Ação da OGX de Eike já custa menos que litro de gasolina
As cinco empresas do grupo que têm capital aberto já perderam mais de 90% de seu valor
Brasil Econômico - Ana Paula Ribeiro | 26/03/2013 06:00:00
Brasil Econômico
A ação da OGX fechou ontem cotada a R$ 2,29. Apesar da alta de 0,88%, esse valor faz com que o papel da petrolífera de Eike Batista esteja precificado abaixo do valor médio de um litro de gasolina, que era de R$ 2,886 na semana passada, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Há menos de três anos, com uma ação da OGX era possível encher mais de meio tanque de um carro de porte médio.
Desde o seu auge, em outubro de 2010, a petrolífera de Eike já perdeu mais de 90% de seu valor e 75% em 12 meses — ontem, esse valor era de R$ 17,886 bilhões. Esse cenário se estende a outras companhias do empresário que são listadas em bolsa. As cinco empresas com capital aberto (LLX, MMX, MPX, OGX e OSX) e que fazem parte da holding EBX encerraram o dia de ontem com valor de mercado de R$ 17,57 bilhões. Esse valor representa uma queda de 82,09% em relação outubro de 2010.
Fábio Pozzebom/ABr
Apoio do BTG ainda não restaurou confiança de investidores em Eike
Nem mesmo a notícia, no início de março, de que o BTG Pactual de André Esteves iria gerir os negócios da EBX ajudou Eike. O banco de investimento teria garantido a Eike uma linha de crédito de R$ 1 bilhão, mas o valor está muito abaixo do necessário. “Eles precisam muito mais do que US$ 1 bilhão”, afirmou o gerente da Dinosaur Securities, Luiz Campos.
Em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo” no sábado, Esteves disse que acha uma anomalia uma participação tão alta do grupo nesses projetos: em vez dos atuais 60% a 70%, o ideal seria para 20% a 30%. Pelo que deu a perceber, seu trabalho será tirar Eike do controle majoritário dos negócios.
Com a maior parte dos projetos ainda em fase operacional, investidores e analistas começaram a colocar em dúvida a capacidade de entrega do empresário e, nas últimas semanas, aumentou a preocupação em relação ao acesso a financiamento das empresas do grupo EBX. “O quadro parece muito pior do que o esperado, por isso é natural que os investidores estejam procurando alternativas”, afirmou o analista da Ágora Corretora, Aloisio Lemos.
E não há expectativa de alívio para a tormenta por que passa Eike. Hoje, após o fechamento de mercado, serão divulgados os dados da principal empresa do grupo, a OGX, e as projeções não são otimistas para os dados referentes ao período de outubro a dezembro de 2012.
A expectativa da Ativa Corretora é de um crescimento de 5,5% na receita líquida da petrolífera ante o terceiro trimestre. Ainda assim, a empresa seguirá no prejuízo. A projeção é de um resultado negativo de R$ 270 milhões, ante R$ 344 milhões no terceiro trimestre. “Cabe destacar que, apesar de oficialmente operacional, os resultados trimestrais ainda tem relevância limitada para a análise da empresa”, afirmou o analista Ricardo Correa.
Essa limitação deve-se a dúvidas sobre a empresa. Ele aponta que é preciso saber a taxa de vazão e produção diária dos ativos; definição do número de plataformas a serem conectadas nas bacias de Santos e Paranaíba; atualização dos ativos da companhia; e, principalmente, o acesso a financiamento para suportar os investimentos dos próximos anos.
Em meio a essa falta de credibilidade e de cobrança por resultados, Eike tem se desfeito de participações e promovido uma dança das cadeiras no comando de suas empresas - já foram cinco substituições desde junho.
O empresário também tem se valido das redes sociais para tentar mostrar que não há problemas em suas empresas e que os projetos já saíram do papel, citando o Porto do Açu, projeto da LLX. Afirmou, no final de semana, que rumores e fofocas são as ferramentas dos vendedores a descoberto e que eles vão ser “apanhados com as calças curtas”.