Igualdade, Liberdade e Fraternidade à Paulista

Acauan

Igualdade, Liberdade e Fraternidade à Paulista
Publicado originalmente em 27/12/2007 às 23:16

Por Acauan

No sábado anterior ao Natal, levei meus filhos pela primeira vez ao Monumento da Independência, no Ipiranga, em São Paulo.
O cenário é dominado pela beleza, surpreendentemente preservada, dos jardins que imitam os do Palácio de Versailles, no parque anexo em cujos extremos se situam o riacho do Ipiranga, com o Monumento contíguo de um lado e, do outro, o imponente prédio neo-renascentista do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, mais conhecido como Museu do Ipiranga.
Confesso que senti certa decepção quando meu filho não demonstrou o mesmo entusiasmo que eu ao contemplar a grande bandeira do Brasil tremulando altiva sobre a chama perene que, desde 7 de setembro de 1952, representa o amor incondicional à Pátria.

Minha filha, quatro anos mais jovem que o menino, tomou a deixa, perguntando o significado das estátuas de bronze no topo da construção.

Expliquei que a imagem mais alta, conduzida em uma carruagem, representava a Liberdade, cercada e protegida por personagens que representam o povo, a quem guia adiante. Dentre estes personagens, um Índio e um homem tombado sobre louros, que nos lembra que guardar a Liberdade exige disposição para o sacrifício.
A conversa me sugeriu um hiato que construo aqui.

Aquele momento culminava uma peregrinação por pontos de São Paulo que, intencionalmente ou não, representam alguns de nossos ideais mais caros.

Sob a sombra do Obelisco do Ibirapuera, expliquei ao meu filho que aquela construção, erigida em homenagem aos soldados constitucionalistas de 1932, reverenciava os paulistas que pegaram em armas pela causa da Lei.
Como isto não foi o suficiente para lhe despertar maior interesse, me vali de acontecimento recente daquele dia, quando almoçamos no restaurante do parque e um homem pobre, talvez orgulhoso demais para pedir, se servia dos restos deixados nas mesas e, em instante irônico, reclamava das batatas fritas deixadas à sua disposição – frias, segundo ele.

Aproveitando que a passagem cômica despertou a atenção do garoto, complementei, antes que se dispersasse novamente, que esta era a razão de ser da Lei. Garantir que todos os Homens tivessem os mesmos direitos. Mesmo aqueles que, pelas circunstâncias e escolhas da vida, tinham que se servir de restos, são reconhecidos, perante a Lei, como iguais a quaisquer outros Homens. Por isto, por esta Igualdade, valeu e vale a pena lutar. E Lembrar.

A outra passagem deste hiato se deu no Páteo do Colégio, marco da fundação da cidade de São Paulo, que prezo, mas me desperta certa cautela, por ser até hoje território Jesuíta, onde é melhor não catequizados como eu ficar atentos.

Após visitarmos o Museu e a Capela Anchieta, retornamos à praça dominada pelo Monumento Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo, onde uma muito longa fila, de pessoas de diferentes roupagens e aparências, se movia lenta, ordeira e pacientemente para receber uma boa e completa refeição gratuita servida por voluntários.
Disse aos meus filhos que quando nossos ancestrais conheceram os primeiros colonizadores portugueses, este planalto isolado do mar por uma cordilheira íngreme era tido como terra inviável, mas com trabalho e perseverança, Homens de todas as partes do Brasil e de fora dele construíram aqui uma das maiores cidades do mundo.

A cena daqueles tantos que dependiam da caridade alheia para comer e que depois do almoço se aninhavam para dormir pelas calçadas deixava claro que ainda tínhamos muito que fazer, um futuro a construir.
Olho meus filhos.
Olho a estátua que no topo do monumento segura uma tocha.

Olho em volta, o Páteo, o Colégio reconstruído mais de uma vez, a capela e a pequena multidão deitada sob as marquises das lojas e sobre restos de comida.

Não é uma bela cena, mas a Grande Cidade garantiu que naquela tarde, nos arredores do local onde foi fundada, nem o mais pobre de seus filhos passaria fome.

Acauan

Republicação especial de aniversário da cidade.

Neotribalista

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marta

.
Quisera que 30% da população do Brasil fosse um patriota como você.
.

Kairós

Nunca fui.

Acauan

marta disse: Quisera que 30% da população do Brasil fosse um patriota como você.

Oi, Marta, prazer em revê-la aqui.

Vivemos tempos cínicos, nos quais é regra ridicularizar o Patriotismo e, pior, confundir Patriotismo e Nacionalismo por não se importarem mais em entender a diferença.

Gente que gosta de erguer bandeiras da moda porque rende aplausos dos modernos não percebe que nenhuma bandeira se sustenta se não estiver protegida à sombra da Bandeira Nacional e das instituições que ele representa.

Fernando_Silva

marta disse:
Quisera que 30% da população do Brasil fosse um patriota como você.

As esquerdas são internacionalistas e desprezam o patriotismo.

emmedrado

Acauan quando é que você vai escrever uma eca pra gente conseguir te desargumentar ?
Afinal memo uma mente privilegiada como a sua deve produzir alguma eca.

Acauan disse: Oi, Marta, prazer em revê-la aqui.

Vivemos tempos cínicos, nos quais é regra ridicularizar o Patriotismo e, pior, confundir Patriotismo e Nacionalismo por não se importarem mais em entender a diferença.

Gente que gosta de erguer bandeiras da moda porque rende aplausos dos modernos não percebe que nenhuma bandeira se sustenta se não estiver protegida à sombra da Bandeira Nacional e das instituições que ele representa.

Acauan quando é que você vai escrever uma eca pra gente conseguir te desargumentar ?
Afinal mesmo uma mente privilegiada como a sua deve produzir alguma eca em algum momento.

Percival

Me deu vontade de visitar.

marta

Acauan disse: Oi, Marta, prazer em revê-la aqui.
Vivemos tempos cínicos, nos quais é regra ridicularizar o Patriotismo e, pior, confundir Patriotismo e Nacionalismo por não se importarem mais em entender a diferença. Gente que gosta de erguer bandeiras da moda porque rende aplausos dos modernos não percebe que nenhuma bandeira se sustenta se não estiver protegida à sombra da Bandeira Nacional e das instituições que ele representa.

Querido Índio, o prazer é todo meu. Assim como a educação (diferente da instrução) é passada de pai para filho.

Recebi isso do meu pai e vejo, com satisfação, que vc tb passa isso para seus filhos. Meu pai tinha orgulho de ser brasileiro, de ser paulista, de ser paulistano. Cansei de ouvir sobre a coragem dos pracinhas da revolução de 1932. Hoje, quase ninguém sabe o significado do feriado do 9 de julho.

Penso que é por isso que essa turma que sai enrolada em bandeiras e nem sabe bem porque e o que está defendendo. Não tem noção de ideologia, não sabe bem o que defende, não sabe o que quer, não consegue aprender com os erros dos outros. São verdadeiros inocentes úteis nas mãos de gente mal caráter e mal intensionada.

Eu acredito em um Brasil justo e próspero, ainda que acho que não terei tempo para vê-lo.

beijão

marta

Fernando_Silva disse: As esquerdas são internacionalistas e desprezam o patriotismo.

Grande Fernando!

As esquerdas desprezam o ser humano.
beijão

Johnny

marta disse: Eu acredito em um Brasil justo e próspero, ainda que acho que não terei tempo para vê-lo.

Ninguém viverá para ver isso Marta, NIGUÉM!!! Triste, mas um fato.

emmedrado

Johnny disse: Ninguém viverá para ver isso Marta, NIGUÉM!!! Triste, mas um fato.

As coisas podem mudar cara, as coisas mudam,não podemos desistir.
Eu por exemplo não sei em quem vou votar,mas até anular um voto é um sinal de protesto.

rfrigotto

Acauan disse: Vivemos tempos cínicos, nos quais é regra ridicularizar o Patriotismo

O problema é que muitas pessoas estão naufragando na internet, ao invés de navegar. Buscam e acham informações, muitas informações, e na maioria das vezes as utilizam/absorvem sem discernimento.
O indivíduo começa falando mal dos políticos, parte para a economia e logo começa a falar: "Brasil, que país de merda é esse?!".

The_Doctor

Johnny disse: marta disse: Eu acredito em um Brasil justo e próspero, ainda que acho que não terei tempo para vê-lo.

Ninguém viverá para ver isso Marta, NIGUÉM!!! Triste, mas um fato.

Nem deus vai ver isso.