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A Iconografia Cafona dos Petistas

Vejam esta imagem:

PT-campanha-maoísta-445x480.png

Prestem atenção aos detalhes. Ainda voltaremos a ela. Antes, algumas considerações prévias. O PT começa a distribuir nesta quarta-feira a seus militantes um livrinho de 15 páginas com as conquistas ditas “gloriosas” do partido nestes 10 anos. O padrão de comparação é o governo FHC. Os petistas, claro!, dizem que tudo, sob a sua gestão, foi melhor. Na verdade, passam a impressão de que o Brasil foi criado há dez anos. No princípio, era o caos, depois veio Lula — e só então a luz…. Aí se criaram o céu, a terra, o mar, os passarinhos e Dilma Rousseff. Sobre mensaleiros, aloprados e peculatários, nada! Compreensível. Sabem como é… Até no mundo criado por Deus, o rival menor de Lula, existem ratos, sapos e baratas, mas que têm o seu lugar na ordem das coisas…

O PT vai se aproveitar, como é próprio aos de sua estirpe e àqueles que comungam de seu pensamento, para elencar algumas verdades que remetem a mentiras monumentais. Mas também há mentiras monumentais em si mesmas, como esta:
“Enquanto o salário médio dos trabalhadores caiu, aumentou a derrama contínua de recursos públicos para os segmentos mais ricos e enriquecidos por uma dívida em expansão e por taxas reais de juros incomparáveis internacionalmente”.

Houve uma forte recuperação do valor real do salário mínimo no governo FHC, e o rendimento médio do trabalhador, com o fim da inflação, subiu em vez de cair. De fato, o Brasil pagou “juros incomparáveis internacionalmente” durante a gestão tucana, mas também durante a gestão petista. Nos oito anos de governo Lula, o país teve a maior taxa de juros reais do mundo — e é uma das maiores ainda hoje. Foi Lula mesmo quem lembrou que os bancos, por exemplo, nunca ganharam tanto como em sua gestão. Estava falando a verdade nesse caso.

Já expliquei o que existe de picaretagem essencial nesse tipo de abordagem. Lula chegou ao governo com o setor financeiro saneado, sem risco de quebradeira dos bancos (essencial para enfrentar a grande crise), com a inflação domesticada e com algumas reformas feitas, que devolveram o Brasil ao mercado. Sem os investimentos em telefonia, por exemplo — que chegaram por causa da privatização —, teríamos ido à breca. O PT era contra. Como era contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Teremos muitas outras oportunidades de voltar a essas mistificações. Meu ponto agora é outro.

Volto à imagem lá do alto. É a capa do tal livrinho que será distribuído aos petistas. Essa estética cafona e autoritária tem história. Já foi empegada no Brasil durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, o ditador protofascista que caiu nas graças dos intelectuais de esquerda — o que é compreensível. O fascismo, no fim das contas, é de esquerda mesmo, já demonstrei aqui algumas vezes.

Mas foram os comunistas que elevaram esse tipo de mistificação à condição de uma estética. Conscientemente ou não, quem trabalhou a foto de Lula, agora só de bigode, o deixou muito próximo daquele bom Stálin, o que matava 40 milhões com ar de quem oferecia pirulitos às crianças. Lula, que eu saiba, não matou ninguém, a não sr a verdade.

Foram os anos da Revolução Cultural na China, cuja fase mais aguda e violenta se deu entre 1966 e 1969, que inundaram o mundo com essa estética asquerosa, do “bom líder” que esmaga o seu povo. Coincidiu com um momento de efervescência da cultura pop e atraiu intelectuais do miolo mole mundo afora.

Notem que, invariavelmente, os bons ditadores tem seus olhos postos no futuro, num horizontem que só eles divisam. E assim é, entre outros motivos, porque se elevam muito acima do povo, que eles conduzem. Afinal, um eram chamados “führer” (Hitler), “duce” (Mussolini), “O Grande Timoneiro” (Mao); “O Guia Genial dos Povos” (Stálin) e “O Grande Líder” (Kim il Sung). O Brasil teve “O Pai dos Pobres” (Getúlio), o “Grande Companheiro” (Lula) e agora a “Mãe dos Pobres” (Dilma).

Em qualquer dos casos, o povo é reduzido à minoridade. Não está à altura daqueles que o conduzem com olhos visionários. Seu papel é erguer as mãos para o alto e sorrir de satisfação.

A iconografia apenas reproduz o pensamento detestável de todos eles.


Para encerrar
Voltem lá ao alto e fixem de novo a imagem de Lula. Agora vejam esta imagem famosa de Stálin, que era objeto de culto.

Stálin-foto-254x300.jpg

Quem trabalhou a imagem do Apedeuta tentou forçar a semelhança? Nessas coisas, pouco importa a intenção. O que importa é a filiação das ideias, ainda que, às vezes, involuntária. De toda sorte, autoritarismo no PT é sempre voluntário. Pode até acontecer de eles apostarem na democracia, mas ou será sem querer ou será por motivos puramente táticos. O livrinho do partido, diga-se, nada mais é do que uma adulteração da história, dos fatos. O carniceiro da foto acima, vocês devem saber, mandava mudar até as fotografias. À medida que ele ia matando às pessoas, dava ordem para que os homens do regime as apagassem também da história. O PT é um exímio assassino e ressuscitador de reputações.

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-iconografia-maoista-e-cafona-do-petismo-nos-seus-10-anos-de-mistificacao/
“Só tenho para oferecer sangue, sofrimento, lágrimas e suor.”
― Winston Churchill

Comentários

  • 3 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/05/01/esperteza-provinciana-ou-abuso-por-ricardo-noblat-495117.asp
    Esperteza provinciana. Ou abuso

    por Ricardo Noblat

    Em países politicamente mais avançados, chefes de Estado requisitam cadeia nacional de rádio e de televisão quando têm algo de muito importante a comunicar ao distinto público. Algo, de fato, excepcional. Porque da miudeza cuida a propaganda diária do próprio governo.

    Aqui, não. Em datas tidas como especiais do tipo 1º de Maio, 7 de Setembro, Natal e Ano Novo, o presidente se vale de cadeia nacional de rádio e de televisão para exaltar suas próprias realizações. Ou então a daqueles que o antecederam - desde que do mesmo partido.

    Propaganda pura. E de graça.
    Esperteza provinciana. Ou abuso.
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    edited maio 2013 Vote Up0Vote Down
    http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/05/01/alivio-temporario-495119.asp
    Não foi um obscuro Nazareno, mas o ex-presidente da Câmara Marco Maia, representante do partido por dois anos no posto, quem defendeu a emenda que submete decisões do STF ao crivo do Legislativo e ainda propôs outra criando novas limitações à Corte.

    Não foi um deputado de menor expressão, mas Fernando Ferro - líder do PT por duas vezes - quem chamou o ministro Gilmar Mendes de "capitão do mato" por ter atendido em caráter liminar o pedido do senador Rodrigo Rollemberg para suspensão da votação em caráter de urgência do projeto que veda a novos partidos partilha do Fundo Partidário e do horário eleitoral na proporção das bancadas congressuais.

    Essas e outras violências verbais e conceituais dão a medida do inconformismo do PT com o preceito republicano do equilíbrio e da independência entre os poderes. Note-se, portanto, que a coisa não vai se resolver com panos quentes.

    A questão é mais profunda: o PT está com raiva do Supremo, assim como tem raiva da imprensa que não lhe presta reverência, assim como está com raiva de Eduardo Campos porque procura caminho de crescimento político para seu partido fora da área de influência governo-petista, assim como teria raiva do Parlamento caso não tivesse cooptado a maioria mediante métodos relatados pelo STF, assim como tem raiva de qualquer pessoa, grupo ou instituição que não se curve aos seus interesses.
    Post edited by Fernando_Silva on
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