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Bergman e outras atrizes suecas como favoritas do nazismo
Zarah Leander e Kristina Söderbaum também eram queridas por Joseph Goebbels
Antes de virar estrela em "Casablanca", Ingrid Bergman foi uma das atrizes favoritas do nazista Goebbels
BERLIM — Como parte do programa do aniversário de 80 anos da subida de Hitler ao poder, o Museu Histórico Alemão está promovendo um festival de filmes rodados durante a ditadura em que as estrelas que chamam a atenção são três suecas, Zarah Leander, Kristina Söderbaum e Ingrid Bergman, as atrizes preferidas do chefe da propaganda hitlerista, Joseph Goebbels.
Os escandinavos eram os únicos estrangeiros aceitos pela ideologia racial nazista — foi assim que as três suecas estiveram no topo do programa de filmes financiados por Goebbels. Em 1938, Ingrid Bergman rodou o filme “Die vier Gesellen”, de Carl Froelich, com Zarah Leander, uma história adocicada de amor. A bela Bergman fascinou Goebbels, que ofereceu de imediato um contrato para quatro filmes. Mas Ingrid Bergman deixou Berlim porque foi chamada por Hollywood para rodar “Casablanca”, em 1942. Zarah Leander continuou em Berlim até 1943, enquanto que a sua compatriota Kristina Söderbaum atuou em filmes nazistas até a capitulação alemã.
Loura e subalterna
Loura, de olhos azuis e fazendo no cinema o papel da mulher subalterna, Kristina Söderbaum incorporava o ideal da mulher nazista. Logo que assumiram, os nacional-socialistas passaram a ver o cinema como uma arma tão importante quanto os canhões de guerra. Os estúdios UFA (hoje Babelsberg), de Potsdam, nos arredores de Berlim, passaram por uma “lavagem” étnica e ideológica.
Diretores como Max Ophüs, Robert Siodmak, Fritz Lang e Billy Wilder foram logo banidos ou fugiram mais tarde da perseguição. Mas os que ficaram, como o diretor de cinema Veit Harlan e o famoso ator e diretor de teatro Gustaf Grundgens, mantiveram ativa a indústria cultural a serviço da ideologia nazista. Grundgens, o primeiro marido de Erika Mann, inspirou seu irmão Klaus Mann (os dois eram filhos do escritor Thomas Mann) no famoso romance “Mephisto”.
Nascida em Estocolmo, em 1912, Kristina Söderbaum veio para Berlim estudar História da Arte, mas pouco depois encontrou o diretor Veit Harlan, que mudou a sua vida. Com Harlan, por quem se apaixonou, Kristina rodou quase todos os seus filmes. Eram histórias açucaradas, mas também filmes de incitação racial. Um exemplo é “Jud Süss”, filme que conta a história de Süss Oppenheimer, em uma caricatura bastante negativa de um judeu, como viam os nazistas, ganancioso e desonesto — e que ainda estupra uma moça, interpretada por Kristina Söderbaum.
Harlan, que era também ator, formava com Kristina o casal ideal da era nazista. A atriz, que ocupava uma boa posição na “escala racial”, um sistema que dividia até os chamados arianos em subcategorias, era a protagonista preferida do regime. Enquanto os judeus eram deportados, os dois atuavam no filme considerado a maior agitação da propaganda, pelo qual tiveram que responder a um processo depois da guerra.
Embora tenham afirmado que não queriam participar do filme, os dois fizeram carreira durante toda a era nazista. Só em 1945, quando Berlim passou a ser atacada diariamente pelos bombardeios dos aliados, Kristina Söderbaum pensou em ir embora para a Suécia, mas terminou ficando. O último filme de propaganda nazista feito pelos dois, já no início de 1945, conta a história de como uma cidade resiste à invasão de Napoleão. Com esse filme, “Kolberg”, Goebbels queria influenciar o povo a resistir contra a invasão dos aliados, que já tinham começado a ocupar a Alemanha.
Mas foi Zarah Leander a maior estrela do cinema nazista. Além de atriz, ela cantava, como aparece no filme “Die 4 Gesellen”, estrelado pela sua compatriota Ingrid Bergman. Leander foi “descoberta” por Goebbels quando era cantora. Pouco depois, em 1937, assinou um contrato com a UFA para rodar filmes em Babelsberg.
As crianças de Hitler
Com um cachê de 500 mil marcos por ano, ela era a mais bem paga da Europa. Quando a Segunda Guerra explodiu, os filmes de Leander eram exibidos também para os soldados da Wehrmacht no front. Um dos filmes conta a história de uma mulher que se sacrifica pela pátria, mandando o seu amado para a guerra. Leander continuou fazendo carreira depois da guerra, até a sua morte, em 1981.
Não é por coincidência que as atrizes preferidas de Goebbels eram suecas. Os nazistas amavam os escandinavos porque julgavam que os habitantes dos países nórdicos tinham uma “raça boa”. Enquanto os alemães que tinham filhos com eslavos eram punidos, na Noruega foram criados estabelecimentos para abrigar as crianças “produzidas” pelos soldados alemães com as norueguesas.
O projeto, chamado “Lebensborn”, tinha filiais em países ocupados. A central ficava em um casarão de Munique onde tinha residido o escritor Thomas Mann com sua mulher judia, Katia. Enquanto as crianças, até recém-nascidos judeus, eram mortas nas câmaras de gás, o programa investia nas “crianças de raça valiosa” para o Führer. Depois da guerra, cerca de oito mil crianças estavam sem mãe e pai porque tinham nascido como as crianças de Hitler. Na Noruega, ainda hoje há associações de ajuda a essas pessoas. Muitas ficaram traumatizadas ao tomar conhecimento da sua origem.
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