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O maior projeto de tecnologia do País começa a ser implantado em Campinas em um mês para que, em 2016, o Brasil inicie a produção de uma luz de terceira geração, capaz de obter imagens com resolução 10 mil vezes maior que um aparelho de raio X e dez vezes mais brilhante que a produzida atualmente por países que detêm a tecnologia.
Com o Sírius, uma fonte de luz síncrotron de terceira geração, o Brasil ganhará competitividade em áreas estratégicas de pesquisa como nanociência, biologia molecular estrutural (base para o desenvolvimento de fármacos), materiais avançados e energias alternativas e entrará no mapa mundial dos aceleradores de partículas.
A fonte de luz é capaz de produzir figuras tridimensionais de partículas com 1 bilionésimo de metro. Com ela, os pesquisadores terão condições de explorar novas fronteiras da biologia estrutural, trazer resoluções nanométricas nas análises estruturais e espectroscópicas de materiais, e obter imagens 3D em tomografia por raios X. Das 45 fontes síncrotrons em operação no mundo, 15 são de terceira geração.
Uma área de 150 mil metros quadrados no polo de alta tecnologia Ciatec 2 começará a receber, no final de abril, tratores e máquinas para a limpeza do terreno e terraplenagem para a construção dos prédios do Sírius, a fonte de luz que irá operar com 3,0 gigaelétron-volts (GeV) de energia e terá muito mais brilho que a fonte atual, em operação desde 1997.
A área foi declarada de utilidade pública pelo governo do Estado e será desapropriada por R$ 23,4 milhões. A nova fonte de luz vai exigir investimentos de R$ 467 milhões, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI).
Na prática, o Sírius aumentaria o número de empresas interessadas no uso do País como campo de pesquisas. Gigantes como a General Electric e a IBM usam a luz de síncrotron para pesquisas de materiais. Os vencedores do Nobel de Química em 2009 usaram um acelerador dessa categoria para desvendar a estrutura molecular do ribossoma, organela celular que catalisa a tradução do código genético para proteínas.
A estimativa é que a capacidade de pesquisas por ano também saltaria de 1,6 mil para 2,7 mil — hoje, empresas ficam na fila para poder usar o UVX, o atual acelerador de partículas do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).
O MCTI informou que a Petrobras deverá apoiar a construção de Sírius e aguarda a autorização da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Há negociações igualmente avançadas com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e conversas iniciais com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
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