Rendimento de cotistas em universidades caiu com o passar do tempo

Percival

Pesquisa dos acadêmicos Delcele Queiroz e Jocélio Teles dos Santos sobre desempenho dos cotistas em 2005, ano de adoção da política na UFBA (Universidade Federal da Bahia), indicava "resultados bastante animadores".

Cotistas têm desempenho inferior entre universitários
Aluno de escola federal tem rendimento melhor em universidades

Os autores ressaltavam que em alguns cursos como engenharia civil e comunicação social, a fatia de cotistas com coeficiente de rendimento entre 7,6 e 10 era maior do que entre os demais alunos.

Segundo Delcele, que é pedagoga e professora da Uneb (Universidade do Estado da Bahia), dados para anos subsequentes mostram um retrato menos favorável em termos da diferença de rendimento entre não cotistas e cotistas, embora confirmem o aumento da diversidade social e racial na universidade.

Estudo recente de Delceles e de Santos mostra que, entre os que ingressaram na UFBA em 2006 e cursavam o sétimo semestre, a fatia de cotistas com notas médias entre 7 e 10 era menor que a dos demais alunos em 12 cursos muito concorridos, incluindo engenharia civil e comunicação.

Delcele acredita que, quando foram adotadas, as cotas absorveram um estoque de alunos de escolas públicas com bom rendimento que não tentavam o vestibular ou ficavam muito próximos de serem aprovados.

"Passado esse efeito, a situação em termos de desempenho que temos visto é mais próxima da realidade", diz.

O desempenho acadêmico de cotistas ainda é pouco estudado no Brasil. A adoção de ações afirmativas pelas universidades começou a ganhar fôlego a partir de meados da década passada.



Estudos de casos isolados costumavam indicar desempenho próximo entre beneficiários de ações afirmativas e demais alunos.

Algumas pesquisas mais recentes têm revelado um quadro diferente, de rendimento pior de cotistas. O desempenho mais fraco é explicado por especialistas pela fragilidade na formação dos alunos de escolas públicas estaduais e municipais.

BASE MAIS FRACA

A estudante de Publicidade da UFF Priscylla Barros, 20, sente na graduação dificuldades herdadas de uma base fraca do ensino básico em escola pública estadual.

"Eu vou bem nas disciplinas técnicas do curso, como desenho e criação gráfica, mas sinto dificuldades ligadas à base fraca em inglês, em conhecimentos gerais".

A pesquisadora Delcele defende a política de cotas, mas afirma que as universidades têm falhado na adoção de políticas para "acolher os cotistas e contribuir para sua permanência e desempenho nos cursos".

DIVERSIDADE

Segundo Maria Eduarda Tannuri-Pianto, da UnB (Universidade de Brasília), a cota racial adotada pela instituição em 2004 atingiu o objetivo de promover a inclusão.

Autora de um estudo em parceria com o pesquisador Andrew Francis, ela diz que apenas em 50% dos cursos "mais seletivos" da UnB pretos e pardos tinham rendimento "ligeiramente inferior" ao dos não cotistas.

Ao longo do tempo, segundo ela, porém, o desempenho dos cotistas no vestibular tem piorado em relação ao dos primeiros cotistas beneficiados.




http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2013/04/1270000-rendimento-de-cotistas-em-universidades-caiu-com-o-passar-do-tempo.shtml

salgueiro

Essa é o tipo de notícia mais do que esperada e a diferença não é maior porque apesar de nunca ter visto uma estatística acredito que a maior parte das vagas das cotas sejam abocanhadas por alunos advindos das escolas federais e não estaduais. Quando prestei vestibular das 83 vagas disponíveis, 78 eram alunos de escolas particulares, 4 para escolas federais e 1 para escola estadual. Sendo que 18 alunos adiantaram matérias para se formarem um semestre antes da turma original, 3 eram de escolas federais

Acauan

Defensores das cotas se apressaram em apresentar as primeiras estatísticas sobre rendimento dos cotistas, quanto a amostragem não era significativa.

Agora talvez ainda não seja, mas um viés esperado se delineia.

O que os defensores das cotas não entenderam é que não há como o rendimento dos cotistas defender o sistema.

Se o rebaixamento dos critérios de admissão não repercute nos indices de aproveitamento é porque os índices de aproveitamento estão abaixo dos critérios de admissão.
É um fato matemático.

Neotribalista

Antes mesmo de analisar o desempenho dos cotistas, vejo dois problemas com o sistema de cotas

1) A subversão do papel da Universidade.

A Universidade existe para absorver, produzir e disseminar o conhecimento. Universidades abrem novas oportunidades aos formandos como conseqüência e não como causa, apenas porque os graduados tem uma exclusividade diante da população geral: conhecimento específico de certa área. Como há uma menor oferta de trabalhadores graduados, eles ganham maior poder de negociação nas oportunidades de emprego. Claro, há certos áreas em que a demanda por especialistas é muito baixa, e o curso não serve pra garantir melhores oportunidades no mercado de trabalho. Não sei por que, muitos acadêmicos vivem com mimimi por conta disso.

2) Aplica-se um critério coletivista numa seleção que deveria ser individual.

Não importa se por raça, condição social, preferência sexual ou religião, toda forma de coletivismo é repugnante. Basta pensar numa situação onde o sujeito assumidamente diz que repudia todos os negros ignorando a individualidade de cada negro. A resposta para este tipo de afirmação seria o repúdio. Os alunos que são admitidos na Universidade não o são porque são brancos ou ricos, já que nem todo branco ou rico é admitido, mas por suas virtudes individuais.

Mas usurpar instituições e coletivizar a sociedade são duas bandeiras do Império.

Além disso, eu acredito piamente que se o homeschooling fosse permitido no Brasil, os alunos deste sistema dariam de 10 a 0 nos alunos da escola pública e então as cotas iriam pro beleléu.

Neotribalista

Uma ironia entre aqueles que defendem as cotas alegando que estas dariam maiores oportunidades de carreira para os cotistas, que são prejudicados pela sua condição social ou racial, é que eles também criticam a usurpação da Universidade pelo capitalismo, focando-se a produzir apenas profissionais técnicos.

Eu concordo que Universidade não é curso técnico/profissionalizante, mas ora, o que gera oportunidade de carreira é justamente o conhecimento técnico-profissional voltado para o mercado de trabalho!

Ou você acha que um diploma de história da arte vai te garantir algum futuro profissional promissor?

burrico

É só criar cotas nas empresas e está tudo resolvido :P