Eu era ateu, mas encontrei a Jesus
03/01/2009
Com frequência, encontramos crentes que se dizem ex-ateus e acham que, por isto, têm autoridade para dizer que nós, ateus, estamos errados. Afinal, eles já foram como nós e usavam os mesmos argumentos que usamos para criticar a religião.
Na minha opinião, esses supostos ex-ateus se desconverteram por duas possíveis razões:
- Encontraram um argumento novo e devastador a favor de alguma religião.
- Desde o início, queriam se entregar à religião, mas o lado racional de suas mentes não o permitia.
Acontece que eles ainda não me mostraram nenhum argumento novo nem devastador. Alguns escrevem longos e tediosos livros para explicar sua conversão, cheios das mesmas afirmações velhas e batidas: "O universo é complexo demais para ter surgido assim sozinho" ou "Sem Deus, a vida não teria sentido" ou "Não consigo aceitar que a gente morre e acabou". No fim, tudo se resume a: "Tenho fé".
Alguns ainda apelam para "Sinto a presença de Deus. Ele me enche de felicidade", mas sentimentos são pessoais e intransferíveis e não têm valor como argumento.
A segunda hipótese me parece mais provável: essas pessoas sempre tiveram necessidade de acreditar em alguma coisa. No início, a consciência do ridículo e o espírito de rebeldia adolescente foram mais fortes. Com os anos, começaram a ceder e, um dia, agarrando-se a um pretexto qualquer, permitiram-se acreditar.
Elas não são diferentes dos gordos que sempre inventam uma desculpa para fugir do regime, mesmo sabendo das consequências. Ou dos fumantes que vivem prometendo que "depois deste não fumo mais". Ou do alcoólatra arrependido que sempre volta à bebida. Dão mais valor à satisfação que à lógica.
Mas os ex-ateus têm uma vantagem: enquanto que gordos, fumantes e bêbados são malvistos por quase todos e até por eles próprios, ter uma religião é o comportamento socialmente aceito. Ao se converter, deixam de ser marginais e são acolhidos pelos demais seguidores da seita que "escolheram", subindo no conceito até mesmo dos membros de outras religiões rivais, já que todas elas abominam os ateus.
O que eu posso dizer a esses "ex-ateus" é que, assim como não fumo, não bebo e cuido da minha alimentação, continuo não vendo motivos racionais para aceitar um dos milhares de deuses disponíveis. Se eles se sentem mais felizes e seguros com sua fé, ótimo. Que continuem felizes. Entretanto, poupem-me do seu sorriso superior de "já fui como vocês, mas evoluí".
Do meu ponto de vista, eles apenas abdicaram da razão em nome do conforto psicológico.
Assim como eu não sou dependente de cigarro ou bebida e nem preciso viver empanturrado, também não preciso de religião. E, se eles são "ex-ateus", eu sou ex-religioso. Também já estive do outro lado, portanto, segundo a lógica deles, também sei do que estou falando e eles deveriam ficar impressionados com minha desconversão, certo?
Bem, parece que não. Eles acham que foram "ateus de verdade", mas que eu nunca fui "religioso de verdade". Seja lá o que for isto.
Comentários
Ou quando esses apelam para falácias lógicas, afim de preencher lacunas.
― Winston Churchill
Chamar convertidos de "supostos" ex-ateus remete ao mesmo vício de abordagem com que os religiosos questionam a Fé daqueles que abandonam o credo deles. Para estes, quem larga o time nunca pertenceu a ele de verdade, o que é bobagem.
Pessoas mudam de opinião, simples assim.
E outra bobagem é acreditar que pessoas formam ou mudam de opinião por motivos racionais ou científicos, a grande maioria segue algum tipo de viés pessoal orientado por seu modo de ver a vida.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Mas, se não têm novos fatos, nada do que disserem vai convencer os demais ateus a mudarem também.
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Eu era ateu...
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Agora sou ateu versão 5.3
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:P
http://gilghamesh.blogspot.com/
E isso não é ótimo? Muito melhor que as religiões que sempre usam de ameaças terríveis (reais ou imaginárias) para aqueles que ousam sair de suas fileiras.