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Autor de um milagre econômico ao contrário
Andres Oppenheimer
Os críticos do presidente venezuelano, Hugo Chávez, aproveitaram sua ausência de várias semanas, enquanto estava doente em Cuba, para culpá-lo por todo tipo de problemas, mas agora é a hora de lhe dar crédito por ter produzido um verdadeiro milagre econômico em seu país. Não estou brincando. O que Chávez fez na Venezuela nos últimos 12 anos é nada menos do que um milagre econômico: apesar de se beneficiar do maior boom petrolífero da História da Venezuela, de alguma forma conseguiu deixar o país aos pedaços.
A Venezuela tem uma das taxas de crescimento mais baixas da América Latina, um dos índices de inflação mais altos da região, cortes diários no abastecimento de energia elétrica e um percentual de crimes sem precedentes no país. E, o que ainda é mais surpreendente, tratando-se de um dos maiores produtores de petróleo do mundo, começou a importar eletricidade da Colômbia, segundo confirmou o ministro venezuelano de Energia Elétrica, Alí Rodríguez, em 15 de junho.
É uma proeza notável, se se considerar que os preços do petróleo dispararam de US$ 9 o barril quando Chávez assumiu o cargo em 1999 a US$ 100 atualmente. Embora a Venezuela tenha passado por booms petrolíferos em 1974 e 1979, esta foi a bonança maior e mais prolongada do país.
Segundo dados do Banco Central, os ganhos com o petróleo somaram US$ 700 bilhões desde que Chávez assumiu a Presidência, disse-me José Guerra, diretor do Departamento de Economia da Universidade Central da Venezuela. “Isso excede os ganhos petrolíferos do país nos 25 anos anteriores”, acrescentou Guerra. E, no entanto, é isso que Chávez tem para mostrar:
— Enquanto as economias latino-americanas cresceram uma média de 6% no ano passado, a Venezuela caiu 1,6%, depois de ter caído 3,3% no ano anterior, de acordo com dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe das Nações Unidas (Cepal).
— Enquanto a maioria dos países latino-americanos têm um índice de inflação de só um dígito, o venezuelano subiu de 12% na década passada para 27% em 2010, segundo a Cepal. O índice inflacionário oficial atual está ao redor de 25%.
— Enquanto a maioria dos países latino-americanos está recebendo investimentos estrangeiros recordes, a Venezuela sofre uma fuga de capitais e sua dívida externa passou de US$ 35 bilhões em 2001 para US$ 58 bilhões em 2010, segundo o mesmo órgão da ONU.
— Os cortes de energia que afetam quase todo o país, com exceção da capital, são os primeiros de que se tem notícia em anos recentes. A princípio, o governo os atribuiu à seca, mas os economistas dizem que eles se devem a uma quase absoluta falta de investimento nas instalações elétricas durante os últimos anos.
— A última escassez de alimentos inclui azeite, café, carne e açúcar. A Venezuela, que foi o quinto exportador de café do mundo, agora importa café da Nicarágua.
— A educação, a ciência e a tecnologia estão caindo aos pedaços. O número de patentes de novas invenções registradas na Venezuela — um índice-chave para medir a inovação produtiva — caiu de quase 800 patentes anuais em 1988 para menos de cem uma década mais tarde, de acordo com dados oficiais.
O governo se ufana de ter reduzido a pobreza de 45% da população para 28% nos últimos dez anos. Mas durante o mesmo período a Argentina reduziu seu percentual de pobreza de 45% para 11% da população; o Chile, de 20% para 11%; Brasil, de 38% para 25%, e Peru e Colômbia tiveram percentuais semelhantes, segundo a Cepal. Quase todos estes países, diferentemente da Venezuela, estão atraindo investimentos e criando indústrias que geram crescimento a longo prazo.
Minha opinião: a Venezuela tem sido um dos países latino-americanos que mais dinheiro receberam nos últimos anos, mas esbanjou essa bonança em subsídios e em projetos grandiosos de propaganda internacional que, quando caírem os preços do petróleo, deixarão o país afundado por muitos anos.
O deterioramento venezuelano se deve em parte à caótica administração econômica de Chávez, em parte à implementação de um modelo narcisista-leninista que aponta à destruição do setor privado e à criação de um país de zumbis dependentes do governo e em parte a razões francamente inexplicáveis. Quando Chávez voltar à luz pública, deveria ser recebido como o autor de um verdadeiro milagre econômico ao contrário.
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Comentários
- US$ 10 ,4 milhões por ano para festas, alimentos, bebidas e 'relações sociais'.
- US$ 320,3 mil por ano em roupas e sapatos.
- US$ 151 mil por ano em produtos de toilette.
- US$ 408 mil por ano em lavanderia.
- US$9,5 milhões por ano em viagens externas.
- US$ 3,2 milhões por ano em manutenção de "residências".
Diretrizes do orçamento para 2011:
- Construir a felicidade suprema: 46,6%
- Estabelecer um modelo produtivo e a Nova Ética Socialista: 26,7%
- Aprofundar a democracia revolucionária: 15,5%
- Construir uma nova geopolítica nacional e internacional: 10,1%
- Outros: 1,1%.
Chávez disse: "Não importa que não tenhamos o que comer e o que vestir, o que importa é salvar a revolução". Por ela, já gastou US$ 23 bilhões expropriando e criando empresas, mas todas fracassaram por ineficiência:
- Venirauto: montadora projetada para produzir 10 mil carros por ano. Em 5 anos, não produziu nem 3 mil.
- Rialca: fábrica de rodas de alumínio. Produzia 30 mil rodas por semana quando foi expropriada. Parou de produzir e os 53 funcionários restantes querem criar um camelódromo nas instalações.
- Lácteos Los Andes: depois de estatizada e transformada em "empresa de produção social", opera a menos de 20% da capacidade. O país importa sucos, iogurtes e outros derivados.
- Cervejaria Polar: expropriada, assim como a Pepsi-Cola, para o programa "Moradias dignas para o povo". Os 3 mil trabalhadores criaram uma milícia e resistem à retirada dos equipamentos.
Diante do fracasso em todas as frentes, Chávez se limita a atacar o capitalismo.
É o roteiro de revolução dos bichos sem tirar nem por.
Assinado: Luiz Ignorácio Mulla da Silva.
Cameron, socialismo só funciona em dois locais: No papel e no céu. Sò mesmo pessoas muito humildes (e as "espertas") para crer que tudo na vida se resolve repartindo a riqueza igualmente. A meritocracia é a única forma de fazer com que cada um avance por si. Há injustiças? Sim, mas aí não é problema do sistema e sim de quem administra.
Abraços
Detesto o termo meritocracia, mas pronto, temos de viver com ele.
O que entendo por socialismo não é repartir igualmente, nem igualizar as pessoas quanto às capacidades. Tirando a vertente de abolir a propriedade privada, o socialismo pode perfeitamente existir numa sociedade capitalista. Socialismo no quadro capitalista é permitir aos cidadãos desenvolver o seu potencial, sem qualquer promessa de sucesso.
Não penso serem necessários muitos meios para os cidadãos buscarem pelo seu sucesso pessoal.
Usemos o Brasil. Visto da Europa vemos problemas graves de segurança ( podem ser encontrados na Europa em menor escala). As favelas e os traficantes de droga constituem um grave empecilho ao cidadão de bem desenvolver o seu potencial. O Estado deveria fazer tudo para garantir o que mais falta parece fazer sentir numa favela - Segurança.
Um Estado que garante a segurança dos cidadãos, permite que este faça suas escolhas de um modo mais livre.
Sim, seria o ideal, mas é inevitável que uns ficarão ricos e outros pobres. Os pobres vão ficar com inveja e ressentimento dos ricos e vai aparecer alguém defendendo 'distribuir as riquezas'.
Terrível que um observador estrangeiro veja tão claramente coisas que o governo brasileiro não enxerga.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Até parece que OS governos não enxergam. Acabei de assistir à uma reportagem sobre a qualidade da saúde no país, comparando a saúde pública com a saúde privada. Ambas estão muito ruins e uma não deixa nada a desejar à outra, salvo alguns hospitais onde só os bacanas freqüentam. Os planos de saúde (SIC) são na verdade um SUS mantidos pelas empresas, e quem depende acaba pensando "puta merda, se está assim no plano de saúde, que dirá no SUS".
O problema do Brasil não é a saúde, a segurança, os trasportes ou o governo. O problema é o brasileiro, que a cada dia se acostuma mais e mais com migalhas de promessas. E quando digo brasileiros não estou falando dos pés-de-chinelo e sim da classe que sustenta os ricos e os pobres.
Mas pode piorar....
"Distribuir riqueza" é possibilitar a todos os cidadãos aptos garantirem seu sustento por meio próprio. Desde que isto exista, a riqueza é distribuída.
O desemprego é a montra da riqueza não distribuída. Não conheço existência de estudos sobre a realidade do desemprego. Seria interessante verificar a relação do numero desempregados (inscritos) e o numero de vagas não preenchidas nos setores indesejados.
Há no Brasil muitas vagas não preenchidas por falta de profissionais qualificados.
E muitos desempregados por falta de qualificação.
Isto é feito através dos impostos, mas tem que haver um limite determinado pela relação custo/benefício, caso contrário se desestimula o esforço individual dos mais capazes e mais dispostos, que perceberão que seu trabalho apenas sustenta o ócio de outros e deixarão de se esforçar.
Tem casos que a formação é longa, mas quando fosse possível, podia-se incentivar formar pessoas na empresa ( por incentivo, não se leia subsidio no imediato). Para a empresa não sair prejudicada, seria estabelecido um contrato para salvaguardar possíveis perdas.
Impostos devem ser pagos pelos mais ricos, infelizmente não é isto que sucede.
Depende do que você tenha em mente sobre o modo de intervir. Quanto maior for a intervenção, mais despesismo se vai criar. Quando tudo é pago externamente, resulta a impressão de que tudo é gratuito, e nestes casos ninguém poupa.
Como disse, depende de como vemos a questão de distribuir a riqueza via impostos.