Na primeira metade do século XVIII, um certo E. S. De Gamaches, físico e matemático francês, escreveu uma obra de astronomia na qual comparava os princípios científicos de René Descartes, o patrono das ciências francesas, com aqueles do Sir Isaac Newton, a glória máxima da Royal Society. O objetivo do obscuro autor era, como seria previsível, demonstrar a superioridade do racionalista francês sobre o empirista britânico. Esse poderia ser somente mais um capítulo da longa rivalidade que opõe franceses e ingleses, mas há nele algo que supera em muito as querelas e disputas entre nações. Na verdade, na discussão empreendida por De Gamaches está em jogo algo crucial para a própria história da ciência.
Em termos gerais, De Gamaches criticava Newton fundamentalmente por seu método. Segundo o polemista, o gênio britânico havia se limitado em suas obras científicas a geometrizar os fenômenos físicos sem jamais propor explicações para os mesmos. “Um fenômeno analisado geometricamente se torna para ele um fenômeno explicado”, afirma De Gamaches. No fundo, para o francês, Newton era bastante seletivo na escolha de seus problemas de estudo, só tratando daquilo que podia ter uma descrição geométrico-matemática. O veredito de De Gamaches é contundente e grave: Newton era ótimo geômetra, mas péssimo físico.
Visões opostas
O que há de tão importante na diatribe de um obscuro físico francês que, apegado ao mestre Descartes, distribuía perdigotos contra o gênio de Isaac Newton numa época em que as ideias deste tornavam-se hegemônicas e relegavam o cartesianismo ao esquecimento mesmo em terras gaulesas? A importância da discussão reside naquilo que é posto em questão implicitamente: “o que é fazer ciência?” Em outros termos, o que significa exatamente dar explicação de um fenômeno físico? Será dar as suas razões últimas ou somente fornecer uma descrição matemática acurada daquilo que é observado sem se comprometer com questões concernentes à natureza do real físico?
Em suma, nessa pequena polêmica são confrontadas duas visões opostas sobre a própria natureza da ciência. De um lado o cartesiano, para quem a física deve, antes de tudo, dizer o que é o real, e, de outro está o newtoniano que se limita a geometrizar os fenômenos sem se comprometer com hipóteses sobre a natureza última do real. É bem conhecida a afirmação de Newton no Escólio Geral dos Principia segundo a qual ele não “inventa hipóteses”, referindo-se aí às especulações acerca das possíveis causas de certas propriedades observáveis dos corpos. Há ainda discussões acadêmicas sobre como interpretar corretamente essa e outras declarações de teor semelhante espalhadas pelas obras do físico britânico, mas formou-se certa tradição na qual elas são interpretadas como declarações de cunho antiespeculativo ou antimetafísico. Newton estaria rejeitando a ideia de derivar as suas teorias de considerações filosóficas sobre a natureza própria das coisas e limitando-se a fornecer uma descrição matemática daquilo que pode ser efetivamente observado.
Não importa tanto saber se era isso ou não que Newton queria dizer naquelas declarações, mas sim perceber que essa interpretação enuncia uma posição teórica possível com relação à natureza da ciência que foi e ainda é abraçada por muitos filósofos e cientistas.
Embora Descartes quisesse refundar a ciência de seu tempo sobre novas bases, ele ainda permanecia ligado à ideia antiga de um conhecimento certo e verdadeiro do mundo físico. Toda a sua física se funda na apreensão pelo sujeito pensante de princípios claros e distintos – e, portanto, indubitáveis – a partir dos quais todo o edifício da ciência poderia ser rigorosamente deduzido. Em outros termos, a metafísica funda a física e, sem ela, qualquer ciência fica impossibilitada de realizar suas pretensões de conhecimento verdadeiro e certo. Resta evidente que tais princípios primeiros não são retirados da experiência e sim alcançados por meio de longas meditações de cunho exclusivamente filosófico.
Ora, o conflito até aqui apresentado pode ser visto também pelo ângulo das relações possíveis entre filosofia e ciência. Sob esse prisma, os “cartesianos” seriam aqueles para os quais o fundamento último do conhecimento não pode ser alcançado pela experiência, mas somente pelo pensamento, o qual, através da razão, apreende os princípios mais gerais que servirão de base para qualquer estudo do mundo físico. A favor de sua tese, seus partidários poderiam citar o fato de que nenhuma predição pode verificar definitivamente uma teoria, já que teorias falsas podem apresentar predições verdadeiras.
Por outro lado, os “newtonianos” seriam aqueles para quem a ciência deve definir-se por uma separação clara com relação a princípios especulativo-filosóficos e ater-se somente a uma descrição acurada do comportamento observável dos entes físicos e cujas predições sejam adequadas aos experimentos conduzidos em condições controladas. Além disso, eles poderiam apontar para os sucessos preditivos que a ciência acumula até nossos dias e afirmar que, sob uma perspectiva prática, nada há que se exigir da ciência além da acuidade observacional e experimental.
Influência mútua
Acontece que, esquemáticas como são, essas posições tendem a simplificar uma situação real que se apresenta de formas cada vez mais complexas. Dificilmente alguém conseguiria subscrever integralmente a tese dos “cartesianos” justamente pela evidência histórica de que projetos de submissão da ciência à filosofia fatalmente arrastam a primeira para o terreno das disputas intermináveis – e frequentemente inconclusivas – da segunda. Por esse motivo, cientistas-filósofos como o físico, matemático e historiador da ciência francês Pierre Duhem defenderam uma separação clara desses dois empreendimentos cognitivos.
Por outro lado, a evidência historiográfica demonstrou conclusivamente a influência mútua entre filosofia e ciência ao longo da história. Não raro essa influência incluía elementos não tão filosóficos no sentido estrito do termo, como teses teológicas, esotéricas e herméticas. Como explicar a grande disputa travada entre newtoniano Samuel Clarke e Gottfried Leibniz sobre a natureza do espaço como o sensorium divino somente em termos meramente científicos?
Para citar exemplos mais recentes, o cosmólogo sulafricano George Ellis, que trabalhou com o britânico Stephen Hawking, dedicou diversos artigos científicos a explicitar e discutir os pressupostos filosófico-metodológicos embutidos nas teorias da moderna cosmologia. Da mesma forma, questões filosóficas sérias e prementes foram suscitadas pelas declarações recentes de Stephen Hawking acerca das origens do universo e da existência de Deus. Quantos pressupostos filosóficos e ontológicos estão implicados em um só conceito como o “nada”? O que isso significa para um físico é o mesmo que significa para um filósofo ou para um teólogo?
A diferença de significados não implica em um relativismo no qual “tudo vale”, mas pode indicar um uso indevido de um termo para fenômenos que não podem ser adequadamente descritos por ele. Conceitos buscam identificar, entre outras coisas, diferenças específicas e irredutíveis dentro dos fenômenos do real. E tais fenômenos podem ser encarados de diversas formas, de acordo com seus múltiplos aspectos. Desse modo, o que cada ciência faz é encarar um determinado conjunto de entes do real sob um ângulo particular, concebendo-os de acordo com pressupostos ontológicos e metodológicos que, em geral, só podem ser justificados por meios filosófico-argumentativos, ou seja, meios externos à própria ciência. Nenhuma ciência pode justificar a si mesma, já ensinava Aristóteles.
Relação conflituosa
Se a história tem comprovado a influência mútua entre filosofia e ciência, isso não significa que essa relação tenha se dado de forma harmoniosa e sem conflitos. Muito pelo contrário. Incompreensões, resistências, rejeições e menosprezos de ambas as partes foram frequentes nessa história. Ainda há hoje os que decretam a “morte da filosofia” e apontam a ciência como a executora da sentença. Contudo, não se deve pensar que esses que anunciam a morte da consoladora de Boécio sejam somente cientistas. Eles são também filósofos. Alguns, inclusive, tentaram – e tentam ainda – transformar a filosofia em ciência, adotando seus métodos e procedimentos. Outros se limitam ao papel de “cães de guarda” dos cientistas, que latem e ameaçam quem ouse questionar qualquer ponto do credo cientificista. Aparentemente, há filósofos que não suportariam ver a filosofia como ancilla theologiae, mas sentem-se à vontade ao vê-la no papel de ancilla scientiae.
Todavia, o cientificista, aquele que afirma que todo o conhecimento possível advém exclusivamente da ciência, afirma ele mesmo não uma teoria científica, mas uma tese filosófica cujo valor só pode ser avaliado por meios argumentativos. Ao tentar escapar da filosofia, o cientificista se vê obrigado a justificar o exclusivismo cognitivo da ciência apelando exatamente para aquilo que pretendia negar.
Em uma palestra em Cambridge, o filósofo americano W. L. Craig, ao comentar a afirmação de Stephen Hawking de que a filosofia está morta, observou que aqueles que ignoram a filosofia são os mais propensos a cair em suas armadilhas. E ele está correto. A inconsciência dos pressupostos que informam toda e qualquer pesquisa, empírica ou não, frequentemente resulta numa compreensão limitada e limitadora da própria realidade que se pretende explicar. Não é raro que o cientista tome os objetos que sua metodologia permite conhecer como os únicos elementos do real, reduzindo assim o todo a uma de suas partes.
Ademais, essa tendência se manifesta também no desejo de aplicar os resultados de teorias particulares a campos cada vez mais amplos, ao ponto de se poder afirmar, sem risco de erro, que muitos cientistas buscam alçar suas teorias à condição de metafísica última e fundamental da realidade. Como Étienne Gilson assinalou diversas vezes, essa submissão do Ser a uma ciência particular é uma tentação constante na história do Ocidente, apresentando-se no logicismo de Abelardo, no matematismo de Descartes, no fisicismo de Kant, no sociologismo de Comte e, por que não?, no biologismo de certos neodarwinistas. Contra isso, o físico Werner Heisenberg – homem de alta cultura e questões filosóficas profundas – advertia que tais projetos só poderiam se fundar em conhecimentos científicos definitivos, mas que estes são sempre aplicáveis em domínios limitados da experiência.
Tendência relativista
Como reação ao cientificismo, diversos filósofos e estudiosos das ciências humanas empenharam-se em questionar os critérios de racionalidade e validação do conhecimento, abraçando o relativismo como o último bastião possível de resistência ao avanço das ciências empíricas. Tudo o que existe são múltiplos discursos possíveis sobre o mundo e o discurso científico é só mais um entre muitos, de modo que há pouca diferença entre o Dr. House e o curandeiro de uma tribo. Não será necessário repetir aqui todos os já tão bem conhecidos problemas lógicos e epistemológicos dessa posição. Thomas Nagel já se deu o trabalho de elencá-los.
Embora equivocada, a reação do relativista manifesta claramente a percepção de que o discurso científico se torna cada vez mais hegemônico na sociedade hodierna. Praticamente não há um dia sem que o homem moderno não seja bombardeado por uma série de “pesquisas científicas” que “provam” que tal alimento faz bem à saúde, que tal outro prejudica seu organismo ou que determinado comportamento é “natural” e que outro não o é. O problema aumenta quando se tem em conta o poder que essas orientações têm de moldar o caráter e o pensamento de milhões de homens e mulheres no mundo inteiro. Sutilmente, o cientista vai se tornando não só o arauto da verdade, mas também o conselheiro em assuntos muito distantes de sua especialidade original. A pergunta óbvia é: “Por qual razão alguém deveria ouvi-los para além de seu campo limitado de estudo?”.
Não ser um cientificista ou um relativista não resolve o problema das relações da ciência com a filosofia e com outras atividades ou dimensões humanas. Significa somente não abraçar nenhum dos extremos do debate. É mais fácil apontá-los e rejeitá-los do que dizer em qual ponto entre esses limites deve estar a verdade. Não há solução fácil para essa questão. Mas um bom ponto de partida é reconhecer as diferenças entre filosofia e ciência e tentar estabelecer um diálogo que não passe pela capitulação de uma das duas. Isso significa, para a filosofia, abdicar do projeto “cartesiano” de determinar a priori quais são os princípios metafísicos a partir dos quais todas as pesquisas científicas devem se dar. E, para a ciência, atentar para o fato de que o real jamais pode se esgotar ou se reduzir a qualquer um de seus aspectos e, ao mesmo tempo, admitir que há perguntas legítimas e pertinentes que estão fora daquilo que seus métodos permitem averiguar.
Princípios universais
Seria ocioso não admitir que a ciência alcança verdades sobre o real. Não se constroem naves espaciais, satélites, celulares, aviões e carros sem conhecer algo do mundo. Mas o que ela alcança são os aspectos permitidos por sua metodologia e por seus pressupostos conceituais e ontológicos. Escolhas filosóficas já estão presentes como elementos constitutivos desse processo. Uma maior clareza com relação a esses pontos é imprescindível para uma compreensão mais profunda da própria atividade científica e de seus limites intrínsecos.
Cumpre notar que a filosofia não deve viver “à reboque” da ciência, restringindo-se a pensar e a refletir somente sobre problemas e dados levantados por esta última. Há que se admitir que a filosofia tem suas próprias questões e que, para muitas delas, a ciência tem pouco ou nada a contribuir para sua solução. Da mesma forma, o cientista não precisa de um filósofo ao seu lado no laboratório questionando cada passo do processo de pesquisa e pedindo sempre novas razões para suas ações. O melhor encontro entre a filosofia e a ciência ainda se dá na consciência do indivíduo que almeja compreender o mundo em sua integralidade e que, para isso, busca apreender as relações entre os diversos níveis do real e uni-los sob princípios cada vez mais universais.
Rogério Soares da Costa é pesquisador, professor e tradutor. Possui graduação em Filosofia pela UERJ (2005), mestrado (2007) e doutorado (2011) em Filosofia pela PUC-Rio. É pesquisador de pós-doutorado na UERJ, onde investiga as relações entre metafísica e física na obra do físico, filósofo e historiador da ciência Pierre Duhem.
O mundo só será feliz no dia em que enforcarmos o último político com as tripas do último líder religioso e cremarmos seus corpos, usando como combustível, seus podres livros sagrados!
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Comentários
É um alívio encontrar um pesquisador da Filosofia no Brasil que não ofende nossa inteligência com abobrinhas político-ideológicas.
Antes, há que se reconhecer a qualidade do texto em sua simplicidade esclarecedora, sem o pedantismo tão encontradiço em autores do gênero no Brasil.
Eu modestamente colocaria algumas questões.
Primeiro, reforçando a idéia geral proposta por Rogério da Costa, há o erro de tentar estabelecer fronteiras fixas entre Física e Metafísica, Ciência e Filosofia. Não existe aquela linha onde termina uma e começa a outra. Mais correto seria imaginar o arcabouço do conhecimento como uma mistura destes elementos, com zonas onde uma ou outra disciplina se mostra mais concentrada.
Depois, o autor citou a palavra-chave da questão:
O conceito de "verdade" é filosófico, não científico, pelo menos não no entendimento moderno dado ao termo "científico", como uma idéia que possa ser modelada matematicamente e validada experimentalmente.
Não há como teorizar e validar verdades pelo paradigma Popperiano.
O máximo que a Ciência pode chegar neste paradigma é a teorias matematicamente corretas e experimentalmente validadas, sempre prontas para serem substituídas por outras cuja correção e validação sejam mais abrangentes.
E e então temos uma questão final.
Qual a diferença entre Física teórica e Filosofia?
Não consigo imaginar nenhuma além do fato de que o físico teórico deveria se preocupar em incluir aspectos testáveis à sua teoria, coisa que lembremos, a Física Teórica moderna não faz, ou alguém conhece validação para a Teoria das Cordas?
Claro, pode-se dizer que teorias físicas incluem aspectos testáveis conforme a tecnologia avance, veja-se o exemplo dos aceleradores de partículas.
Só que isto é uma inversão da relação de causa e efeito. Os aceleradores de partículas existem porque teorias foram feitas que pediam sua construção, o que implica que nossa tecnologia avança no sentido de comprovar teorias existentes, o que tende a colocar a Física Teórica num ciclo de autocomprovação.
Toda explicação original da natureza é um exercício criativo, um produto da imaginação humana. A teorização formal e experimentação vem depois.
Neste primeiro exercício criativo da inteligência para explicar o Universo, filosofia e ciência são indistinguíveis. O depois é método.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Toda teoria científica, nasce fundamentalmente como teoria filosófica, é através da experimentação, a comprovação, que uma, transforma-se em outra.
O problema é que muitas vezes, tiramos conclusões erradas, baseadas nos resultados das experimentações.
Isso é devido a ciência ter abandonado o conceito de causalidade, a ciência passou a se preocupar com os efeitos, pois não consegue, muitas vezes, apontar a causa.
E foi justamente por causa desse paradigma de Popper, que a busca pelas causas foi abandonada, muito prematuramente, eu diria.
Muitas vezes, apontamos uma causa para explicar um efeito, mas quem garante que esta causa, gera o efeito?
Mas, se não conseguimos apontar a causa "verdadeira", ao explicar um efeito, criamos dogmas, baseados em experimentações laboratoriais, cujos resultados tem suas análises baseadas em puro achismo, uma vez que não temos muitas vezes, uma causa correta para fundamentar nossas conclusões.
É justamente isso o que defendo no texto publicado no meu blog:
http://gilghamesh.blogspot.com.br/2012/08/teorizando-as-teorias.html
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Eu diria, Grande Acauan, que este é o ponto!
Toda teoria, ao ser imaginada, antes de ser posta no papel, deveria ser pensada em termos de quais experimentações poderiam ser criadas para validar as teorias.
Ou seja, é obrigação do teorizador, pensar na criação dos devidos experimentos e publica-los juntamente com suas teorias, para que os experimentalistas possam ter um caminho preciso para testar estas teorias.
O índio "véio", continua com boa pontaria! :)
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Esta é uma questão importante. A idéia comum de relação de causa e efeito é linear no tempo, com causas e efeitos se sucedendo sequencialmente no tempo, mas sempre nesta ordem.
Temos dificuldade em imaginar outro modelo de causalidade, mas este é um exemplo de o quanto a limitação da imaginação pode ater os modelos da realidade a um determinado com o qual nos sentimos mais confortáveis.
Um ponto a ser considerado é que se a Física Moderna admite que passado, presente e futuro coexistem na dimensão Tempo, por que não admitir que as relações de causa e efeito se distribuam ao longo desta dimensão de modo não linear ou sequencial?
Nossas observações podem indicar o contrário, mas nossas observações também negam a hipótese da simultaneidade de passado, presente e futuro, logo o problema pode ser nossa observação.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Tanto este conceito de tempo coexistente, criado por Einstein e que vai contra o conceito de Newton que acreditava que o tempo é absoluto, são conceitos puramente filosóficos.
Muitos pesquisadores, estão entendendo atualmente, que o conceito tempo é na verdade, velocidade.
A natureza, não necessita de tempo para funcionar, o tempo seria na verdade, a forma conceitual com que, uma entidade biológica tenta se localizar no espaço.
E sobre isso, eu também escrevi em um outro texto do meu blog:
http://gilghamesh.blogspot.com.br/2012/08/o-tempo-nao-existe-ou-melhor-o-tempo-so.html
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Voltando ao exposto anteriormente, o tempo seria o ordenamento físico das relações de causa e efeito. Causas seriam sempre anteriores no tempo aos seus efeitos, logo existiria uma grandeza física separando e ordenando sequencialmente estes eventos.
E há também a questão da Entropia.
Tempo seria o sentido físico no qual a Entropia de um sistema fechado aumenta.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Isto poderia acontecer na Grécia antiga, onde o mesmo filósofo poderia reunir as habilidades de imaginação, raciocínio lógico e engenhosidade técnica para completar o ciclo de validação da teoria, mas hoje estas habilidades se tornaram áreas especialistas complexas.
Os engenheiros que constroem aceleradores de partículas não são especialistas em Mecânica Quântica e vice-versa.
O resultado é que a Física Teórica avançada se tornou modelagem matemática, com pouca ou nenhuma relação direta com a realidade além do que as equações anunciam.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Continuando, é comum Físicos teóricos imaginarem experimentos avançados para validar suas teses, o poblema é que modelagem matemática dos fenômenos e capacidade técnica para simulá-los fisicamente viajam a velocidades muito diferentes no espaço do conhecimento humano.
Assim, o teórico pode propor experimentos do tipo "um objeto viajando a determinada velocidade no horizonte de eventos de um buraco negro pode confirmar que...".
Ou seja, o experimento validador foi proposto, mas quando teremos tecnologia para materializá-lo, se é que um dia teremos?
No final, voltamos ao ponto de partida, teoria e experimentação proposta são exercícios de imaginação, fechando um ciclo.
Nós, Indios.
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Eu sempre achei a questão da entropia, muito superficial.
Afirma-se que tudo tende para a desordem.
Uma demonstração dessa desordem, seria por exemplo, um copo de vidro que cai e se espedaça, não sendo possível, junta-lo novamente, ou seja, o copo passa da ordem para a desordem, evidenciando um efeito entrópico que não pode ser revertido.
Mas, se pensarmos bem, o que seria entropico, seria apenas a forma do copo, uma informação, o copo em si é composto de átomos, e estes, continuam existindo para formar ordenadamente, outra informação.
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Gilgha,
Esta é uma analogia simplificadora usada para fins didáticos, que nem sempre é eficaz uma vez que cria mais confusão que esclarecimento, vide uso que os ditos Criacionistas fazem do conceito.
O melhor ponto de partida para o conceito de Entropia é o Segundo Princípio da Termodinâmica, incluindo seus desdobramentos matemáticos.
No fim vamos concluir que Entropia é mais uma entidade abstrata, como Força, que pressupomos ser a causa de um conjunto de efeitos observados, mas sobre a qual não temos nenhuma observação física direta.
Nós, Indios.
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O que coloca uma teoria deste tipo, no hall das teorias puramente filosóficas...
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O que nos leva àquela velha questão: Fórmulas matemáticas, dizem aquilo que queremos que digam, mas não dizem necessariamente a verdade.
E, segundo Popper, a verdade não pode ser alcançada, colocando-nos num eterno circulo de pensamento, (pensamento circular).
Poderemos algum dia, quebrar esse paradigma?
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O ponto é lembrar sempre que Matemática é abstração pura. Podemos enxergar modelos matemáticos na realidade concreta, o que não implica que a Matemática seja real.
A grandeza Força é um exemplo.
Na Física utilizamos o conceito matemático de Vetores para ilustrar como Forças se manifestam.
Mas vetores só existem na Geometria Analítica e não temos uma explicação final sobre como um conceito abstrato permite prever fenômenos concretos.
O paradigma Popperiano é muito popular entre cientistas modernos porque é simples e objetivo. Mas a Filosofia da Ciência não começa, nem termina em Popper e popularidade não quer dizer muito, mesmo que a população no caso seja versada em Ciência.
Enquanto Popper propõe que o fundamento da Ciência seja o Princípio da Falseabilidade, outros filósofos propuseram o que se poderia chamar de Princípio da Veracidade, mas voltamos à discussão inicial que isto retorna ao amálgama original entre Física e Metafísica, que os cientistas de hoje rejeitam.
Nós, Indios.
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Acauam desculpe as minhas limitações e posso estar comentando/questionando uma tremenda bobagem, mas não entendi quando você afirma que a entropia não pode ser observada.
Não é uma lei ? Não é certo que a energia "útil" para trabalho está se diluindo ?
Que o universo tende para um caos total, que no futuro energia para trabalho = 0, ou seja tudo vira gelo?
O que seria então uma observação física direta?
Eu quero a Verdade .
A realidade é um conjunto de possibilidades que se concretizou dentro de um universo infinito de possibilidades.
Pqp ! Eu já fui de esquerda !
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O Fernando explicou bem.
Uma lei natural é a descrição de um padrão observado em um fenômeno ou conjunto de fenômenos.
Quando estes padrões são medidos, destacam-se determinadas variáveis quantificáveis que permitem expressar o padrão por equações matemáticas.
Quando nomeamos estas variáveis quantificáveis como Entropia, Força ou capacitância elétrica não estamos identificando objetos observados e sim elementos de um modelo explicativo matemático.
Um exemplo é o conceito de gravitação.
O clássico modelo Newtoniano define gravitação como a força de atração entre corpos materiais quantificável na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias.
Este conceito explicava o porque do comportamento da queda livre dos corpos ou da órbitas planetárias, mas não explicava o que é gravitação.
Einstein redefiniu gravitação como efeito da distorção que as massas produzem no espaço-tempo, o que explica melhor observações mais acuradas sobre órbitas planetárias próximas ao Sol.
Note que o conceito de gravitação muda acompanhando o modelo matemático que a define.
Elementos definidos por modelagem matemática são abstratos, o que estabelece os limites do paradigma da Ciência moderna em expressar realidades concretas, que é o que vimos discutindo neste tópico.
Nós, Indios.
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Se esse modelo não descreve adequadamente a realidade dos fatos, suas conclusões também não serão observáveis no mundo real.
A realidade tecnológica moderna criou um impasse complicado para a Física Teórica.
No tempo de Newton toda modelagem matemática era feita por cálculo manual, o que implicava em alguma simultaneidade entre o desenvolvimento das observações e dos modelos matemáticos que as explicavam.
Hoje com o avanço da tecnologia de informação, computadores e softwares avançados podem calcular modelos matemáticos muito mais rápido do que é possível para a engenharia desenvolver métodos experimentais que dêem àqueles modelos alguma apresentação concreta.
Nós, Indios.
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Obrigado Acauam e Fernando, eu como sempre aprendendo com vocês.
E me vem o Silas dizer que eu não tenho que "comungar" ou me aconselhar com vocês.
Mais uma vez obrigado.
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