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Jovens retornam ao cristianismo primitivo, em comunidade

Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
Parece-me uma enorme ingenuidade achar que são independentes e, ao mesmo tempo, viverem às custas da mesma sociedade que desprezam.

http://oglobo.globo.com/topico-jornada-mundial-da-juventude/catolicismo-primitivo-encanta-os-jovens-cariocas-9156581#ixzz2ZxvWoFKZ
Catolicismo primitivo encanta os jovens cariocas

Comunidades de vida representam um sopro de renovação na Igreja

RIO - Para os que estão hesitantes, a música apressa a decisão. Enquanto preparam os kits dos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude, jovens sorridentes cantam com fervor: “Largue a faculdade, a família e o namorado. Não deixe Jesus de lado. Venha ser feliz de fato”.

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Comunidades católicas como a Obra de Maria, na Penha, reúnem jovens em torno de símbolos da igreja: conduzidas por leigos de inspiração carismática, eles pregam mudanças radicais - Agência O Globo / Gustavo Stephan

A cena, vista na quinta-feira num sobrado do Catete, Zona Sul carioca, agitava a sede regional do movimento Shalom. Mas poderia ter ocorrido em qualquer uma das cerca de 800 comunidades de vida ou de aliança no Espírito Santo espalhadas pelo Brasil. Abandonar tudo, em troca de uma “verdadeira vida de comunhão e relacionamento fraterno profundo”, é a base deste fenômeno que revigora e rejuvenesce o catolicismo: a nova evangelização conduzida por leigos, organizados em associações ou comunidades de inspiração carismática como o Shalom, que encantam a juventude pela chance de uma mudança radical de vida. A música no Catete desafia: “Já largou?”.

Beatriz Delfina largou. Anderlon Mendes de Aguiar também. Kássio Célio Moura está se preparando para largar. Os três, embora pertençam a comunidades católicas diferentes, atenderam ao chamado na busca de um sentido para vida. Beatriz, da comunidade Servir, saiu de casa aos 22 anos, no meio da turbulenta separação dos pais. Anderlon abraçou a Obra de Maria aos 20 anos, cansado das noitadas regadas a álcool em Recife. Kássio entrou para a Shalom aos 21 anos, após ficar órfão de pai e mãe.

Dos três, apenas Kássio ainda mantém vínculos com o mundo exterior. Fiéis como ele, que continuam a morar com seus parentes e a manter o trabalho ou estudo, constituem a chamada “comunidade de aliança”. Já os que tiveram um tipo especial de consagração, como Anderlon, passando a compartilhar as finanças e o cotidiano com outros e a dividir o mesmo teto e as despesas domésticas, formam a chamada “comunidade de vida”, o estágio mais avançado do fenômeno. Pela lógica de funcionamento, os que estão fora ajudam a manter financeiramente os de dentro.

Para ingressar na comunidade de vida, Anderlon teve de passar por um rigoroso processo de formação. Fez os votos de pobreza, obediência e castidade. É como se tivesse zerado toda a vida anterior por uma nova primavera, marcada pela pureza e pela comunhão permanente com o Espírito Santo. Kássio e Beatriz caminham para a mesma consagração, embora a jovem, ex-estudante de design, já more na comunidade.
— Passava da hora. Não vejo mais futuro fora da comunidade. Quando Deus me chamou para largar a família, a faculdade e o trabalho, foi por algo muito grande — argumenta.

Estas comunidades e seus missionários formarão a turma do gargalo das grandes celebrações da JMJ. Só a Shalom, fundada há 31 anos em Fortaleza (CE), está trazendo ao Rio 10 mil peregrinos. Pela Obra de Maria, criada em 1990 em Recife, chegaram outros 10 mil. A Jornada representará a consagração do fenômeno. Seus dirigentes participaram ativamente da organização do megaevento. Seus artistas estão na programação oficial. Suas instalações abrigam visitantes. Mas a grande demonstração de força será dada pelos missionários, em sua maioria jovens que pareciam viver na semana passada a expectativa de um show de rock ou decisão de campeonato.
— Todo jovem gosta de desafios. Busca uma vida radical — explica Anderlon Aguiar.

Guinada radical, neste caso, representa um mergulho no mundo conservador. Nestas comunidades, que resgatam o estilo de vida dos cristãos dos primeiros tempos, são intransigíveis as condenações ao aborto, à eutanásia, à união civil entre pessoas do mesmo sexo e à ideia de que o ser humano e o macaco tiveram os mesmos ancestrais. O namoro só é possível com a autorização da comunidade, ainda assim o casal tem de pertencer ao grupo.
— Se o homem descende do macaco, ele continuaria a evoluir. Mas os nossos braços e pernas não estão crescendo, nosso rosto não está mudando e nem estamos ganhando asas —argumenta Anderlon.

Nas comunidades católicas, o discurso dos missionários contrasta com o ambiente interno, extremamente atraente para o público jovem. A Obra de Maria, por exemplo, tem um circo, o "Alegrai-vos", com palhaços, equilibristas e globo da morte, e promove um show de standup comedy, "Viver de rir porque morrer ninguém quer". A música gospel tem uma roupagem moderna que acolhe todos os ritmos, do funk e axé ao eletrônico e metal. No Rio, a agenda jovem do movimento inclui danceterias como a Cristoteca e até um grupo de surfistas.
— O jovem não quer moderação. Quer ir fundo. Adere às comunidades como estratégia de confronto com a modernidade, que considera desintegradora das relações sociais — explica a socióloga da UERJ Cecília Loreto Mariz.

Cecília sustenta que, ao abandonar o estudo ou o sonho de formação de uma família pelo casamento, esses jovens passam a viver apenas de doações, e se tornam “virtuoses religiosas”. Foi o caso de Beatriz Delfina, da Servir, que até hoje enfrenta a resistência familiar pela opção que fez. Com seu gesto, ao atender ao chamado “do amor de Jesus, maior do que todo o resto”, ela não deu as costas apenas para a estabilidade doméstica. Absteve-se também da rotina de vida, do preço das passagens, da falta de médicos nos hospitais públicos, da escalada inflacionária.

Cercada dos novos amigos, Beatriz emociona-se e chora ao anunciar o desejo de fazer o voto de castidade. A cofundadora da Servir, Ruth Abreu, mostra-se orgulhosa pela escolha de Beatriz. Socorre-a das cobranças familiares. Ela própria também enfrenta dilemas familiares. Sua irmã vive uma relação homoafetiva.
— Não aceito. Tolero, porque Jesus nos ensina a amar ao próximo, mas não consigo conviver com isso.
Post edited by Fernando_Silva on

Comentários

  • 10 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Católicos imitam as bobagens dos pentecostais.
    Nova evangelização esvazia as paróquias

    Católicos, na maioria jovens, preferem compartilhar a fé nas comunidades privadas e dirigidas por leigos

    RIO - Imagens de Nossa Senhora e dos santos encarregam-se de afastar as dúvidas. Não fosse o detalhe, seria fácil confundir as celebrações das comunidades católicas de vida e de aliança, inspiradas no cristianismo primitivo, com os cultos típicos das igrejas pentecostais. Cantos ampliados por instrumentos eletrônicos, pregações que valorizam a emoção e as manifestações do Espirito Santo, relatos de experiências místicas e momentos de “cura e libertação” que desafiam as forças demoníacas em templos privados. É assim, abrindo espaço para o pentecostalismo católico conduzido por leigos, que o Vaticano dá a resposta mais vigorosa contra o esvaziamento do rebanho e o avanço protestante no mundo.

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    Momento de adoração numa das comunidades católicas: no Brasil, apenas três delas possuem o reconhecimento pontifício. Algumas são certificadas pelas dioceses e outras atuam na informalidade Terceiro / Fotos de divulgação

    No esteio das transformações promovidas por João Paulo II, há três décadas, as comunidades foram criadas por participantes de grupos de oração carismática, após viver uma experiência com o Espírito Santo. Inicialmente vistas com desconfiança pelas dioceses, que depois passaram a tolerá-las, são entidades privadas fora da estrutura eclesial. Vivem da caridade e para a caridade. Sua missão maior é a santificação do mundo. A grande maioria tem como vocação — ou carisma, como preferem chamar — a evangelização de jovens, razão pela qual usam intensamente as redes sociais e outras tecnologias de comunicação de massa.

    No Brasil, só três delas (Canção Nova, Shalom e Fazenda Esperança) possuem o reconhecimento pontifício. Entre as demais, algumas são certificadas pelas dioceses — a Igreja não dispõe de um levantamento nacional — e outras atuam na informalidade.

    Nas casas das comunidades, as missas são celebradas pelo menos três vezes por semana, com frequência por sacerdotes egressos do grupo. Há também momentos de adoração e estudos doutrinários. As orações coletivas e a divisão permanente de tarefas os ajuda a enfrentar a dureza da vida cotidiana. Nestes momentos, os jovens cantam, dançam. Celebram.

    Paulo Roberto Diniz, engenheiro civil que abandonou o emprego para fundar a comunidade Santos Anjos em Niterói, há 20 anos, disse que o início foi marcado por perseguições.
    — Tivemos problemas com leigos e com a própria igreja. Todos nos viam com desconfiança. Não compreendiam a nossa missão.

    A resistência se explica pela originalidade do fenômeno. As comunidades católicas operam em espaço próprio, normalmente em casas onde há um grande espaço para celebrações, fora do âmbito das paróquias locais. Seus fundadores são, em sua maioria, leigos. Atuam como doutrinadores e são vistos pelo grupo como pessoas com dons especiais. Com experimentações subjetivas e místicas em termos de religiosidade, livres dos rigores da missa convencional, essas comunidades não demoraram a atrair os fiéis, majoritariamente jovens atrás de uma resposta a tantas dúvidas, o que, em muitas casos, representou o esvaziamento da paróquia e a inquietação dos párocos.

    A primeira vez que a igreja falou oficialmente das novas comunidades foi na Exortação Apostólica “Vita Consecrata”, do Papa João Paulo II, documento publicado em 1996. Com Bento XVI, o fenômeno se aprofundou. Ele dizia que a corresponsabilidade (eclesial) exige uma mudança de mentalidade no que diz respeito ao papel dos leigos na Igreja, que devem ser considerados não como colaboradores do clero, mas como pessoas realmente corresponsáveis pelo modo de ser e de agir da Igreja.

    Com as perseguições iniciais, Paulo Roberto conta que muitos ficaram pelo caminho. Hoje, a Bom Pastor conta com cem pessoas para cuidar de seis casas, uma deles voltada para o acolhimento de 120 famílias carentes. Também oferece grupos de oração e de estudo bíblicos. Por ser reconhecida pela diocese, tem um acompanhamento periódico das atividades. Frequentemente, seus missionários são convocados a ajudar as dioceses da região.

    Se a JMJ representará a consagração das comunidades de vida e de aliança, o mesmo não se pode dizer da Teologia da Libertação, outra novidade surgida do sopro de mudanças provocado pelo Concílio Vaticano II. Perseguidos pelos dois últimos papas, acuados pela própria dinâmica do movimento social nos países católicos do Terceiro Mundo, hoje mais próximos da secularização, os militantes da mensagem de Jesus libertador não demonstram nesta visita do Papa a mesma força do passado. Para o professor de Comunicação da PUC-Rio Adair Rocha, militante tradicional do braço social da Igreja, Francisco pode representar uma mudança no cenário:

    — Os carismáticos representam uma visão institucional moralista. Sua mensagem diz que, quando não há uma saída material, melhor é ficar no simbólico. Mas Francisco vai mudar. Quando faz questão de pagar a sua própria conta no hotel, depois de escolhido Papa, sinaliza algo novo. A partir de agora, quem não agir como ele, com humildade, ficará exposto.

    http://oglobo.globo.com/topico-jornada-mundial-da-juventude/nova-evangelizacao-esvazia-as-paroquias-9156629#ixzz2ZxxFcPCB
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Fernando_Silva disse: Guinada radical, neste caso, representa um mergulho no mundo conservador. Nestas comunidades, que resgatam o estilo de vida dos cristãos dos primeiros tempos,

    Sei lá o que estes caras acham que era o "estilo de vida dos cristãos dos primeiros tempos".
    Devem ter tirado as ideias do filme "QUO VADIS?"

    Crentes também tem esta coisa de imitar cristãos primitivos, com base nas Cartas de Paulo.
    Daí as bizarrices de se fingirem de bêbados ou malucos porque escreveram em algum lugar que alguns dos primeiros cristãos foram assim tomados por conta do comportamento estranho.

    Mas.., e sempre tem um mais..., "cristãos primitivos" pipocaram desde a Palestina, passando pelo norte da África, Grécia, Turquia atual e foram se alastrando pelas províncias do Império antes e durante a conquista da capital, Roma.

    Duvido que algum destes grupos Católicos imitem os Coptas, tão primitivos quanto ou mais.


    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Fernando_Silva disse: Católicos imitam as bobagens dos pentecostais.

    Crente falando em línguas é um ridículo desculpável.
    Católico falando em línguas não tem desculpa.
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Acauan disse: Católico falando em línguas não tem desculpa.
    Católico criacionista, menos ainda.

  • emmedradoemmedrado Membro
    edited julho 2013 Vote Up0Vote Down
    Hoje no bairro do Meier estava tudo parado. tentei entrar numa papelaria para vender e tinha um monte de beatos salú cantando pelas ruas , uma música muito parecida com os hinos tradicionais do meu tempo de católico .
    Estes não pareciam católicos carismáticos não e sim católicos tradicionais e do interior.
    Post edited by emmedrado on
    A nossa realidade é moldada pelo que acreditamos ou preferimos não acreditar.
    Eu quero a Verdade .
    A realidade é um conjunto de possibilidades que se concretizou dentro de um universo infinito de possibilidades.
    Pqp ! Eu já fui de esquerda !
    Click aqui :
    http://31.media.tumblr.com/tumblr_m4pmpbh3H11qlvp0oo1_250.gif
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    emmcri disse: Hoje no bairro do Meier estava tudo parado. tentei entrar numa papelaria para vender e tinha um monte de beatos salú cantando pelas ruas ,

    "Um monte de beatos salú"... Ótima!
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Ontem, as ruas do meu bairro estavam cheias de grades para conter a multidão no trajeto do Papa. Muitas horas antes, já havia bandos de jovens encolhidos em baixo das árvores para se proteger da chuva e do frio. E tudo isto para ver um carro fechado passar rapidamente e sumir.
  • Fernando_Silva disse: E tudo isto para ver um carro fechado passar rapidamente e sumir.

    Como disse o Danilo Gentili, em relação ao carro blindado do Papa: "Porra, se Deus não protege nem o Papa, eu, então, estou fudido!" (SIC).

  • Fernando_Silva disse: Muitas horas antes, já havia bandos de jovens encolhidos em baixo das árvores para se proteger da chuva e do frio.

    E olha que para carioca está fazendo um frio de rachar
    "Um homem é rico na proporção do número de coisas de que ele é capaz de abrir mão." Thoreau
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