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No último sábado, dia 6/07, tive o prazer de dar uma palestra no Youpix sobre memes, ficção científica e fantasia. \o/ O evento foi tão legal que resolvi compartilhar um pouco do que foi dito por lá aqui na Fantastic. Vambora?
Para quem não conhece a origem da palavra meme, uma explicação inicial: ela foi cunhada em 1976 pelo biólogo Richard Dawkins, famoso por seus livros com títulos polêmicos. Dawkins criou o termo para explicar um conceito em sua primeira grande obra, O Gene Egoísta. Em termos bem gerais, meme é a menor unidade que se autocopia (também chamada pelo autor de unidade replicadora) contendo uma informação que é passada a diante. Dawkins acredita que os memes se comportam de maneira parecida com os genes na biologia, mas em vez de conter material genético, carregam ideias e conceitos culturais.
Um exemplo de memes, para Dawkins, são certos padrões de porcelana que se repetem através dos séculos. Ele também fala de estilos arquitetônicos, técnicas de arte… e de Deus. Para Dawkins, os conceitos que embasam Deus também tem uma pitada de meme, já que são ideias fortíssimas que se espalham pela história , sempre com algumas alterações, mas nunca alterando o cerne principal da coisa toda. O próprio autor reconhece que essa é uma afirmativa polêmica e não se deixa ficar muito tempo no assunto, já que reconhece que Deus possui uma carga simbólica muito forte para ser considerado um meme qualquer. Ainda assim, essa definição nos ajuda a entender o que Dawkins queria dizer com essa palavra nova. Não é à toa que O Gene Egoísta é lembrado muito mais por essa definição do que por qualquer outro capítulo do livro.
Ainda que Dawkins tenha se afastado do estudo da memética, que vai englobar uma série de outras áreas, como a semiótica, ele deixou um legado importante para quem estuda os memes como forma de comunicação. Em seu livro, Dawkins levantou três pontos para entender sobre a “vida útil” de um meme: ele deve ter durabilidade, capacidade de se espalhar e uma certa similaridade com a sua fonte original. Hoje em dia, quando falamos de memes de internet, essas coisas todas ficam um pouco mais relativas. Dá para dizer que, por exemplo, o meme sobre o preço do tomate se espalhou como fogo na palha, mas seu tempo de duração acabou assim que o preço voltou a baixar. A internet foi testando e esticando os limites do termo de Dawkins – e ele ainda parece se ajustar muito bem aos virais da internet.
Um meme genial que explica o sentido dos memes no passado e atualmente é o do nosso querido quadro aí em cima. Como todo mundo sabe, uma senhora espanhola achou que era uma boa ideia restaurar sozinha uma pintura muito antiga que existia em sua igreja local. Essa história tinha tudo para ser um meme curtinho, regionalizado – algo que só as pessoas da mesma cidade espanhola teriam conhecimento. E mesmo assim, seria um meme ruim, já que a pintura da artista foi uma cópia bem malfeita do original. Mas a internet, como a gente já sabe, não perdoa: a obra da senhorinha espanhola ganhou o mundo, virou camiseta e status de arte totalmente às avessas.
E o que que isso tem a ver com ficção científica e fantasia, você me pergunta. Meu caro Watson, tem absolutamente tudo a ver. Se até uma obra de arte obscura pode se tornar um meme do qual todo mundo participa, imagina só o que ele não pode fazer pela cultura pop.
Se a fantasia e a FC deixaram de ser parte de um nicho específico, isso se deu por conta de um processo muito intenso de adaptação de certas linguagens. Até o começo dos anos 2000, virar para alguém e citar a frase mais famosa de Gollum não teria tanto impacto, mesmo que ela sempre estivesse nos livros de Tolkien. Mas hoje, com o cinema e a viralização de pequenos conceitos, qualquer coisinha é motivo para falar “meu preciosssso” com uma voz gutural (ou então eu tenho uns amigos bem esquisitos ).
A viralização de pequenos momentos de séries, filmes e livros são uma força importante na disseminação da cultura pop como um todo. Se no passado nos guiávamos apenas por recomendações de amigos ou curiosidade antes de consumir algo do tipo, hoje podemos ter informação suficiente a respeito antes mesmo de começar a assistir ou ler o que quer que seja. Quem aí nunca começou a ver uma série por conta de um gif não sabe o que está perdendo.
Os memes, por serem copiadores com pequenas diferenças entre si, permitem uma combinação variada de quase tudo o que cerca uma produção cultural. Temos sites com geradores de memes exatamente por causa disso. Quanto mais destrinchado é o conceito, mais ele se torna algo compreensível para um mesmo nicho, repetindo todo o processo. Afinal, zoeira never ends – especialmente se ela se refere a um elemento cheio de carga simbólica.
É por essas e outras que Game of Thrones faz tanto sucesso. Além de ter uma fórmula muito bem pensada, está abarrotado de pequenos momentos com potencial de memes. Joffrey, por exemplo, pode não ser o pior vilão que já existiu – mas se formos ler tudo o que sai sobre ele nessa internet vida louca, com certeza teremos essa impressão.
Como esse assunto rende mais que uma coluna e muito pano para a manga, vamos ficando por aqui. Deixem comentários! Palpitem! Xinguem! \o/
Fonte: http://contraversao.com/fantastic-13-por-que-os-memes-estao-mudando-a-fantasia-e-a-fc/
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Comentários
Não mesmo, é o avô dele. E a mãe é a pior entre as vilãs.
Família desgraçada. Aposto que o Criaturo é descendente.