas de descrição e uma linha de furo. Quem marcasse o primeiro furo que olhando rapidamente parece está alinhado com os Democratas, acabaria votando pro Partido Reformista.

 O grande problema é que as eleições nos EUA são gerenciadas pelos estados, e eles aproveitam para votar em tudo, de Presidente a Xerife e Promotor Público. Eles votam até pra Juiz, imagine isso aqui.

 Para dar uma idéia, esta foi a cédula da eleição presidencial de 2012 na Flórida:

 201808072012-florida-mail-in-ballot_medium.jpg

Com os esforços estaduais não-coordenados, exigências e características específicas de cada região, é natural que não haja um sistema de votação que atenda a todos, há estados que permitem que você vote pelo correio, outros usam máquinas mecânicas de votação, e há quem tente com urnas eletrônicas, mas o povão está mais acostumado com coisas arcaicas como isto:

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É um trambolho onde você seleciona seus candidatos com botões e dials, e ao invés de apertar 13 e confirmar, puxa a alavanca vermelha para perfurar um cartão de papel. E não, isso não é coisa dos anos 50.

Comentários



  • Isso não quer dizer que não haja gente buscando soluções tecnológicas avançadas e seguras, mas se há algo que não combina com esse tipo de situação, é hype. E não há hype maior do que uma tal de Voatz, uma startup fundada em 2014 com a proposta de criar opções seguras para eleições.

     Desde o nome eles são a startup descoladona com videogame pros funcionários e a atitude oposta do que problemas sérios como segurançaem uma votação exige.

     O Hype? Bem, digamos que eles estão planejando uma solução usando app de celular e… wait for it… Blockchain.

     Isso mesmo, Blockchain, o txt encadeado que surgiu com o Bitcoin e tem poderes mágicos de hype, como fazer as ações da Kodak valorizarem 60% só por dizerem que vão usar a tecnologia.

     Segundo a Voatz (céus, como eu odeio esses nomes descolados) os votos serão gravados de forma anônima em uma blockchain, garantindo a transparência do processo. A votação também será anônima (juram) mas você terá que se identificar junto ao app. Isso será feito enviando uma foto de um documento oficial com foto e fazendo um vídeo de seu resto. Sim, eles acham que vão garantir a segurança com um vídeo, em tempos de DeepFakes.

     20180808nic-cage-in-superman-thanks-to-machine-learning.jpg

    Segundo a CNN um monte de especialistas estão achando a idéia péssima.

     Joseph Lorenzo Hall, chefe de tecnologia do Centro para Democracia e Tecnologia disse que “votação mobile é uma idéia horrível. E votação pela internet em dispositivos com segurança horrível, em redes horríveis, com servidores muito difíceis de proteger e sem nem um registro em papel do voto”.

     Outros dizem que essa idéia irá aumentar enormemente o horizonte de ataques, e que muita coisa pode acontecer com o voto no caminho.

     Lembrem-se: quem diz que a idéia de voto por smartphone via internet é ruim é o mesmo pessoal que acha perfeitamente seguro colocar um voto na caixa do correio e confiar que será entregue direitinho na comissão eleitoral.

     Pelo menos a tecnologia não será usada amplamente, a idéia é que nas próximas eleições em novembro ela esteja disponível para tropas estacionadas no exterior. Esperemos que até lá seja feito barulho o bastante pra se tocarem e ou desistirem ou repensarem o modelo de segurança.


    https://meiobit.com/389170/estado-dos-eua-vai-testar-votacao-com-smartphone/
  • É um trambolho onde você seleciona seus candidatos com botões e dials, e ao invés de apertar 13 e confirmar, puxa a alavanca vermelha para perfurar um cartão de papel. E não, isso não é coisa dos anos 50.
    Em muitos casos, a perfuração não funcionava direito e ficava a dúvida se o eleitor tinha ou não selecionado aquela opção.
     
  • Fernando_Silva disse:
    É um trambolho onde você seleciona seus candidatos com botões e dials, e ao invés de apertar 13 e confirmar, puxa a alavanca vermelha para perfurar um cartão de papel. E não, isso não é coisa dos anos 50.
    Em muitos casos, a perfuração não funcionava direito e ficava a dúvida se o eleitor tinha ou não selecionado aquela opção.
     

    Se programava assim nê? Devia ser um pesadelo. 
  • Percival disse:
    Se programava assim nê? Devia ser um pesadelo. 
    Não. Trabalhei com cartões perfurados no início dos anos 70. A IBM 029 funcionava bem.

     
  • Então deve ser diferente o sistema de voto com cartão perfurado com o da programação da época. 
  • A suspeita de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos aumentou as suspeitas sobre a credibilidade do processo de votação. Muitas pessoas consideram que o resultado pode ser manipulado com certa facilidade. E, nessa discussão, a desconfiança recai também sobre as urnas eletrônicas.

     Neste domingo (12), na abertura da Defcon, a maior conferência para hackers dos EUA, um grupo de especialistas foi convidado a testar as urnas durante um hackathon. Eles conseguiram trocar o sistema das máquinas, descobrir plug-ins que não deveriam estar funcionando e outras formas de manipular o voto.A descoberta criou um acirramento entre hackers e fabricantes de urnas eletrônicas, que foram apoiadas por autoridades. Os testes comprovaram algumas brechas de segurança, mas foram questionados pela ala que defende a credibilidade das máquinas.Segundo algumas fabricantes, o evento não é capaz de reproduzir com fidelidade o cenário de um dia de votação. “Qualquer um poderia invadir qualquer coisa se você colocá-la no meio de uma sala e oferecer à pessoa acesso e tempo ilimitado”, criticou Leslie Reynolds, diretora-executiva da Associação Nacional dos Secretários de Estado.A posição é compartilhada por algumas fabricantes. Para a Election Systems & Software, por exemplo, a situação real não oferece tanta liberdade para quem deseja burlar uma eleição. Antes de chegar às urnas, é preciso lidar com mesários, bloqueios, senhas e outras medidas de segurança adotadas em uma situação como essa.Para Monica Tesi, porta-voz da empresa, a Defcon falha ao não oferecer soluções de segurança ao sistema de votação americano. Segundo ela, o evento leva a uma situação contrária, expondo o processo às ameaças externas – leia-se Rússia.O organizador do hackathon realizado na Defcon, Jack Braun, discordou das posições. Para ele, alguns estados e empresas estão cometendo um erro ao não participarem do evento. “Acredito que seria uma ameaça à segurança nacional não fazer isso [os testes nas urnas]”, afirmou.

     Em março, o Congresso americano destinou US$ 380 milhões para o sistema eleitoral. A verba será usada pelos 50 estados e os cinco territórios para melhorar os equipamentos usados nas votações e realizar testes e treinamentos de segurança.

     Os EUA realizarão, em novembro, as eleições legislativas que definirão novos deputados e senadores. Portanto, a atenção para eventuais interferências externas e falhas de segurança nas urnas deverão aumentar nos próximos meses.

     Com informações: Wall Street Journal.


    https://tecnoblog.net/255550/hackers-falhas-urnas-eletronicas-eua/
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