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Reinaldo Azevedo
Análises políticas em um dos blogs mais acessados do Brasil
Metade gênio e metade idiota – Niemeyer na capa da VEJA com todas as honras! O que o Bloco dos Sujos diz agora?
Até a madrugada deste sábado, o Bloco dos Sujos da Subimprensa, a que eventualmente podem aderir subatores e até sub-radialistas, fazia um escarcéu na rede atribuindo à VEJA o que EU havia escrito sobre Niemeyer: “metade gênio e metade idiota”. Só recorri a essa expressão porque ela vem pronta de Millôr Fernandes ao qualificar um de seus amigos do “Pasquim”. A metade de Niemeyer que justificava os crimes do stalinismo, das Farc e de outros bandidos não era propriamente “idiota”. O termo é muito sereno para qualificar a sua militância e tem apelo quase poético quando a gente lembra que ele considerava “um homem fantástico” o segundo maior assassino do planeta em todos os tempos. Voltemos: os sujos gritavam: “Olhem o que a VEJA disse; olhem o que VEJA disse…”.
Até então, a revista VEJA não havia dito nada nem escrito nada porque não havia chegado ainda aos leitores! Aquela afirmação e aquele ponto de vista eram de Reinaldo Azevedo, que também é “metade idiota”, segundo alguns; que é “inteiramente idiota”, segundo outros; havendo, claro!, um número considerável de pessoas que têm um juízo mais ameno deste que escreve. A VEJA.com, o site, fazia a cobertura jornalística correta do evento, registrando as reações no país, lembrando seu legado à arquitetura, o que se disse mundo afora a respeito etc.
Tão logo a revista VEJA começou a chegar aos assinantes e às bancas neste sábado, com a capa dedicada ao arquiteto; uma frase sua que ecoa a Teoria da Forma, de Platão (“A função da forma é a beleza”); um texto bastante eloquente de Gabriela Carelli sobre o que significou o seu trabalho para a arquitetura mundial; fotos realmente espetaculares de suas “esculturas” monumentais – um trabalho jornalístico de primeira que, em suma, exalta as virtudes do artista –, aí os mesmos vigaristas que atribuíram à revista VEJA o que EU havia escrito inverteram a chave: “Olhem lá, nem a VEJA apoia Reinaldo Azevedo”; “a VEJA elogia Niemeyer; e agora, Reinado Azevedo?”.
Com efeito, a VEJA fez o melhor trabalho jornalístico que se poderia fazer sobre o que EU, e nunca a revista, chamei a “metade gênio” de Niemeyer. E o fez sem se descuidar – tema ausente na maioria das coisas que li sobre o arquiteto – da crítica pertinente que se faz ao desconforto proporcionado por suas obras de arte; sem ignorar que há uma tensão permanente nas escolhas de Niemeyer entre a… função e a forma. É inegável que o conjunto do que publica a VEJA (10 páginas, incluindo a capa) resulta favorável a Niemeyer. Há um pecado que o texto de Gabriela Carelli tem o bom gosto adicional de não cometer: em nenhum momento, como cansei de ler nestes dias, a ideologia professada pelo arquiteto foi considerada uma outra expressão de sua generosidade intelectual. A revista optou por dar mais relevo, mais forma, mais volume, mais espaço e mais voo interpretativo para o que eu, e não a revista, chamei de “metade gênio” de Niemeyer.
E foi a primeira vez?
O site “Comunique-se”, que se ocupa de questões relativas à imprensa, publicou um texto a respeito do barulho que provocou meu primeiro post. Fui procurado nesta sexta pelo repórter Anderson Scardoelli. Ele queria saber como eu via as reações etc. e tal. Afirmei o óbvio: tratava-se de uma polêmica artificial, ideologicamente orientada, provocada por aqueles que não gostam mesmo é das coisas que escrevo sobre política, sobre o mensalão, sobre o Rosegate (“Rose is a rose ia a rose is a rose”, não é mesmo, Lula?). Até porque, lembrei ali uma outra vez, eu não havia, em momento nenhum, questionado a obra de Niemeyer. Critiquei, sim, o fato de ele ter colocado seu gênio a serviço de teorias homicidas.
Mas lembrei outra coisa na conversa com Scardoelli, que ele reproduziu assim (em azul):
A voz da Veja? Não só em relação à “metade idiota”, mas também em outras ocasiões, uma questão que incomoda Azevedo é ver sua opinião em determinados temas ser elevada, por parte dos críticos, a posicionamento oficial da publicação da Editora Abril. “Nesse caso, por exemplo, nem sei o que a Veja vai escrever sobre o Niemeyer. Se vão dar ou não ênfase ao lado comunista dele”, diz ao comentar casos em que sua análise se opõe à da revista. “A legalização do aborto de fetos anencéfalos: fui e sou contra, a Veja mostrou-se favorável”.
Que coisa, não? Até hoje de manhã, eu seria apenas o verbo armado da VEJA para dizer coisas horríveis sobre o bem, o belo e o justo. Como a revista traz uma grande reportagem que destaca as qualidades da obra de Niemeyer, aí, então, deixo de ser o mero pau-mandado para ser aquele “que ficou isolado”. Já há petralhas prevendo a minha demissão porque, dizem, a “alta direção da revista” considerou que o “Reinaldo foi longe demais”. Ora sou um estafeta que faz o que mandam; ora sou aquele que foi muito longe por conta própria.
O que essa gente odeia, mesmo!, é a liberdade e a pluralidade.
Vamos lá. Eu, de fato, na conversa com o “Comunique-se”, citei o caso da legalização do aborto de anencéfalos como uma das diferenças que tenho com a VEJA, que a considerou uma decisão correta. Também divergimos quando surgiu o debate sobre pesquisa com células-tronco embrionárias. Há outros temas na área de comportamento, costumes, religião etc. que nos distinguem. E daí? E NUNCA, NUNCA MESMO!, a direção da revista tentou fazer qualquer gestão para que eu mudasse de ideia. Da mesma sorte, jamais me senti desconfortável por ler na revista pontos de vista com os quais não concordo. Eu estou preparado para conviver com os que pensam de modo diferente.
Se o meu trabalho consistisse em apenas reproduzir aquelas que são as escolhas da revista ou do site, por que a VEJA.com abrigaria o meu blog? A minha página pessoal está no site, agora sim, porque a revista, o site e eu partilhamos de valores que são anteriores a essas escolhas: defesa da liberdade de expressão, defesa dos valores da democracia representativa, defesa das liberdades individuais, defesa do estado de direito, defesa da liberdade de mercado. Nesse particular, de alcance geral, eu e VEJA convergimos, sim, sem ressalvas. Pode haver alguma diferença no tom, o meu mais contundente, o que é sempre mais fácil quando se é um só.
Ódio à liberdade
Os que estimularam a campanha do ódio contra mim na Internet têm mesmo é ódio à liberdade. Com raras exceções, os que se apresentaram para liderar o linchamento são os mesmos que estão atacando o Supremo Tribunal Federal, que decidiu mandar José Dirceu dormir uns dias na cadeia – por coisas que ele fez, não por coisas que ele não fez. Os líderes dos linchadores são os mesmos que não se conformam com o fato de eu ter feito com Lula o que a imprensa sempre fez com os que não eram Lula: chamar amante de “amante”, não de “amiga íntima”.
Essa gente tem é ódio da liberdade. São os mesmos que estão a pedir o tal “controle social da mídia”. Sonham com um mundo em que um jornalista jamais diria que “Niemeyer é metade gênio e metade idiota”, mas estaria igualmente proibido de dizer que José Dirceu foi condenado por liderar uma quadrilha e por corromper pessoas. Niemeyer, para essa gente, foi só o pretexto da hora.
A VEJA.com não abriga a minha página para que eu escreva o que pensa a VEJA.com. Haveria pessoas com mais competência e conhecimento de causa do que eu para expressar, se fosse o caso, as opiniões oficiais do site, da revista ou da Editora Abril.
Rastejantes e violentos
É claro que essa gente não está acostumada a esse padrão. No mundo deles, as coisas se dão de outro modo. O “comando” avisa qual é a causa do dia, do mês, do ano, da década; decide quem tem de ser fuzilado. E é esse comando que diz quem deve morrer – seguindo, aliás, o modelo de “Comitê Central” das antigas organizações comunistas, tão admiradas por Niemeyer. O dado nada desprezível dessa organização criminosa é o farto financiamento com dinheiro público. É o conjunto dos brasileiros que arca com o custo dessa militância. Porque são, a um só tempo, violentos e servis, imaginam que aqueles que têm por inimigos agem e reagem da mesma forma.
Voltando à questão central
Endosso pessoalmente a quase totalidade do que vai publicado na VEJA sobre o que eu (e nunca a revista) havia chamado a “metade gênio” de Niemeyer. Eu admirava essa metade, adicionalmente, por não ceder a, como direi?, “modismos naturebas”; havia nele, parece-me, a noção muito clara de que a arte é mesmo uma segunda natureza. É o que eu penso no particular. Talvez pudesse dizer: “O mundo faça as árvores, que eu vou plantar alegorias em concreto armado”.
Para saber o que escreveu “A VEJA”, é preciso ler o que está na revista. Como sempre. A publicação não tem porta-vozes. Para saber o que Reinaldo escreve sobre Niemeyer, aborto de anencéfalos, pesquisas com células-tronco embrionárias, Rosegate, lei anti-homofobia, furacões, comida japonesa, “Bolero” (o de Ravel) ou a Pipoca Corintiana, aí é preciso ler o blog. Dele já saíram três livros, todos, felizmente, muito bem-sucedidos. E está claro lá que os textos são MEUS, não da revista VEJA.
Eu exaltei, nunca é demais lembrar, já no texto original, aquele de 2006 (!!!), a “metade gênio” de Niemeyer. E deplorei a metade idiota. Os que decidiram mover uma campanha contra mim na Internet o fizeram porque não admitem a hipótese de que o entusiasta de Stálin – um homicida fanático – pudesse, por isso, ser chamado de “idiota”. Não é que achem que sua obra o perdoa, não! É que, na maioria das vezes, também eles acreditam que o normal, afinal de contas, é matar os inimigos.
Eu existo porque existe a liberdade de imprensa e porque a ideologia de Niemeyer perdeu. Eles existem porque existem os que querem destruir a liberdade de imprensa. Num outro post, que fica para mais tarde, eu vou explicar o que livrou o nosso maior arquiteto de ser um autor de ruínas. Eu vou explicar por que a derrota da metade idiota preservou, para o bem da arquitetura, a metade gênio
Comentários
Aliás, esta frase é dele:
Aliás, comunismo não é doença ne sinônimo de terrorista, assim como ateísmo não é....
Cara, não vou discutir uma coisa tão idiota quanto o fato de um zé ninguém, para aparecer, colocar um chamativo desses para que seu nome saia em evidência numa revista, que aliás, só existe nela mesma...
Muitos políticos fizeram coisas bizarras e eu nunca vi este estrume intitulado jornalista fazer um tipo de comparação do tipo, a não ser claro dos petistas. Aliás, acho melhor o PT não acabar pois, o que será da vida deste senhor?
Quanto à sua opinião sobre o Niemayer, não vou dar pitaco pois eu detesto arte, prefiro arquitetura linear e proporcional.
Mas o Brasi é assim mesmo, enquanto o mundo ve o que é bom, o brasileiro cospe em cima, mas elogia o similar estrangeiro.
E sim, eu entendi a comparação do Zé Azedo, mas como eu disse, totalmente inoportuno.
Até mesmo o Lula pode dizer alguma coisa certa de vez em quando e eu não vou rejeitar só porque veio dele.
Concordo! No Brasil quando alguém morre, não importa o que tenha feito, é elevado a categoria de santo automaticamente, choro de amigos e inimigos, exaltações de suas qualidades, os defeitos desaparecem e foram esquecidos, ruas, praças, etc, ganharão seu nome, todos estão livres para lamber as bolas do defunto sem pudores pois agora ele foi canonizado, blá, blá blá...
E por acaso essa é parte da mediocridade do brasileiro, achar que o que é bom ou ruim depende da nacionalidade dessa coisa, o que é bom ou ruim, depende de opinião e de seus próprios méritos, mas certamente não depende de qual região geografica inventada pelo homem ou da lingua do inventor onde ela foi feita.
Então não vamos discutir o fato de um zé ninguém como você vir num forum de zé ninguéns como esse ler a resposta de um zé ninguém como eu, ok?
Desculpa, mas é realmente mediocre e patético achar que alguém precisa de algum suposto título para poder dar sua opinião pessoal sobre algum assunto. O Azevedo não é ninguém (na sua opinião) e portanto ele não pode falar nada do alguém (na sua opinião) Niemayer?
São figuras publicas, falem o que quiserem um do outro, está no direito deles, todo mundo tem qualidades e defeitos, não idolatro ninguém, concordo com certas coisas discordo de outras. Azevedo e Niemayer, ambos concordo e discordo de certas partes, um mais ou menos que outro.
Achou algo de errado no discurso de alguém aponte, desprove, contradiga, etc, agora vir falar "Aquele ninguém não tem o direito de falar isso do meu amado beltrano", diz mais sobre você do que sobre o alvo de sua critica.
Se um mendigo na rua fala algo de alguém, ele está certo ou errado independente dele ser mendigo ou não!
- “É isto que dá ao comunismo seu peculiar caráter fanático. Tem sido observado que se trata de uma religião secular (ou de uma fé?) que tem seu céu e seu inferno, seus eleitos e seus malditos, seus livros sagrados e os ungidos que podem interpretá-los. De qualquer maneira, o comunismo é um remanescente das seitas religiosas da Idade Média”. Carew Hunt (A Guide to Communist Jargon).
― Winston Churchill
Assim como qualquer base ideológica colega. O comunismo como escola seria perfeito, caso não fosse o egoísmo e ganâncias humanas.
A menos que você ache que o ideal é cada um de nós se tornar uma célula de um coletivo, sem vontade própria, sem sonhos, sem individualidade, descartáveis se isto for melhor para o coletivo.
Será mesmo ? Se fosse assim pelo menos um país que adotou o comunismo era para estar ao menos superior a muitos países capitalistas.
― Winston Churchill
Qualquer sistema de governo hoje é furada. Temos que repensar em novos métodos de governar uma população!
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Hammm.....será então que as perseguições religiosas foram todas inventadas? É isso? Ou no caso delas é justificável o assassinato de milhares de pessoas pois quem errou foi o homem e não a religião?
Abraços
Aí é que entra o egoísmo e ganância humana meu caro. Ou será que na sua casa, você pega tudo para você e dá apenas o que acha necessário aos seus dependentes? Entendeu? Não estou defendendo o comunismo como foi adotado. Apenas que, no papel ele é muito bonito, só que na vida real é impraticável por diversos motivos como a diferença de aptidão entre pessoas, diferença de capacidade de aprendizado, de força, resistência física, etc, etc, etc ou seja, o comunismo não funcionará nunca por estas diferenças e outras mais pois seria injusto duas pessoas que rendem absolutamente diferente ganharem a mesma coisa. Em compensação no país das bananas, os polítiCÚS e os enganadores de futibol...
Muitos amassos já dei naquela passarela de ligação...
Total de Mensagens:
8609 + aquelas que tenho agora. ):-))
Mayra-Monã me guarde de pôr meus pés Tupis naquela coisa horrível.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
1. Marquise do Parque Ibirapuera em dia de chuva.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
O Comunismo nunca funcionou porque nunca deu o que prometia. Por conta dos fatores citados pelo senhor.
― Winston Churchill