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Comunidade internacional deve mobilizar países moderados e maioria silenciosa árabe para impedir conflito entre radicais sunitas e xiitas
Quando se fala do “explosivo” Oriente Médio, logo vem à mente o conflito entre árabes e israelenses, que tem pouco mais de 64 anos. Mas a guerra civil na Síria tem como pano de fundo uma disputa religiosa de quase 1.400 anos entre os próprios muçulmanos. As duas correntes, sunitas e xiitas, têm muito em comum, mas divergem em alguns pontos básicos da história do Islã. Convivem pacificamente parte do tempo, mas a recente exploração política do Alcorão por movimentos radicais de ambos os lados submete o Oriente Médio a enormes tensões.
O cisma começou com a morte de Maomé, em 632. Chamaram-se sunitas os que consideraram o sogro do profeta, Abu Bakr, seu legítimo sucessor — ele foi o primeiro califa. Os denominados xiitas divergiram — para eles, o sucessor deveria ser Ali, genro de Maomé. Ali tornou-se califa anos mais tarde, mas foi assassinado, o que os xiitas não digeriram. Os sunitas constituem ampla maioria no mundo árabe (75% a 90%), mas os xiitas (10% a 25%) são majoritários em Irã, Iraque, Líbano, Bahrein e Azerbaijão.
A Síria é governada por uma ditadura alauíta, ramo do xiismo. Contra ela se levantou a maioria sunita do país. A guerra civil síria é perigosa porque mobiliza o Irã, a potência persa governada pela hierarquia religiosa xiita que pretende ampliar sua influência no Oriente Médio, em detrimento dos sunitas. Teerã apoia o ditador Bashar Assad, que assassina sírios sunitas para se manter no poder. Também apoia xiitas radicais, como o Hezbollah (Líbano).
O Iraque é crucial para os xiitas. Ali foi assassinado perto de Najaf; Hussein, o filho, em Karbala. As duas cidades são os lugares mais sagrados do xiismo. Saddam Hussein impôs o domínio da minoria sunita. Com a invasão americana, em 2003, o poder passou à maioria xiita. O Iraque se tornou aliado natural do Irã, que tem se valido disso para fazer chegar ajuda a Assad, na Síria. A maior inimiga do Irã é a Arábia Saudita, guardiã dos lugares mais santos do Islã: Meca e Medina. Seus dirigentes são wahabitas, ramo conservador sunita.
Diante disso, torna-se arriscada a estratégia de Assad de fazer a guerra civil transbordar para Líbano, Jordânia e Turquia, o que pode levar à tona as tensões entre as diferentes denominações do Islã, com resultados imprevisíveis. Sem falar que um conflito ampliado tornaria tentadora para Israel a hipótese de um ataque aéreo às instalações nucleares do Irã.
A comunidade internacional impõe sanções para que o Irã paralise seu programa nuclear, mas ainda não conseguiu deter a guerra na Síria. Ela precisa apoiar os líderes moderados que contribuam para estabilizar a região. Mas tudo fica muito difícil quando se percebe este pano de fundo de conflito de origem religiosa entre os próprios muçulmanos. Até por isso mesmo é essencial despertar a maioria silenciosa do Oriente Médio, que quer educação, democracia, desenvolvimento, empregos. Ela é uma força moderadora.
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Comentários
sem nenhuma consciência sem existências
Sendo chato, os lugares mais sagrados do xiismo são Meca, Medina e Jerusalém, tanto quanto o são para os sunitas. Como possivelmente o autor quis dizer "os lugares mais sagrados exclusivamente para o xiismo", fica o complemento.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
ja ouvi um arabe dizendo que a terra prometida por deus pertenciam a eles e teriam na base da força, eles acreditam ou quererem acreditar na promessa da terra prometida ao pai abraaõ, religião e politica tudo a ver desde o principio.
sem nenhuma consciência sem existências